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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Dólar sobe a R$ 5,78 e tem maior patamar em mais de três anos; alta é de 6,14% no mês

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A moeda norte-americana teve alta de 0,31%, cotada a R$ 5,7813. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou em queda de 0,71%, aos 129.713 pontos.
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Por g1

Postado em 31 de outubro de 2024 às 11h00m

#.* Post. - Nº.\  11.389 *.#

Dólar — Foto: Foto de Karolina Kaboompics
Dólar — Foto: Foto de Karolina Kaboompics

O dólar encerrou em alta de 0,31% nesta quinta-feira (31), e fechou aos R$ 5,7813. Esse é o maior patamar da moeda americana desde 9 de março de 2021 (R$ 5,7919).

No mês de outubro, acumula uma valorização de mais de 6%, conforme investidores continuam esperando por notícias do governo federal sobre um novo pacote de cortes de despesas do governo.

Os agentes econômicos analisaram também os novos números do mercado de trabalho brasileiro, que registrou a segunda menor taxa de desocupação da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado reforça a percepção de que o mercado de trabalho muito aquecido possa gerar pressão na inflação.

Com tudo isso em consideração, o mercado refaz os cálculos para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que acontece na próxima semana. A expectativas dos analistas é de nova alta de 0,5 ponto percentual da taxa de juros brasileira, justamente para esfriar uma possível alta de preços.

No exterior, os dados de inflação dos Estados Unidos do índice de preços PCE, o preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), foi divulgado nesta quinta, em linha com as projeções dos economistas. A principal questão, portanto, foi a incerteza com o quadro da corrida presidencial norte-americana, conforme as eleições se aproximam cada vez mais.

Em meio a todo esse cenário, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou em queda.

Ao final da sessão, o dólar avançou 0,31%, cotado a R$ 5,7813 e renovou o maior patamar em mais de três anos. Veja mais cotações.

A disputa pela formação da Ptax do fim do mês também fez preço no câmbio nesta quinta-feira. A Ptax é a taxa de referência do dólar, calculada diariamente pelo BC. Essa disputa acontece entre os agentes de mercado, que apostam na alta ou na queda da moeda norte-americana, buscando influenciar sua formação.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 1,34% na semana;
  • avanço de 6,14% no mês;
  • ganho de 19,14% no ano.

No dia anterior, a moeda avançou 0,04%, cotada a R$ 5,7634.

Ibovespa

Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,71%, aos 129.713 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,14% na semana;
  • perdas de 1,59% no mês;
  • recuo de 3,33% no ano.

Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,07%, aos 130.639 pontos.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

O que está mexendo com os mercados?

Os bons números do mercado de trabalho, com uma forte redução da taxa de desemprego, voltaram a surpreender o mercado. "Essa é uma taxa baixa para os padrões históricos brasileiros, confirmando a robustez do mercado de trabalho", diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank .

Apesar disso, a economista explica que a queda do desemprego "desafia o controle da inflação de serviços", o que pode gerar uma taxa de juros ainda maior para o Brasil.

" Se por um lado isso significa que existem mais pessoas ocupadas, o que é bom para a atividade, por outro, torna mais desafiador o controle da inflação, já que há maior pressão sobre os preços dos serviços", comenta Moreno.

Com isso, aumentam as expectativas pela próxima reunião do Copom, prevista para a semana que vem. A maior parte do mercado prevê um novo aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, com o Banco Central indicando que deve continuar a perseguir suas metas.

O cenário fiscal brasileiro também segue no radar. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que entende a "inquietação" do mercado sobre o risco fiscal, reiterando que a equipe econômica vai apresentar propostas de cortes de gastos obrigatórios para manter o arcabouço fiscal operante.

Haddad não antecipou quais serão as medidas, mas indicou que elas poderão ser apresentadas nas próximas semanas por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

"Até entendo a inquietação, mas é que tem gente especulando em torno de coisas. [...]. O meu trabalho é tentar entregar a melhor redação possível para que haja a compreensão do Congresso da situação do mundo, e do Brasil", declarou o ministro.

Haddad ainda destacou que houve uma "convergência importante" com a Casa Civil sobre quais medidas serão apresentadas. O ministro, no entanto, não definiu uma data para o anúncio dessas propostas.

