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sábado, 11 de fevereiro de 2023

Cerrado registra mais que o dobro do desmatamento da Amazônia em janeiro

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Apesar da queda de 10% em comparação com ano passado, tamanho da área devastada é de 441,85 km², maior que Curitiba, por exemplo. Dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta sexta (10).
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Por Walder Galvão, g1 DF

Postado em 11 de fevereiro de 2023 às 14h45m

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Incêndio no Cerrado do Distrito Federal — Foto: Joelson Maia / TV Globo
Incêndio no Cerrado do Distrito Federal — Foto: Joelson Maia / TV Globo

O desmatamento no Cerrado Brasileiro atingiu 441,85 km² em janeiro de 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (10). Conforme o levantamento, a área devastada no bioma é mais que o dobro registrado na Amazônia (167 km²) (saiba mais abaixo).

A área de Cerrado desmatada apresentou queda de 10% em comparação com igual período do ano passado, quando o registro ficou em 491,64 km². Apesar disso, o perímetro desmatado é maior do que a cidade de Curitiba inteira – a capital do Paraná tem 434,892 km².

De acordo com o WWF Brasil, o patamar de destruição no Cerrado é considerado "alto". Conforme a organização, o bioma já perdeu quase 50% da cobertura original e, apesar da redução, "não é momento para se comemorar, já que as perdas anuais são superiores às da Amazônia".

Cerrado: berço das águas

Área de Cerrado desmatada — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT
Área de Cerrado desmatada — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

O Cerrado é chamado de berço das águas porque alimenta oito das 12 principais bacias hidrográficas do país. Ele responde por mais de 90% da vazão da bacia do São Francisco e por quase metade de toda a vazão da bacia do rio Paraná, que abastece a Hidrelétrica de Itaipu.

O monitoramento do bioma é feito pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

Desmatamento nas unidades da federação

Veja em quais estados do Brasil o Cerrado foi mais devastado:

  • Na Bahia, o Inpe registrou a maior área de devastação: 156,37 km²
  • O Piauí, que perdeu 123,79 km² do bioma, segue em segundo lugar
  • O Maranhão perdeu 44,57 km² de Cerrado
  • Mato Grosso perdeu 39,41 km²
Comparação de áreas de Cerrado devastadas em janeiro de 2019 até 2023

Em janeiro de 2021, a área desmatada de Cerrado no país foi de 138,01 km². Em 2020, foram 194,87 km².

Apenas 2019, que registrou 544,5 km², superou os patamares de devastação dos demais períodos (veja gráfico abaixo).

Áreas de desmatamento no Cerrado em janeiro (km²)
544,5544,5194,87194,87138,01138,01491,64491,64441,85441,85201920202021202220230100200300400500600
Fonte: Deter/Inpe

Devastação na Amazônia

A área de 167 km² devastada na Amazônia em janeiro de 2023 foi a quarta menor marca para o mês na série história do Deter, que começou em 2015.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%.

VÍDEO: destruição do Cerrado

Cerrado brasileiro perde mais de 20% da vegetação nativa que tinha na década de 1980Cerrado brasileiro perde mais de 20% da vegetação nativa que tinha na década de 1980
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Garimpo aumentou 787% em terras indígenas entre 2016 e 2022, aponta Inpe

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Dados do Inpe mostram crescimento da mineração ilegal em áreas de reservas protegidas e especialista vê projeto de exploração econômica da Amazônia como fator determinante para a prática.
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Por Arthur Stabile e Poliana Casemiro, g1

Postado em 11 de fevereiro de 2023 às 09h40m

 #.*Post. - N.\ 10.678*.#

Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF
Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF

O garimpo ilegal em terras indígenas na região Norte do Brasil aumentou mais de oito vezes entre 2016 e 2022, apontam dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

As atividades foram detectadas nas Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e em seis reservas do Pará: Sai-Cinza, Munduruku, Baú, Kayapó, Apyterewa e Trincheira/Bacajá.

Avanço do garimpo em terras indígenas de 2016 a 2022 — Foto: Arte/g1

A atividade de garimpo em terras indígenas ganhou projeção nacional em razão da crise sanitária na Terra Indígena Yanomami, a maior do país. Devido ao avanço do garimpo ilegal na região, crianças e adultos enfrentam casos severos de desnutrição e malária.

