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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Inflação no governo Bolsonaro atinge o maior patamar para um mandato desde a primeira gestão de Dilma

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Entre 2019 e 2022, preços ficaram mais altos em 26,93%; pandemia foi principal motor de alta.
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Por Isabela Bolzani, g1

Postado em 10 de janeiro de 2022 às 12h55m

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Pandemia trouxe alta nos preços de alimentos e combustíveis e influenciou na inflação dos últimos quatro anos. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Pandemia trouxe alta nos preços de alimentos e combustíveis e influenciou na inflação dos últimos quatro anos. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A inflação oficial do país observada entre 2019 e 2022 ficou em 26,93%, no maior patamar para um mandato desde o primeiro governo de Dilma Rousseff, que aconteceu entre 2011 e 2014 (27,03%).

Os dados foram compilados por Einar Rivero, da consultoria TradeMap, a pedido do g1. O levantamento já considera o resultado final do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10).

A sondagem ainda traz a comparação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que é conhecido como a inflação do aluguel, por servir como base para o reajuste de grande parte desses tipos de contrato.

Considerando o IGP-M, os dados registrados no governo de Jair Bolsonaro (PL) ficaram em 64,11%, os maiores desde o 2º governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que aconteceu entre 1999 e 2003 (82,66%).

Nesta terça-feira (10), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) ficou em 0,62% em dezembro. Em 2022 como um todo, o indicador ficou em 5,79%.

Esse foi o 4º ano consecutivo em que os preços ficaram acima do teto da meta. Para 2022, a meta era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (5%).

Segundo os especialistas, foram vários os fatores que influenciaram nos preços brasileiros ao longo dos últimos quatro anos — a maior parte vinda como reflexo da pandemia de Covid-19. Entre os exemplos, estão:

  • Desvalorização do câmbio;
  • Problemas de oferta nas cadeias produtivas;
  • Episódios climáticos que prejudicaram a agricultura;
  • Choque de alta nos preços das commodities;
  • Guerra na Ucrânia; entre outros

Para o economista da ASA Investments Leonardo Costa, a variação dos preços brasileiros ilustra “dois mundos distintos”: o de antes da pandemia — de inflação mais baixa, vista como herança da crise econômica que o país enfrentou entre 2015 e 2016 — e o de depois da pandemia, com efeitos vindos tanto do quadro doméstico quanto do internacional.

“A pandemia veio como um fator exógeno gigante. Por aqui, tivemos uma desvalorização brutal do câmbio e, apesar de o impacto adicional na atividade de serviços ter mantido a inflação do setor relativamente baixa, tivemos outros efeitos de alta nos preços, vindos principalmente de alimentação e bens”, afirma.

No quadro doméstico, especialistas afirmam que esse aumento reflete bastante do comportamento do brasileiro no período — que, sendo obrigado a ficar em casa, acabou aumentando seu consumo de alimentos no domicílio e de bens — e, especialmente na parte de alimentação, os preços ainda refletem os episódios climáticos que prejudicaram a agricultura.

Mas mesmo que esses preços tenham arrefecido conforme o programa de vacinação no país evoluía, não houve um reflexo tão grande na inflação, já que essa desaceleração foi compensada por um aumento da inflação de serviços em meio à reabertura da economia.

Impactos internacionais também entram na conta

Os impactos vindos do exterior, como a disparada dos preços das commodities (que depois ainda foi agravada por conta da guerra na Ucrânia) e as restrições de oferta nas cadeias produtivas, por exemplo, também se refletiram no IPCA ao longo dos últimos anos.

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, lembra, por exemplo, da escassez de semicondutores que atingiu a indústria global em 2021, afetando desde montadoras de veículos a fabricantes de smartphones, por exemplo.

“Toda essa parte de bens industriais teve o preço influenciado por essa crise de oferta, que acelerou a inflação no atacado em 2020 e se refletiu nos preços do varejo em 2021. Além disso, o câmbio e o aumento nos preços dos combustíveis e da energia elétrica, esse último por conta da crise hídrica de 2021, também ajudam a explicar os preços mais caros que vimos nos últimos anos”, completa a especialista.

Vale lembrar, ainda, que esse cenário também influenciou os preços do IGP-M, já que a maior parte do indicador é composta por commodities ligadas ao setor industrial e ao agronegócio. Como esses itens são normalmente cotados em dólar, a desvalorização da moeda brasileira levou a um encarecimento desses produtos, pressionando o indicador para cima. O índice fechou o ano passado com uma alta de 5,45%.

E o que esperar daqui para frente?

