Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Agência citou o aumento da dívida e dos juros a níveis "mais altos" do que o observado em outros países soberanos com a mesma classificação para justificar a nova nota. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Reuters Postado em 16 de Maio de 2.025 às 19h30m #.* -- Post. - Nº.\ 11.636 -- *.#
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. — Foto: Brian Snyder/ Reuters
A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a classificação de crédito dos Estados Unidos nesta sexta-feira (16). A nota da maior economia do mundodesceu em um degrau, de "AAA" para "AA1" e teve a perspectiva alterada de "negativa" para "estável".
A agência citou o aumento da dívida e dos juros a níveis "que são
significativamente mais altos do que os de [países] soberanos com
classificação semelhante" para justificar a nova nota dos EUA.
"As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a
um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits
fiscais anuais e custos crescentes de juros", disse a Moody's em um
comunicado.
Nesta sexta-feira (16), por exemplo, os republicanos rejeitaram o
projeto tributário do presidente norte-americano, Donald Trump. Esse era
um passo importante para o líder da maior economia do mundo conseguir
avançar no projeto.
Os republicanos estão divididos entre a linha-dura, que encara o pacote
como sua melhor chance de cortar gastos, e os republicanos mais
moderados de distritos competitivos, que alertaram que cortes de gastos
mais profundos em programas da rede de segurança social podem colocar em
risco a maioria republicana da Câmara de 220 a 213 cadeiras nas
eleições de meio de mandato de 2026.
PIB dos EUA tem queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump; Bruno Carazza comenta
Essa nota é geralmente representada por letras, números e sinais
matemáticos, e vão normalmente de D — que é a nota mais baixa — até a
classificação AAA, que é a nota mais alta.
As notas ainda são classificadas em dois grupos principais: grau
especulativo e grau de investimento. É a partir dessa nota de risco que
os investidores podem avaliar se compensa investir capital naquele país,
se existe chance de ganhos que compensem o risco de perder o capital
investido — e se a economia desse país é estável ou instável.
Dubai planeja se tornar a cidade mais visitada do mundo. Tirando como exemplo a história recente desse emirado, de um local de exploração de pérolas a um polo de serviços, comércio e financeiro, não dá para duvidar. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Felipe van Deursen 16/05/2025 08h32 Atualizado há 03 horas Postado em 16 de Maio de 2.025 às 11h35m #.* -- Post. - Nº.\ 11.635 -- *.#
O skyline de Dubai em 1967 nada lembra os arranha-céus que deixaram a cidade famosa — Foto: Getty Images
Quando estourou a crise de 1929, a quebra da Bolsa de Nova York atingiu mercados de artigos de luxo. Dubai era um deles: a economia do emirado dependia do comércio de pérolas.
Dez anos depois, veio a Segunda Guerra Mundial. Dubai e os outros pequenos reinos que hoje formam os Emirados Árabes Unidos constituíam um protetorado do Império Britânico. Então eles sentiram, indiretamente, os efeitos do conflito.
Com o Reino Unido
no centro da guerra, as redes de importação de comida, essenciais para a
sobrevivência em Dubai, foram atingidas. Junte a isso a década perdida
na economia local, com o colapso das pérolas, e o resultado foi a total
miséria.
Negócios faliram, estrangeiros foram embora, a fome chegou. Nuvens de gafanhotos, antes uma praga, passaram a ser um alívio em tempos de desespero.
As pessoas fritavam os insetos para comer. Ou então caçavam lagartos do gênero Uromastyx. Conhecidos em árabe como dub,
esses animais de cauda espinhenta, abundantes no deserto, podem estar
inclusive na etimologia do nome da cidade, segundo alguns linguistas.
Existem outras teorias mais aceitas, como a que diz que "Dubai" viria
do verbo árabe para "rastejar", por causa do ritmo lento dos barcos na
enseada em torno da qual a cidade se desenvolveu.
