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quarta-feira, 12 de março de 2025

Mais de 50 países possuem drones de combate, aponta estudo; veja modelos mais comuns

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Na terça-feira (11), a Ucrânia lançou um grande ataque sobre Moscou com drones, veículos aéreos não tripulados, utilizados em combates pelo mundo. Turquia, Irã, China e EUA estão entre os principais fabricantes.
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Por Fábio Santos, Matheus Moreira, Arthur Stabile, g1

Postado em 12 de Março de 2.025 às 05h00m
 
#.* Post. - Nº.\  11.543*.#

Background image
Foto: Arte g1 / Dhara Assis e Bianca Batista

Ao menos 54 países possuem drones de combate — como os usados pela Ucrânia em ofensiva contra Moscou nesta terça-feira (11) — segundo a edição mais recente do estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) sobre as capacidades militares das nações. Os dados são de 2024.

O número representa 31% dos 174 países sobre os quais a organização, que há 65 anos faz esse levantamento, obteve dados, e um aumento em relação aos 38 que detinham drones de ataque em 2022.

O Brasil não tem drones de combate, apenas de monitoramento, segundo o levantamento.

Entres drones de ataque presentes em mais países estão o turco Bayraktar (em 28), os chineses Caihong (15) e Wing Loong (13), o americano MQ (14) e os iranianos Mohajer (14) e Shahed (13) – um modelo desses, o Shahed-136, foi utilizado pelo Irã no ataque a Israel em abril de 2024.

Alguns países não operam diretamente os drones. É o caso da Líbia, onde a Turquia mantém uma base militar na qual há o drone Bayraktar TB2, e do Kwait, onde os EUA mantêm uma base na qual há o drone MQ-9 Reaper.

Ucrânia faz ataque massivo com drones

Ucrânia ataca Moscou em maior ofensiva com drones da guerra

Nesta terça-feira (11), a Ucrânia fez um ataque massivo com drones em Moscou, na Rússia. Foi a maior ofensiva com drones da guerra, e o bombardeio deixou três mortos e 17 feridos, provocou incêndios e levou à suspensão temporária das atividades em quatro aeroportos da capital russa, segundo autoridades locais.

Poucas horas depois do ataque com drones, a Ucrânia aceitou uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo imediato de 30 dias com a Rússia, segundo uma declaração conjunta dos dois países.

Ainda não se sabe qual tipo de drone a Ucrânia usou no ataque, mas segundo o estudo do IISS, o país possui dois tipo do equipamento de combate: os drones de ataque unidirecional (OWA, na sigla em inglês), também conhecidos como drones kamikaze, porque explodem ao atingir o alvo; e os veículos de combate, inteligência, vigilância e reconhecimento, que disparam artefatos explosivos.

De acordo com o instituto de estudos estratégicos, no início do conflito com a Rússia, a Ucrânia usava drones doados pelo Ocidente e, desde 2023, houve um aumento no uso dos equipamentos de inteligência.

Drones de madeira

Segundo Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade de Harvard e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), os drones de combate usados pela Ucrânia são equipamentos comerciais adaptados, produzidos principalmente em fábricas de móveis, que estão sendo adaptadas.

"Eles são feitos muito rapidamente. A fuselagem leva cerca de uma hora para ficar pronta. Em mais meia hora, são instalados os eletrônicos e os explosivos dos drones. Então, a Ucrânia adaptou a sua base industrial de defesa para a produção de drones", explicou o professor.

Ainda de acordo com Brustolin, as peças para a produção dos drones vêm do mundo inteiro, mas principalmente da China, que também abastece a Rússia.

Para o professor de Relações internacionais da ESPM Gunther Rudzit, o mundo vive a "era dos drones militares".

A aplicação [dos drones] como veículos de ataque foi uma evolução muito rápida, já que eles são baratos e muito letais. O uso deles em grande quantidade se mostrou letal para os navios e tanques, fazendo com que as forças armadas no mundo, pelo menos as mais avançadas, já estejam se remodelando a esta nova realidade, disse.

O que é um drone de combate?