"A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo que o arcabouço tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo", disse.

Segundo o blog do Valdo Cruz, agentes financeiros disseram que, para ter credibilidade, esse pacote precisaria indicar cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos. A ideia é que o tamanho do ajuste fiscal fique em torno de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

No noticiário internacional, as atenções do mercado ficaram voltadas para os novos dados da inflação norte-americana. O PCE, índice de preços preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), subiu 0,2% em setembro, em linha com o esperado.

O dado, no entanto, representa uma aceleração em relação ao mês anterior (0,1%) e reforça a perspectiva de que o Fed deve reduzir a magnitude dos cortes de juros em sua próxima reunião de política monetária, também prevista para a semana que vem.

"Os contratos de juros apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião da semana que vem, mas já emerge uma divisão clara nas apostas para o movimento em dezembro, com um pouco mais de probabilidade para uma pausa nas reduções", explica Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

A visão é reforçada, ainda, pelo resultado da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do terceiro trimestre. O indicador, divulgado na véspera, mostrou uma continuidade do crescimento da atividade econômica no país.

"Independentemente dos ajustes mais táticos, o cenário vem confirmando o pouso suave e afastando as preocupações mais alarmantes sobre o enfraquecimento da atividade", destaca Igliori.

*Com informações da agência de notícias Reuters

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Desemprego cai a 6,4% no trimestre terminado em setembro, diz IBGE

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É a segunda menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012, só perdendo para o trimestre encerrado em dezembro de 2013.
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Por Júlia Nunes, g1

Postadoe em 31 de outubro de 2024 às 10h00m

#.* Post. - Nº.\  11.388 *.#

Carteira de trabalho — Foto: Gilson Abreu/AEN
Carteira de trabalho — Foto: Gilson Abreu/AEN

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,4% no trimestre terminado em setembro, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É a segunda menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012, só perdendo para o trimestre encerrado em dezembro de 2013 (6,3%).

A queda foi de 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior, terminado em junho, quando a taxa era de 6,9%. No mesmo período do ano passado, a desocupação atingia 7,7% da população em idade de trabalhar (14 anos ou mais).

Em números absolutos, 7 milhões de pessoas estão sem emprego no país, o menor contigente desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. Foi um recuo de 7,2% em relação ao trimestre anterior, e de 15,8% na comparação com 2023.

os ocupados são 103 milhões, um novo recorde da série histórica, crescendo em ambas comparações: 1,2% no trimestre e 3,2% no ano.

Com isso, 58,4% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil estão empregadas -- o maior nível de ocupação para um trimestre encerrado em setembro.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, o crescimento contínuo da população ocupada pode ser explicado pela expansão de diversas atividades econômicas, principalmente a partir do segundo semestre de 2022, impulsionadas pelo aumento do consumo das famílias.

"Se antes, no imediato pós-pandemia, a recuperação foi muito setorizada nas atividades de indústria e alguns serviços operacionais, para posteriormente ser extrapolado para outras atividades, como comércio e, por último, os serviços presenciais, hoje a gente tem um processo de expansão que envolve diversas atividades econômicas", diz.

O IBGE classifica como desocupadas as pessoas sem trabalho que estão procurando emprego. A soma desse grupo com o dos empregados totaliza a população dentro da força de trabalho no Brasil, que ficou em 110 milhões no trimestre terminado em setembro.

Assim, estão fora da força de trabalho 66,4 milhões de brasileiros. São pessoas de 14 anos ou mais desempregadas, mas que não estão em busca de serviço ou disponíveis para trabalhar.

Diante disso, a PNAD calcula que o Brasil tem 18,2 milhões de pessoas subutilizadas, ou seja, que poderiam estar trabalhando, mas estão desocupadas, subocupadas (não trabalham todas as horas que poderiam) ou fora da força de trabalho potencial.

Esse contingente recuou 4,4% em relação ao trimestre anterior e 9,8% na comparação com o ano passado.

A população desalentada ficou em 3,1 milhões, o que representa uma estabilidade no trimestre e um recuo de 11,3% no ano. São pessoas que gostariam de trabalhar e estariam disponíveis, mas não procuraram emprego por acharem que não encontrariam, por falta de qualificação, por exemplo.

