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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Vendas do comércio recuam 0,8% em julho, na terceira queda seguida

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Nos sete primeiros meses do ano, no entanto, o indicador ficou positivo em 0,4%, mas no acumulado de 12 meses o recuo é de 1,8%. Desde maio, queda chega a 2,7%.
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Por Marta Cavallini, g1

Postado em 14 de setembro de 2022 às 10h00m

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Vendas do comércio  — Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias
Vendas do comércio — Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

As vendas do comércio recuaram 0,8% em julho em relação a junho, segundo divulgou nesta quarta-feira (14) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira queda seguida.

Nos sete primeiros meses do ano, no entanto, o indicador ficou positivo em 0,4%, voltando a recuar 1,8% no acumulado dos últimos 12 meses.

A terceira queda seguida após meses de alta mostra uma retomada da trajetória irregular detectada desde o período mais grave da pandemia, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

O mês de abril foi o último com crescimento. Desde então, maio, junho e julho acumulam recuo de 2,7%.

Por conta disso, o setor se encontra praticamente no mesmo nível do período pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, com variação de 0,5%.

"O setor repete a trajetória que vem acontecendo desde março de 2020, com alta volatilidade. Esse patamar já esteve muito mais alto. Em julho de 2021, ficou 5,3% acima de fevereiro de 2020, diz Santos.

Na comparação com julho de 2021, o comércio varejista recuou 5,2%.

Veja abaixo o resumo do desempenho do setor:

  • Terceira taxa negativa mensal seguida no ano (-0,8%), após 4 taxas positivas: predomínio das taxas negativas em 7 das 8 atividades
  • Terceira taxa negativa consecutiva na comparação interanual (-5,2%): predomínio das taxas negativas em 5 das 8 atividades
  • Após duas taxas negativas, o acumulado do ano tem a quinta taxa positiva seguida (0,4%): predomínio de taxas positivas em 6 das 8 atividades
  • Terceira taxa negativa no acumulado de 12 meses (-1,8%), após 55 taxas positivas: taxas negativas em 4 das 8 atividades

7 das 8 atividades tiveram taxas negativas

Em julho, em relação a junho, sete das oito atividades pesquisadas tiveram taxas negativas:

  • Tecidos, vestuário e calçados (-17,1%)
  • Móveis e eletrodomésticos (-3,0%)
  • Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,0%)
  • Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-1,5%)
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,4%)
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,6%)
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%)

Apenas a atividade de Combustíveis e lubrificantes mostrou crescimento (12,2%) - resultado da política de redução do preço dos combustíveis, segundo Santos, destacando a deflação de 14,15% no item mostrado pelo IPCA de julho.

No comércio varejista ampliado, ambos os setores tiveram queda: Veículos e motos, partes e peças (-2,7%) e Material de construção (-2,0%).

O maior recuo foi em Tecidos, vestuário e calçados. Para Santos, o comportamento na atividade tem alguns fatores.

Algumas das grandes cadeias comerciais apresentaram redução na receita, sobretudo na parte de calçados. Além disso, pode haver também escolhas do consumidor, considerando a redução da capacidade do consumo atual, afirma.

No varejo ampliado, que engloba também as vendas de veículos e materiais de construção, a queda foi de 0,7%, a segunda seguida.

Desigualdades na comparação com o pré-pandemia

Dos 10 principais segmentos, apenas 4 se encontravam em julho acima do patamar de fevereiro de 2020 (pré-pandemia). Veja no gráfico abaixo:

Na comparação com o nível pré-pandemia, segundo o IBGE, o comércio varejista mostra desigualdades em termos setoriais.

Há atividades muito acima, como Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, Combustíveis e lubrificantes, Material de construção e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Já outras estão em patamar muito abaixo, caso de Livros, jornais, revistas e papelaria, com uma trajetória de perda muito por conta da própria lógica contemporânea do mercado, além de Tecidos, vestuário e calçados, Móveis e eletrodomésticos e Veículos e motos, partes e peças.

Queda em 20 unidades da Federação

Na passagem de junho para julho, 20 unidades da Federação tiveram queda, com destaque para Bahia (-3,1%), Rio de Janeiro (-3,1%) e Maranhão (-2,8%). Por outro lado, das sete UFs que apresentaram taxas positivas, destaca-se Mato Grosso (3,5%), Paraná (1,7%) e Amapá (1,5%).

Já no confronto com julho de 2021, também houve queda em 20 das 27 UFs, com destaque para Rondônia (-24,1%), Tocantins (-11,4%) e Acre (-11,3%), enquanto, no lado das altas, ressalta-se a influência de Roraima (10,1%), Alagoas (5,8%) e Ceará (2,5%).

Queda vem de juros e endividamento, dizem economistas

Para economistas, a queda nas vendas do comércio tem relação com a elevação das taxas de juros e do endividamento da população.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca as vendas dos setores sensíveis a crédito, como móveis, veículos e materiais de construção, que caíram mais do que a dos sensíveis a renda. "No mês, o recuo das categorias sensíveis a crédito foi de 2,5%, enquanto nos sensíveis a renda a retração foi de 0,7%. Esse comportamento mostra como os juros altos começam a impactar o consumo", diz.

Ela prevê que a economia como um todo comece a desacelerar no segundo semestre e feche o ano com crescimento de 2,3%. "Mas o pagamento de benefícios sociais mais altos e o aumento da massa salarial podem atenuar um pouco essa desaceleração para o segmento do varejo".

Rodolfo Margato, economista da XP, aponta que o aperto das condições monetárias e o elevado grau de endividamento das famílias vêm pesando sobre as vendas no varejo.

Em sua opinião, a demanda pelos bens mais sensíveis ao crédito deve permanecer em tendência de queda.

Ainda assim, ele acredita que a recuperação do mercado de trabalho em conjunto com estímulos fiscais adicionais de curto prazo irão suavizar o arrefecimento do comércio varejista ao fornecer sustentação à demanda pelos bens mais sensíveis à renda. Mas não descarta "certa estagnação para o varejo total nos próximos meses, com sinais heterogêneos entre as categorias".

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