Em todo caso, o fato é que, há apenas 80 anos, pessoas morriam
literalmente de fome ou tinham que comer gafanhotos e lagartos para
sobreviver na cidade que hoje é, talvez, o símbolo máximo de ostentação sem limites no mundo.
Como, em poucas décadas, esse jogo virou? A resposta é um misto de visão, oportunismo e certa flexibilidade nos escrúpulos.
Prédio mais alto do mundo, Burj Khalifa, em Dubai — Foto: Getty Images
Uma costa de piratas e pérolas
Povos nômades habitam o sudoeste da Península Arábica há 2,7 mil anos.
Chefiadas por famílias mercantis do litoral, a região manteve ligação
comercial com outros povos do Golfo Pérsico e além, como paquistaneses, indianos, etíopes, turcos e chineses.
Assim surgiram os emirados de Abu Dhabi, Sharjah, Dubai, Aiman, Um al Qaiuan e Ras al Khaimah.
Uns mais antigos, como Ras al Khaimah, que já era um porto importante
no século 16, outros mais jovens, como Dubai, que era uma inexpressiva
vila de pescadores que pertenceu a Abu Dhabi até 1833.
Os portugueses chegaram à região no século 16. Depois vieram os
holandeses e, por fim, os britânicos, que queriam garantir a segurança
de suas rotas marítimas até a Índia Britânica.
Os ingleses assinaram tratados com os xeques que governavam essas
cidades costeiras, comprometendo-se a ajudá-los em caso de alguma ameaça
estrangeira.
Entre o século 19 e o começo do 20, isso ajudou os emirados a se
protegerem de quaisquer aspirações territoriais, tanto do decadente
Império Turco-Otomano quanto da emergente dinastia Saud, que formou o Reino da Arábia Saudita.
Os europeus chamavam a região de Costa dos Piratas. Mas essa caracterização seria exagerada.
Pesquisadores hoje argumentam que os britânicos difundiram essa fama de
pirataria a fim de legitimar sua dominação sobre a área.
"Fontes da época colonial mostram como os funcionários da Companhia
Britânica das Índias Orientais usaram vários ataques, feitos por
agressores sem ligação com os emirados, como uma desculpa para a
intervenção militar e a repressão brutal", explica o historiador Johan
Mathew, professor da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.
A partir de 1820, o termo "Costa dos Piratas" foi sendo posto de lado.
No lugar dele, os ingleses passaram a chamar a região de Estados da
Trégua, uma forma de reforçar os acordos firmados com os emirados.
Se a ligação com a pirataria era uma forçação de barra do imperialismo
britânico, a exploração de pérolas era realidade. A extração e o
comércio dessa concreção calcária densa formada no interior de ostras
específicas é uma atividade milenar do sul do Golfo Pérsico.
No século 19, os Estados da Trégua, assim como Catar e Bahrein,
dependiam desse comércio internacional. No começo do século 20, 95% da
economia do Golfo Pérsico girava em torno das pérolas.
Havia cerca de 1,2 mil navios dedicados à função, cada um deles com até
80 marinheiros. Um quarto dessas embarcações estava em Dubai, segundo o
jornalista Jim Krane no livro Dubai - The story of the world's fastest city ("Dubai - a história da cidade mais rápida do mundo", sem edição brasileira).
Vista área de Dubai em 1951 — Foto: Sygma via Getty Images
O crescimento vertiginoso do mercado de pérolas no fim do século 19
criou uma elite abastada — e uma crise sem precedentes quando tudo
colapsou, após o crash de 1929. Mas mesmo que a Bolsa de Nova York não tivesse quebrado, a economia do Golfo Pérsico já estava condenada.
Pesquisadores japoneses haviam descoberto, na mesma época, uma maneira
de cultivar pérolas. Foi uma guinada radical para o setor, que não
dependeria mais das perigosas e oscilantes caçadas do Golfo Pérsico.
No comércio global de pérolas, o costume artesanal e ancestral árabe
deu lugar a uma prática industrializada e padronizada nipônica. É a
realidade que perdura até hoje: a maioria das pérolas de água salgada do
mundo vem de fazendas do Japão.
