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terça-feira, 19 de março de 2024

2023 'demoliu' recordes climáticos no mundo, diz relatório da Organização Meteorológica Mundial

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Novo estudo da Organização Meteorológica Mundial afirma que eventos climáticos extremos do último ano tiveram grandes impactos socioeconômicos em todos os continentes, afetando especialmente as populações mais vulneráveis.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 19 de março de 2024 às 12h00m

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Ano passado quebrou vários recordes do clima — Foto: Bianca Canada da Silva/Ato Press/Estadão Conteúdo
Ano passado quebrou vários recordes do clima — Foto: Bianca Canada da Silva/Ato Press/Estadão Conteúdo

O ano de 2023 foi marcado por uma verdadeira derrubada de recordes climáticos em escala global, que desencadearam impactos socioeconômicos massivos em todas as regiões do mundo, afetando especialmente as populações mais vulneráveis, conclui um novo estudo da Organização Mundial Meteorológica (OMM) publicado nesta terça-feira (19).

Segundo o relatório "O estado do clima em 2023", nunca antes o mundo viveu uma situação com tantos extremos e recordes:

  • nos níveis de gases de efeito estufa da Terra
  • nas temperaturas superficiais do nosso planeta
  • de acidificação e calor dos oceanos
  • no nível do mar
  • e da cobertura de gelo na Antártida e no Ártico

"Jamais estivemos tão próximos do limite inferior de 1,5°C do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas", disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.

A seguir, entenda o contexto por trás de cada um desses aspectos da crise climática e as suas perspectivas desafiadoras.

2023 deve ser o ano mais quente em 125 mil anos, diz observatório europeu

Gases do efeito estufa

O aquecimento global é causado pelos gases de efeito estufa que retêm o calor do nosso Sol na atmosfera. Esses gases, como o CO2 (gás carbônico), são liberados quando queimamos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, algo que não fazíamos antes da Revolução Industrial, pelo menos em larga escala.

Desde então, a quantidade de CO2 na atmosfera aumentou mais de 50% - e continua crescendo. Como consequência disso, o aquecimento global está fazendo o nosso planeta ficar mais quente, o que por sua vez está causando uma série de problemas e intensificando fenômenos naturais, como incêndios, secas e tempestades que estamos vendo cada vez mais pelo mundo.

Segundo o relatório da OMM, as concentrações observadas dos três principais gases de efeito estufa - dióxido de carbono, metano e óxido nitroso - atingiram níveis recordes em 2022, e dados em tempo real de locais específicos também mostram um aumento contínuo em 2023.

Dia e mês mais quentes já registrados

Com todo esse aumento das emissões, não tem outra. Desde o início de julho do ano passado, temos presenciado a quebra constante dos registros históricos de temperatura: uma sequência de novos recordes para os meses mais quentes já registrados.

Em 2023, a temperatura global média foi 1,45 °C (com uma margem de incerteza de  ± 0,12 °C) acima da média pré-industrial. Isso tornou o último ano o ano mais quente registrado, superando os recordes anteriores de 2016 e 2020.

Com isso, a média decenal de 2014-2023 ficou em 1,20°C (com uma margem de incerteza de  ± 0,12 °C) acima da média de 1850-1900. Isso quer dizer que o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa é o principal impulsionador do aquecimento global, segundo o relatório da OMM.

Os riscos climáticos continuaram a desencadear deslocamentos em 2023, mostrando como os choques climáticos minam a resiliência e criam novos riscos de proteção entre as populações mais vulneráveis.
— Trecho do relatório "O estado do clima em 2023", da OMM.

Recordes nos oceanos

A temperatura média da superfície do oceano também tem batido recordes desde o ano passado e a OMM prevê que esse aquecimento deve continuar - uma mudança que é irreversível em escalas de centenas a milhares de anos.

No estudo, a organização destaca que o oceano global experimentou uma cobertura média diária de ondas de calor marinhas de 32%, muito acima do recorde anterior de 23% em 2016.

Esse aumento da cobertura e intensidade das ondas de calor marinho foi observado em amplas áreas, como no Atlântico Norte e no Mediterrâneo, um fenômeno que acompanhado pelo aumento da acidificação dos oceanos devido justamente à absorção de dióxido de carbono.

Aumento no nível do mar

Um outro fator preocupante do clima global atualmente é o aumento do nível do mar.

E de acordo com a OMM, em 2023, o nível médio global do mar alcançou o seu pico histórico no registro por satélite (desde 1993), demonstrando o contínuo aquecimento dos oceanos (expansão térmica) e o degelo das geleiras e calotas de gelo.

Com isso, o ritmo de elevação do nível médio global do mar nos últimos dez anos (2014–2023) é mais do que o dobro do ritmo observado na primeira década do registro por satélite (1993–2002).

Ministro de Tuvalu grava vídeo de dentro do mar para ser exibido na COP26. Pequeno conjunto de ilhas no Oceano Pacífico corre o risco de desaparecer nos próximos anos.  — Foto: Governo de Tuvalu/redes sociais
Ministro de Tuvalu grava vídeo de dentro do mar para ser exibido na COP26. Pequeno conjunto de ilhas no Oceano Pacífico corre o risco de desaparecer nos próximos anos. — Foto: Governo de Tuvalu/redes sociais

Cobertura de gelo na Antártida e no Ártico

Outro destaque do relatório da OMM é a cobertura de gelo marinho da Antártida.

