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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Madonna pede que papa Leão visite Gaza “antes que seja tarde demais”

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Cantora afirmou que os "portões humanitários" precisam ser totalmente abertos para salvar crianças inocentes
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Christian Edwards e Catherine Nicholls, da CNN
11/08/25 às 19:02 | Atualizado 11/08/25 às 19:02
Postado em 11 de Agosto de 2.025 às 19h30m

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Madonna e papa Leão XIV
Madonna e papa Leão XIV  • Reprodução/Instagram e Reuters

Madonna pediu ao papa Leão XIV que visite a Faixa de Gaza em uma missão humanitária para ajudar crianças palestinas que estão famintas, alertando que "não há mais tempo".

A cantora, que foi criada como católica romana, fez o pedido ao novo pontífice em uma publicação no Instagram nesta segunda-feira (11).

Santíssimo Padre. Por favor, vá a Gaza e leve sua luz às crianças antes que seja tarde demais. Como mãe, não suporto ver o sofrimento delas. As crianças do mundo pertencem a todos. O Senhor é o único de nós a quem não se pode negar a entrada", comentou.

Madonna afirmou que enviou a mensagem ao pontífice porque "a política não pode afetar a mudança", mas "a consciência pode".

Na publicação, feita no aniversário do filho Rocco, Madonna pontuou que o melhor presente que poderia dar a ele é "pedir a todos que façam o que puderem para ajudar a salvar as crianças inocentes atingidas pelo fogo cruzado em Gaza".

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Ainda assim, a estrela da música ressaltou que não está "apontando dedos, colocando culpas ou tomando partido".

"Todos estão sofrendo. Inclusive as mães dos reféns. Rezo para que elas também sejam libertadas", destacou.

CNN entrou em contato com o Vaticano e aguarda retorno.

Madonna pede maior entrega de ajuda humanitária em Gaza

Ainda no post, Madonna afirmou que os "portões humanitários" precisam ser totalmente abertos para salvar crianças inocentes.

"Não há mais tempo. Por favor, diga que você irá, escreveu ela.

O bloqueio israelense à ajuda humanitária no território palestino resultou no que a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou como "fome em massa provocada pelo homem".

Ramesh Rajasingham, chefe do Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários), disse em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU no domingo (10) que "esta não é mais uma crise de fome iminente – é fome pura e simples".

Israel controla rigorosamente o fluxo de ajuda e pessoas para o enclave.

Críticas do papa Leão à guerra em Gaza

Desde o início de seu pontificado, em maio, o papa tem sido firme nas críticas à guerra de Israel em Gaza, expressando constantemente preocupação com os civis palestinos que enfrentam os bombardeios israelenses.

Estou acompanhando com grande preocupação a terrível situação humanitária em Gaza, onde a população civil sofre de fome severa e continua exposta à violência e à morte, disse ele em julho, pedindo um cessar-fogo.

Segundo a Unicef, a agência das Nações Unidas para a infância, mais de 18 mil crianças foram mortas no território palestino desde o início da guerra, em outubro de 2023.

A agência pontuou que, em média, 28 crianças morrem no local por dia.

Chefe da OMS agradece Madonna

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, respondeu à publicação de Madonna, agradecendo por sua "compaixão, solidariedade e compromisso em cuidar de todos os envolvidos na crise de Gaza, especialmente as crianças".

"Isso é extremamente necessário. A humanidade e a paz devem prevalecer", ressaltou.

Pelo menos 222 pessoas – incluindo 101 crianças – morreram de desnutrição desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde palestino.


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inglês                           Ver original 

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Japão teve maior queda populacional da história em 2024

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População japonesa diminui pelo 16º ano consecutivo, com baixa taxa de natalidade e envelhecimento acelerado da população
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Jessie Yeung e Yumi Asada, da CNN
09/08/25 às 14:00 | Atualizado 09/08/25 às 14:10
Postado em 11 de Agosto de 2.025 às 13h45m

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Bandeira japonesa na sede do Banco do Japão, em Tóquio
Bandeira do Japão  • 23/01/2025REUTERS/Issei Kato

O declínio acentuado da população do Japão não mostra sinais de desaceleração, com o país registrando uma redução de mais de 900 mil pessoas no ano passado – a maior queda anual já registrada, segundo dados do governo.

Os dados, divulgados pelo Ministério de Assuntos Internos e Comunicações na quarta-feira (6), mostraram que o número de cidadãos japoneses diminuiu em 908.574 em 2024, reduzindo a população total para 120 milhões.

Desde que atingiu o pico de 126,6 milhões em 2009, a população tem diminuído por 16 anos consecutivos, afetada por diversos fatores, como problemas econômicos e normas de gênero profundamente enraizadas.

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Com a população de cidadãos japoneses destinada a continuar despencando nas próximas décadas, o país sentirá o impacto em seus sistemas de aposentadoria e saúde, além de outras infraestruturas sociais que são difíceis de manter com uma força de trabalho em declínio.

O governo tem tentado combater o declínio há mais de uma década, com esforços se intensificando nos últimos anos. As medidas vão desde oferecer assistência para habitação e novos nascimentos até incentivar os pais a tirarem licença-paternidade.

Mas a cada ano, menos bebês nascem e mais mortes são registradas – um ciclo vicioso e um sintoma de uma população que envelhece cada vez mais. A proporção de idosos é muito alta – representando quase 30% de toda a população, segundo os novos dados – enquanto a proporção de adultos jovens, em idade fértil e ativa, diminui continuamente.

O ano passado não foi exceção. O número de nascimentos registrados, apenas 687.689, foi o mais baixo desde o início dos registros em 1968 – enquanto o número de mortes, em quase 1,6 milhão, foi o mais alto já registrado.