Dubai quebrou. Mercadores indianos, que lideravam o contingente de
estrangeiros na cidade, voltaram para Mumbai. Escolas internacionais
fecharam as portas, e o emirado enfrentou 17 anos de miséria.
Independência e pobreza
Desde o século 19, os britânicos pouco fizeram para desenvolver os
emirados. Segundo Krane, os administradores ingleses dos Estados da
Trégua gostavam de se ver em uma missão civilizadora de um povo parado
no século 7º d.C., mas na verdade eles não investiram em educação, saúde
ou na criação de instituições políticas.
Impediram que eles fossem incorporados por sauditas ou turcos, é
verdade, mas também os isolaram do mundo. Isso acabou reforçando o poder
dos clãs que comandavam os sete emirados — como os Al Maktoum, família
real de Dubai desde 1886.
Em 1971, os britânicos deixaram oficialmente a região. Pequenos demais
para se tornarem Estados independentes (alguns tinham menos de 2 mil
habitantes), os emirados se juntaram em uma federação. Surgiam assim os
Emirados Árabes Unidos (EAU).
Era uma nação pobre e atrasada. Não havia universidades, o
analfabetismo passava de 70% e a expectativa de vida era de cerca de 50
anos. Mas, para a sorte do novo país, havia um novo produto para
enriquecê-lo — só que ele não era abundante em Dubai.
Petróleo e infraestrutura
Aeroporto de Dubai é hoje um dos mais importantes do mundo — na foto,
construção do terminal 3, em 2007 — Foto: Universal Images Group via
Getty Images
A exploração de petróleo nos Emirados Árabes começou nos anos 1950, ainda sob domínio britânico, em Abu Dhabi.
Dubai tentou e tentou, perfurando insistentemente por anos, sem achar nada.
Talvez a experiência traumática com as pérolas tenha deixado uma lição.
Mesmo insistindo em encontrar petróleo, o emirado buscava outras fontes
de renda.
O xeque Rashid bin Saeed al Maktoum queria um porto e um aeroporto para
seu reino. O assoreamento na Enseada de Dubai afastava navios maiores, e
o investimento necessário estava muito além das receitas da cidade.
Rashid levantou esse dinheiro com doações de famílias mercantes, venda
de títulos e, especialmente, com um empréstimo do Kuwait, que àquela
época já era um emirado enriquecido pelo petróleo.
As obras começaram em 1959, e o porto, batizado com o nome do xeque, foi inaugurado em 1972.
Nesse período, muita coisa aconteceu. Rashid recebeu um "não" de
Londres ao pedir autorização para a construção de um aeroporto.
Afinal, havia uma base aérea britânica a poucos quilômetros, em
Sharjah, que era um emirado mais desenvolvido e importante que Dubai,
segundo a historiadora alemã Frauke Heard-Bey no livro From Trucial States to United Arab States: a society in transition ("Dos Estados da Trégua aos Estados Árabes Unidos: uma sociedade em transição", em tradução livre).
Naquela época, Dubai lucrava com o comércio de ouro importado do Reino
Unido e dos EUA e contrabandeado para a Índia, onde era proibido. Porém,
o ouro chegava de avião, a Sharjah, que ficava com uma fatia
considerável do lucro.
O xeque de Dubai acreditava que só com as taxas pagas na base de
Sharjah daria para construir um aeroporto próprio. Ele, então, contratou
uma firma inglesa para projetar seu terminal e, por fora, pagou a um
piloto britânico para que passasse a trazer suas cargas de ouro para uma
pista improvisada em Dubai.
Vazios começando a ser preenchidos na cidade de Dubai em 1991 — Foto: Getty Images
Em seguida, Rashid entregou um relógio Rolex ao piloto e pediu que ele o
desse de presente ao administrador britânico responsável por Dubai,
para conquistas seu apoio ao projeto do aeroporto.