Segundo os dados do Inpe, em 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), a área de mineração ilegal em terras indígenas estava em 12,87 km², o equivalente a quase metade do arquipélago de Fernando de Noronha.

Em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), o número registrado aumentou 787%, cerca de 114,26 km² --787%. Houve queda em 2022, também sob Bolsonaro, quando 62,1 km² foram detectados como área de mineração ilegal.

Os dados são fornecidos por meio de alertas pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (além de mineração, ele detecta exploração de madeira e queimadas, por exemplo).

Evolução do garimpo ano a ano:

  • 2016 - 12,87 km²
  • 2017 - 48,72 km²
  • 2018 - 79,17 km²
  • 2019 - 97,24 km²
  • 2020 - 92,38 km²
  • 2021 - 114,26 km²
  • 2022 - 62,1 km²

Para Luciana Gatti, pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Inpe, houve um projeto de exploração econômica na Amazônia durante o governo Bolsonaro. As iniciativas envolviam desmatamento para plantação de soja, milho e explorar minérios, diz.

"Ele foi alterando as políticas públicas, desmantelando órgãos de fiscalização e tomando um monte de medidas para tornar inefetivas as leis de proteção ambiental —tentando, deliberadamente, alterar leis no Congresso", afirma Luciana.

O impacto é direto no solo e nos rios, com a fauna e flora afetadas, além da higiene e sobrevivência da população local, segundo a pesquisadora. "É um desastre do ponto de vista humano e ambiental.", diz.

No início de 2022, Bolsonaro assinou um decreto criando o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala.

O principal objetivo, segundo o texto, era "estimular o desenvolvimento da mineração artesanal e em pequena escala", com o objetivo de alcançar o "desenvolvimento sustentável regional e nacional", mas que incentivou a mineração em terras protegidas, como apontam especialistas.

Para além dos resultados locais imediatos, o desmatamento causado pelo garimpo influencia no aquecimento global. A devastação ambiental à queda no volume de chuva e ao aumento na temperatura.

"Esse estrago causa mudanças climáticas e vai tornando mais difícil recuperar a floresta. O crime que ocorre ali é hediondo e afeta a coletividade de uma maneira que todos nós vamos pagar a conta", afirma Luciana Gatti.

Emergência na TI Yanomami

No dia 20 de janeiro, o Ministério da Saúde do governo Lula (PT) decretou emergência na Terra Indígena Yanomami para atender indígenas com fome e sem atendimento médico. Entre as causas de malária desenfreada na região está a exploração ilegal de mineiros por parte de garimpeiros.

A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, a comunidade sofre com o avanço do garimpo ilegal, que apenas em 2022 cresceu 54%.

Na quarta-feira (8), uma força-tarefa do governo federal destruiu um avião, um trator de esteira e estruturas usadas na logística do garimpo. Dois dias depois, na sexta (10), a Polícia Federal deflagrou a operação Libertação para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

Entre os alvos da operação está Vanda Garcia de Almeida, irmã do governador de Roraíma, Antonio Denarium (PP), e o sobrinho dele, Fabrício de Souza Almeida.

Operação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentosOperação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentos

A suspeita da PF é de que havia um esquema de lavagem de dinheiro era de oriundo da extração ilegal de ouro da Terra Indígena Yanomami.

Além da irmã e do sobrinho, outros parentes do governador estão entre os alvos das buscas da PF.

Dados coletados pelo MapBiomas indicam que 9,3% de toda atividade de garimpo no país, em 2020, ocorreu dentro de áreas indígenas. As Terras Indígenas Kayapó e Munduruku, ambas no Pará, e a Yanomami, em Roraima, lideram o ranking. A expulsão de garimpeiros em Roraima tem potencial para agravar a situação em outras TIs da região Norte, em especial no Pará.

Com Roraima no radar das autoridades e a Aeronáutica no controle do espaço aéreo, garimpeiros fogem de barco, arriscam voos e passam dias em caminhadas para cidades no entorno. Além disso, seguem rumo a outros pontos de garimpo já conhecidos. A 1,2 mil quilômetros da TI Yanomami fica a reserva Munduruku, a mais próxima dentro do Pará.

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