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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Acordo é um alívio de curtíssimo prazo, dizem especialistas

 

ECONOMIA & NEGÓCIOS



Economistas concordam que a solução não foi a melhor e significou uma derrota para Obama e seus aliados democratas



Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo

WASHINGTON


|||-*$=$*-||| O acordo para aumentar o limite da dívida dos Estados Unidos adiou o risco da primeira suspensão de pagamentos da história do país para 2013. Em curtíssimo prazo, foi capaz de aliviar o governo e de acalmar os mercados. Mas, além de afetar duramente a fragilizada economia, a solução estampou a impossibilidade política de os EUA adotarem o ajuste necessário para colocar suas contas em ordem.

A ameaça de rebaixamento da nota de risco da dívida continua presente, assim como de uma futura suspensão de pagamentos. "Esta não foi nem sequer a melhor solução possível. No curto prazo, o acordo pode aplacar os temores dos mercados sobre a capacidade de os EUA pagarem sua dívida. Mas o método adotado pode prejudicar a economia", afirmou William Gale, sócio sênior para Estudos Econômicos do Brookings Institution.

"Não há um acordo fiscal finalizado. Há apenas um processo em andamento. Os cortes não foram suficientemente profundos nem estão assegurados", opinou J.D. Foster, especialista em Política Fiscal da conservadora The Heritage Foundation.

As circunstâncias do embate político preocupam os dois economistas consultados pelo Estado. Gale assinalou o fato de as três medidas necessárias para criar um pacote fiscal efetivo continuarem barradas pelos dois partidos e suas facções à direita e à esquerda.

O aumento de impostos, afirmou ele, é uma "blasfêmia" para os republicanos; o corte de gastos com saúde, apesar de ser o maior problema do orçamento americano em longo prazo, é rechaçado pelos democratas; o corte de gastos de defesa tem difícil digestão em ambos os partidos.

"Isso pode criar uma nova situação de crise quando houver necessidade de novo aumento do teto da dívida federal", afirmou Gale. "A questão é: o que vai acontecer a partir de 2013?"

Nem Gale nem Foster mostraram-se seguros da capacidade de o acordo restituir a confiança de consumidores e investidores, prejudicada pelo ritmo lento de recuperação econômica e pelo debate sobre a questão fiscal.

Gale considera o momento impróprio para redução de gastos públicos federais - medida já em adoção por Estados e governos locais nos últimos três anos. "A melhor solução teria sido aumentar o teto da dívida, adiar a redução de despesas para o momento de recuperação mais forte da economia e fechar um pacote de médio prazo, com aumento de imposto e cortes de gastos."

Perdedores. Os economistas concordaram com a vitória dos republicanos - em especial, sua facção mais à direita, o Tea Party - nesse processo. Segundo Foster, o presidente Obama e seus aliados "perderam feio". Gale, porém, observou terem sido os americanos de renda baixa e média os reais perdedores. "Eles vão carregar o peso do corte de gasto e enfrentar a recuperação econômica anêmica e o aumento de longo prazo no desemprego", afirmou Gale.
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