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sexta-feira, 16 de maio de 2025

Moody's rebaixa nota de crédito dos EUA e tira país do clube de elite "AAA"

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Agência citou o aumento da dívida e dos juros a níveis "mais altos" do que o observado em outros países soberanos com a mesma classificação para justificar a nova nota.
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TOPO
Por Reuters

Postado em 16 de Maio de 2.025 às 19h30m

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Presidente dos EUA, Donald Trump, durante visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. — Foto: Brian Snyder/ Reuters
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. — Foto: Brian Snyder/ Reuters

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a classificação de crédito dos Estados Unidos nesta sexta-feira (16). A nota da maior economia do mundo desceu em um degrau, de "AAA" para "AA1" e teve a perspectiva alterada de "negativa" para "estável".

A agência citou o aumento da dívida e dos juros a níveis "que são significativamente mais altos do que os de [países] soberanos com classificação semelhante" para justificar a nova nota dos EUA.

"As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros", disse a Moody's em um comunicado.

Nesta sexta-feira (16), por exemplo, os republicanos rejeitaram o projeto tributário do presidente norte-americano, Donald Trump. Esse era um passo importante para o líder da maior economia do mundo conseguir avançar no projeto.

Os republicanos estão divididos entre a linha-dura, que encara o pacote como sua melhor chance de cortar gastos, e os republicanos mais moderados de distritos competitivos, que alertaram que cortes de gastos mais profundos em programas da rede de segurança social podem colocar em risco a maioria republicana da Câmara de 220 a 213 cadeiras nas eleições de meio de mandato de 2026.

PIB dos EUA tem queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump; Bruno Carazza comenta
PIB dos EUA tem queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump; Bruno Carazza comenta

Nota de crédito: o que é e para que serve

A nota de crédito é dada por agências de classificação de risco para países que emitem dívida e serve, basicamente, como um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes — ou seja, é o que indica a capacidade de um país de honrar os pagamentos de suas dívidas.

Essa nota é geralmente representada por letras, números e sinais matemáticos, e vão normalmente de D — que é a nota mais baixa — até a classificação AAA, que é a nota mais alta.

As notas ainda são classificadas em dois grupos principais: grau especulativo e grau de investimento. É a partir dessa nota de risco que os investidores podem avaliar se compensa investir capital naquele país, se existe chance de ganhos que compensem o risco de perder o capital investido — e se a economia desse país é estável ou instável.

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O milagre de Dubai: como cidade ultramoderna 'brotou' no meio do deserto

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Dubai planeja se tornar a cidade mais visitada do mundo. Tirando como exemplo a história recente desse emirado, de um local de exploração de pérolas a um polo de serviços, comércio e financeiro, não dá para duvidar.
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TOPO
Por Felipe van Deursen

Postado em 16 de Maio de 2.025 às 11h35m

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O skyline de Dubai em 1967 nada lembra os arranha-céus que deixaram a cidade famosa — Foto: Getty Images
O skyline de Dubai em 1967 nada lembra os arranha-céus que deixaram a cidade famosa — Foto: Getty Images

Quando estourou a crise de 1929, a quebra da Bolsa de Nova York atingiu mercados de artigos de luxo. Dubai era um deles: a economia do emirado dependia do comércio de pérolas.

Dez anos depois, veio a Segunda Guerra Mundial. Dubai e os outros pequenos reinos que hoje formam os Emirados Árabes Unidos constituíam um protetorado do Império Britânico. Então eles sentiram, indiretamente, os efeitos do conflito.

Com o Reino Unido no centro da guerra, as redes de importação de comida, essenciais para a sobrevivência em Dubai, foram atingidas. Junte a isso a década perdida na economia local, com o colapso das pérolas, e o resultado foi a total miséria.

Negócios faliram, estrangeiros foram embora, a fome chegou. Nuvens de gafanhotos, antes uma praga, passaram a ser um alívio em tempos de desespero.

As pessoas fritavam os insetos para comer. Ou então caçavam lagartos do gênero Uromastyx. Conhecidos em árabe como dub, esses animais de cauda espinhenta, abundantes no deserto, podem estar inclusive na etimologia do nome da cidade, segundo alguns linguistas.