O gesto funcionou, segundo Heard-Bey, e em 1960 o Aeroporto Internacional de Dubai foi inaugurado.
Em 1966, finalmente, o emirado encontrou petróleo. Seis anos depois, a
economia local dependia do petróleo quase da mesma forma do que na época
das pérolas. Cerca de dois terços do PIB de Dubai vinham disso.
Mas os investimentos em infraestrutura surtiram efeito. Os negócios não
relacionados à exploração de petróleo já estavam crescendo.
Nos anos 1960, Dubai ganhou linhas telefônicas e água encanada. A luz elétrica chegou em 1961.
"Não muito longe dali, Israel já havia lançado um foguete ao espaço. Os
soviéticos enviaram um satélite para Vênus", comparou Krane, para quem
Dubai começou a se desenvolver, ainda sob domínio britânico, não graças
ao Reino Unido, mas apesar dele.
Trinta anos antes, não havia pontes nem ruas pavimentadas. Concreto e
vidro eram inexistentes nas construções. Era uma corrida contra o
atraso.
"A energia elétrica chegou a Dubai 80 anos depois que as luzes se
acenderam nas Cataratas do Niágara e muito depois do Cairo, Beirute e
até da Arábia Saudita. A eletricidade trouxe todo tipo de conforto
desconhecido. Os souks [mercados tradicionais] foram subitamente
inundados de ventiladores, geladeiras, rádios – até mesmo aparelhos de
ar-condicionado", escreveu Krane.
Na década de 1970, após a independência, o prestígio de Rashid se
traduziu nas duas visitas oficiais feitas pela rainha Elizabeth 2ª.
Dubai começava a entrar no mapa das grandes cidades globais.
Na segunda dessas viagens, a monarca britânica inaugurou um novo porto,
em 1979. Jebel Ali é hoje um dos terminais portuários mais movimentados
do mundo e o maior porto artificial do planeta.
O petróleo permitiu que Dubai desenvolvesse a diversificação de sua
economia de base estatal. A cidade sentia os altos e baixos da cotação
do barril, mas sem virar refém dela.
Em 1985, o petróleo correspondia a metade do PIB do emirado. Nos anos 2000, a fatia caiu para 3%. Hoje, é de menos de 1%.
Foi uma decisão inteligente, mas baseada também na necessidade. Se a
economia de Dubai se mantivesse muito dependente do petróleo, ela jamais
seria rica como é, porque suas reservas, apesar de significativas,
jamais puderam ser comparadas às de Abu Dhabi ou às de outros países do
Golfo Pérsico.
Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec), os
Emirados Árabes, que integram o grupo, são um dos maiores produtores do
mundo. Só que nove de cada dez barris do país estão em Abu Dhabi.
Ou seja, apesar do que o senso comum pode sugerir, Dubai não é uma
cidade do petróleo, mas de serviços. Finanças, mercado imobiliário,
comércio e turismo lideraram essa diversificação econômica.
É algo que conversa com o passado do emirado. Dubai era um lugar onde
burocratas e inspetores tinham pouco poder e mercadores de ouro e
diamantes — e também de armas, pessoas escravizadas e drogas — podiam
agir com mais liberdade.
Contrabando e escravidão
No fim dos anos 1990, arranha-céus passaram a fazer parte da paisagem — Foto: AFP via Getty Images
Se as denúncias de pirataria em séculos passados eram um tanto
forçadas, a ligação de Dubai com mercados desregulados ou ilegais sempre
foi bem conhecida. Nos anos 1950, a cidade era estratégica no tráfico
internacional de haxixe e ópio, por exemplo.
Já o tráfico de escravos, prática milenar que conectava a Arábia à
África desde antes do surgimento do islamismo, se moveu em um ritmo
frenético no auge do comércio de pérolas.
Os britânicos tentaram coibir a escravidão em meados do século 19, mas
ela só foi banida oficialmente em 1963. Ainda assim, a prática continua
fazendo parte da economia local, mesmo que com um formato diferente.
