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domingo, 7 de setembro de 2025

Indústria projeta desaceleração neste ano, e tarifaço é 'pedra no caminho'

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Para o setor, aumento na demanda do mercado interno vem sendo suprida por importações. Política monetária, com juros elevados, também afeta confiança dos empresários.
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Por Mariana Assis, g1 — Brasília
06/09/2025 04h01 
Postado em 07 de Setembro de 2.025 às 07h00m
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Puxada pelo desempenho mais fraco da indústria de transformação, a indústria brasileira deve crescer 1,7% em 2025, um ritmo menor que o do ano passado. A projeção é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

PIB: indústria sobe 0,5% no 2º trimestre
PIB: indústria sobe 0,5% no 2º trimestre

A combinação de juros elevados, avanço das importações e a expectativa de queda nas exportações — impactadas pela sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros — tende a limitar a atividade do setor, segundo a CNI.

  • 🔎A indústria de transformação é um setor que realiza a transformação de matéria-prima (insumos) em produtos finais, ou em um item intermediário (que pode ser novamente modificado em outra etapa da produção).

Segundo Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI, a indústria brasileira, especialmente a de transformação, tem "andado de ladonos últimos meses. A estagnação ocorre apesar do aumento na demanda.

O mercado interno está crescendo, principalmente pelo efeito do aumento de renda do mercado de trabalho, ainda bem aquecido, mas esse aumento de demanda nos últimos meses tem praticamente ou quase que totalmente sendo atendido pelas importações, avalia o especialista.

CNI identifica que aumento na demanda do mercado interno vem sendo suprida por importações. — Foto: Agência de Notícias da Indústria via BBC
CNI identifica que aumento na demanda do mercado interno vem sendo suprida por importações. — Foto: Agência de Notícias da Indústria via BBC

Secretário do Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Uallace Moreira ainda assim considera o crescimento industrial deste ano positivo.

"A indústria ainda tem uma continuidade de crescimento, embora você tenha tido esse cenário conjuntural de juros alto e, ao mesmo tempo, dos Estados Unidos desfavoráveis", reflete.

"Eu ainda acho que esse ano cresce (a indústria) num acumulado, vai crescer 1,8 [%], 1,5 [%], com um PIB (Produto Interno Bruto) aí crescendo 2,5 [%] mais ou menos apesar do tarifário e dos juros alto. Porque a taxa de juros alta, ela inviabiliza o setor de bens de consumos duráveis e, ao mesmo tempo, o setor de investimento, de máquinas e equipamentos", complementa.

Na análise de Telles, setores mais diretamente ligados ao crescimento da renda e menos sensíveis às variações na taxa de juros têm conseguido absorver melhor essa demanda. Um dos destaques é o setor de alimentos, que vem registrando desempenho positivo dentro do contexto industrial.

Pessimismo na indústria

O empresariado tem demonstrado um crescente pessimismo diante do cenário econômico atual, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação, publicação mensal do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia)O levantamento apontou que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) registrou queda de 4,4 pontos em agosto — a maior retração desde o período da pandemia.

De acordo com Stéfano Pacini, economista da FGV IBRE, o pessimismo captado na pesquisa está fortemente ligado aos desafios de curto prazo enfrentados pelo setor industrial.

"O principal fator macroeconômico que afeta a indústria hoje é, principalmente, a taxa de juros, explica Pacini.

Segundo o economista, a atual política monetária restritiva tem um efeito direto na atividade econômica, pois encarece e restringe o acesso ao crédito — elemento essencial para o consumo de bens duráveis e para os investimentos produtivos.

Do ponto de vista do empresário, uma taxa de juros elevada leva à cautela. Ele pensa duas vezes antes de investir, adquirir novos equipamentos ou expandir sua capacidade produtiva, avalia.

Miriam Leitão: Trajetória da inflação impacta nos juros
Miriam Leitão: Trajetória da inflação impacta nos juros

Pacini destaca, ainda, que a manutenção dos juros em patamar elevado, apesar de seus efeitos negativos no curto prazo, tem como objetivo controlar a inflação e estabilizar a moeda.

É uma medida necessária neste momento. A política monetária precisa ser mais rígida para evitar novas pressões inflacionárias, e isso passa por uma desaceleração da atividade econômica, completa.

Essa leitura é compartilhada por Rafael Cagnin, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

A indústria vive um quadro de desaceleração, motivado, em grande parte, por fatores internos. O setor é um importante produtor de bens duráveis — tanto para consumo quanto para investimento —, e depende fortemente do crédito para girar. O aumento da taxa de juros desde o último trimestre do ano passado vem retirando dinamismo do setor, afirma Cagnin.
Tarifaço

A alíquota de 50% à compra de produtos brasileiros aos Estados Unidos, em vigor desde o dia 6 de agosto, representa "mais uma pedra no caminho do setor", diz Cagnin.

