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domingo, 3 de agosto de 2025

Herança da Guerra Fria: Lituânia abriga base secreta de mísseis nucleares

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Local só foi descoberto pelos EUA em 1978 e atualmente recebe mais de 35 mil turistas por ano
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Pavlo Fedykovych, da CNN
03/08/25 às 06:00 | Atualizado 03/08/25 às 09:13
Postado em 03 de Agosto de 2.025 às 09h20m

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Museu na Lituânia
Museu na Lituânia  • Reprodução CNN Brasil

Um mar de plantas e pinheiros bálticos balança ao vento enquanto a estrada adentra a floresta. Aqui, nas profundezas tranquilas do Parque Nacional Žemaitija, no oeste da Lituânia, operadores de mísseis soviéticos esperaram em segredo, prontos para despontar ataques contra a Europa Ocidental.

Hoje, o complexo secreto conhecido como Base de Mísseis de Plokštinė é a atração mais visitada do Museu da Guerra Fria. Em 2024, 35 mil pessoas de todo o mundo vieram explorar esse mundo subterrâneo sombrio, com salas subterrâneas, passagens e um silo de mísseis que desce 30 metros sob a terra.

Várias cercas de arame farpado recebem os visitantes da instalação. Quatro cúpulas brancas surgem então à vista, contrastando com o verde da floresta — os bunkers que um dia abrigaram armas de destruição em massa.

As estruturas permanecem ali como cogumelos parasitas que não pertencem ao ambiente.

A história da base reflete a lógica da Guerra Fria e a corrida armamentista nuclear. A Lituânia Ocidental, então parte da República Socialista Soviética da Lituânia, integrante da URSS, era um local perfeito para armazenar ogivas com alvos nos países da OTAN.

De frente para a Escandinávia, do outro lado do Mar Báltico, a Lituânia foi transformada em uma zona altamente militarizada, com bases de foguetes, cidades militares e guarnições. A vizinha Letônia e a Estônia, também partes da URSS, sofreram o mesmo destino.

A floresta de Plokštinė, no meio do nada, oferecia condições ideais para a construção de um complexo secreto subterrâneo. O Lago Plateliai, com 12 km², nas proximidades, fornecia água para os sistemas de resfriamento; a população das vilas ao redor era pequena; e o solo arenoso e macio era fácil de escavar.

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A base de mísseis de Plokštinė foi concluída em 1962 após dois anos de construção, envolvendo mais de 10 mil trabalhadores de toda a União Soviética. Um projeto tão grande não passou despercebido pela população local.

As pessoas não sabiam que tipo de armas eram armazenadas ali, mas sabíamos sobre esse lugar, conta Aušra Brazdeikytė, guia do Museu da Guerra Fria.

Brazdeikytė nasceu em uma vila próxima à base e passou toda a sua vida na região. Soldados se tornaram parte da vida local, e ouvir máquinas pesadas transportando equipamentos militares era algo comum.

Trabalhávamos ao lado de soldados de diferentes repúblicas soviéticas nas fazendas coletivas, mas nunca falávamos sobre temas militares, ela lembra. Fazer as perguntas erradas podia acabar de forma trágica na União Soviética.

O complexo era fortemente vigiado, com uma cerca elétrica que se estendia por mais de 3km ao redor da base. A floresta densa tornava o acesso ainda mais difícil, e os moradores não tentavam se aproximar.

Todo esse segredo valeu a pena. A inteligência dos EUA só descobriu a base em 1978, por meio de imagens de satélite. Naquela altura, os soviéticos já haviam desativado a instalação como parte dos acordos de desarmamento de foguetes entre URSS e EUA.

Estátuas de Lênin e condecorações militares

A entrada da instalação é um buraco no chão. Por favor, limpe os pés, diz uma placa em russo sobre a porta hermeticamente selada.

A limpeza é importante em qualquer local de trabalho, especialmente se você trabalha em uma base secreta com ogivas nucleares.

Caminhar pelo labirinto subterrâneo mal iluminado causa uma sensação estranha, não apenas pelo ambiente, mas porque ele está repleto de parafernália soviética: estátuas de Lênin e Stálin, condecorações militares, cerâmicas com foice e martelo e bandeiras.

Os visitantes passam por salas interativas temáticas dedicadas a várias fases da Guerra Fria e aprendem sobre a propaganda produzida na segunda metade do conturbado século 20. Aqui e ali, manequins de silicone remetem a soldados soviéticos, criando um vale de estranheza.

As atrações mais impressionantes são os restos da tecnologia militar abandonada. O esqueleto da antiga usina elétrica parece cenário de videogame. Há também um enorme salão onde ficava o tanque com combustível para os mísseis.

Mas o destaque é o silo. Você se sentirá pequeno e tonto ao ficar na beira do buraco de 30 metros de profundidade. Embora os mísseis nunca tenham sido lançados dali, houve vítimas ao longo dos anos.

Um soldado caiu e morreu quando seu cinto de segurança quebrou durante uma inspeção de rotina, relata Brazdeikytė, com a voz ecoando na escuridão.

Outros dois soldados morreram durante um vazamento de ácido nítrico, ao tentar reabastecer o míssil, acrescenta. A escuridão se aprofunda.

A cidade fantasma ao lado

A poucos passos dos quatro silos está a cidade fantasma que nunca teve nome. Originalmente, abrigava cerca de 300 soldados e oficiais que trabalhavam na base de mísseis.

Curiosamente, após a desativação da base de Plokštinė, alguns prédios administrativos da cidade foram convertidos em acampamento de verão infantil. Chamado Žuvėdra — que significagaivota —, funcionou de 1979 a 1990. Um ponto de ônibus logo atrás do portão de entrada está pintado com um mural colorido que mostra um gnomo sobre um cogumelo segurando uma flor.

Hoje, pouco resta da cidade militar. O destaque são os antigos hangares de armazenamento. Cobertos por lama e vegetação, parecem pirâmides antigas perdidas na floresta.

O contraste entre a base nuclear abandonada e a bela região que a cerca pode ser visto como uma alegoria da Lituânia moderna.

O país superou décadas de ocupação soviética e transformou suas cicatrizes da Guerra Fria em lições históricas.

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