Existem outras teorias mais aceitas, como a que diz que "Dubai" viria do verbo árabe para "rastejar", por causa do ritmo lento dos barcos na enseada em torno da qual a cidade se desenvolveu.

Em todo caso, o fato é que, há apenas 80 anos, pessoas morriam literalmente de fome ou tinham que comer gafanhotos e lagartos para sobreviver na cidade que hoje é, talvez, o símbolo máximo de ostentação sem limites no mundo.

Como, em poucas décadas, esse jogo virou? A resposta é um misto de visão, oportunismo e certa flexibilidade nos escrúpulos.

Prédio mais alto do mundo, Burj Khalifa, em Dubai — Foto: Getty Images
Prédio mais alto do mundo, Burj Khalifa, em Dubai — Foto: Getty Images

Uma costa de piratas e pérolas

Povos nômades habitam o sudoeste da Península Arábica há 2,7 mil anos. Chefiadas por famílias mercantis do litoral, a região manteve ligação comercial com outros povos do Golfo Pérsico e além, como paquistaneses, indianos, etíopes, turcos e chineses.

Assim surgiram os emirados de Abu Dhabi, Sharjah, Dubai, Aiman, Um al Qaiuan e Ras al Khaimah.

Uns mais antigos, como Ras al Khaimah, que já era um porto importante no século 16, outros mais jovens, como Dubai, que era uma inexpressiva vila de pescadores que pertenceu a Abu Dhabi até 1833.

Os portugueses chegaram à região no século 16. Depois vieram os holandeses e, por fim, os britânicos, que queriam garantir a segurança de suas rotas marítimas até a Índia Britânica.

Os ingleses assinaram tratados com os xeques que governavam essas cidades costeiras, comprometendo-se a ajudá-los em caso de alguma ameaça estrangeira.

Entre o século 19 e o começo do 20, isso ajudou os emirados a se protegerem de quaisquer aspirações territoriais, tanto do decadente Império Turco-Otomano quanto da emergente dinastia Saud, que formou o Reino da Arábia Saudita.

Os europeus chamavam a região de Costa dos Piratas. Mas essa caracterização seria exagerada.

Pesquisadores hoje argumentam que os britânicos difundiram essa fama de pirataria a fim de legitimar sua dominação sobre a área.

"Fontes da época colonial mostram como os funcionários da Companhia Britânica das Índias Orientais usaram vários ataques, feitos por agressores sem ligação com os emirados, como uma desculpa para a intervenção militar e a repressão brutal", explica o historiador Johan Mathew, professor da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.

A partir de 1820, o termo "Costa dos Piratas" foi sendo posto de lado. No lugar dele, os ingleses passaram a chamar a região de Estados da Trégua, uma forma de reforçar os acordos firmados com os emirados.

Se a ligação com a pirataria era uma forçação de barra do imperialismo britânico, a exploração de pérolas era realidade. A extração e o comércio dessa concreção calcária densa formada no interior de ostras específicas é uma atividade milenar do sul do Golfo Pérsico.

No século 19, os Estados da Trégua, assim como Catar e Bahrein, dependiam desse comércio internacional. No começo do século 20, 95% da economia do Golfo Pérsico girava em torno das pérolas.

Havia cerca de 1,2 mil navios dedicados à função, cada um deles com até 80 marinheiros. Um quarto dessas embarcações estava em Dubai, segundo o jornalista Jim Krane no livro Dubai - The story of the world's fastest city ("Dubai - a história da cidade mais rápida do mundo", sem edição brasileira).

Vista área de Dubai em 1951 — Foto: Sygma via Getty Images
Vista área de Dubai em 1951 — Foto: Sygma via Getty Images

O crescimento vertiginoso do mercado de pérolas no fim do século 19 criou uma elite abastada — e uma crise sem precedentes quando tudo colapsou, após o crash de 1929. Mas mesmo que a Bolsa de Nova York não tivesse quebrado, a economia do Golfo Pérsico já estava condenada.