O ISS divide drones de combate em duas categorias:

  • Os veículos de combate, inteligência, vigilância e reconhecimento (CSIR), que têm capacidade de fazer ataques em terra, além de monitoramento. Exemplos deles são MQ-9 Reaper, dos Estados Unidos, o turco Bayraktar TB2 e o drone chinês CH-4B.
  • Os equipamentos de ataque unidirecional são veículos que têm características tanto de drones como de mísseis de cruzeiro, e podem voar diretamente para um alvo definido ou fazer uma busca desse alvo. São modelos desse tipo o Shahed-136 e os israelenses Spike Firefly e Harpy.
Irã e Turquia crescem como fornecedores

Segundo o IISS, a demanda por esse tipo de equipamento criou uma onda de acordos de exportação, com destaque para Turquia e Irã – dois dos principais fabricantes mundiais desse tipo de equipamento, ao lado de China e Estados Unidos.

Um dos principais drones iranianos é o Shahed-136, uma aeronave kamikaze usada no ataque de 18 de abril contra Israel. Segundo o ISS, uma linha de produção do modelo está em desenvolvimento na Rússia, que compra o equipamento desde 2022. Os rebeldes Houthis, do Iêmen, fazem aquisições do tipo desde 2021 – veja mais sobre o Shahed-136 abaixo.

O Irã também é o fabricante do drone de combate Mohajer 6, que, segundo o IISS, acredita-se que seja usado pela Venezuela – único país da América Latina entre os 48 detentores desse tipo de equipamento.

A Turquia, por sua vez, tem como principal modelo o Bayraktar TB2, que está em operação em 17 países do mundo – inclusive a Ucrânia, que, no início da invasão russa, dependia de drones de combate improvisados a partir de modelos civis, e agora produz 4 modelos diferentes, inclusive um com capacidade de voar 1 mil km.

Nesta reportagem, você vai ver:


🛬 Shahed-136 / Irã

O equipamento fabricado em 2021 foi utilizado em larga escala no ataque feito pelos iranianos contra Israel no início de abril.

O Shahed-136 é um drone-kamikaze que tem como característica principal uma combinação de design em asa delta e capacidade de voo em baixa altitude, fator que dificulta drasticamente a detecção por radares de sistemas de defesa aérea.

Segundo o Army Technology, site de notícias especializado em armamentos, o drone de ataque portátil pode carregar até 40 quilos de ogivas e ser lançado a partir de um caminhão militar ou comercial.

Drone Shahed-136 — Foto: Arte g1
Drone Shahed-136 — Foto: Arte g1

  • Alcance: de 1.000 a 1.500 km;
  • Velocidade máxima: 185 km/h;
  • Peso: 200 quilos (sem carga);
  • Comprimento: 3,5 metros;
  • Envergadura: 2,5 metros;
  • Armamento: ogiva explosiva (40 kg);
  • Quem usa: Irã, Iraque, Iêmen e Rússia.

Em 2022, o Irã virou um importante apoiador militar da Rússia no conflito contra a Ucrânia e enviou o Shahed-136 para atuar no combate. Além dos russos, as forças rebeldes Houthis, do Iêmen, também receberam o drone em 2021.

O MQ-9 Reaper é fabricado pelos Estados Unidos. Sua função primária é coletar informações, servindo de apoio e vigilância em missões, mas também pode ser usado em ataques.

O Reaper pode ser equipado com até 8 mísseis guiados a laser e, por isso, é considerado uma arma letal e altamente precisa. Este modelo de drone foi usado, em 2020, para matar Qassem Soleimani, chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e um dos homens mais poderosos do país.

Drone MQ-9 — Foto: Arte g1
Drone MQ-9 — Foto: Arte g1

  • Alcance: 1.850 km;
  • Velocidade máxima: 444 km/h;
  • Peso: 2.223 kg (sem carga);
  • Comprimento: 11 metros;
  • Envergadura: 20,1 metros;
  • Armamento: combinação de mísseis (1.701 kg);
  • Quem usa: EUA, França, Itália, Holanda, Polônia, Espanha, Reino Unido, Índia, Polônia (base EUA), Kuwait base EUA), Iraque (base EUA), Jordânia (base EUA), Djibouti (base EUA), Niger (base EUA) e Japão (base EUA).

