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sábado, 19 de abril de 2025

Silêncio ocidental, propaganda oriental

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Se o Ocidente continuar tratando a comunicação internacional como um luxo supérfluo, deixará o espaço livre para que outros a tratem como arma
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O homem de lá e de cá. Presidente da APBRA, diretor da Câmara Luso Brasileira em Lisboa. Professor universitário no IDP em Brasília. Escritor. Especialista em relações luso-brasileiras

Coluna José Manuel Diogo
19/04/2025 às 05:00
Postado em 19 de Abril de 2.025 às 06h00m

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Relembre casos em que cantores foram acusados de plágio
Relembre casos em que cantores foram acusados de plágio • Pixabay

O maior poder das democracias liberais sempre foi sua capacidade de contar histórias que conquistam, seduzem e convencem. Isso está desaparecendo.

Donald Trump decidiu cortar sem anestesia os orçamentos da Voice of America e da Radio Free Europe. Chamou-as de ferramentas inúteis do soft power, como quem desmonta um piano por achar que a música não serve para nada. Cancelou programas, dispensou jornalistas e interrompeu décadas de diplomacia simbólica construída com palavras, vozes e ondas de rádio.

Essas emissoras não eram apenas rádios — eram pontes. Elas chegavam onde nenhuma embaixada podia entrar. Levavam informação a países em silêncio. Eram, ainda que imperfeitas, um gesto de civilidade diante da brutalidade informacional de regimes fechados.

Enquanto isso, Rússia e China seguem em marcha. Investem pesado nas suas emissoras estatais internacionais, como a RT e a CGTN, transformando-as em redes globais de influência. Seus estúdios são modernos, seus apresentadores falam várias línguas, e sua missão é clara: ocupar o imaginário do Sul Global com uma narrativa alternativa ao modelo liberal ocidental.

Esses países entenderam que, no século XXI, a disputa geopolítica se desenrola nos meios, nos algoritmos, nos corações e nas telas. E estão preparados para isso. Está semana o jornal francês Le Monde revelou que China e Rússia investem de três a quatro vezes mais nos seus meios internacionais do que os países ocidentais. E não se trata apenas de dinheiro — é estratégia.

A Europa, como tantas vezes, fica no meio do caminho. Apoia a ideia de radiodifusão pública internacional, mas não consegue se entender financeiramente. As iniciativas europeias são dispersas, frágeis, divididas por línguas, regulamentações e disputas internas. Falta unidade, falta investimento, falta visão. E, sobretudo, falta coragem de assumir que a cultura e a informação são ativos estratégicos. Porque são.

É preciso dizer com todas as letras: estamos assistindo a uma derrota civilizatória. Quando o Ocidente deixa de investir em suas emissoras internacionais, o que está dizendo ao mundo é que já não acredita tanto assim na força de sua própria narrativa. E isso tem consequências. Porque o silêncio também fala — e o que ele diz, neste caso, é abandono.

O Ocidente sempre acreditou que bastava ser livre para convencer os outros da liberdade. Mas, no mundo de hoje, isso é ingenuidade. Liberdade precisa de narrativa. E narrativa precisa de investimento.

Se o Ocidente continuar tratando a comunicação internacional como um luxo supérfluo, deixará o espaço livre para que outros a tratem como arma. E não há democracia que resista a uma guerra em que se recusa a lutar.

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