Pesquisadores japoneses haviam descoberto, na mesma época, uma maneira de cultivar pérolas. Foi uma guinada radical para o setor, que não dependeria mais das perigosas e oscilantes caçadas do Golfo Pérsico.

No comércio global de pérolas, o costume artesanal e ancestral árabe deu lugar a uma prática industrializada e padronizada nipônica. É a realidade que perdura até hoje: a maioria das pérolas de água salgada do mundo vem de fazendas do Japão.

Dubai quebrou. Mercadores indianos, que lideravam o contingente de estrangeiros na cidade, voltaram para Mumbai. Escolas internacionais fecharam as portas, e o emirado enfrentou 17 anos de miséria.

Independência e pobreza

Desde o século 19, os britânicos pouco fizeram para desenvolver os emirados. Segundo Krane, os administradores ingleses dos Estados da Trégua gostavam de se ver em uma missão civilizadora de um povo parado no século 7º d.C., mas na verdade eles não investiram em educação, saúde ou na criação de instituições políticas.

Impediram que eles fossem incorporados por sauditas ou turcos, é verdade, mas também os isolaram do mundo. Isso acabou reforçando o poder dos clãs que comandavam os sete emirados — como os Al Maktoum, família real de Dubai desde 1886.

Em 1971, os britânicos deixaram oficialmente a região. Pequenos demais para se tornarem Estados independentes (alguns tinham menos de 2 mil habitantes), os emirados se juntaram em uma federação. Surgiam assim os Emirados Árabes Unidos (EAU).

Era uma nação pobre e atrasada. Não havia universidades, o analfabetismo passava de 70% e a expectativa de vida era de cerca de 50 anos. Mas, para a sorte do novo país, havia um novo produto para enriquecê-lo — só que ele não era abundante em Dubai.

Petróleo e infraestrutura

Aeroporto de Dubai é hoje um dos mais importantes do mundo — na foto, construção do terminal 3, em 2007 — Foto: Universal Images Group via Getty Images
Aeroporto de Dubai é hoje um dos mais importantes do mundo — na foto, construção do terminal 3, em 2007 — Foto: Universal Images Group via Getty Images

A exploração de petróleo nos Emirados Árabes começou nos anos 1950, ainda sob domínio britânico, em Abu Dhabi.

Dubai tentou e tentou, perfurando insistentemente por anos, sem achar nada.

Talvez a experiência traumática com as pérolas tenha deixado uma lição. Mesmo insistindo em encontrar petróleo, o emirado buscava outras fontes de renda.

O xeque Rashid bin Saeed al Maktoum queria um porto e um aeroporto para seu reino. O assoreamento na Enseada de Dubai afastava navios maiores, e o investimento necessário estava muito além das receitas da cidade.

Rashid levantou esse dinheiro com doações de famílias mercantes, venda de títulos e, especialmente, com um empréstimo do Kuwait, que àquela época já era um emirado enriquecido pelo petróleo.

As obras começaram em 1959, e o porto, batizado com o nome do xeque, foi inaugurado em 1972.

Nesse período, muita coisa aconteceu. Rashid recebeu um "não" de Londres ao pedir autorização para a construção de um aeroporto.

Afinal, havia uma base aérea britânica a poucos quilômetros, em Sharjah, que era um emirado mais desenvolvido e importante que Dubai, segundo a historiadora alemã Frauke Heard-Bey no livro From Trucial States to United Arab States: a society in transition ("Dos Estados da Trégua aos Estados Árabes Unidos: uma sociedade em transição", em tradução livre).

Naquela época, Dubai lucrava com o comércio de ouro importado do Reino Unido e dos EUA e contrabandeado para a Índia, onde era proibido. Porém, o ouro chegava de avião, a Sharjah, que ficava com uma fatia considerável do lucro.

O xeque de Dubai acreditava que só com as taxas pagas na base de Sharjah daria para construir um aeroporto próprio. Ele, então, contratou uma firma inglesa para projetar seu terminal e, por fora, pagou a um piloto britânico para que passasse a trazer suas cargas de ouro para uma pista improvisada em Dubai.

