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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Chanceler diz que guerra na Líbia acabou; ONU vota apoio a rebeldes

 
24/08/2011 - 22h34
 
 

INTERNACIONAL -- NOTÍCIAS




DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS


Onda de Revoltas

*!*-\=/-*!* No mesmo dia em que o chanceler do ditador Muammar Gaddafi afirmou que a guerra contra os rebeldes "acabou", embora os combates continuem na Líbia, os EUA pressionaram o Conselho de Segurança da ONU a aprovarem o desbloqueio de ao menos US$ 1,5 bi dos bens líbios congelados. O órgão vota amanhã (25) o texto da medida que até o momento encontra forte oposição dos sul-africanos.

A quarta-feira foi marcada pelo avanço dos rebeldes em Trípoli --que já dominam mais de 90% da capital-- embora as forças leais a Gaddafi permaneçam oferecendo resistência. O Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político dos revolucionários, determinou uma recompensa de US$ 1,6 milhão (R$ 2,5 milhões) pelo ditador, "vivo ou morto".

Sergey Ponomarev/Associated Press
Rebeldes vasculham album de fotografias encontrado no interior do complexo residencial do ditador Muammar Gaddafi
Rebeldes vasculham album de fotografias encontrado no interior do complexo residencial do ditador Muammar Gaddafi

No Hotel Rixos, todos os jornalistas estrangeiros mantidos em isolamento por militares do regime foram libertados, mas quatro repórteres italianos foram sequestrados e até o momento os apelos do governo da Itália e da União Europeia não conseguiram sua soltura.

"GUERRA ACABOU"

Em entrevista a uma emissora britânica, Abdelati Obeidi, o chanceler do governo do ditador Muammar Gaddafi, disse que a "guerra acabou", e que se ele estivesse no comando do país, pediria a todos os gaddafistas que se rendessem. Ele negou ter informações sobre o paradeiro do líder líbio.

O ex-chefe de política externa de Gaddafi disse acreditar que o regime já chegou ao seu fim, embora os rebeldes ainda encontrem resistência em alguns pontos da capital, Trípoli, e em outros pontos do país onde forças leais ao ditador ainda lutam.

"Eles [os rebeldes] têm uma boa imagem minha, eles me conhecem. Tenho certeza de que eles não machucarão a mim ou a minha família. Pelo contrário, sinto que quando as coisas se acalmarem poderemos conversar", acrescentou.

Obeidi disse ainda que as chances de uma solução negociada já passaram e que o foco agora deve ser a estabilidade do país.

"O que me preocupa é a lei, a ordem, e a estabilidade do povo. Eu espero que estas pessoas [os rebeldes] sejam todas líbias e que não sejam estrangeiras --que não sejam invasores-- e que as pessoas dentro do nosso país tentem remediar essas feridas e comecem a lidar com suas responsabilidades perante esta crise. Eles são responsáveis pelo país", afirmou.

As declarações de Obeidi ao Channel 4 chegam no mesmo momento em que os combates continuam na Líbia, e a comunidade internacional se posiciona para um cenário pós-Gaddafi.

ONU VOTA AJUDA FINANCEIRA

Nesta quinta-feira (25) o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidirá se os bens do regime líbio congelados devido às sanções impostas pelo órgão podem ser liberados para financiar os rebeldes, opção defendida pelos Estados Unidos.

Esses bens foram congelados no dia 26 de fevereiro por uma resolução da ONU que impôs severas sanções ao governo líbio, sua família e pessoas próximas, em resposta à brutal repressão contra a oposição.

Sergey Ponomarev/Associated Press
Rebelde ergue bandeira da causa rebelde dentro do complexo onde fica a residência de Muammar Gaddafi
Rebelde ergue bandeira da causa rebelde dentro do complexo onde fica a residência de Muammar Gaddafi

Os diplomatas disseram que a África do Sul queria esperar o fim de uma cúpula da União Africana na quinta e na sexta-feira para tomar decisões sobre as medidas para ajudar a Líbia.

