*::*=*::* Há muitos anos, o conselho de utilizar um antivírus se enraizou no ramo da tecnologia e não mais saiu – tornou-se incontestável e dispensa evidências. Enquanto muitos usuários se preocupam com o melhor antivírus, não parecem se preocupar com a eficiência do antivírus em si. E se mesmo o melhor antivírus não for capaz de proteger? A realidade, porém, é exatamente essa: mesmo o melhor antivírus vai falhar, e ele só precisa falhar uma vez para que seu computador seja infectado.
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras. Um exemplo: a pergunta mais comum a esta coluna sempre foi: “qual o melhor antivírus?”. Agora que usuários de Mac OS X estão se tornando alvo de pragas digitais, a pergunta mais comum deles é: “tem algum antivírus para Mac?”.
E enquanto se procura por uma solução “antivírus”, detalhes passam despercebidos: no caso do Mac, as configurações no Safari que poderiam dificultar a ação dos criminosos, e a atenção redobrada na hora de executar programas – dicas que poderiam evitar o contato com as pragas digitais e dispensar o antivírus de qualquer trabalho.
O antivírus hoje é útil apenas para o mais simples dos ataques – aquele que utiliza uma técnica já conhecida ou um código igual ou semelhante a outro que já foi usado. Para qualquer outro caso, o software não terá nenhuma chance. É por isso que, apesar do uso do antivírus ser inquestionável e comum, os vírus simplesmente não desaparecem e fraudes continuam se propagando.
Quem se expor aos riscos será infectado independentemente de possuir um antivírus. As pragas de hoje são renovadas todos os dias, recicladas e empacotadas de maneira que os softwares de segurança não as reconheçam mais. E embora eles às vezes consigam detectar as pragas novas, basta que uma consiga passar pela proteção. Crer na eficácia completa do antivírus como ferramenta de proteção vai contribuir apenas para uma sensação falsa de segurança.
De qualquer forma, essa verdade inquestionável apenas favorece as empresas antivírus. Certamente, não há nada mais fácil do que vender um produto que todo mundo está convencido de que precisa, ainda mais quando estas mesmas empresas são autoridade na divulgação de novas ameaças, aumentando o medo do usuário em ficar desprotegido. Mas o programa não é absolutamente indispensável.
Antivírus hoje já não estão ganhando a guerra contra os vírus. Desenho de 2008 da companhia de antivírus Ikarus ilustra a mudança na indústria (Foto: Divulgação/Ikarus) Ineficiência dos produtos
Em 2006, a respeitada revista Consumer Reports resolveu criar códigos maliciosos para testar antivírus. Os resultados foram péssimos – nem as técnicas mais avançadas dos softwares conseguiram detectar os vírus criados para o teste da revista. No entanto, as companhias antivírus criticaram o teste e consideraram que ele violou a ética estabelecida na área por “criar pragas digitais”.
Ou seja, além de produzir os antivírus, são os próprios fabricantes que ditam como seus produtos serão avaliados.
O que o teste mostrou não deixa de ser verdade: eles apenas demonstraram a completa inutilidade dos antivírus diante de ataques direcionados, nos quais um criminoso irá, sim, desenvolver uma praga específica para seu ataque. Logo, empresas precisam de outras medidas além de um antivírus para detectar essas ameaças em sua rede. Em outras palavras, um antivírus só funciona quando se supõe que o ataque está dentro do esperado. Esses são os ataques mais comuns diariamente, mas também são os mais fáceis de serem identificados pelo próprio internauta, desde que se tenha alguma consciência e prática.
Cercando os ataques
Embora a recomendação geral seja contra a instalação de dois antivírus, você pode testar arquivos suspeitos gratuitamente, via web e sem instalar nenhum programa, em 40 softwares no VirusTotal (http://www.virustotal.com). Ainda existem exames que você pode fazer pela internet, sem ter um software em execução o tempo inteiro no PC – também de graça.
Ou seja, é possível se apropriar das tecnologias dos antivírus quando houver dúvidas e ter respostas imediatas quanto aos riscos de cada arquivo.
Antivírus não protege seus dados – isso é tarefa do
backup em pen drives, DVDs ou HDs externos, e de
softwares gratuitos como o SyncToy
(Foto: Reprodução)