Vazios começando a ser preenchidos na cidade de Dubai em 1991 — Foto: Getty Images
Vazios começando a ser preenchidos na cidade de Dubai em 1991 — Foto: Getty Images

Em seguida, Rashid entregou um relógio Rolex ao piloto e pediu que ele o desse de presente ao administrador britânico responsável por Dubai, para conquistas seu apoio ao projeto do aeroporto.

O gesto funcionou, segundo Heard-Bey, e em 1960 o Aeroporto Internacional de Dubai foi inaugurado.

Em 1966, finalmente, o emirado encontrou petróleo. Seis anos depois, a economia local dependia do petróleo quase da mesma forma do que na época das pérolas. Cerca de dois terços do PIB de Dubai vinham disso.

Mas os investimentos em infraestrutura surtiram efeito. Os negócios não relacionados à exploração de petróleo já estavam crescendo.

Nos anos 1960, Dubai ganhou linhas telefônicas e água encanada. A luz elétrica chegou em 1961.

"Não muito longe dali, Israel já havia lançado um foguete ao espaço. Os soviéticos enviaram um satélite para Vênus", comparou Krane, para quem Dubai começou a se desenvolver, ainda sob domínio britânico, não graças ao Reino Unido, mas apesar dele.

Trinta anos antes, não havia pontes nem ruas pavimentadas. Concreto e vidro eram inexistentes nas construções. Era uma corrida contra o atraso.

"A energia elétrica chegou a Dubai 80 anos depois que as luzes se acenderam nas Cataratas do Niágara e muito depois do Cairo, Beirute e até da Arábia Saudita. A eletricidade trouxe todo tipo de conforto desconhecido. Os souks [mercados tradicionais] foram subitamente inundados de ventiladores, geladeiras, rádios – até mesmo aparelhos de ar-condicionado", escreveu Krane.

Na década de 1970, após a independência, o prestígio de Rashid se traduziu nas duas visitas oficiais feitas pela rainha Elizabeth 2ª. Dubai começava a entrar no mapa das grandes cidades globais.

Na segunda dessas viagens, a monarca britânica inaugurou um novo porto, em 1979. Jebel Ali é hoje um dos terminais portuários mais movimentados do mundo e o maior porto artificial do planeta.

O petróleo permitiu que Dubai desenvolvesse a diversificação de sua economia de base estatal. A cidade sentia os altos e baixos da cotação do barril, mas sem virar refém dela.

Em 1985, o petróleo correspondia a metade do PIB do emirado. Nos anos 2000, a fatia caiu para 3%. Hoje, é de menos de 1%.

Foi uma decisão inteligente, mas baseada também na necessidade. Se a economia de Dubai se mantivesse muito dependente do petróleo, ela jamais seria rica como é, porque suas reservas, apesar de significativas, jamais puderam ser comparadas às de Abu Dhabi ou às de outros países do Golfo Pérsico.

Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec), os Emirados Árabes, que integram o grupo, são um dos maiores produtores do mundo. Só que nove de cada dez barris do país estão em Abu Dhabi.

Ou seja, apesar do que o senso comum pode sugerir, Dubai não é uma cidade do petróleo, mas de serviços. Finanças, mercado imobiliário, comércio e turismo lideraram essa diversificação econômica.

É algo que conversa com o passado do emirado. Dubai era um lugar onde burocratas e inspetores tinham pouco poder e mercadores de ouro e diamantes — e também de armas, pessoas escravizadas e drogas — podiam agir com mais liberdade.

Contrabando e escravidão

No fim dos anos 1990, arranha-céus passaram a fazer parte da paisagem — Foto: AFP via Getty Images
No fim dos anos 1990, arranha-céus passaram a fazer parte da paisagem — Foto: AFP via Getty Images

Se as denúncias de pirataria em séculos passados eram um tanto forçadas, a ligação de Dubai com mercados desregulados ou ilegais sempre foi bem conhecida. Nos anos 1950, a cidade era estratégica no tráfico internacional de haxixe e ópio, por exemplo.