A África do Sul tem bloqueado no comitê de sanções da ONU a flexibilização das medidas adotadas contra o regime líbio.

"Agora é urgente. Este dinheiro é necessário para o combustível para os geradores nos hospitais, usinas de dessalinização e outras instalações que podem deixar de funcionar em dias", disse um dos diplomatas americanos.

DESDOBRAMENTOS

Os rebeldes conquistaram na véspera uma importante vitória ao invadir o complexo militar de Bab al-Aziziya, onde fica a residência do ditador. Mas os confrontos continuam nesta quarta-feira ao redor do complexo, no aeroporto de Trípoli e no bairro de Abu Salim e a liderança rebelde sabe que a vitória final só virá com a captura de Gaddafi e seus filhos.

Em um paradeiro desconhecido, Gaddafi afirmou em mensagem de áudio divulgada na terça-feira que deixou o quartel-general na capital do país por "razões táticas" e minimizou a importância do local.

Os confrontos ainda acontecem em algumas partes de Trípoli e atiradores de elite leais a Gaddafi se posicionaram na estrada que leva ao aeroporto de Trípoli e atiraram contra os motoristas nesta quarta.

Os rebeldes alegam ter controlado o aeroporto desde segunda-feira, mas, segundo a agência de notícias Associated Press, a estrada para o local foi fechada diante do intenso ataque das forças do regime.

JORNALISTAS ESTRANGEIROS

Os jornalistas estrangeiros que passaram os últimos cinco dias presos por forças do ditador Muammar Gaddafi no Hotel Rixos, na capital da Líbia, Trípoli, foram libertados nesta quarta-feira, informa a rede de TV CNN.

O grupo inclui o jornalista da rede americana, Mathew Chance, que relatou dias de tensão, cercado por homens fortemente armados e muito hostis. Ele disse ainda que todos os jornalistas estão bem.

Apu Gomes/Folhapress
O fotógrafo americano Dario Lopez (dir.), da agência Associated Press, abraça um amigo após serem libertados do Hotel Rixos
O fotógrafo americano Dario Lopez (dir.), da agência Associated Press, abraça um amigo após serem libertados do Hotel Rixos

"Eles eram muito hostis, nos diziam sempre como pensavam que éramos espiões, que éramos espiões da Otan" (Organização do Tratado do Atlântico Norte), contou o jornalista à CNN.

Já os italianos sequestrados na Líbia por forças leais ao ditador Muammar Gaddafi estão bem, mas continuam presos numa casa em Trípoli, de acordo com um contato feito por um deles com seu jornal em Milão. A Itália e a União Europeia apelaram para que os militares libertem os repórteres imediatamente.

A informação sobre a captura dos quatro foi confirmada pelo presidente da Ordem dos Jornalistas da região do Lázio, Bruno Tucci.

São eles: Elisabetta Rosapina e Giuseppe Sarcina, do "Corriere della Sera", Domenico Quirico, do "La Stampa" e Claudio Monici, do "Avvenire", disse.

Sergey Ponomarev/Associated Press
Rebeldes fortemente armados andam de carro dentro do complexo de Bab al-Aziziya, que não foi totalmente controlado
Rebeldes fortemente armados andam de carro dentro do complexo de Bab al-Aziziya, que não foi totalmente controlado

Monici conseguiu entrar em contato telefônico com a redação do jornal na Itália, informando que ele e os demais repórteres estão "bem". Ele pediu ainda que suas publicações e as autoridades italianas se mobilizem para a libertação do grupo.

Horas mais tarde, um porta-voz da chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, pronunciou-se sobre o caso.

"Esperamos que os jornalistas italianos raptados sejam soltos sãos e salvos o mais rápido possível", disse, acrescentando que trata-se de uma "notícia realmente muito preocupante".
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