Segundo os especialistas, o cenário internacional mais ameno, com desaceleração da inflação mundial e um maior controle dos impactos vindos da guerra na Ucrânia, já começa a se refletir em uma melhora nos preços globais — e isso também deve dar uma folga à inflação brasileira.

Em relação à China, falta vermos como o país deverá caminhar após o fim de sua política de 'Covid zero'. Alguns analistas já indicam que o crescimento do gigante asiático deve vir mais baixo, mas essa é uma desaceleração que já está na conta do mercado. De qualquer forma, é preciso avaliar como tudo isso deve caminhar”, diz Costa, da ASA Investments.

Já no ambiente doméstico, o principal alerta fica para os preços dos combustíveis, que tendem a aumentar a partir do momento em que volte a cobrança dos tributos federais em produtos que foram desonerados no ano passado.

No dia de sua posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma medida provisória que prorroga a desoneração sobre o etanol e a gasolina até o final de fevereiro. Já os impostos sobre o diesel, por sua vez, devem ficar zerados até o final deste ano.

“Precisamos entender como tudo isso deve ficar daqui para frente, pois se a cobrança voltar toda de uma vez, é possível que haja um forte impacto na inflação, porque volta toda a parte que ajudou a desinflar os preços nos últimos meses”, explica Angelo, da Warren.

“Além disso, também devemos ficar de olho nas incertezas fiscais. O Haddad [ministro da Fazenda], por exemplo, já mencionou que deve entregar a proposta para um novo arcabouço fiscal em abril, o que é muito importante para as expectativas de inflação”, completa.
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IPCA fica em 0,62% em dezembro e fecha 2022 com alta de 5,79%, aponta IBGE

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Pelo quarto ano seguido, país estourou a meta anual da inflação. Alta de preços dos alimentos foi o que mais pesou sobre o indicador.
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Por g1 — Rio de Janeiro

Postado em 10 de janeiro de 2023 às 10h00m

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Alta de preços dos alimentos foi o que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022 — Foto: Prefeitura/Divulgação
Alta de preços dos alimentos foi o que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022 — Foto: Prefeitura/Divulgação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, acelerou para 0,62% em dezembro, acima da alta de 0,41% em novembro. Com isso, o país fechou o ano com inflação acumulada de 5,79%, acima da meta definida pelo governo, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Este foi o quarto ano seguido em que o país fechou o ano com alta de preços superior à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2022, a meta era de 3,5% com teto de 5%. Embora tenha estourado o teto da meta, ficou bem abaixo do registrado em 2021, quando ficou em 10,06%.

De acordo com o IBGE, dos nove grupo de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no ano, seis deles acima do índice geral. Transportes e comunicação foram os únicos com deflação no ano.

O grupo que teve a maior alta de preços no ano foi o de vestuário, que teve altas superiores a 1% em 10 dos 12 meses. Já o grupo Habitação fechou o ano próximo da estabilidade.

O maior impacto sobre a inflação do ano de 2022, porém, partiu do grupo de alimentação e bebidas, respondendo por 2,41 pontos percentuais (p.p.) do indicador. A segunda maior pressão sobre o índice veio do grupo de saúde e cuidados pessoais, com 1,42 p.p. de impacto.

No oposto, a maior pressão negativa sobre o IPCA acumulado no ano foi exercida pelo grupo de Transportes, com impacto de 0,28 p.p.

Veja o resultado de cada um dos nove grupos que compõem o IPCA:

  • Vestuário: 18,02%
  • Alimentação e bebidas: 11,64%
  • Saúde e cuidados pessoais: 11,43%
  • Artigos de residência: 7,89%
  • Despesas pessoais: 7,77%
  • Educação: 7,48%
  • Habitação: 0,07%
  • Transportes: -1,29%
  • Comunicação: -1,02%
Alimentação, 'vilã' da inflação

A alta de preços dos alimentos foi a que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022. Segundo o IBGE, a alimentação no domicílio teve alta de 13,23%, superior à da alimentação fora do domicílio, que foi de 7,47%.

Na alimentação no domicílio, a maior alta de preços foi da cebola, que subiu 130,14% no ano - de acordo com o IBGE, foi a maior alta entre os 377 produtos e serviços pesquisados para composição do IPCA.

A segunda maior pressão sobre a alimentação no domicílio partiu do leite longa vida, com alta de 26,18%. Outros alimentos com aumento relevante de preços foram a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%).

No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%), destacou o analista de preços do IBGE, André Almeida.

Na alimentação fora do domicílio, o lanche acumulou alta de 10,67%, quase o dobro da refeição, que aumentou 5,86% no ano.

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