Segundo a ONG Walk Free, que combate o trabalho forçado, os Emirados
Árabes são um dos países com maior incidência de escravidão moderna no
mundo. Trabalhadores imigrantes são muito vulneráveis à prática
conhecida como "kafala".
Trata-se de um sistema restritivo de trabalho que vincula os imigrantes
aos seus patrões. Nos anos 2000, por exemplo, trabalhadores protestaram
contra as condições impostas a eles durante as obras do Burj Khalifa, o
prédio mais alto do mundo, com 828 metros.
Um deles se atirou do 147º andar, em 2011, após ser proibido de voltar para seu país natal, segundo a organização Human Rights Watch.
De acordo com a ONG, a kafala gera
um forte desequilíbrio de poder ao conceder aos empregadores o controle
sobre a vida dos trabalhadores. "No entanto, os EAU estão entre os
países que mais tomam medidas para combater a escravidão moderna em
comparação com outros da região", reconhece a Walk Free.
Dubai em 1984 e em 2022 — em menos de 40 anos, transformação foi brutal — Foto: Getty Images
Olho no turismo
Conforme a economia se diversificou e cresceu, a população disparou.
Os 40 mil habitantes de Dubai em 1960 viraram 370 mil em 1985. No
começo deste século, o emirado chegou ao primeiro milhão. Hoje, são 3,6
milhões de habitantes.
Atualmente, o Aeroporto de Dubai tem o maior tráfego de passageiros
internacionais do mundo. Foram cerca de 92 milhões em 2024, alta de 6,1%
em relação ao ano anterior, quando também liderou a lista.
A cidade ficou um tanto à frente da segunda colocada, Londres, no Reino
Unido, com 79 milhões de passageiros, de acordo com o Conselho
Internacional de Aeroportos (ACI, na sigla em inglês). Em números gerais
de passageiros, Dubai só fica atrás de Atlanta, nos EUA, que teve 108
milhões de passageiros no ano passado.
O governo local já declarou que almeja fazer de Dubai a cidade mais
visitada do mundo ainda este ano. Em 2024, ficou em sétimo lugar,
segundo um levantamento da
consultoria Euromonitor. Foram 18,2 milhões de visitantes estrangeiros,
muito atrás dos 32,4 milhões da líder do ranking, Bangkok, na Tailândia
(mas quase três vezes mais do que o Brasil inteiro).
É um feito notável para uma cidade que, apenas oito décadas antes, era
uma terra despovoada, desértica, com edifícios quase indistinguíveis da
areia que os cercava e sobre a qual os poucos viajantes que lá pousavam —
por apenas algumas horas, pois não tinham onde se hospedar — não sabiam
nada.
Hoje, Dubai é uma terra de superlativos. Além do edifício mais alto do
mundo, lá estão a maior fonte pública, o maior shopping center e o maior
aquário de shopping, a piscina mais profunda e a piscina de borda
infinita mais alta, entre outros recordes reconhecidos pelo Guinness
World Records, o livro dos recordes.
Já a roda-gigante mais alta do mundo fechou as portas misteriosamente
em 2022. Especulou-se que a razão seria o solo da ilha artificial onde
ela está instalada, que estaria cedendo. É um lembrete de que, mesmo na
cidade onde "o céu é o limite", é sempre bom manter os pés no chão. A
própria história de Dubai já mostrou isso.
Dubai tornou-se cidade dos superlativos — Foto: Getty Images
Casas, ruas e memórias estão desaparecendo sob as ondas em Atafona, no norte do estado do Rio de Janeiro. A erosão avança há décadas, agravada por barragens e mudanças climáticas, e ameaça apagar do mapa uma comunidade inteira. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Gustavo Basso 16/05/2025 04h00 Atualizado há 04 horas Postado em 16 de Maio de 2.025 às 08h00m #.* -- Post. - Nº.\ 11.634 -- *.#
Praia no norte do RJ está sendo engolida pelo mar
A praia de Atafona, no município de São João da Barra (RJ), está sendo
engolida pelo mar. As ruínas do que sobrou das casas, clubes, prédios
públicos e ruas são só a ponta do iceberg.