Já o tráfico de escravos, prática milenar que conectava a Arábia à África desde antes do surgimento do islamismo, se moveu em um ritmo frenético no auge do comércio de pérolas.

Os britânicos tentaram coibir a escravidão em meados do século 19, mas ela só foi banida oficialmente em 1963. Ainda assim, a prática continua fazendo parte da economia local, mesmo que com um formato diferente.

Segundo a ONG Walk Free, que combate o trabalho forçado, os Emirados Árabes são um dos países com maior incidência de escravidão moderna no mundo. Trabalhadores imigrantes são muito vulneráveis à prática conhecida como "kafala".

Trata-se de um sistema restritivo de trabalho que vincula os imigrantes aos seus patrões. Nos anos 2000, por exemplo, trabalhadores protestaram contra as condições impostas a eles durante as obras do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, com 828 metros.

Um deles se atirou do 147º andar, em 2011, após ser proibido de voltar para seu país natal, segundo a organização Human Rights Watch.

De acordo com a ONG, a kafala gera um forte desequilíbrio de poder ao conceder aos empregadores o controle sobre a vida dos trabalhadores. "No entanto, os EAU estão entre os países que mais tomam medidas para combater a escravidão moderna em comparação com outros da região", reconhece a Walk Free.

Dubai em 1984 e em 2022 — em menos de 40 anos, transformação foi brutal — Foto: Getty Images
Dubai em 1984 e em 2022 — em menos de 40 anos, transformação foi brutal — Foto: Getty Images

Olho no turismo

Conforme a economia se diversificou e cresceu, a população disparou.

Os 40 mil habitantes de Dubai em 1960 viraram 370 mil em 1985. No começo deste século, o emirado chegou ao primeiro milhão. Hoje, são 3,6 milhões de habitantes.

Atualmente, o Aeroporto de Dubai tem o maior tráfego de passageiros internacionais do mundo. Foram cerca de 92 milhões em 2024, alta de 6,1% em relação ao ano anterior, quando também liderou a lista.

A cidade ficou um tanto à frente da segunda colocada, Londres, no Reino Unido, com 79 milhões de passageiros, de acordo com o Conselho Internacional de Aeroportos (ACI, na sigla em inglês). Em números gerais de passageiros, Dubai só fica atrás de Atlanta, nos EUA, que teve 108 milhões de passageiros no ano passado.

O governo local já declarou que almeja fazer de Dubai a cidade mais visitada do mundo ainda este ano. Em 2024, ficou em sétimo lugar, segundo um levantamento da consultoria Euromonitor. Foram 18,2 milhões de visitantes estrangeiros, muito atrás dos 32,4 milhões da líder do ranking, Bangkok, na Tailândia (mas quase três vezes mais do que o Brasil inteiro).

É um feito notável para uma cidade que, apenas oito décadas antes, era uma terra despovoada, desértica, com edifícios quase indistinguíveis da areia que os cercava e sobre a qual os poucos viajantes que lá pousavam — por apenas algumas horas, pois não tinham onde se hospedar — não sabiam nada.

Hoje, Dubai é uma terra de superlativos. Além do edifício mais alto do mundo, lá estão a maior fonte pública, o maior shopping center e o maior aquário de shopping, a piscina mais profunda e a piscina de borda infinita mais alta, entre outros recordes reconhecidos pelo Guinness World Records, o livro dos recordes.

Já a roda-gigante mais alta do mundo fechou as portas misteriosamente em 2022. Especulou-se que a razão seria o solo da ilha artificial onde ela está instalada, que estaria cedendo. É um lembrete de que, mesmo na cidade onde "o céu é o limite", é sempre bom manter os pés no chão. A própria história de Dubai já mostrou isso.