Em julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa extra de 40%, que somada à alíquota já existente, elevou a taxação total para 50%.

Tarifas de Trump têm levado à escalada de guerra comercial global. — Foto: Getty Images via BBC
Tarifas de Trump têm levado à escalada de guerra comercial global. — Foto: Getty Images via BBC

O governo de Trump justificou a medida por razões políticas, mas divulgou posteriormente uma lista de exceções que incluiu, por exemplo, aeronaves – setor sensível para os EUA, cuja frota área utiliza em grande escala modelos da Embraer.

Em paralelo à tentativa de negociação para reversão das tarifas, o governo federal anunciou algumas medidas, como a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para auxiliar empresas impactadas pelo tarifaço.

Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump. — Foto: Arte/g1
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump. — Foto: Arte/g1

O Banco Nacional Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) também anunciou uma linha adicional de crédito de R$ 10 bilhões voltada para empresas brasileiras afetadas por tarifas menores que 50% aplicadas pelos Estados Unidos.

Segundo o secretário Uallace Moreira, do Mdic, o Plano Brasil Soberano buscou atender o máximo possível das demandas do setor privado. O pacote é resultado de 39 reuniões conduzidas pelo vice-presidente e sua equipe com 389 entidades produtivas e empresários.

"A gente vai avaliar e verificar o quão ela é suficiente ou não", afirma Moreira. "Dentro dessa realidade, esse pacote, esse plano, pode se readaptar. A gente pode discutir, aprimorar", explica.

De modo geral, as medidas foram bem recebidas pelos setores, segundo relatos colhidos pelo g1. Ainda assim, a indústria enfrenta um desafio adicional: a adaptação de sua produção ao perfil de consumo dos norte-americanos.

Calçados, por exemplo, são fabricados conforme o padrão de numeração e estilo dos EUA, o que dificulta a redireção imediata das exportações para outros mercados. O mesmo ocorre com autopeças.

Setor calçadista de Franca tem impactos com tarifas de 50% dos EUA
Setor calçadista de Franca tem impactos com tarifas de 50% dos EUA

"No curto prazo, ações como o Brasil Soberano ajudam as empresas mais expostas, mas no médio e longo prazo o importante é não sair da mesa de negociações com os americanos e ao mesmo tempo tentar diversificar destinos atendidos, nossa pauta de produtos e aumentar o número de empresas brasileiras que exportam", sugere Cagnin.

"Muito disso depende da agenda competitividade e da redução do Custo Brasil, algo que já deveríamos ter feito há muito tempo. Temos o acordo Mercosul-União Europeia, que seria interessante ver implementado, assim como outros acordos bilaterais que abrissem novos mercados", conclui.

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'Plano de Trump é acabar com a ciência': ganhador do Nobel faz alerta sobre futuro da pesquisa nos EUA

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Craig Mello, Nobel de Medicina, critica cortes de Trump, alerta para mortes por desinformação e diz que falta de investimento ameaça avanços científicos.
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Por Poliana Casemiro, g1

Postado em 07 de Setembro de 2.025 às 06h00m
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Craig Mello foi ganahador do Nobel em 2006 — Foto: Arquivo Pessoal
Craig Mello foi ganahador do Nobel em 2006 — Foto: Arquivo Pessoal

O cientista norte-americano Craig Mello, especialista ganhador de Nobel, diz que o governo Trump tem como plano acabar com a ciência no país da forma como ela é conhecida.

Em entrevista exclusiva ao g1, o especialista criticou a postura sobre os cortes recentes, falou da desinformação em saúde, que vem causando mortes por sarampo em crianças – doença que já não circula em países em desenvolvimento como o Brasil.

Os planos atuais do governo em Washington são essencialmente acabar com a ciência acadêmica como a conhecemos.
— Craig Mello, ganhadro do Nobel de Medicina em 2006.

Mello, que é referência mundial em biologia molecular, recebeu o prêmio Nobel de Medicina em 2006 junto com seu parceiro Andrew Fire. Eles descobriram uma forma que as células têm de desligar genes.

➡️ Normalmente, o DNA manda instruções para produzir proteínas por meio de uma molécula chamada RNA mensageiro. O que eles viram é que, quando aparece um RNA em dupla, ele consegue bloquear essa mensagem e impedir a produção da proteína.

Esse mecanismo, chamado de interferência de RNA, funciona como um botão de liga e desligadentro do corpo. Ele ajuda a controlar o que acontece nas células.

