Cientistas da fundação também identificaram a sub-linhagem principal de transmissão comunitária do vírus no país.
Por G1
15/07/2020 15h32 Atualizado há 1 horas
Postado em 15 de julho de 2020 às 16h35m
Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram pelo menos 6 linhagens (cepas) do novo coronavírus (Sars-CoV-2)
que circularam no Brasil entre fevereiro e abril, anunciou a fundação
na terça-feira (14). Também foi identificada a principal sub-linhagem do
vírus em circulação no país.
Os cientistas analisaram 95 genomas completos do Sars CoV-2 coletados
em pacientes de 9 estados (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre, Amapá,
Pará, Alagoas, Bahia, Maranhão e Santa Catarina) e no Distrito Federal, e
acharam as 6 linhagens (A.2, B.1, B.1.1, B.2.1, B.2.2 e B.6).
O fato de haver diferentes "tipos" em circulação não implica em
possibilidade de reinfecção por pessoas já afetadas por outra cepa. O
vírus sofre mudanças mas, em essência, mantém nas diferentes linhagens
suas características principais. As mutações são comuns em todos os
vírus.
Os resultados do estudo da Fiocruz ainda estão sendo avaliados para
publicação em revistas científicas (ainda não passou pela revisão de
outros especialistas).
Origem europeia
A pesquisa aponta para uma possível sub-linhagem europeia do vírus que,
chegando ao Brasil, sofreu mutações e deu origem ao subtipo brasileiro
responsável pela maior parte das transmissões comunitárias.
O mais provável, segundo os cientistas, é que essa "versão" europeia
tenha chegado ao Brasil antes do dia 2 de fevereiro. Em solo brasileiro,
o vírus sofreu duas mutações, em sequência, que deram origem ao subtipo
que se tornou mais frequente nas transmissões locais. O primeiro caso de Covid-19 no Brasil foi confirmado no dia 26 do mesmo mês.
Outra possibilidade, remota, é de que o vírus tenha sofrido uma
primeira mutação ainda na Europa, antes de chegar ao Brasil, e só depois
tenha passado pela segunda. O que torna isto improvável, entretanto, é
que há pouca prevalência do vírus na Europa com a primeira mutação
apontada pela pesquisa.
A sub-linhagem B.1.1 brasileira (B.1.1.BR) foi a única encontrada em 18
pessoas que não tinham feito viagem internacional recente. Foi assim
que os pesquisadores concluíram que este subtipo é, provavelmente, o
responsável pela maior parte da transmissão comunitária do vírus no
país.
Além disso, essa sub-classificação também pode ter sido exportada para
países vizinhos e outros, mais distantes, antes que restrições aéreas
fossem implementadas no Brasil.
Outro estudo brasileiro
Outro estudo brasileiro
Em 13 de junho, um esforço colaborativo entre Brasil e Reino Unido divulgou o resultado do sequenciamento de 427 genomas completos
do Sars CoV-2 encontrados no Brasil. Destes, 102 foram detectados como
cepas iniciais, ou seja, mais de 100 linhagens que entraram no país logo
no começo da pandemia.
Neste estudo, os pesquisadores apontaram que apenas três linhagens
conseguiram se espalhar, apontando que o isolamento social pode ter
ajudado a reduzir a diversidade das cepas com maior circulação.
Ester Sabino, uma das autoras, explicou ao G1 na
época que as três cepas do começo - sequências genéticas diferentes do
novo coronavírus - que conseguiram se espalhar pelo Brasil foram
transmitidas antes da confirmação do primeiro caso. Sem medidas de
isolamento implementadas, como o fechamento das escolas e do tráfego
aéreo, a transmissão delas foi mais fácil.
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