Veja os destaques da pesquisa

  • Taxa de desocupação: 6,4%
  • População desocupada: 7 milhões de pessoas
  • População ocupada: 103 milhões
  • População fora da força de trabalho: 66,4 milhões
  • População desalentada: 3,1 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 39 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 14,3 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,4 milhões
  • Trabalhadores domésticos: 5,9 milhões
  • Empregadores: 4,3 milhões
  • Trabalhadores informais: 40 milhões
  • Taxa de informalidade: 38,8%
Carteira assinada e sem carteira batem recorde

O número de trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado cresceu 5,3% em relação ao ano passado e chegou a 53,3 milhões, um novo recorde da série iniciada em 2012.

Entre os empregados com carteira assinada, o número absoluto de profissionais chegou a 39 milhões, um aumento de 1,5%, ou de 582 mil pessoas, contra o trimestre anterior. No comparativo com 2023, o ganho é de 4,3%, o que equivale a 1,6 milhão de trabalhadores a mais.

Já os empregados sem carteira são 14,3 milhões. A alta para o trimestre foi de 3,9%, com mais 540 mil trabalhadores no grupo. Já, em relação ao ano passado, houve aumento de 8,1%, ou de 1,1 milhão pessoas.

A taxa de informalidade ficou em 38,8% da população ocupada (ou 40 milhões de trabalhadores). No trimestre anterior, o percentual era de 38,6% e, no mesmo período de 2023, de 39,1%.

Rendimento estável no trimestre

As pessoas ocupadas receberam cerca de R$ 3.227 por mês no trimestre terminado em setembro, por todos os trabalhos que tinham na semana de referência da pesquisa. É o que o IBGE chama de rendimento médio habitual.

O valor ficou estável frente ao trimestre anterior, quando era de R$ 3.239. No comparativo do ano, houve aumento de 3,7%.

Já a massa de rendimentos, que soma os valores recebidos por todos esses trabalhadores, foi estimada em R$ 327,7 bilhões. Ela também apresentou estabilidade na comparação trimestral e cresceu 7,2%, na anual.

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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

O 'serviço de emergência' no fundo do oceano que mantém a internet funcionando

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99% das comunicações digitais do mundo dependem de cabos submarinos. Quando eles se rompem, isso pode significar um desastre para a internet de um país inteiro. Mas como consertar uma falha no fundo do oceano?
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TOPO
Por BBC

Postado em 30 de outubro de 2024 às 05h00m

#.* Post. - Nº.\  11.387 *.#

Toda a extensão dos cabos submarinos pelo mundo seria suficiente para dar uma volta ao redor do Sol — Foto: Getty Images
Toda a extensão dos cabos submarinos pelo mundo seria suficiente para dar uma volta ao redor do Sol — Foto: Getty Images

Pouco depois das 17h do dia 18 de novembro de 1929, o chão começou a tremer.

Ao longo da costa da Península de Burin, ao sul da ilha de Terra Nova, no Canadá, um terremoto de magnitude 7,2 perturbou a paz daquela noite. Inicialmente, os moradores notaram apenas alguns danos — algumas chaminés derrubadas.

No mar, no entanto, uma força invisível estava se movendo. Por volta de 19h30, um tsunami de 13 metros de altura atingiu a costa da Península de Burin. No total, 28 pessoas morreram em decorrência de afogamentos ou ferimentos causados ​​pelas ondas.

O terremoto foi devastador para as comunidades locais, mas também teve um efeito duradouro no mar. O abalo sísmico desencadeou um deslizamento de terra submarino.

As pessoas não perceberam isso na época, sugerem os registros históricos, porque ninguém sabia que tais deslizamentos de terra subaquáticos existiam.

Quando os sedimentos são agitados por terremotos e outras atividades geológicas, a água fica mais densa, gerando um fluxo descendente, como uma avalanche de neve montanha abaixo. O deslizamento de terra submarino — chamado corrente de turbidez — fluiu a mais de 1.000 km de distância do epicentro do terremoto, a uma velocidade entre 11 e 128 km/h.

Embora o deslizamento de terra não tenha sido notado na época, deixou uma pista reveladora. Na sua rota, estava o que havia de mais moderno em tecnologia de comunicação da época: cabos submarinos transatlânticosE esses cabos se romperam. Doze deles foram partidos em 28 lugares no total.