Cerca
de 500 edifícios do distrito de São João da Barra, no norte do Rio de
Janeiro, já estão sob as ondas. Eles seguem visíveis agora só na memória
dos moradores mais antigos.
"Minha casa era aqui", diz Sônia Ferreira, uma aposentada que perdeu duas casas: uma para o mar, a outra, para a areia.
"Eu não tinha vista do mar quando a casa foi construída. Eu tinha dois
quarteirões, três quarteirões de casa na minha frente, depois uma
avenida Atlântica asfaltada, um calçadão e, depois, um monte de areia
até chegar à água. Essa era a minha realidade há 45 anos, quando a gente
construiu a casa. Então isso tudo foi indo, isso tudo foi acabando, e o
mar foi chegando, foi chegando, até que, em 2019, ele tombou exatamente
a curva aqui do meu terreno", conta a aposentada Sônia Ferreira.
Há pelo menos sete décadas, Atafona perde cinco metros por ano de terreno para o fundo do mar.
O distrito fica localizado bem no meio do delta do rio Paraíba do Sul,
que, antes de chegar na região, atravessa os estados de São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro. Mas, afinal de contas, o que está acontecendo
em Atafona?
É o que, há 20 anos, a pesquisadora da Universidade Federal Fluminense
Thaís Baptista vem buscando responder. Os dados coletados sugerem que o
processo é, em parte, natural e ocorria antes mesmo da ocupação do
território. Mas as intervenções humanas no rio Paraíba do Sul
aceleraram, e muito, esse processo.
"Ao longo de cinco, quatro mil anos atrás, várias vezes aconteceram
esses processos de erosão costeira. Aí, a planície erodia, mas depois
ela voltava a se recuperar. O que a gente pode dizer é assim: eu não
acredito que as barragens sejam o estopim da erosão, mas, considerando o
contexto que a gente está tendo, pode ser que as barragens, atualmente,
estejam intensificando o processo de erosão, que provavelmente tem
causas mais naturais, eu acho", frisa Baptista.
Ao todo, a bacia do Paraíba do Sul tem 943 barragens. Elas diminuem a
vazão do rio e a quantidade de sedimentos que ele carrega. É o
desequilíbrio entre a areia retirada pelo mar e a que deixa de chegar
pelo rio a principal causa do estrago. A tempestade perfeita fica
completa com a elevação do nível do mar devido ao aquecimento global.
Um
relatório da ONU divulgado no ano passado colocou Atafona como uma das
31 localidades mais ameaçadas do mundo pela elevação dos oceanos. Entre
1990 e 2020, o mar subiu 13 centímetros na região, e pode subir mais 21
até 2050.
"Se eu tenho mais onda e mais vento no oceano, eu agravo o problema
local. Só que, para eu ter mais onda e mais vento no oceano, é óbvio que
isso está em um contexto quase global, porque você tem o aquecimento do
planeta, com isso você tem mais água evaporando, mais água evaporando,
mais energia na atmosfera, mais energia, e os ventos estão mais fortes,
as ondas são mais fortes", explica Eduardo Bulhões, geógrafo marinho da
UFF.
Estudos passados apontaram como uma das soluções a remoção de todos os
afetados e a realocação das famílias. Uma saída à qual tantos envolvidos
– de poder público a pescadores – resistem. Mesmo sabendo que terão que
lutar contra a força da natureza, agravada pelas ações humanas, para
evitar que Atafona desapareça de vez.
"A gente sabe que a gente, durante anos, não cuidou direito do planeta,
e hoje a gente está pagando a conta. Entendeu? Mas nem por isso a gente
vai ficar de braço cruzado, olhando. Está levando as coisas, está
levando, e a gente não faz nada", finaliza Sônia Ferreira.