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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Por que terminamos usando gasolina se já tínhamos carros elétricos e a vapor?

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Fatores diversos determinaram o rumo da indústria automobilística, que está em nova encruzilhada sobre o futuro dos veículos.

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Da BBC
28/02/2016 12h45 - Atualizado em 28/02/2016 16h16
Postado em 29 de fevereiro de 2016 às 09h50m


Image copyrightTHINKSTOCK
Image captionSabia que não é a primeira vez que gasolina e eletricidade se enfrentam?

Os veículos elétricos estão hoje na linha de frente da batalha do século 21 para decidir como serão movidos os carros do futuro.


E ainda que os rivais tenham pilhas de combustível, energia solar, biocombustíveis e gás liquefeito, os elétricos têm boa chance de ganhar.

São suaves, silenciosos, limpos, modernos... modernos? Voltemos uns 100 anos.
Este é um carro elétrico de 1915, um dos cerca de 40 mil produzidos em Detroit (EUA) pela empresa americana Anderson Electric Car Company, entre 1906 e 1940.

Alcançava velocidade máxima de 40 km/h e andava por até 80 km antes de demandar recarga de suas baterias de chumbo.
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Gurgel Itaipu o primeiro carro elétrico fabricado na America do Sul
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Os carros elétricos foram introduzidos no mercado quase juntos com os carros com motor a combustão, em 1886, e ficaram no mercado até 1915, quando a Ford ...




Nunca satisfeito
Muitos acreditam que veículos elétricos sejam produto do mundo tecnológico atual, mas esses veículos já eram a opção de muita gente nos EUA no começo do século passado. E não apenas nos EUA.


Na verdade, o primeiro homem que superou os 100 km/h realizou a façanha em Acheres, perto de Paris, em um veículo elétrico de desenho próprio. O nome do motorista era Camille Jenatzy e o carro era o "Jamais Contente".
No entanto, como hoje, não estava claro naquela época qual método de propulsão impulsionaria o carro do futuro. O carro elétrico estava sob pressão nessa competição.

EVOLUCAO CONTEUDO
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Rauch & Lang Eletric de 1915, carro elétrico construído entre 1905 e 1928. Pouquíssimas unidades foram produzidas, principalmente após 1915.

A todo vapor
Os automóveis de vapor funcionavam de forma similar a qualquer outra máquina a vapor.

A água fervia ao calor de bicos de querosene e o vapor era forçado a entrar em cilindros onde empurrava pistões, que faziam girar um eixo que movia as rodas. Isso era tudo o que queríamos de qualquer fonte de potência: um eixo giratório.

Explosões eram uma preocupação. A ilustração mostra o primeiro acidente autombilístco fatal da história: o carro a vapor de John Scott Russell explodiu na Escócia em 1834, matando quatro pessoas.

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Image captionExplosões eram uma preocupação. A ilustração mostra o primeiro acidente autombilístco fatal da história: o carro a vapor de John Scott Russell explodiu na Escócia em 1834, matando quatro pessoas.
A possibilidade de explosões preocupava, mas a energia do vapor era uma velha conhecida, em quem as pessoas confiavam.
Havia acompanhado a industrialização desde o século 18 e havia tornado possível o "milagre" dos trens.



O vapor era algo que as pessoas entendiam. Além disso, uma máquina a vapor funcionava com quase qualquer coisa que queimasse.
Esse recurso parecia não apenas o passado, mas também o futuro.
Resultado de imagem para carro elétrico de 1915

Mudanças no horizonte

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Image captionEste Motorwagen de 1886 custava na época o equivalente a US$ 26 mil.
Os carros a vapor começaram então a superar os elétricos em vendas nos EUA.
Mas já se via em seus retrovisores, aproximando-se em alta velocidade, o rival que estava destinado a dominar o mundo.
O Motorwagen, considerado por alguns como o "verdadeiro primeiro carro do mundo", funcionava com gasolina.

