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sábado, 22 de julho de 2023

Como os antigos egípcios determinaram que o dia teria 24 horas

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Textos hieroglíficos nos oferecem nova perspectiva sobre a origem da hora, no norte da África e Oriente Médio — e que foi adotada na Europa antes de se espalhar pelo mundo na era moderna.
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TOPO
Por Robert Cockcroft e Sarah Symons, BBC

Postado em 23 de julho de 2023 às 15h05m

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Tábuas astronômicas no templo de Dandera, no Egito — Foto: GETTY IMAGES
Tábuas astronômicas no templo de Dandera, no Egito — Foto: GETTY IMAGES

A relação da humanidade com a medição do tempo começou antes do surgimento da primeira palavra escrita. É por isso que é um desafio hoje investigar a origem de muitas unidades de medida de tempo.

No entanto, algumas unidades de medida de tempo derivadas de fenômenos astronômicos são bastante fáceis de se explicar — e provavelmente foram observadas independentemente por muitas culturas diferentes ao redor do mundo.

Por exemplo, medir quanto tempo dura um dia ou um ano se baseia nos movimentos aparentes do Sol em relação à Terra, enquanto a medição dos meses deriva das fases da Lua.

No entanto, existem algumas medições de tempo que não estão claramente relacionadas a nenhum fenômeno astronômico. Dois exemplos são a semana e a hora.

Uma das tradições escritas mais antigas, os textos hieroglíficos egípcios, nos oferecem uma nova perspectiva sobre a origem da hora. Ela teria se originado na região que abrange o norte da África e o Oriente Médio — e foi adotada na Europa antes de se espalhar pelo mundo na era moderna.

O tempo no Antigo Egito

Os Textos da Pirâmide, redigidos antes de 2400 a.C., são os primeiros escritos do Antigo Egito. Eles incluem a palavra wnwt (pronuncia-se "wenut") — e um hieróglifo de uma estrela associado a ela. Deduz-se, portanto, que wnwt se refere à noite.

Para entender por que a palavra wnwt é traduzida como "hora", é preciso viajar no tempo para a cidade de Assiute em 2000 a. C. Lá, o interior das tampas retangulares de madeira dos caixões, às vezes, era decorado com uma tábua astronômica.

Nut, a deusa da noite, envolve seu corpo e braços ao redor dos símbolos astronômicos no teto do templo de Dandera, no Egito — Foto: GETTY IMAGES
Nut, a deusa da noite, envolve seu corpo e braços ao redor dos símbolos astronômicos no teto do templo de Dandera, no Egito — Foto: GETTY IMAGES

Essa tábua continha colunas representando períodos de 10 dias do ano. O calendário civil egípcio tinha 12 meses, cada um com três "semanas" de 10 dias, seguidos por cinco dias de festivais.

Em cada coluna, são listados 12 nomes de estrelas, formando 12 linhas. A tábua inteira representa mudanças no céu estelar ao longo de um ano inteiro, semelhante a um mapa astronômico moderno.

Essas 12 estrelas são a primeira divisão sistemática da noite em 12 áreas temporais, cada uma regida por uma estrela. No entanto, a palavra wnwt nunca é associada a essas tábuas astronômicas dos caixões.

Só no ano 1210 a.C., no Império Novo — o período do Antigo Egito entre os séculos 16 e 11 a.C. —, que a relação entre o número de linhas e a palavra wnwt se tornou explícita.

Instruções astronômicas

Um templo, o Osireion, em Abidos, contém uma grande variedade de informações astronômicas, incluindo instruções sobre como fazer um relógio de Sol e um texto que descreve os movimentos das estrelas. Também tem uma tábua estelar tipo a dos caixões em que todas as 12 linhas são rotuladas, de forma única, com a palavra wnwt.

No Império Novo, havia 12 wnwt noturnos e também 12 wnwt diurnos, ambos eram claramente medidas de tempo. A ideia da hora está quase em sua forma moderna, se não fosse por duas coisas.

Em primeiro lugar, embora houvesse 12 horas do dia e 12 horas da noite, elas sempre eram expressas separadamente, nunca juntas como um dia de 24 horas.

O dia era medido usando sombras projetadas pelo Sol, enquanto as horas da noite eram medidas sobretudo pelas estrelas. Isso só podia ser feito enquanto o Sol e as estrelas estivessem visíveis, respectivamente, e havia dois períodos por volta do nascer e do pôr do Sol que não continham horas.

Em segundo lugar, o wnwt do Império Novo e a nossa hora moderna diferem em duração.

Relógios de Sol e relógios de água mostram muito claramente que a duração do wnwt variava ao longo do ano — com longas horas noturnas em torno do solstício de inverno, e longas horas diurnas em torno do solstício de verão.

