Fotógrafo e serpente venenosa estavam separados por parede de vidro. Animal, que era mantido em cativeiro, foi resgatado esta semana; cliques viralizaram na internet.
Por Marília Marques, G1 DF
11/07/2020 15h16 Atualizado há 2 horas
Postado em 11 de julho de 2020 às 17h30m
A cobra da espécie naja, resgatada após um estudante de medicina ser picado,
na terça-feira (7), no Distrito Federal, ganhou um ensaio fotográfico
no Zoológico de Brasília. A serpente – considerada uma das mais
venenosas do mundo – é originária de regiões da África e da Ásia.
O animal está sob os cuidados de veterinários e biólogos desde que foi
abandonado em uma caixa, perto de um shopping, no Lago Sul. A suspeita é
de que Pedro Henrique Krambeck, de 22 anos, criava o réptil em casa, em um suposto esquema de tráfico de animais silvestres (veja detalhes abaixo). Após o incidente, o jovem recebeu soro antiofídico e segue internado na UTI de um hospital particular.
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O ensaio com a naja, realizado nesta sexta-feira (10), é de autoria do
fotógrafo e agrônomo Ivan Mattos, de 25 anos. Ele atua desde o ano
passado como voluntário no Zoo. O profissional disse ao G1 que foi necessária cerca de 1 hora para obter os cliques.
"No início foi bem difícil de fazer a foto porque tinha muito
movimento. Ela [cobra] demorou um pouco para se acostumar, estava
agitada e conhecendo o novo recinto, passeando para tudo que era lugar",
conta Ivan. "Parecia que ela nunca tinha ficado livre tanto tempo".
"De repente, ela olhou diretamente para lente da câmera. Ver aquilo tão de perto, a cobra olhando fixo, foi um momento mágico."
De acordo com o fotógrafo, aos poucos, a serpente passou se sentir
"mais confiante". "Conforme ela foi entendendo que não havia perigo ali,
começou a se aproximar cada vez mais do vidro", disse.
A barreira a qual ele se refere é a parede do recinto onde a serpente
venenosa foi colocada ao sair pela primeira vez da caixa. O ambiente é
vedado, e para o manuseio, foi necessário seguir protocolos de
segurança.
"Quando ela fez o movimento e abriu o capelo, senti como um privilégio enxergar aquilo, um comportamento natural da naja."
Naja na web
As fotos da serpente foram divulgadas ainda na sexta (10) pelo Zoológico
de Brasília e, em poucas horas, caiu nas graças dos internautas. Em uma
publicação nas redes sociais, uma usuária chama os registros de "ensaio
babadeiro". Até a última atualização desta reportagem, a postagem no
Twitter tinha 44,9 mil curtidas e 10,9 mil compartilhamentos.
Em outra publicação (veja acima),
uma internauta reproduz, em tom de brincadeira, um diálogo que a cobra
teria com o fotográfico. "Ivan, tira uma foto minha como se eu tivesse
distraída". A postagem recebeu 7,2 mil interações.
Veja galeria de fotos:
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Serpente resgatada
A cobra da espécie naja que picou o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck foi
encontrada na noite de quarta-feira (8) perto de um shopping no Lago
Sul. O local fica a 14 km de distância do prédio onde mora o jovem, na
região do Guará.
O estudante, de 22 anos, permanece internado em um hospital particular
do Gama. A Polícia Civil e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
investigam o tráfico de animais já que a serpente, uma das espécies
mais venenosas do mundo, é nativa da África e da Ásia. A polícia estima
que o animal valha até R$ 20 mil, no comércio ilegal.
Nesta sexta (10), o Ibama multou Pedro Henrique em R$ 2 mil, por criar o
animal sem autorização. Segundo a polícia, as investigações apontam que
ele é o dono da naja e das outras 16 serpentes.
Acidente com cobra naja pode revelar esquema de tráfico: o que já sabemos
Três colegas do estudante foram ouvidos pela PCDF. O delegado afirmou
que os jovens são de classe média e classe média alta e cursam medicina
veterinária em uma instituição particular do Gama.
"A suspeita é que esse estudantes começaram a comercializar esses animais exóticos, que são caros e raros. Sabemos que envolve muito dinheiro no comércio ilegal", afirma a polícia.
Denúncia e entrega voluntária
O Ibama orienta que as pessoas que mantêm animais silvestres ou
exóticos de forma irregular podem fazer a entrega voluntária ao órgão
ambiental em todas as unidades do país.
A população também pode denunciar criações irregulares e animais mantidos em cativeiro por meio da "Linha Verde", no telefone 0800-618080.
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