A pele desses peixes está entre os materiais mais escuros conhecidos e serve para camuflá-los bem onde a luz quase não entra.
Por Reuters
16/07/2020 19h11 Atualizado há 2 horas
Postado em 16 de julho de 2020 às 21h15m
Para peixes que habitam a imensa escuridão do mar profundo, ser
"ultra-pretos" permite grande capacidade de camuflagem em um mundo em
que peixes comem peixes. Cientistas dos Estados Unidos que estudam
algumas dessas criaturas exóticas agora desvendam o segredo dessa
coloração escura.
Esses peixes abissais modificaram a forma, o tamanho e a disposição do
pigmento em suas peles para que reflitam menos do que 0,5% da luz que os
atingem, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (16).
Eles estudaram 16 espécies que se encaixam nessa definição de
"ultra-preto". Há seis diferentes ordens de peixe — grandes grupamentos
em que cada um divide história evolutiva. Essas ordens indicam que essas
modificações evoluíram independentemente em todos eles.
"Nas profundezas do oceano aberto, não há onde se esconder e há um
monte de predadores famintos", diz a zoologista Karen Osborn, do Museu
de História Nacional do Instituto Smithsonian, em Washington, co-autora
de uma dessas pesquisas recentemente publicadas na revista "Current
Biology".
"A única opção de um animal é 'se misturar' com os arredores", completa.
Pouquíssima luz solar penetra a mais de 200 metros abaixo da superfície
oceânica. Alguns desses peixes vivem a 5 mil metros de profundidade.
Nessas profundidades, bioluminescência — emissão de luz por organismos
vivos — é a única fonte de luz. Alguns dos peixes "ultra-pretos" têm
estruturas que funcionam como iscas bioluminescentes para atrair as
presas perto o bastante para que, então, possam se alimentar delas.
Por que isso acontece?
A pele desses peixes está entre os materiais mais escuros conhecidos e
absorve a luz de maneira tão eficiente que mesmo diante de luz brilhante
eles parecem ser silhuetas, explica Osborn após tentar fotografá-los ao
trazê-los à superfície.
A melanina é abundante nessa pele e se distribui de maneira pouco
usual. Ao "empacotar" melanossomos — estruturas preenchidas com pigmento
nas células da pele — em camadas contínuas na superfície da pele bem
geométricas, o peixe assegura que essencialmente toda luz que atingir
esses "pacotes" não escapará.
"Esse mecanismo que fabrica material fino e flexível poderia ser utilizado na criação de materiais ultra-pretos para equipamentos de ótica de alta tecnologia ou para camuflagem noturna", afirma Osborn.------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------
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