Algumas das 28 rupturas aconteceram quase simultaneamente com o terremoto. Mas outras 16 ocorreram ao longo de um período muito mais longo, à medida que os cabos se rompiam um após o outro, em uma espécie de padrão misterioso de ondas, de 59 minutos após o terremoto até 13 horas e 17 minutos depois, e a mais de 500 quilômetros de distância do epicentro.

Se todos tivessem sido rompidos pelo terremoto em si, os cabos teriam se rompido ao mesmo tempo — então os cientistas começaram a se perguntar: por que não se romperam? Por que se romperam um após o outro?

Só em 1952 que os pesquisadores descobriram por que os cabos se romperam em sequência, ao longo de uma área tão grande e em intervalos que pareciam diminuir com a distância do epicentro. Eles descobriram que um deslizamento de terra os atingiu, e que os cabos que se rompiam traçaram seu movimento pelo fundo do mar.

Até então, ninguém sabia da existência das chamadas correntes de turbidez.

Como esses cabos se romperam e havia um registro do momento em que se partiram, eles ajudaram a entender os movimentos oceânicos acima e abaixo da superfície. Eles motivaram um trabalho de reparo complexo, mas também se tornaram instrumentos científicos acidentais, registrando um fenômeno natural fascinante que estava fora do alcance da vista humana.

Nas décadas seguintes, à medida que a rede global de cabos de águas profundas se expandiu, seu reparo e manutenção resultaram em outras descobertas científicas surpreendentes, abrindo mundos totalmente novos, e nos permitindo espiar o fundo do mar como nunca antes, além de nos permitir comunicar em velocidade recorde.

Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana, rendimentos, saúde e segurança também se tornaram cada vez mais dependentes da internet — e, em última análise, desta complexa rede de cabos submarinos. Mas, afinal, o que acontece quando eles se rompem?

Como nossos dados trafegam

 1,4 milhão de quilômetros de cabos de telecomunicações no fundo do mar, abrangendo todos os oceanos do planeta.

Estendidos de uma extremidade à outra, estes cabos — responsáveis ​​pela transferência de 99% de todos os dados digitais — poderiam dar uma volta ao redor do Sol. Mas para algo tão importante, são surpreendentemente finos — muitas vezes, com pouco mais de 2 cm de diâmetro, ou aproximadamente a largura de uma mangueira.

Uma repetição do rompimento de cabos em massa de 1929 teria impactos significativos na comunicação entre a América do Norte e a Europa.

No entanto, "em grande parte, a rede global é notavelmente resistente", diz Mike Clare, consultor ambiental marinho do Comitê Internacional de Proteção de Cabos, que pesquisa os impactos de eventos extremos em sistemas submarinos.

"Há de 150 a 200 casos de danos à rede global a cada ano. Portanto, se compararmos com 1,4 milhão de quilômetros, não é muito e, na maioria das vezes, quando esses danos ocorrem, eles podem ser consertados com relativa rapidez."

Mas como a internet funciona com cabos tão finos e evita panes desastrosas?

Os cabos submarinos têm a espessura de uma mangueira, para fácil instalação e reparo — Foto: Getty Images
Os cabos submarinos têm a espessura de uma mangueira, para fácil instalação e reparo — Foto: Getty Images

Desde que os primeiros cabos transatlânticos foram instalados no século 19, eles têm sido expostos a eventos ambientais extremos, desde erupções vulcânicas submarinas até tufões e inundações. Mas a principal causa dos danos que sofrem não é natural.

A maioria das falhas — de 70 a 80%, dependendo do lugar no mundo — está relacionada a atividades humanas acidentais, como lançar âncoras ou redes de pesca de arrasto, que acabam ficando presas nos cabos, diz Stephen Holden, chefe de manutenção da Europa, Oriente Médio e África na Global Marine, uma empresa de engenharia submarina que atua na reparação de cabos submarinos.

Em geral, estes acidentes acontecem em profundidades de 200 a 300 metros (mas a pesca comercial está avançando para águas cada vez mais profundas, em alguns lugares, chegando a 1.500 metros no nordeste do Atlântico).

Somente de 10% a 20% das falhas nos cabos a nível mundial estão relacionadas a ameaças naturais e, na maioria das vezes, estão relacionadas ao desgaste dos cabos em locais onde as correntes fazem com que eles resvalem contra as rochas, causando o que é chamado de "falhas de derivação", diz Holden.

A ideia de que os cabos se rompem porque são mordidos por tubarões é hoje uma espécie de lenda urbana, acrescenta Clare.

"Houve casos de danos causados por mordidas de tubarões, mas isso já acabou, porque a indústria dos cabos utiliza uma camada de Kevlar (tipo de fibra sintética) para reforçá-los."

No entanto, os cabos devem ser mantidos finos e leves em águas mais profundas para ajudar na recuperação e no reparo. Transportar um cabo grande e pesado ao longo de milhares de metros abaixo do nível do mar colocaria uma enorme pressão sobre ele. Os cabos mais próximos da costa tendem a ser mais blindados, porque têm mais chance de serem danificados por redes de pesca e âncoras.

Um exército de navios de reparo a postos

Os cabos subaquáticos podem ser consertados em períodos curtos de tempo, que podem levar até duas semanas — Foto: Getty Images
Os cabos subaquáticos podem ser consertados em períodos curtos de tempo, que podem levar até duas semanas — Foto: Getty Images

Se uma falha for encontrada, um navio de reparo é enviado.

"Todas essas embarcações estão estrategicamente posicionadas ao redor do mundo para que o trajeto entre a base e o porto seja de 10 a 12 dias", explica Mick McGovern, vice-presidente adjunto de operações marítimas da Alcatel Submarine Networks.

"Você tem esse tempo para descobrir onde está a falha, carregar os cabos [e os] amplificadores de sinal" — que aumentam a força de um sinal à medida que ele trafega pelos cabos.

"Em essência, quando você pensa no tamanho do sistema, não é preciso esperar muito", ele acrescenta.

Embora tenha demorado nove meses para consertar o último cabo submarino danificado pelo terremoto de 1929, McGovern diz que um reparo moderno em águas profundas deve levar uma ou duas semanas, dependendo da localização e do clima.

"Quando você pensa na profundidade da água e onde está, não é uma solução ruim."

Isso não significa que um país inteiro vai ficar sem internet por uma semana. Muitas nações possuem mais cabos e mais largura de banda dentro desses cabos do que a quantidade mínima exigida, de modo que, se alguns forem danificados, os outros possam compensar. Isso é chamado de redundância no sistema.

Devido a essa redundância, a maioria de nós nunca perceberia se um cabo submarino fosse danificado — talvez este artigo demorasse um ou dois segundos a mais para carregar do que o normal.

Em eventos extremos, pode ser a única coisa que mantém um país online.

O terremoto de magnitude 7 na costa de Taiwan, em 2006, rompeu dezenas de cabos no Mar do Sul da China — mas alguns permaneceram online.

Muitos países possuem cabos adicionais para evitar depender da estabilidade de uma única área geográfica — Foto: Getty Images
Muitos países possuem cabos adicionais para evitar depender da estabilidade de uma única área geográfica — Foto: Getty Images

Para reparar o dano, o navio utiliza um arpéu, ou gancho, para levantar e cortar o cabo, puxando uma extremidade solta até a superfície, e enrolando-a na proa com grandes tambores motorizados.

A parte danificada é então arrastada até uma sala interna e analisada em busca de falhas, reparada, testada (enviando um sinal para terra firme a partir do barco), selada e, em seguida, presa a uma boia enquanto o processo é repetido na outra extremidade do cabo.

Uma vez que as duas extremidades são consertadas, cada fibra óptica é emendada sob microscópio para garantir que haja uma boa conexão — e, na sequência, são vedadas com uma junta universal que é compatível com o cabo de qualquer fabricante, facilitando a vida das equipes de reparo internacionais, explica McGovern.

Os cabos reparados são colocados de volta na água e, em águas mais rasas, onde pode haver mais tráfego de barcos, são enterrados em valas. Veículos subaquáticos operados remotamente (ROV, na sigla em inglês), equipados com jatos de alta potência, podem abrir trilhas no fundo do mar para a instalação dos cabos.