Em 1885, quando Karl Benz ligou o motor de seu Motorwagen pela primeira vez, descreveu o som que fazia como "música do futuro".
E ele tinha razão: se a música do século 20 tem uma nota dominante, é a do motor de combustão interna. E isso é curioso, porque esse tipo de motor é muito exigente.
O motor a gasolina requer eletrônica sofisticada, bomba de óleo, lubrificação, válvulas que sobem e descem, molas, caixa de câmbio, etc.

Então por que terminamos dependendo tanto dele se um motor elétrico é tão simples?
A resposta não está na parte dianteira dos carros, com o motor, mas no tanque de gasolina.

Pode-se encher um tanque com cerca de 85 litros de combustível, o que não é muito em termos de volume, mas permite andar bastante.
Combustíveis fósseis são energeticamente densos e isso foi como um presente da natureza.

Se quisessem viajar a mesma distância com um carro elétrico, seria preciso uma bateria três ou quatro vezes maior do que o próprio carro.

Predomínio fóssil

Os postos de combustíveis apareceram rapidamente por todos os cantos.

Por outro lado, redes elétricas nacionais simplesmente não existiam, o que acabou restringindo os carros elétricos às cidades.

Mas o que ocorreu com o vapor?
Os trens haviam conquistado o mundo, então por que não os carros a vapor?
Eram mais simples mecanicamente do que o "novo" motor de combustão interna, e produziam energia contínua graças à pressão do vapor, portanto não demandavam transmissão, embreagem ou engrenagens de um motor de combustão.

Com poucas peças móveis, funcionavam silenciosamente e podiam conter sua potência em qualquer momento para reduzir a velocidade mais rapidamente que os freios pouco eficientes da época.
Contudo, já no começo do século 20 esses automóveis estavam condenados, por vários fatores.

Uma das chaves foi a linha móvel de produção da Ford que baixou constantemente o preço do modelo T, o veículo popular da montadora.
Quando o Ford T saiu à venda, ter um carro passou a não ser mais um luxo, e o motor de combustão se consolidou como a opção a ser seguida.

Deste modo, a infraestrutura, os preços e os métodos de produção em massa acabaram fazendo a diferença na balança.
Nos anos 1920, a batalha estava ganha. A era do petróleo havia começado e seu deus era o motor alternativo ou de pistão.

De volta ao futuro

O Hyundai ix35 é o primeiro carro com um pilha de combustível de hidrogênio disponível de fato em escala comercial.

Custa cerca de US$ 74 mil (R$ 292 mil), mas produtos novos são sempre caros. Logo, alguns ricos os compram, a ideia gera entusiasmo, o preço acaba baixando e o produto fica mais acessível.

O interessante dos automóveis com pilhas de combustível é que realmente são elétricos: o que move suas rodas é um motor elétrico.
Mas em vez de funcionar com uma bateria que precisa de recarga, usa uma célula de combustível que é como ter uma mini central elétrica a bordo.

E uma central muito boa: a do Hyundai ix35, por exemplo, produz 100 KV, energia suficiente para abastecer uma casa.
Além disso, encher o tanque com hidrogênio leva três minutos, e se dirigir com cautela a autonomia chega a 560 km. E tudo o que sai pelo escapamento é água - nada de gases tóxicos.

Há, porém, um problema comum aos primeiros carros elétricos: há poucos postos de hidrogênio.

Se a opção for pelo hidrogênio, 
os engarrafamentos serão mais úmidos e menos tóxicos.

E apesar disso ainda parecer história de ficção científica, podemos voltar mais uma vez ao futuro que tínhamos no passado: duas de suas tecnologias precedem o Motorwagen de Benz. Uma delas é o motor elétrico, e a outra é a própria pilha de combusível. Os princípios básicos do que hoje parece tão futurista datam do século 19.

William Robert Grove, jurista de profissão e físico de vocação, fez um experimento em 1839 que demonstrava a possibilidade de gerar corrente elétrica a partir de uma reação eletroquímica entre hidrogênio e oxigênio.
Nada de novo sob o Sol?

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