Relatório destaca alto custo de doenças desse tipo e recomenda estratégias de prevenção para governos.
Por BBC
11/07/2020 11h33 Atualizado há um dia
Postado em 13 de julho de 2020 às 08h35m
As zoonoses — como são conhecidas as doenças que passam de animais para
humanos — estão aumentando e seguirão nessa tendência se não houver uma
ação coordenada para proteger a vida selvagem e o meio ambiente,
alertam especialistas da ONU em um relatório.
Eles culpam a alta demanda por proteína animal, a agricultura
insustentável e as mudanças climáticas pelo aumento da quantidade de
doenças como a covid-19, causada pelo novo coronavírus.
Acredita-se que o coronavírus tenha se originado em morcegos.
Zoonoses matam 2 milhões de pessoas por ano. Só a covid-19 deve custar
algo como US$ 9 trilhões (cerca de R$ 50 trilhões) para a economia
global, ao longo de dois anos.
Outras doenças do tipo são o ebola, o vírus do Nilo Ocidental e a Sars,
que surgiram em animais e depois migraram para humanos.
O que diz o relatório?
Essa migração não é automática. Ela é motivada pela degradação do
ambiente natural, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (Pnuma) e do Instituto Internacional de Pesquisa
Pecuária.
A degradação de terras, exploração de vida selvagem, extração de
recursos e mudanças climáticas estão alterando a forma como animais e
humanos interagem.
"No último século, vimos pelo menos seis grandes surtos de novos
coronavírus", diz Inger Andersen, subsecretária-geral e
diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma).
"Ao longo das últimas duas décadas e antes da covid-19, zoonoses causaram um dano econômico de US$ 100 bilhões."
Ela diz que "2 milhões de pessoas de países de baixa e média renda
morrem a cada ano de zoonoses endêmicas ignoradas, como antraz,
tuberculose bovina e raiva".
"Essas geralmente são comunidades com problemas complexos de
desenvolvimento, alta dependência em criação de animais e proximidade
com vida selvagem."
"Nós intensificamos a agricultura, expandimos a infraestrutura e extraímos recursos ao custo de nossos espaços selvagens."
"Barragens, irrigação, confinamento estão ligados a 25% das infecções
em humanos.
Viagem, transporte e cadeias de suprimento de comidas
apagaram fronteiras e distâncias. Mudanças climáticas contribuíram para a
disseminação de agentes patogênicos."
O relatório sugere estratégias de prevenção de futuros surtos aos
governos, como o incentivo ao uso sustentável da terra, melhora na
biodiversidade e investimento em pesquisas científicas.
"A ciência é clara, que se continuarmos explorando a vida selvagem e
destruindo nossos ecossistemas, então poderemos esperar por um fluxo
contínuo dessas doenças que saltam de animais para humanos nos próximos
anos."
"Para prevenir futuros surtos, nós precisamos ser muito mais ativos na proteção de nossos ambientes naturais."
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