🛬 Bayraktar TB2 / Turquia

O Bayraktar TB2 pode ser armado com bombas guiadas a laser, e é uma das principais apostas da indústria bélica turca. Segundo o IISS, drones da família desse modelo estão presentes em ao menos 17 países.
Drone Bayraktar — Foto: Arte g1
Drone Bayraktar — Foto: Arte g1

  • Alcance: 1.850 km;
  • Velocidade máxima: 222 km/h;
  • Peso: 500 kg (sem carga);
  • Comprimento: 6,5 metros;
  • Envergadura: 12 metros;
  • Armamento: mísseis guiados por laser (150 kg);
  • Quem usa: Turquia, Polônia, Sérvia, Azerbaijão, Quirguistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Paquistão, Líbia (base turca), Marrocos, Catar, Emirados Árabes Unidos, Burkina Faso, Djibouti, Etiópia, Mali e Togo.

As vendas crescentes ajudaram o país a mais que dobrar suas exportações de defesa e aeroespacial de US$ 1,82 bilhão em 2017 para US$ 4,4 bilhões em 2022, aponta o IISS A Turquia assinou contratos para entregar drones armados e bombas guiadas a laser para cerca de 30 países entre 2018 e 2023.

O drone Bayraktar TB2 está presente nos seguintes países: Polônia, Sérvia, Azerbaijão, Quirguistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Paquistão, Líbia (base turca), Marrocos, Catar, Emirados Árabes Unidos, Burkina Faso, Djibouti, Etiópia, Mali e Togo.

🛬 Caihong / China

Desenvolvido pela China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC), os drones Caihong (abreviados para CH) são fabricados em modelos diferentes.

O CH-4B, por exemplo, tem um sistema misto de ataque e de reconhecimento de território. Com uma carga útil de até 345 kg, pode levar até seis armas e disparar mísseis a partir de uma distância de 5 mil metros. A bateria tem duração de 40 horas.

Drone Caihong-4B — Foto: Arte g1
Drone Caihong-4B — Foto: Arte g1

  • Alcance: 5.000 km;
  • Velocidade máxima: 435 km/h;
  • Peso: 1.000 kg (sem carga);
  • Comprimento: 3,5 metros;
  • Envergadura: 18 metros;
  • Armamento: seis mísseis armas ou carga de (345 kg);
  • Quem usa: China, Indonésia, Mianmar, Paquistão, Argélia, Iraque, Jordânia, Arábia Saudita, República Democrática do Congo, Nigéria e Sudão.

Entre os drones de ataque da família CH, estão os modelos CH-3, CH-3A e CH-4.

O drones chineses da família CH estão presentes nos seguintes países: Indonésia, Mianmar, Paquistão, Argélia, Iraque, Jordânia, Arábia Saudita, República Democrática do Congo, Nigéria e Sudão.

🛬 Wing Loong II / China

Os drones chineses da família Wing Loong são fabricados em diversos modelos, sendo que os mais usados são o I e o II, um dos mais modernos. Inicialmente, era utilizados para vigilância e monitoramento, mas foram adaptados para entrarem em combate.

Para esta finalidade, podem levar um conjuntos de mísseis com mira a laser e bombas e o dobro da carga que o modelo anterior podia carregar.

Site de notícias especializados em armamentos afirmam que essas características colocam o Wing Loong II na mesma classe do americano MQ-9 Reaper.

Wing Loong II — Foto: Arte g1
Wing Loong II — Foto: Arte g1

Desenvolvido pela Chegdu Aircraft Infustry Group (CAIG), ele é movido à hélice, o que, segundo a fabricante, permite que não seja facilmente identificado por radares.

Para aumentar o alcance, ele ainda pode ser controlado por meio de um link via satélite.

  • Alcance: 2.000 km
  • Velocidade máxima: 370 km/h
  • Peso: 4.200 kg
  • Comprimento: 11 metros
  • Envergadura: 20,5 metros
  • Armamento: Combinação de mísses e bombas (1.000 kg)
  • Quem usa: Arábia Saudita, Cazaquistão, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Paquistão, Uzbequistão, Argélia, Marrocos e Nigéria

LEIA TAMBÉM:
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Imagens mostram jatos interceptando e destruindo drones e mísseis lançados pelo Irã.

colaboraram: Gustavo Petró e Gabriel Croquer

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terça-feira, 11 de março de 2025

O monstro-de-gila, lagarto de digestão lenta que foi essencial na criação do Ozempic