De acordo com os dados do estudo, a extensão do gelo marinho antártico alcançou uma mínima histórica absoluta para a era dos satélites (desde 1979) em fevereiro de 2023 e permaneceu em níveis recordes para a época do ano de junho até o início de novembro do último ano.

E o máximo anual em setembro foi de 16,96 milhões de km², aproximadamente 1,5 milhão de km² abaixo da média de 1991-2020 e 1 milhão de km² abaixo do máximo anterior mais baixo.

Além disso, a extensão do gelo marinho ártico permaneceu bem abaixo do normal, com os máximos e mínimos anuais de extensão do gelo marinho sendo o quinto e sexto mais baixos registrados, respectivamente.

Entenda a crise do clima em gráficos e mapas

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Aquecimento dos oceanos está em níveis recordes há um ano; entenda o risco

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Dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) aumentam as preocupações com a vida marinha e o clima extremo em todo o planeta
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Laura Paddisonda CNN
18/03/2024 às 21:40
Postado em 19 de março de 2024 às 06h35m

#.*Post. - N.\ 11.138*.#

Imagens de satélite mostram furacão Lee no Oceano Atlântico
Imagens de satélite mostram furacão Lee no Oceano Atlântico CNN

Os oceanos de todo o mundo viveram um ano inteiro de calor sem precedentes. Um novo recorde de temperatura é quebrado todos os dias, apontam novos dados.

As temperaturas globais da superfície dos oceanos começaram a bater recordes diários em meados de março do ano passado, de acordo com dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e do Reanalyzer Climático da Universidade do Maine. Os dados aumentam as preocupações com a vida marinha e o clima extremo em todo o planeta.

Em 2023, a temperatura da superfície do mar bateu recordes e agora vemos o mesmo cenário em 2024, disse Joel Hirschi, chefe de sistemas marinhos no Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.

A temperatura média global dos oceanos em 2023 foi 0,25 °C mais quente do que no ano anterior, disse Gregory C. Johnson, oceanógrafo da NOAA. Esse aumento é o mesmo que duas duas décadas de aquecimento em um único ano, disse ele à CNN. O resultado é bastante significativo e um pouco surpreendente.

Os cientistas disseram que o calor dos oceanos está sendo sobrecarregado pelo aquecimento global e impulsionado pelo El Niño, um fenômeno climático natural marcado por temperaturas oceânicas acima da média.

As principais consequências estão na vida marinha e no clima global. O calor oceânico global pode deixar os furacões e outros eventos climáticos extremos mais intensos, incluindo ondas de calor escaldante e chuvas intensas.

As altas temperaturas dos oceanos já estão se revelando catastróficas para os corais. A Grande Barreira de Corais da Austrália está passando por seu sétimo evento de branqueamento em massa, segundo as autoridades locais.


Imagem registrada em 2016 mostra o branqueamento de corais no Grande Recife, na Austrália / Kyodo News Stills via Getty Imag

O branqueamento ocorre quando os corais atingidos pelo calor liberam as algas que vivem em seus tecidos e fornecem sua fonte de alimento. Se a temperatura do oceano permanecer muito alta por muito tempo, o coral pode morrer de fome.

Dados da Coral Reef Watch, da NOAA, mostram que o problema vai muito além da Austrália e que o mundo pode enfrentar um quarto evento global de branqueamento de corais em massa nos próximos meses.

O calor do oceano pode deixar os furacões mais intensos. Quanto mais quente o oceano, mais energia para abastecer as tempestades, disse Karina von Schuckmann, oceanógrafa da Mercator Ocean International, na França.

As temperaturas têm sido sem precedentes no Atlântico Norte, uma área chave para a formação de furacões.

Em alguns momentos, os registros (no Atlântico Norte) foram quebrados por margens que são estatisticamente impossíveis, disse à CNN, Brian McNoldy, pesquisador sênior da Universidade de Miami Rosenstiel School.

Se as temperaturas oceânicas continuarem muito altas até a segunda metade de 2024 e um evento La Niña se desenvolver – a contrapartida do El Niño que tende a amplificar a temporada de furacões no Atlântico – isso aumentaria o risco de uma temporada de furacões muito ativa, disse Hirschi.

Cerca de 90% do excesso de calor produzido pela queima de combustíveis fósseis é armazenado nos oceanos.Medir o aquecimento dos oceanos nos permite acompanhar o status e a evolução do aquecimento planetário, disse Schuckmann à CNN. O oceano é a sentinela do aquecimento global.

O El Niño está enfraquecendo e prevê-se que se dissipe nos próximos meses, o que poderia nivelar as temperaturas recordes do oceano, especialmente se os efeitos de resfriamento do La Niña o substituíssem.

No passado, os níveis das temperaturas da superfície diminuíram após a passagem do El Niño, disse Schuckmann. Mas, afirmou que é atualmente impossível prever quando o calor do oceano cairá abaixo dos níveis recordes.

Enquanto a variabilidade climática natural fará com que as temperaturas dos oceanos flutuem, a longo prazo, disse Johnson, da NOAA, devemos esperar que continuem quebrando recordes enquanto as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera continuarem a subir.

Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.

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