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domingo, 8 de maio de 2011

Isolados, cientistas vivem rotina diferente em clima gelado


## = ## O continente gelado, como é chamado a Antártida, possui 14 milhões de quilômetros quadrados permanentemente cobertos por gelo. A região está sujeita ao Tratado da Antártida, pelo qual as nações que reivindicavam territórios concordaram em suspender esses pedidos, abrindo o continente à exploração científica.
A população é formada basicamente por pesquisadores de todas as partes do mundo, que se alojam em bases de pesquisa e lá permanecem por anos, enfrentando muitas vezes condições extremas. Os cientistas Anjalie Pande e Tomasz Janeckiego participaram de expedições em locais de clima extremo e contam um pouco da rotina em lugares em que a temperatura pode chegar a 30 graus negativos e o vento a 80 km/h.
Anjalie Pande nasceu em Berlim, na Alemanha, filha de pai indiano e mãe alemã. Em 2004, a oportunidade de trabalhar realizando pesquisa na área de pescaria para o Departamento Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês), a levou para seu maior desafio - dois anos nas remotas Ilhas Geórgia do Sul, no meio do Oceano Atlântico, quase na convergência antártica. Isolada do mundo - o número máximo de habitantes na ilha é 15 -, mas extremamente feliz com a oportunidade de explorar a vastidão e a beleza solitária.
Alocada como Cientista-Chefe de Pescaria da pequena base do BAS em King Edward Point, ao lado de Grytviken, capital do arquipélago, Anjie, como gosta de ser chamada diz que a vida em um local tão isolado era difícil, mas ao mesmo tempo gratificante já que existia liberdade para explorar o arquipélago e os milhares de animais que habitam a ilha.
"Cada dia era completamente diferente do anterior. Nunca sabíamos o que ia acontecer. Na teoria deveríamos trabalhar de segunda a sexta-feira, das nove da manhã às cinco da tarde e termos os fins de semana livres, mas as coisas nunca funcionavam desse jeito", diz a pesquisadora.
Tomasz Janeckiego, por sua vez, está em sua sexta expedição na Antártida - ao todo foram quatro verões. Este é seu terceiro inverno na base. Isto equivale a mais de quatro anos contínuos no continente polar. Mas ele parace não se importar com o isolamento vivido nas bases de pesquisas. "Me sinto em casa aqui. Tenho amigos, tenho meu trabalho e tenho esta paisagem magnífica à minha volta".
Aos 40 anos, Tom, como prefere ser chamado, é o líder da 34ª Expedição Antártica Polonesa. "Isso aqui é o paraíso. É um privilégio estar aqui e poder estudar a Antártida - não troco esta vida por algo mais comum em Varsóvia, Londres, Paris, ou qualquer outro lugar", diz.
Biólogo marinho, mergulhador profissional e instrutor de mergulho certificado, credenciais compatíveis com o principal objetivo da base polonesa na Antártida - a Henryk Arctowski -, que abriga outros 23 cientistas e estuda a biologia e ecologia local desde 1977.
"O inverno aqui é completamente gelado. Temos até um metro de neve cobrindo a entrada da base. A temperatura é de trinta graus negativos e o vento pode chegar a 80 km/h. É uma mudança muito brusca - passamos de 20 horas de luz durante o verão para noites que duram 20 horas durante o inverno".
Como líder da expedição, o pesquisador é também responsável por todas as atividades da base polonesa, que fica a apenas 10 km de distância da brasileira Comandante Ferraz, no outro lado da Ilha de King George. Por questões logísticas, a maior parte das pesquisas é realizada durante o verão e somente oito pessoas permanecem na base durante o resto do ano, incluindo Tom.

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