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Veneno do animal da América do Norte contém uma enzima que ajudou a desenvolver tratamentos que aumentam a atividade do receptor GLP-1.
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TOPO
Por BBC

Postado em 11 de Março de 2.025 às 06h00m
 
#.* Post. - Nº.\  11.542*.#

Um hormônio presente no veneno do monstro-de-gila é a base da semaglutida, princípio ativo do Ozempic — Foto: Getty Images via BBC
Um hormônio presente no veneno do monstro-de-gila é a base da semaglutida, princípio ativo do Ozempic — Foto: Getty Images via BBC

É uma pequena criatura, de pele brilhante e escamosa, que vagueia pelos desertos da América do Norte com passos lentos e que, indiretamente, serviu para promover uma revolução farmacológica.

Seu nome científico é Heloderma suspectum, mas a maioria das pessoas conhece este réptil como monstro-de-gila.

E embora sua mordida venenosa possa causar sérias complicações para um ser humano — em novembro de 2024, um homem morreu no Estado do Colorado, nos EUA, após ser mordido por seu monstro-de-gila de estimação —, este pequeno animal um tanto desajeitado está por trás de uma das descobertas médicas que mais prometem salvar vidas no futuro.

Em seu veneno, pesquisadores descobriram uma enzima que inspiraria os cientistas a desenvolver medicamentos que aumentam a atividade do receptor GLP-1, que hoje são vendidos nas farmácias com os nomes Ozempic, Wegovy e Mounjaro — e prometem ser uma revolução no combate ao diabetes tipo 2 e à obesidade.

Assim como o monstro-de-gila foi a espécie-chave para o desenvolvimento destes medicamentos, o estudo do veneno de outros animais também já rendeu avanços importantes, como o desenvolvimento de medicamentos para controle da pressão arterial e anticoagulantes.

Mas, afinal, o que há de tão especial neste lagarto? E como é possível obter a partir de uma de suas toxinas, um dos medicamentos mais promissores das últimas décadas?

A semaglutida gerou uma revolução no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade — Foto: Getty Images via BBC
A semaglutida gerou uma revolução no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade — Foto: Getty Images via BBC

"As toxinas evoluem para desempenhar funções muito específicas, como se defender contra predadores ou incapacitar suas presas", explica à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, o professor Kini, que dedicou sua vida a explorar diferentes tipos de toxinas para encontrar usos alternativos para elas.

No caso do monstro-de-gila — uma das duas espécies de lagartos venenosos nativos da América do Norte — seu veneno evoluiu para imobilizar pequenas presas, devido à sua falta de agilidade.

O que os cientistas descobriram é que, além de ter um efeito sobre a presa, um hormônio presente no veneno do monstro-de-gila parecia ajudar o metabolismo deste lagarto a desacelerar a tal ponto, que ele é capaz de sobreviver por até um ano com apenas seis refeições, de acordo com a Universidade de Queensland, na Austrália.

Ao isolá-lo, os pesquisadores descobriram que este hormônio, que chamaram de exendina-4, era muito semelhante ao GLP-1, uma substância que o ser humano produz naturalmente para regular os níveis de açúcar no sangue após as refeições.

No entanto, a exendina-4 é diferente do GLP-1 em uma característica fundamental: enquanto o GLP-1 humano deixa o corpo rapidamente por meio de mecanismos de excreção natural, a exendina-4 permanece por mais tempo no organismo, o que faz com que seu efeito na regulação da glicose seja mais duradouro.

Isso fornece a base para o desenvolvimento de medicamentos que atuam como agonistas do receptor de GLP-1.

Os monstros-de-gila passam a maior parte de suas vidas escondidos, e os cientistas acreditam que seu veneno tem tanto a ver com defesa quanto com ataque — Foto: Getty Images via BBC
Os monstros-de-gila passam a maior parte de suas vidas escondidos, e os cientistas acreditam que seu veneno tem tanto a ver com defesa quanto com ataque — Foto: Getty Images via BBC

A primeira grande aplicação prática da exendina-4 foi no desenvolvimento de um medicamento chamado Byetta (exenatida), especificamente para tratar diabetes tipo 2.

Este tratamento ajuda a reduzir os níveis de glicose e, com pequenas modificações, lançou as bases para outros compostos mais resistentes e duradouros, como a semaglutida (princípio ativo do Ozempic e Wegovy).