Para responder à pergunta de onde vem o número 12 ou 24, precisamos descobrir por que 12 estrelas foram escolhidas em um período de 10 dias.

Sem dúvida, essa escolha é a verdadeira origem da hora. Será que 12 era apenas um número conveniente? Talvez, mas a origem das tábuas astronômicas dos caixões sugere outra possibilidade.

O Templo de Osireion, em Abidos, no Egito, forneceu uma série de informações astronômicas — Foto: GETTY IMAGES
O Templo de Osireion, em Abidos, no Egito, forneceu uma série de informações astronômicas — Foto: GETTY IMAGES

Estrelas referenciais

Os antigos egípcios escolheram usar a estrela brilhante Sirius como modelo e selecionaram outras estrelas com base em sua semelhança comportamental com Sirius.

O ponto-chave parece ser que as estrelas que eles usaram como referência para marcação do tempo desapareceram por 70 dias do ano, assim como Sirius, embora as outras estrelas não fossem tão brilhantes.

Segundo o texto estelar de Osireion, a cada 10 dias uma estrela parecida com Sirius desaparece e outra reaparece, ao longo do ano.

Dependendo da época do ano, entre 10 e 14 dessas estrelas são visíveis a cada noite. Registrá-las em intervalos de 10 dias ao longo do ano resulta em uma tabela muito parecida com a tábua estelar do caixão.

Por volta do ano 2000 a.C., a representação tornou-se mais esquemática do que precisa (para nosso entendimento) — e surgiu uma tabela com 12 linhas, dando origem às tábuas em caixões que podemos ver em museus do Egito e outros lugares.

Portanto, é possível que a escolha do 12 como o número de horas da noite — e, por fim, 24 como o total de horas do meio-dia ao meio-dia seguinte — esteja relacionada à escolha de uma semana de 10 dias.

E assim, a hora moderna tem sua origem em uma confluência de decisões que aconteceram há mais de 4 mil anos.

*Robert Cockcroft é professor-associado de física e astronomia; e Sarah Symons é professora de ciências interdisciplinares, ambos na Universidade McMaster, no Canadá.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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'Território desconhecido': mundo está mais quente e El Niño atípico tem efeitos ainda mais incertos; entenda

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Fenômeno apresenta características distintas de episódios mais recentes, como um forte aquecimento em áreas oceânicas não comuns para o atual período. Consequências práticas dessa mudança ainda são desconhecidas por climatologistas e meteorologistas.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 22 de julho de 2023 às 16h45m

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Comparação da NOAA mostra El Niño em 1997 e em 2023. Cores mais alaranjadas mostram que os oceanos estão mais quentes este ano. — Foto 1: NOAA/Divulgação — Foto 2: NOAA/Divulgação

Mapas climatológicos recentemente divulgados pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) trouxeram à tona uma revelação preocupante: o El Niño que começou em junho de 2023 está apresentando características bem distintas dos fenômenos ocorridos nos últimos anos.

Como é possível ver nas imagens acima, o episódio climático conhecido por seu aquecimento anormal das águas superficiais no leste do Oceano Pacífico Equatorial, próximo às costas do Peru, Equador e Colômbia (faixa amarelo-laranja dos mapas), está se manifestando de forma singular nesta atual temporada.

De forma simultânea ao desenvolvimento do El Niño, estamos enfrentando um forte aquecimento dos oceanos em outras regiões do mundo além da porção equatorial do Pacífico, principalmente em grandes trechos que vão do Atlântico Norte ao Mediterrâneo.

Como essa conjuntura climática é complexa e bem diferente do usual, cientistas alertam que os potenciais desdobramentos de tudo isso ainda são desconhecidos.

"Neste momento, estamos enfrentando um El Niño que ocorre em meio a um oceano global muito aquecido, e não sabemos como o nosso planeta mais quente afetará as condições atmosféricas do El Niño", disse a NOAA, em um comunicado.

De acordo com a MetSul, o atual episódio de El Niño é tão singular que difere até mesmo dos fenômenos extremos de 1982-1983 e 1997-1998, conhecidos como "Super El Niños". Enquanto nessas ocasiões anteriores o El Niño marcava a principal área de aquecimento anômalo dos oceanos, atualmente essa característica não prevalece mais.

Karina Lima, doutoranda em Climatologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) explica que as causas desse cenário ainda estão sendo estudadas, mas até o momento acredita-se que seria uma conjunção de fatores contribuintes: mudanças na circulação atmosférica, poluição do ar e a tendência das mudanças climáticas.

