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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Impressão 3D, 'GPS do cérebro': separação de siamesas unidas pela cabeça incentiva avanços médicos

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Iniciativa de equipe multidisciplinar do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto se tornou referência para grupos médicos que atuam em cirurgias infantis de alta complexidade. 
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Por Rodolfo Tiengo, G1 Ribeirão e Franca 





Novos protótipos desenvolvidos por equipe do HC para separação de gêmeas siamesas em Ribeirão Preto (Foto: Rodolfo Tiengo)Novos protótipos desenvolvidos por equipe do HC para separação de gêmeas siamesas em Ribeirão Preto (Foto: Rodolfo Tiengo)

Um dos maiores centros de medicina do país, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) tem atraído a atenção da comunidade médica ao se debruçar sobre um procedimento inédito no Brasil: a separação de duas irmãs gêmeas que nasceram unidas pela cabeça.

Um trabalho ainda em andamento - duas das cinco etapas foram realizadas até agora - que conjuga décadas de inovações científicas na mesa de cirurgia, de moldes feitos por meio de impressão 3D à utilização de neurotransmissores que funcionam como um "GPS" do cérebro, e promete deixar contribuições para diferentes áreas, seja na adequação de procedimentos de alta complexidade, seja no conhecimento gerado a ser transmitido para novos alunos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP).
"O legado de todo esse envolvimento é muito grande do ponto de vista local, quer dizer, a compreensão de que nós temos competência pra fazer procedimentos extremamente complexos e com sucesso até agora. Uma outra coisa é que essa multidisciplinaridade, toda essa complexidade, tem uma repercussão acadêmica também", afirma Hélio Machado, chefe do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica do HC, à frente do time de especialistas que tem conduzido os trabalhos com as gêmeas.
Busto de Hipócrates, conhecido como o Pai da Medicina, em frente ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)Busto de Hipócrates, conhecido como o Pai da Medicina, em frente ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) (Foto: Rodolfo Tiengo/G1)

O caso chegou ao conhecimento do Hospital das Clínicas por intermédio do neurocirurgião Eduardo Jucá, responsável pelo acompanhamento das irmãs no Ceará. Jucá foi aluno da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e especializou-se em neurocirurgia pediátrica.

Ele tomou conhecimento do caso das irmãs pouco tempo após o nascimento delas, quando as duas foram encaminhadas ao hospital onde ele atua como coordenador. Devido à complexidade, entrou em contato com a equipe do HC para articular as avaliações.

Até agora, duas etapas foram realizadas, a última delas em 19 de maio, e foram concentradas na desvinculação de veias que unem as duas cabeças, o que ainda deve ser estender para a terceira fase, prevista para 4 de agosto. As meninas responderam bem à cirurgia e os pais estão otimistas com o processo de separação.

A quarta etapa, que até então seria a última, será integralmente dedicada a expandir a área de cobertura da pele no crânio das crianças, hoje com 1 ano e dez meses, e garantir que elas tenham tecidos próprios suficientes para a finalização dos trabalhos mais adiante.
Machado lidera um grupo de 30 profissionais especializados, da neurocirurgia à pediatria, da cirurgia plástica à enfermagem, todos focados em garantir que as crianças consigam ser separadas e estejam prontas a viver como qualquer outro ser humano.

Afora os benefícios médicos esperados por todos, conseguir dissociar os cérebros das meninas também representa confirmar o sucesso de esforços e inovações em diferentes áreas, da neurocirurgia e cirurgia plástica à anestesia, da organização hospitalar à assistência social.

"Precisamos saber quais são os custos envolvidos nisso, custos não só externos, de deslocamento etc, mas internos. O que vamos gastar com as instalações nossas, instalações especiais, equipamentos especiais, material, medicamento e pessoal. Quer dizer, gestão de todo esse pessoal, tudo o que vamos usar aqui, tudo isso já faz parte de um processo organizacional que envolve também um trabalho de pesquisa, ensino, divulgação."
O uso dos simuladores tridimensionais - um dos recursos mais importantes no caso e aplicado em parceria com a equipe do neurocirurgião James Goodrich, do Montefiore Medical Center, de Nova York - tem sido estudado há cinco anos pela USP.