"É impressionante como uma mudança em um ou dois aminoácidos pode fazer com que a molécula dure mais tempo na corrente sanguínea, mantendo ou até mesmo aumentando sua eficácia terapêutica", diz Kini à BBC News Mundo.

No caso da semaglutida, ele explicou, o que foi feito foi adicionar uma cadeia de ácidos graxos que a liga à albumina sérica — a proteína no sangue que ajuda a transportar hormônios, vitaminas e enzimas pelo corpo —, o que faz com que ela permaneça na circulação por mais tempo.

Kini afirma, no entanto, que a semaglutida não é o único caso em que as toxinas serviram de base para o desenvolvimento de um medicamento.

Imitando a natureza

O veneno da Bothrops jararaca facilitou o desenvolvimento de medicamentos que ajudam milhares de pessoas a controlar a pressão arterial — Foto: Getty Images via BBC
O veneno da Bothrops jararaca facilitou o desenvolvimento de medicamentos que ajudam milhares de pessoas a controlar a pressão arterial — Foto: Getty Images via BBC

Como destacou Kini, pesquisadores do mundo todo analisam venenos de diferentes espécies há décadas, revelando compostos que depois são transformados em medicamentos para uso em massa.

Segundo ele, "já na década de 1970, foi isolado um peptídeo do veneno da cobra brasileira Bothrops jararaca, que deu origem aos inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina)", medicamentos que hoje são essenciais para o controle da pressão arterial e da insuficiência cardíaca.

Com o tempo, foram sintetizados produtos como o captopril e o enalapril, que ainda são receitados para milhões de pacientes ao redor do mundo.

Os exemplos são muitos: desde caracóis marinhos, cujas neurotoxinas permitem tratar a dor crônica quando modificadas em laboratório, até sanguessugas medicinais, cujo anticoagulante natural deu origem a medicamentos que reduzem o risco de embolias.

O princípio é sempre o mesmo: "As toxinas evoluem para causar efeitos muito precisos no organismo de suas presas ou predadores. Se conseguirmos isolar e compreender esses mecanismos, podemos transformar o veneno em um aliado terapêutico", explica Kini.

O próprio Kini estuda o veneno de cobras e a saliva de mosquitos com o objetivo de desenvolver medicamentos que previnam danos ao coração após um ataque cardíaco e controlem problemas de diurese.

Em sua experiência, muitas destas toxinas apresentam pequenas variações em um ou dois aminoácidos que desencadeiam efeitos fisiológicos altamente específicos, sendo uma questão de isolá-las e modificá-las para criação de novas terapias.

Um futuro com toxinas

O estudo de toxinas continua sendo realizado com diferentes espécies — Foto: Getty Images via BBC
O estudo de toxinas continua sendo realizado com diferentes espécies — Foto: Getty Images via BBC

A experiência com o monstro-de-gila demonstra o potencial de combinar a biologia molecular, a farmacologia e o estudo detalhado de venenos.

Para Kini, o fato de um réptil relativamente lento e inofensivo à primeira vista —capaz de sobreviver com poucas refeições e portar um veneno estável —, ter fornecido a base para medicamentos revolucionários é uma amostra do que poderia ser encontrado em outras criaturas.

"Vivemos em uma era em que novas ferramentas nos permitem avançar mais rápido do que nunca. Ainda assim, o maior desafio costuma ser o financiamento: transformar uma descoberta de laboratório em um medicamento disponível comercialmente leva anos de ensaios clínicos e grandes investimentos", ele adverte.

No entanto, ele acredita que os resultados mais do que justificam o esforço, especialmente considerando o profundo impacto de doenças como diabetes, obesidade e hipertensão.

"As próximas décadas podem nos reservar novas surpresas", diz Kini.

"Podemos encontrar compostos ainda mais eficazes no veneno de algum outro animal, ou criar versões sintéticas que ataquem doenças por novos ângulos."

Ozempic e outros inibidores de apetite podem causar perda muscular; veja como evitar

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segunda-feira, 10 de março de 2025

A computação quântica ao alcance das mãos com o Majorana 1

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Publicado por Adrien, 09 de março de 2025 às 02:00
Fonte: Microsoft
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Postado em 10 de Março de 2.025 às 07h00m

 
#.* Post. - Nº.\  11.541*.#

A Microsoft revelou um avanço significativo no campo da computação quântica com o processador Majorana 1. Este último integra uma arquitetura Topological Core, uma primeira mundial, que permite estabilizar e tornar escaláveis os qubits, as unidades básicas da computação quântica.