Em resumo, sua descoberta permite que, hoje, pesquisadores possam desenvolver pesquisas e medicamentos para silenciar genes que causam doenças. Isso abriu um dos passos mais promissores para o tratamento de doenças como câncer e Alzheimer.
A pressão sobre a ciência

Para que descobertas como a de Craig sejam usadas em pesquisas que podem silenciar genes que causam doenças é preciso, no entanto, investimentos. E esse tem sido um ponto sensível no país desde a eleição de Trump.

Desde que assumiu o governo, o presidente norte-americano vem anunciando uma sucessão de medidas que pressionam pesquisadores. Uma delas é o corte federal às grandes universidades, que mantêm laboratórios e cientistas no país.

Trump ataca mais uma instituição dos EUA e demite diretora que defendeu vacinas
Trump ataca mais uma instituição dos EUA e demite diretora que defendeu vacinas

Além disso, houve retenção de verbas no NIH, um dos principais financiadores federais de pesquisas em saúde, que mantém estudos para tratamentos do câncer, transplantes e vacinas, entre outros.

Entre as medidas, também foi anunciado um corte para as pesquisas de vacinas com mRNA, que estavam sendo desenvolvidas para combater vírus respiratórios como a Covid-19 e a gripe.

Craig explica que medidas como essa atrasam a possibilidade de sua descoberta ajudar pesquisadores a encontrarem tratamentos para doenças graves.

➡️ Para cada mudança genética causadora de uma doença é preciso descobrir uma molécula. Isso exige uma sequência de testes da ordem de milhões de dólares por etapa. Essas pesquisas podem ajudar em tratamentos de doenças como câncer e Alzheimer.

Com o silenciamento genético seria possível, por exemplo, ter medicamentos que exigissem dosagens uma ou duas vezes por ano para doenças como Alzheimer e obesidade. Isso porque seria possível silenciar a expressão genética que causa a doença por meses.

Todos nós queremos mais pesquisas sendo feitas. [A pesquisa] não está consumindo o orçamento do país. O valor para toda a pesquisa biomédica financiada pelo governo federal é da ordem de menos de US$ 50 bilhões (R$ 270 bilhões). As doenças que estão envolvidas nessas pesquisas custam em atendimento trilhões por ano, explica.

Apesar da tensão atual, Craig acredita que o movimento sobre os órgãos e universidades é semelhante aos projetos com tarifas, uma espécie de blefe do governo.

Se o que o governo diz de fato for feito, os laboratórios vão fechar, a ciência vai parar. Eu acho, sinceramente, que não vai chegar a esse ponto. Eu acredito que é um movimento como as tarifas, que não chega a ser implementado, explica.

Desinformação e volta do sarampo nos EUA

Quando assumiu, Trump nomeou como secretário de Saúde dos EUA Robert F. Kennedy Jr., conhecido por seu negacionismo e ativismo antivacina. No passado, antes de assumir o cargo, o agora secretário disseminou desinformação, associando falsamente vacinas ao autismo.

Em junho, Kennedy demitiu 17 membros do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização e os substituiu por oito, incluindo céticos sobre o uso de vacinas.

Mello explica que as campanhas de desinformação têm levado a mortes evitáveis no país, como no caso do sarampo. Os Estados Unidos enfrentam uma epidemia com o maior número de casos em 25 anos, causada pela baixa imunização contra a doença.

Infelizmente, há crianças agora nos Estados Unidos morrendo de sarampo, sabe, que havia sido quase erradicado. E isso está sendo causado pelo medo que foi incutido nas pessoas pela desinformação sobre ligações com coisas como autismo. Isso está levando a mortes que seriam evitáveis.
— Craig Mello, ganhadro do Nobel de Medicina em 2006.

Para ele, um dos maiores desafios enfrentados hoje pelo mundo científico é a desinformação, e por isso defende maior participação social de pesquisadores para que a população entenda o que está por trás de estudos sobre vacinas, por exemplo.

Questionar a segurança é algo bom, a curiosidade sobre isso é normal. Mas é para responder a isso que fazemos todos os testes, comprovamos a segurança. (...) Mas há uma lacuna entre cientistas e a população e precisamos trabalhar nisso, explica.

Craig esteve na última semana em um evento com pesquisadores brasileiros para falar sobre pesquisa genética, o futuro da ciência e desinformação, organizado pelo grupo Balsa Bio, que reúne estudantes brasileiros no exterior.

Para Daniel Dahis, pesquisador e líder da Biodevek, uma startup incubada em Harvard e que organizou o evento, a aproximação de pesquisadores do nível de Craig, ganhador de um Nobel, é importante diante do cenário de desinformação geral no mundo.

Nós em geral vemos essas figuras como muito distantes de nós, e talvez inalcançáveis, e é muito bom ver que justamente muitas destas pessoas são as mais interessadas em inspirar as novas gerações, ainda mais nos dias de hoje em que a negação da ciência vem ganhando voz na internet e no Brasil.

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