Um dos resultados disso foram apresentados em um artigo produzido por pesquisadores da física médica e da medicina de Ribeirão publicado em março deste ano na revista científica norte-americana "3D Printing in Medicine", que trata do uso de materiais capazes de promover uma experiência morfológica real dos tecidos humanos na construção de simuladores baseados em ressonânicas magnéticas.

Experiência que promete aumentar a qualidade da cirurgia e reduzir custos com treinamento médico. "Neste caso, claro que não sabíamos que iam nascer essas crianças. Eu já sabia que precisava criar um sistema que simulasse uma cirurgia."

A prática desse procedimento entra em um contexto de avanços que têm sido conquistados gradativamente ao longo das últimas décadas pela universidade. Entre alguns dos mais emblemáticos, Machado, que é médico há 45 anos, menciona a criação do setor de malformações congênitas do crânio do sistema nervoso e as técnicas aprimoradas em torno de problemas como a epilepsia infantil e os tumores de hipófise.
"São setores que não existiam e que foram criados usando mais ou menos esse mesmo tipo de enfoque, de abordagem, de trabalho multidisciplinar, de aperfeiçoamento, de procura de técnicas cirúrgicas modernas, muitas viagens pelo intercâmbio com países e pessoas que fazem técnicas diferentes."

Contexto que estabelece, aos poucos, um modelo denominado precisão em cirurgia, e que, além dos simuladores, conta com inovações como o neuronavegador - uma espécie de GPS do cérebro, também usado na separação das siamesas - e o uso da robótica na realização das intervenções cirúrgicas, estudado desde 2013 e considerado um passo importante a ser dado em breve.

"A cirurgia robótica usa muito dessa interface com a física, com a matemática e com o setor médico de imagem e todo o setor de simulação de um centro cirúrgico, e trouxe pra gente um novo modelo de cirurgia."
Segundo Machado, o ineditismo dos trabalhos deve também se refletir no ensino da medicina e impulsionar cada vez mais pesquisas. Para ele, iniciativas como essa reforçam a necessidade de se investir em tecnologia nacional. A priori estimada em R$ 9,5 milhões, se feita nos Estados Unidos, a separação das gêmeas realizada na USP hoje está orçada em R$ 200 mil.

"Tudo isso precisa ser feito, construído e adaptado aqui. Não podemos ficar eternamente comprando tecnologia do exterior. Isso não só é extremamente caro, mas limita a nossa produtividade, toda criatividade nossa dos pesquisadores brasileiros."

Exemplo de inovação
Os avanços da equipe multidisciplinar da USP em Ribeirão Preto começam a atrair os olhares de outros grupos médicos.

De acordo com o chefe da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas, Jayme Farina Junior, um cirurgião de Brasília (DF) esteve em Ribeirão no fim de semana em que foi realizada a segunda etapa dos trabalhos com as siamesas a fim de colher informações para levar à sua equipe no Distrito Federal, onde enfrenta um caso parecido.

Toda equipe passa por esse aprendizado, passa por esse crescimento profissional que vai inclusive permitir que nós sejamos inclusive um centro de referência para casos semelhantes. Já tem um caso semelhante em Brasília que vai nascer dentro de dois meses mais ou menos. O cirurgião de Brasília veio pra cá agora no final de semana pegar informações pra que a gente possa inclusive colaborar com a equipe deles, diz.

Segundo Machado, a adoção de equipes multidisciplinares é uma realidade no tratamento de diferentes doenças, como o câncer, mas poucos centros, geralmente especializados, têm a possibilidade de reunir um time de especialistas para lidar com uma cirurgia de tamanha complexidade.

"É difícil você juntar vários especialistas para se ocupar de um único caso. Hoje as pessoas estão muito dispersas e não têm tempo para assumir casos assim dessa magnitude que duram muito tempo."
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