Esta inovação baseia-se no uso de topocondutores, materiais capazes de manipular partículas de Majorana. Essas partículas, até então teóricas, são essenciais para criar qubits mais estáveis e menos sensíveis a perturbações externas. Esta tecnologia poderia permitir a construção de computadores quânticos com um milhão de qubits, capazes de resolver problemas atualmente insolúveis.


O processador quântico Majorana 1, uma revolução no campo da computação quântica.
Crédito: Microsoft

O desenvolvimento do Majorana 1 exigiu a criação de um novo material composto à base de arsenieto de índio e alumínio. Este material, projetado átomo por átomo, permite estabilizar os qubits topológicos, oferecendo assim um caminho promissor para a computação quântica em grande escala.

A Microsoft também desenvolveu um método de controle digital dos qubits, simplificando assim sua manipulação. Esta abordagem contrasta com os métodos analógicos atuais, mais complexos e menos escaláveis. O controle digital permite uma melhor gestão de erros e uma maior facilidade de escalonamento.


A empresa recebeu o apoio da DARPA, uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, para acelerar o desenvolvimento desta tecnologia. A Microsoft faz parte das duas empresas selecionadas para a fase final do programa US2QC da DARPA, que visa criar um computador quântico em escala industrial.

Por fim, a Microsoft colabora com parceiros como Quantinuum e Atom Computing para explorar as aplicações práticas desta tecnologia. Essas colaborações visam criar computadores quânticos confiáveis, capazes de funcionar em conjunto com sistemas de inteligência artificial.

O Majorana 1 representa um passo crucial para a realização de computadores quânticos capazes de resolver problemas complexos em química, ciência dos materiais e outros domínios industriais. Esta tecnologia poderia revolucionar a maneira como concebemos materiais, medicamentos e catalisadores, permitindo cálculos precisos e rápidos que até agora eram impossíveis.

O que é um qubit topológico?

Um qubit topológico é uma unidade básica da computação quântica que utiliza propriedades topológicas para manter a coerência quântica. Ao contrário dos qubits tradicionais, os qubits topológicos são mais estáveis e menos sensíveis a perturbações externas.

Esses qubits exploram partículas exóticas chamadas Majoranas, que podem existir em materiais específicos chamados topocondutores. As Majoranas permitem proteger a informação quântica de erros, o que é crucial para a confiabilidade dos cálculos.

A criação de qubits topológicos requer materiais especiais, como o arsenieto de índio, que devem ser montados com precisão atômica. Essa complexidade é compensada pelos benefícios em termos de estabilidade e potencial de escalonamento.

Por fim, os qubits topológicos abrem caminho para computadores quânticos mais poderosos e confiáveis, capazes de resolver problemas complexos em ciências e diversos domínios industriais.

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domingo, 9 de março de 2025

Justiça reverte decisão e determina que Apple permita lojas de aplicativos alternativas no iOS

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Empresa terá que abrir acesso para outras lojas além da App Store em até 90 dias, segundo decisão do TRF-1 que valida uma determinação do Cade. Apple diz que pretende recorrer.
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Por Redação g1

Postado em 09 de Março de 2.025 às 07h00m

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Fachada da loja da Apple em Manhattan, em Nova York, em 21 de julho de 2015 — Foto: REUTERS/Mike Segar

Fachada da loja da Apple em Manhattan, em Nova York, em 21 de julho de 2015 — Foto: REUTERS/Mike Segar

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) reverteu, na quarta-feira (2), uma decisão favorável à Apple e determinou que a empresa permita outras lojas de aplicativos no iOS em até 90 dias.

Em nota, a Apple disse que pretende recorrer da decisão (veja abaixo).

Hoje, a Apple só permite que aplicativos para iOS sejam baixados em sua própria loja, a App Store. Aplicativos pagos e outras compras feitas pela pela plataforma dão à empresa o direito de receber uma comissão pela transação.

A decisão do desembargador federal Pablo Zuniga Dourado restabeleceu uma determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que investigou a empresa por supostas práticas anticompetitivas no mercado digital.