Dubai tornou-se cidade dos superlativos — Foto: Getty Images
Dubai tornou-se cidade dos superlativos — Foto: Getty Images

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Atafona: a praia brasileira que o mar está engolindo

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Casas, ruas e memórias estão desaparecendo sob as ondas em Atafona, no norte do estado do Rio de Janeiro. A erosão avança há décadas, agravada por barragens e mudanças climáticas, e ameaça apagar do mapa uma comunidade inteira.
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Por Gustavo Basso

Postado em 16 de Maio de 2.025 às 08h00m

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Praia no norte do RJ está sendo engolida pelo mar
Praia no norte do RJ está sendo engolida pelo mar

A praia de Atafona, no município de São João da Barra (RJ), está sendo engolida pelo mar. As ruínas do que sobrou das casas, clubes, prédios públicos e ruas são só a ponta do iceberg.

Cerca de 500 edifícios do distrito de São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro, já estão sob as ondas. Eles seguem visíveis agora só na memória dos moradores mais antigos.

"Minha casa era aqui", diz Sônia Ferreira, uma aposentada que perdeu duas casas: uma para o mar, a outra, para a areia.

"Eu não tinha vista do mar quando a casa foi construída. Eu tinha dois quarteirões, três quarteirões de casa na minha frente, depois uma avenida Atlântica asfaltada, um calçadão e, depois, um monte de areia até chegar à água. Essa era a minha realidade há 45 anos, quando a gente construiu a casa. Então isso tudo foi indo, isso tudo foi acabando, e o mar foi chegando, foi chegando, até que, em 2019, ele tombou exatamente a curva aqui do meu terreno", conta a aposentada Sônia Ferreira.

Há pelo menos sete décadas, Atafona perde cinco metros por ano de terreno para o fundo do mar. O distrito fica localizado bem no meio do delta do rio Paraíba do Sul, que, antes de chegar na região, atravessa os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mas, afinal de contas, o que está acontecendo em Atafona?

É o que, há 20 anos, a pesquisadora da Universidade Federal Fluminense Thaís Baptista vem buscando responder. Os dados coletados sugerem que o processo é, em parte, natural e ocorria antes mesmo da ocupação do território. Mas as intervenções humanas no rio Paraíba do Sul aceleraram, e muito, esse processo.

"Ao longo de cinco, quatro mil anos atrás, várias vezes aconteceram esses processos de erosão costeira. Aí, a planície erodia, mas depois ela voltava a se recuperar. O que a gente pode dizer é assim: eu não acredito que as barragens sejam o estopim da erosão, mas, considerando o contexto que a gente está tendo, pode ser que as barragens, atualmente, estejam intensificando o processo de erosão, que provavelmente tem causas mais naturais, eu acho", frisa Baptista.

Ao todo, a bacia do Paraíba do Sul tem 943 barragens. Elas diminuem a vazão do rio e a quantidade de sedimentos que ele carrega. É o desequilíbrio entre a areia retirada pelo mar e a que deixa de chegar pelo rio a principal causa do estrago. A tempestade perfeita fica completa com a elevação do nível do mar devido ao aquecimento global.

Um relatório da ONU divulgado no ano passado colocou Atafona como uma das 31 localidades mais ameaçadas do mundo pela elevação dos oceanos. Entre 1990 e 2020, o mar subiu 13 centímetros na região, e pode subir mais 21 até 2050.

"Se eu tenho mais onda e mais vento no oceano, eu agravo o problema local. Só que, para eu ter mais onda e mais vento no oceano, é óbvio que isso está em um contexto quase global, porque você tem o aquecimento do planeta, com isso você tem mais água evaporando, mais água evaporando, mais energia na atmosfera, mais energia, e os ventos estão mais fortes, as ondas são mais fortes", explica Eduardo Bulhões, geógrafo marinho da UFF.

Estudos passados apontaram como uma das soluções a remoção de todos os afetados e a realocação das famílias. Uma saída à qual tantos envolvidos – de poder público a pescadores – resistem. Mesmo sabendo que terão que lutar contra a força da natureza, agravada pelas ações humanas, para evitar que Atafona desapareça de vez.

"A gente sabe que a gente, durante anos, não cuidou direito do planeta, e hoje a gente está pagando a conta. Entendeu? Mas nem por isso a gente vai ficar de braço cruzado, olhando. Está levando as coisas, está levando, e a gente não faz nada", finaliza Sônia Ferreira.

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