"A anomalia do Atlântico Norte é absurda", diz a pesquisadora. "Este El Niño está ocorrendo no contexto de elevado aquecimento oceânico a nível global e ainda não sabemos como isso afetará os padrões de circulação, consequentemente, se torna mais difícil prever os impactos do El Niño no clima global".

Placa alerta para calor extremo no Vale da Morte, na Califórnia, nos Estados Unidos, no dia 15 de julho de 2023 — Foto: Jorge Garcia/Reuters
Placa alerta para calor extremo no Vale da Morte, na Califórnia, nos Estados Unidos, no dia 15 de julho de 2023 — Foto: Jorge Garcia/Reuters

'Território desconhecido'

O El Niño é um dos fatores que pode influenciar na previsão de recordes de temperaturas nos próximos quatro anos. De acordo com a Organização Mundial Meteorológica (OMM), há uma probabilidade de 66% de a média anual de aquecimento ultrapassar 1,5°C entre 2023 e 2027.

Esse é o aumento máximo da taxa média de temperatura global definido para este século a fim de evitar as consequências da crise climática provocada pelo homem.

O problema é que, com a maioria dos oceanos com temperaturas acima da média, é bem difícil prever o que vai acontecer exatamente com o clima global.

"[Temos um] El Niño ocorrendo com situações globais sem precedentes", alerta o climatologista Carlos Nobre.

Média diária das temperaturas da superfície do mar — Foto: Arte/g1
Média diária das temperaturas da superfície do mar — Foto: Arte/g1

"As mudanças climáticas globais estão trazendo muitos extremos climáticos, mas é difícil prevê-los com meses de antecedência. Por exemplo, o ano passado houve o recorde de calor em grande parte da Europa no verão. Este ano de novo o verão está muito quente por lá. Seria quase impossível prever com muita antecedência dois anos seguidos de ondas severas de calor", acrescenta.

Nesta semana, dezenas de milhões de pessoas enfrentaram uma onda de calor extremo em vários países do Hemisfério Norte. Somado a isso, nos últimos dias, ferramentas de medição têm registrado recordes diários de calor, com temperaturas surpreendentes na superfície do mar, mesmo em regiões fora dos trópicos, persistindo há meses.

"Estamos agora em um território verdadeiramente desconhecido, disse David Carlson, diretor do programa mundial de pesquisa climática da OMM.

Por aqui, cientistas climáticos e meteorologistas afirmam que o Brasil vai começar a sentir a influência do El Niño nos próximos meses e não estão descartados o surgimento de novos ciclones extratropicais, como o que atingiu as regiões Sul e Sudeste.

O grande mistério, porém, persiste no fato das consequências desse El Niño "diferentão", marcado por anomalias de temperatura até no Pacífico Norte.

Comparação da NOAA mostra El Niño em 1997 e em 2023. Cores mais alaranjadas mostram que os oceanos estão mais quentes este ano. — Foto: NOAA/Divulgação

"Impossível saber agora se isso fará o El Niño ser mais longo ou mais forte ou não ser mais curto, por exemplo", destaca Nobre.

Segundo a Noaa, uma possível consequência dessa mudança é uma resposta atmosférica mais fraca do que o esperado. "A força dessa resposta está relacionada ao padrão de temperatura da superfície do mar nos trópicos. Quando o El Niño é a força dominante, como ocorreu durante o El Niño de 1997-98, a resposta atmosférica é mais clara", diz.

Contudo, a agência também destaca a incerteza nos próximos meses devido à atual conjuntura climática, especialmente quando o Pacífico ocidental e outras regiões tropicais também estão experimentando um aquecimento significativo.

Já de acordo com a MetSul, mesmo diante desse cenário atribulado, as consequências do El Niño devem se intensificar no Sul do Brasil somente a partir do fim do inverno, trazendo consigo respostas climáticas características, como chuvas acima da média e temperaturas elevadas, especialmente durante o final do inverno e a primavera.

O serviço de meteorologia alerta que os próximos três a quatro meses podem ser marcados por significativos excessos de chuva na região, com destaque para o estado do Rio Grande do Sul, onde enchentes e tempestades frequentes podem ocorrer, exatamente conforme se esperaria em um período de forte a muito forte intensidade do El Niño.

Enquanto isso, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) reforça que os modelos climáticos globais apontam para uma probabilidade superior a 90% de que o El Niño perdure até o final do ano. Quanto à intensidade, os modelos sugerem que o fenômeno se manterá em nível moderado, com possibilidade de atingir a categoria de intensidade forte.

Impacto do El Niño no inverno de cada região brasileira — Foto: Arte/g1
Impacto do El Niño no inverno de cada região brasileira — Foto: Arte/g1

⛈️☀️️ Relembre o que é o El Niño

O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.

Em resumo, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.

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