A Apple havia conseguido uma liminar favorável em primeira instância na Justiça Federal, que foi revertida agora no TRF-1.

Dessa forma, a empresa terá que permitir que os usuários do sistema iOS tenham acesso a outras lojas de aplicativos e opções de compra, além de possibilitar que os desenvolvedores de aplicativos ofereçam alternativas para distribuição dos apps e processamento de pagamentos.

Ao justificar a decisão, o desembargador diz que a suspensão da medida do Cade, agora revertida, validaria as barreiras artificiais à concorrência e reforçaria a dependência exclusiva da App Store como canal de distribuição de aplicativos para iOS, consolidando o poder de mercado da Apple.

O juiz também cita precedentes em outros países, destacando que a conduta da Apple é objeto de investigações e sanções na União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e Coreia do Sul, o que demonstra a plausibilidade da tese defendida pelo Cade, segundo Dourado.

Por fim, o juiz define que a empresa se adeque às medidas do Cade em até 90 dias. Em sua resolução de novembro, o órgão havia determinado uma multa diária de R$ 250 mil em caso de descumprimento. 
Apple diz que deverá recorrer

Em nota, a Apple disse que acredita em mercados vibrantes e competitivos onde a inovação possa florescer, e informa que pretende recorrer da decisão.

Enfrentamos concorrência em todos os segmentos e jurisdições onde operamos, e nosso foco é sempre a confiança de nossos usuários. Estamos preocupados que as medidas provisórias propostas pelo Cade possam prejudicar a privacidade e a segurança de nossos usuários e pretendemos apelar da decisão, afirma a empresa.

A denúncia ao Cade foi registrada em 2022 pelo Mercado Livre e pontua que a Apple impõe restrições a desenvolvedores de aplicativos e serviços digitais que dificultam ou impedem a compra dentro de apps. Questionado pelo g1, o Mercado Livre disse que não comentará a decisão do TRF-1.

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Calor extremo acelera silenciosamente o envelhecimento em nível molecular

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Neste artigo, gerontóloga explica que altas temperaturas aumentam o risco de várias doenças, incluindo problemas renais e cardíacos. Adultos mais velhos são os mais vulneráveis a seus efeitos.
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TOPO
Por Eunyoung Choi

Postado em 09 de Março de 2.025 às 06h00m

#.* Post. - Nº.\  11.539*.#

Céu de Presidente Prudente (SP)  — Foto: Lucas Dantas/g1
Céu de Presidente Prudente (SP) — Foto: Lucas Dantas/g1

E se o calor extremo não apenas nos deixa exausto, mas também nos faz envelhecer mais rapidamente?

Cientistas já sabem que o calor extremo aumenta o risco de insolação, doença cardiovascular, disfunção renal e até mesmo de morte. Vejo esses efeitos com frequência em meu trabalho como pesquisadora que estuda como estressores ambientais influenciam o processo de envelhecimento. Mas até agora, poucas pesquisas exploraram como o calor afeta o envelhecimento biológico: a deterioração gradual das células e dos tecidos que aumenta o risco de doenças relacionadas à idade.

Uma nova pesquisa que minha equipe e eu publicamos na revista "Science Advances" sugere que a exposição de longo prazo ao calor extremo pode acelerar o envelhecimento biológico em nível molecular, gerando preocupações sobre os riscos à saúde de longo prazo representados pelo aquecimento do planeta.

♨️O preço oculto do calor extremo no corpo

Meus colegas e eu examinamos amostras de sangue de mais de 3.600 adultos idosos nos Estados Unidos. Medimos sua idade biológica usando relógios epigenéticos, que capturam padrões de modificação do DNA - metilação - que mudam com a idade.

A metilação do DNA refere-se a modificações químicas no DNA que agem como interruptores para ligar e desligar os genes. Fatores ambientais podem influenciar esses interruptores e alterar o funcionamento dos genes, afetando o envelhecimento e o risco de doenças com o tempo. A medição dessas alterações por meio de relógios epigenéticos pode prever com precisão o risco de doenças relacionadas à idade e o tempo de vida.

