Fenômeno surgiu entre Carnaíba, em PE, e Princesa Isabel, na PB. Grande bólido também foi visto no Ceará e na Bahia. Doutor em astrofísica explicou ao G1 que o objeto não apresenta risco.
Por Joalline Nascimento, G1 Caruaru
16/07/2020 11h05 Atualizado há 50 minutos
Postado em 16 de julho de 2020 às 1200m
Um grande bólido, um meteoro brilhante que explode na atmosfera, foi
visto na noite da quarta-feira (15) no céu do Sertão de Pernambuco, a
cerca de 400 km de Recife, capital do estado. De acordo com a Rede
Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), o fenômeno ocorreu às
18h59 (horário de Brasília).
Ainda segundo a Bramon, o meteoro surgiu entre Carnaíba e Princesa Isabel,
no Sertão de Pernambuco e da Paraíba, respectivamente. Conforme
análise, o bólido seguiu na direção sudeste e desapareceu no céu na
região sul de Arcoverde, também no Sertão pernambucano. O fenômeno ainda foi visto no Ceará e na Bahia.
"O objeto, o clarão que foi visto, foi com certeza um meteoro. Quando
ele é muito brilhante, nós também chamamos de bólido. Esse tipo de
fenômeno se forma quando um fragmento de rocha espacial atinge a
atmosfera da Terra em uma velocidade muito elevada. Devido à essa alta
velocidade, o gás atmosférico na frente dessa rocha acaba aquecendo e
esse aquecimento gera o brilho que a gente vê e também faz com que esse
fragmento de rocha acabe se vaporizando", detalhou o diretor técnico da
Bramon, Marcelo Zurita.
A estudante Jaciara Costa mora no sítio Santa Tereza, em Matureia, no
Sertão da Paraíba. Ela viu o momento no qual o meteoro passou no céu.
"Eu estava na calçada e vi um clarão no céu, uma bola de fogo. Em
seguida, escutei um barulho. Se não observasse direito, parecia um avião
caindo. Foi bem rápido", relatou ao G1.
Diretor técnico da Bramon fala sobre meteoro visto no Sertão de Pernambuco
O meteoro foi registrado por pelo menos sete câmeras do portal Clima Ao
Vivo. Até a publicação desta matéria, a Bramon ainda não tinha a
definição da órbita do fenômeno, bem como estimativas de tamanho e
massa. As pesquisas devem ser retomadas nesta quinta (16), conforme
Marcelo Zurita informou ao G1.
"No caso de ontem, a gente ainda não calculou o tamanho e a massa, mas
acreditamos que tenha sido um pedaço de rocha de meio metro. E, pelas
imagens, a gente acredita que alguns fragmentos dessa rocha tenham
resistido à passagem atmosférica, chegando ao solo. Esses fragmentos nós
chamamos de meteorito", detalhou o diretor técnico da Bramon.
O funcionário público Antônio Carlos mora em Sertânia,
no Sertão de Pernambuco, a 87 km de Carnaíba, onde o meteoro surgiu. No
momento no qual o bólido passou no céu, Antônio estava na casa dos
pais, na zona rural. "Nós tivemos a impressão de que era um avião
passando, porque não vimos o clarão, mas ouvimos o barulho. Depois
pensamos que era um trovão, mas aí veio a explosão", contou.
Conforme o funcionário público informou ao G1,
"o barulho da explosão foi fora do normal, maior que um trovão". "Meu
pai ficou procurando para ver se alguma coisa tinha caído. Descobri por
meio das redes sociais que tinha sido um meteoro", pontuou Antônio.
Marcelo Zurita ainda informou que a Bramon ainda está trabalhando na
análise do vídeo para obter mais detalhes e saber quanto desse fragmento
de rocha espacial foi preservado na queda. "É um trabalho que requer
tempo", disse.
O fenômeno apresenta risco?
O G1
conversou por telefone com o mestre em astronomia, doutor em
astrofísica e professor de astronomia na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Thiago Signorini Gonçalves, que explicou o que é o
fenômeno.
"Um bólido é um objeto particularmente brilhante, algo
comparável com a lua cheia no céu. Esses objetos são bastante comuns,
acontecem alguns milhares por ano, mas a gente nem sempre consegue
detectar eles", afirmou.
"Nesse caso, acabou chamando muita atenção porque foi visto em algumas
regiões, em várias cidades no Nordeste. Mas são coisas relativamente
comuns, não representam qualquer risco. Qualquer meteoro que pudesse
apresentar risco, seria detectado antes de chegar à Terra", explicou
Thiago.
Professor de astronomia da UFRJ explicou fenômeno registrado no Sertão de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário