Robô Perseverance, da Mars 2020, deve aterrissar no Planeta Vermelho em 18 de fevereiro do ano que vem. Ele vai coletar amostras em uma cratera de 45 km de largura na parte norte do planeta, em um depósito de sedimentos, e, depois, enviá-las de volta à Terra.
Por Carolina Dantas, G1
30/07/2020 08h50 Atualizado há 2 horas
Postado em 30 de julho de 2020 às 10h50m
Veículo espacial americano é lançado rumo a Marte para buscar sinais de vida no planeta
O robô Perseverance, da Nasa, partiu da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida, às 8h50 da manhã desta quinta-feira(30), rumo a Marte, em busca de vida em um local que já foi um lago há bilhões de anos.
A previsão de pouso no Planeta Vermelho é em 18 de fevereiro do ano que vem.
O robô Perseverance carrega instrumentos para, além de coletar
amostras, observar a geologia e transformar dióxido de carbono em
oxigênio para viabilizar uma missão com humanos no planeta.
"Estamos todos emocionados. É fantástico", declarou o diretor de ciências planetárias da Nasa, Bobby Braun, minutos após o lançamento.
Ele explicou que o foguete está "quase na rota de Marte". Ainda será
necessária outra "queima de motor" para, então, o foguete sair da sombra
da Terra, encontrar o Sol e os cientistas poderem fazer contato com a
nave.
"Uma vez que fizermos isso, estaremos, de fato, a caminho de Marte", explicou Braun.
Entenda a Mars 2020
Os cientistas acreditam que Marte tinha, entre 3 e 4 bilhões de anos
atrás, um lago onde hoje existe uma cratera. É lá que irá aterrissar a
nova missão da agência espacial americana (Nasa),
a Mars 2020, para coletar amostras em busca de vida. O local tem
sedimentos similares aos encontrados na Terra que podem conter vestígios
de organismos.
'Perseverance'
O nome do robô foi escolhido por um estudante da sétima série do estado
da Virgínia, anunciado em março deste ano. Alexander Mather teve a
sugestão escolhida entre 28 mil inscrições feitas por alunos do ensino
fundamental e médio dos Estados Unidos.
O Perseverance é o mais recente robô da linha de enviados a Marte. O
primeiro foi o Sojourner, em 1997, seguido por Spirit e Opportunity, que
desembarcaram no planeta em 2004. O último foi o Curiosity, que está no
planeta desde 2012. Todos eles tiveram os nomes escolhidos em concursos
nacionais.
De acordo com a agência espacial americana, o Perseverance é um
"cientista robô" que pesa pouco mais de 1 tonelada. Ele conta com uma
série de instrumentos: câmeras de engenharia, equipamentos nos braços,
uma broca, uma estação meteorológica, instrumento de laser, câmeras para
fazer panoramas coloridos, entre outros.
Pouso
O local da chegada a Marte foi escolhido especialmente por ter mais
chance de encontrar indícios de vida. A cratera Jezero foi um lago
bilhões de anos atrás, e contém um depósito rico em argila. O nome
significa, inclusive, "lago" em diferentes línguas, como tcheco e
esloveno.
As amostras coletadas em solo retornarão, no entanto, em uma missão
futura. Os instrumentos irão empacotar as rochas em pedaços do tamanho
de um giz e colocá-los em tubos. Uma parceria da Nasa e da Agência
Espacial Europeia (ESA) trará o material de volta para análise dos
cientistas na Terra, com equipamentos de maior capacidade para
investigação científica.
Geologia e oxigênio
Os instrumentos enviados também precisam abrir espaço para a chegada do
homem ao planeta vermelho. Será acoplado o Ingenuity junto ao
Perseverance, um helicóptero de 1,8 kg com hélices que giram cerca de 8
vezes mais rápido do que um helicóptero comum.
O terreno será fotografado como nunca no planeta -- são 19 câmeras --
para trazer informações sobre o clima e a geologia de Marte. O
instrumento MOXIE deverá produzir oxigênio com base na atmosfera de
dióxido de carbono. Essa conversão será um dos passos para conseguir
levar astronautas em uma missão tripulada no futuro. Além disso, outras
missões para a Lua deverão "preparar o caminho" para conseguir chegar lá.
Cientista brasileiro participa da missão
Daniel Nunes, um astrônomo e físico brasileiro, garantiu os ajustes
finais da missão Mars 2020 em casa, de quarentena. O carioca trabalha na
Nasa desde 2014 e é responsável pela produção de um radar de penetração
do solo do planeta vermelho. Ele disse que tudo é possível com "muito
trabalho e dedicação", mas que é um ambiente "bem competitivo" e "as
coisas raramente vêm na primeira vez".
"Eu tenho duas funções. A primeira é a de investigador científico do
instrumento, um radar de penetração do solo, e representar os interesses
da missão durante o desenvolvimento. Também sou um co-investigador que
deve acompanhar os dados desse instrumento", disse Nunes.
De acordo com o brasileiro, a Mars 2020 será uma missão de muitas
"primeiras vezes". Será a primeira vez que uma sonda irá investigar a
geologia de Marte em solo. Também será a primeira vez que irão converter
dióxido de carbono em oxigênio. E a primeira vez que vão até uma
cratera com sedimentos em Marte com chance de encontrar vestígios de
vida anterior.
"Qualquer um desses resultado vai ser histórico. Já tivemos dois radares voando na órbita de Marte, mas a resolução era baixa. Esse é o primeiro radar na superfície.", explicou Nunes.
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