Em águas mais profundas, o trabalho é feito por arados equipados com jatos, arrastados ao longo do leito marinho por grandes embarcações de reparo acima.

Alguns arados pesam mais de 50 toneladas e, em ambientes extremos, são necessários equipamentos ainda maiores.

McGovern se lembra de um trabalho no Oceano Ártico, que exigiu que um navio arrastasse um arado de 110 toneladas, capaz de enterrar cabos de 4 metros e penetrar no permafrost.

Ouvidos no fundo do mar

As rupturas geralmente acontecem em águas de pouca profundidade, quando os barcos ancoram em áreas onde não sabem que há cabos — Foto: Getty Images
As rupturas geralmente acontecem em águas de pouca profundidade, quando os barcos ancoram em áreas onde não sabem que há cabos — Foto: Getty Images

A instalação e o reparo dos cabos levaram a algumas descobertas científicas surpreendentes — a princípio de forma acidental, como no caso dos cabos rompidos e do deslizamento de terra, e mais tarde, intencionalmente, quando os cientistas começaram a usar os cabos de propósito como ferramentas de pesquisa.

Essas lições das profundezas do mar começaram quando os primeiros cabos transatlânticos foram instalados no século 19.

Os operadores de cabos notaram que o Oceano Atlântico ficava mais raso no meio, descobrindo sem querer a cordilheira Dorsal Mesoatlântica.

Hoje, os cabos de telecomunicações podem ser usados ​​como "sensores acústicos" para detectar baleias, barcos, tempestades e terremotos em alto mar.

Os danos causados ​​aos cabos oferecem à indústria "uma nova compreensão fundamental sobre os perigos que existem no fundo do mar", diz Clare.

"Nunca saberíamos que havia deslizamentos de terra no fundo do mar após erupções vulcânicas se não fosse pelos danos causados (nos cabos)".

Em alguns lugares, as mudanças climáticas estão tornando as coisas mais desafiadoras. As inundações na África Ocidental estão causando um aumento no deságue de sedimentos dos cânions no Rio Congo, que ocorre quando grandes volumes de sedimentos fluem para um rio após uma inundação. Estes sedimentos são então despejados da foz do rio no Oceano Atlântico, e podem danificar os cabos.

"Agora sabemos que devemos colocar os cabos mais longe do estuário", diz McGovern.

Os cabos de águas profundas também podem ser usados ​​como instrumentos científicos — Foto: Getty Images
Os cabos de águas profundas também podem ser usados ​​como instrumentos científicos — Foto: Getty Images

Alguns danos serão inevitáveis, preveem os especialistas.

A erupção vulcânica do Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, em 2021 e 2022, destruiu o cabo submarino de internet que conectava a nação insular de Tonga, no Pacífico, ao resto do mundo.

Levou cinco semanas até a conexão com a internet voltar a funcionar totalmente, embora alguns serviços tenham sido restabelecidos após uma semana.

No entanto, muitos países contam com vários cabos submarinos, o que significa que uma falha — ou até mesmo várias falhas — pode não ser percebida pelos usuários da internet, pois a rede pode recorrer a outros cabos em uma crise.

"Isso realmente mostra por que é necessário haver uma diversidade geográfica das rotas de cabo", acrescenta Clare.

"Especialmente no caso das ilhas pequenas, em lugares como o Pacífico Sul, onde há tempestades tropicais, terremotos e vulcões, elas são particularmente vulneráveis e, com as mudanças climáticas, diferentes áreas estão sendo afetadas de maneiras diferentes."

À medida que a pesca e o transporte marítimo se tornam mais sofisticados, pode ficar mais fácil evitar danos aos cabos.

O advento do sistema de identificação automática (AIS, na sigla em inglês) no transporte marítimo levou a uma redução nos danos causados pela ancoragem, diz Holden, porque algumas empresas agora oferecem um serviço em que é possível seguir um padrão definido para reduzir a velocidade e ancorar.

No entanto, em regiões do mundo onde os barcos de pesca tendem a ser menos sofisticados e operados por equipes menores, os danos provocados pelas âncoras ainda acontecem.

Nesses locais, uma opção é informar às pessoas onde estão os cabos, e aumentar a conscientização, afirma Clare.

"É para o benefício de todos que a internet continue funcionando."

g1 Explica: como funciona a internet

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