Pesquisas em modelos animais mostraram que o calor extremo pode desencadear o que é conhecido como memória epigenética mal adaptativa, ou mudanças duradouras nos padrões de metilação do DNA. Estudos indicam que um único episódio de estresse térmico extremo pode causar mudanças de longo prazo na metilação do DNA em diferentes tipos de tecido em camundongos.

Para testar os efeitos do estresse térmico nas pessoas, associamos os dados do relógio epigenético aos registros climáticos para avaliar se as pessoas que vivem em ambientes mais quentes apresentam um envelhecimento biológico mais rápido.

➡️Descobrimos que os adultos mais velhos que residem em áreas com dias muito quentes frequentes apresentaram envelhecimento epigenético significativamente mais rápido em comparação com aqueles que vivem em regiões mais frias.

Por exemplo, os participantes que moram em locais com pelo menos 140 dias de calor extremo por ano, classificados como dias em que o índice de calor excedeu 90 graus Fahrenheit (32,33 graus Celsius), apresentaram até 14 meses de envelhecimento biológico adicional em comparação com aqueles que moram em áreas com menos de 10 dias desse tipo por ano.

Essa ligação entre idade biológica e calor extremo permaneceu mesmo após levar em conta uma ampla gama de fatores individuais e comunitários, como níveis de atividade física e status socioeconômico. Isso significa que, mesmo entre pessoas com estilos de vida semelhantes, aquelas que vivem em ambientes mais quentes ainda podem estar envelhecendo mais rapidamente em nível biológico.

Ainda mais surpreendente foi a magnitude do efeito: o calor extremo tem um impacto comparável ao tabagismo e consumo excessivo de álcool na aceleração do envelhecimento. Isso sugere que a exposição ao calor pode estar acelerando silenciosamente o envelhecimento, em um nível equivalente ao de outros grandes estressores ambientais e de estilo de vida conhecidos.

😷Consequências para a saúde pública

Embora nosso estudo tenha jogado luz sobre a conexão entre o calor e o envelhecimento biológico, ainda há muitas perguntas sem resposta. É importante esclarecer que nossas descobertas não significam que cada ano adicional de calor extremo se traduz diretamente em 14 meses extras de envelhecimento biológico.

Em vez disso, nossa pesquisa reflete diferenças em nível populacional entre grupos com base em sua exposição local ao calor. Em outras palavras, tiramos uma foto de populações inteiras em um momento no tempo; ela não foi projetada para analisar os efeitos em pessoas individuais.

➡️Nosso estudo também não capta totalmente todas as formas de as pessoas se protegerem do calor extremo. Fatores como acesso a ar-condicionado, tempo passado ao ar livre e exposição ocupacional, todos desempenham um papel na formação da exposição pessoal ao calor e seus efeitos. Alguns indivíduos podem ser mais resistentes, enquanto outros podem enfrentar maiores riscos devido a condições de saúde preexistentes ou barreiras socioeconômicas. Essa é uma área em que são necessárias mais pesquisas.

O que está claro, no entanto, é que o calor extremo é mais do que apenas um risco imediato à saúde - ele pode estar acelerando silenciosamente o processo de envelhecimento, com consequências de longo prazo para a saúde pública.

Os adultos mais velhos são especialmente vulneráveis porque o envelhecimento reduz a capacidade do corpo de regular a temperatura de forma eficaz. Muitos idosos também tomam medicamentos, como betabloqueadores e diuréticos, que podem prejudicar a tolerância ao calor, tornando ainda mais difícil para o corpo lidar com altas temperaturas. Portanto, mesmo dias moderadamente quentes, como os que atingem 80 graus Fahrenheit (26,67 graus Celsius), podem representar riscos à saúde dos idosos.

À medida que a população dos EUA envelhece rapidamente e as mudanças climáticas intensificam as ondas de calor em todo o mundo, acredito que simplesmente dizer às pessoas para se mudarem para regiões mais frias não é realista. O desenvolvimento de soluções adequadas à idade que permitam que os idosos permaneçam em segurança em suas comunidades e protejam as populações mais vulneráveis pode ajudar a lidar com os efeitos ocultos, porém significativos, do calor extremo.

Eunyoung Choi tem pós-doutorado associado em Gerontologia, Universidade do Sul da Califórnia.

"Frente fria deve acabar com onda de calor no fim de semana."

Este texto foi publicado originalmente no site do The Conversation Brasil.

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