A população em idade ativa, definida entre 15 e 64 anos, representou apenas 59% da população no Japão no ano passado – muito abaixo da média global de 65%, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Esse declínio vem se desenvolvendo há décadas, devido à consistentemente baixa taxa de fertilidade do Japão desde os anos 1970. Por causa disso, sociólogos e demógrafos afirmam que não há solução rápida – e não é reversível.

Mesmo se o Japão conseguir aumentar sua taxa de fertilidade drástica e imediatamente, sua população continuará diminuindo por pelo menos mais algumas décadas até que a proporção desequilibrada entre jovens e idosos se equilibre, e os bebês que estão nascendo agora atinjam a idade fértil.

Os imigrantes são a solução?

Especialistas apontaram o alto custo de vida do Japão, a economia e os salários estagnados, o espaço limitado e a cultura de trabalho exigente como razões pelas quais menos pessoas estão optando por namorar, casar ou ter filhos.

Para as mulheres, os custos econômicos não são o único fator desencorajador. O Japão continua sendo uma sociedade altamente patriarcal onde se espera que as mulheres casadas assumam o papel de cuidadoras, apesar dos esforços do governo para envolver mais os maridos. Pais solteiros são muito menos comuns no Japão do que em muitos países ocidentais.

Muitas dessas questões também afetam outras nações do Leste Asiático com seus próprios problemas populacionais, incluindo China e Coreia do Sul.

Uma possível solução, apontada por especialistas, seria preencher a lacuna recebendo mais imigrantes – um tópico controverso no Japão, um país majoritariamente conservador que se percebe como etnicamente homogêneo. Residentes estrangeiros e cidadãos japoneses de etnia mista há muito tempo se queixam de xenofobia, racismo e discriminação.

Mas o governo tem se inclinado para essa opção, lançando um novo visto para nômades digitais e elaborando um novo plano para qualificar trabalhadores estrangeiros. E há sinais de que isso pode estar surtindo efeito; o número de residentes estrangeiros no Japão aumentou mais de 10% no ano passado, atingindo um recorde de 3,6 milhões de pessoas, segundo os novos dados.

De acordo com modelos governamentais, que foram revisados mais recentemente em 2023, a população do Japão cairá 30% até 2070 – mas até lá, "o ritmo do declínio populacional deverá diminuir ligeiramente, principalmente devido ao aumento da migração internacional."

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Internacional         Ver original 

Tópicos

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O que sucesso do 'PIX da Índia' revela sobre ofensiva de Trump contra o PIX brasileiro

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Sistema de pagamentos instantâneos da Índia é anterior ao PIX e também desenvolvido por iniciativa do governo, mas tem ficado fora do escrutínio dos EUA na força-tarefa montada em torno do tarifaço de Donald Trump.
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TOPO
Por Camilla Veras Mota — São Paulo

Postado em 11 de Agosto de 2.025 às 07h15m

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Pesquisa aponta Pix como principal método de pagamento dos brasileiros
Pesquisa aponta Pix como principal método de pagamento dos brasileiros

O sistema de pagamentos instantâneos da Índia, o Unified Payments Interface (UPI), é anterior ao PIX brasileiro, maior, tem mais funcionalidades e também foi desenvolvido a partir de uma iniciativa do governo.

Ele tem ficado, entretanto, fora do escrutínio dos Estados Unidos na força-tarefa montada em torno do tarifaço de Donald Trump, enquanto o PIX é alvo de uma investigação comercial aberta pelo governo americano em 15 de julho e ainda em andamento.

O PIX foi colocado na lista de supostas práticas "desleais" que vêm sendo analisadas pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), que se refere a ele indiretamente no documento em que detalha a investigação como "serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo".

A medida ensejou comentários de figuras como o economista Paul Krugman, ganhador do prêmio Nobel, que elogiou o sistema brasileiro de pagamentos, e manifestações frequentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em defesa da plataforma.

A Índia chegou a ser penalizada na última semana pelos EUA com uma tarifa adicional de 25% — o que elevou a alíquota incidente sobre seus produtos ao mesmo patamar do Brasil, 50% —, mas o motivo foi a compra de petróleo da Rússia, país que é alvo de sanções americanas.

O UPI segue fora do radar do protecionismo da gestão Trump.

Nesse sentido, a BBC News Brasil conversou com especialistas em meios de pagamento e um analista de relações internacionais para entender as semelhanças e diferenças entre o modelo indiano e o brasileiro, comparação que pode lançar luz sobre as razões que levaram o governo americano a colocar o PIX em sua linha de tiro.

Banco Central é operador e regulador do Pix, modelo que não se repete na Índia — Foto: Getty Images via BBC
Banco Central é operador e regulador do Pix, modelo que não se repete na Índia — Foto: Getty Images via BBC

A origem do UPI

O Unified Payments Interface (UPI) surgiu em 2016, quatro anos antes do PIX existir no Brasil, com características parecidas: um sistema de pagamentos instantâneo, usado tanto para transferir recursos de pessoa para pessoa quanto para realizar compras, que funcionava 24 horas por dia, de forma gratuita e sem a necessidade do uso de dados bancários como número da conta e agência.

Ele foi parte de uma iniciativa em larga escala do governo indiano para promover a digitalização no país. Batizada de India Stack, o projeto incluiu o lançamento de um RG digital e até a desmonetização de boa parte das cédulas que circulavam no país, para desincentivar o uso de dinheiro físico.

O UPI foi desenvolvido por um consórcio de entidades financeiras (National Payments Corporation of India, NPCI) reunido por iniciativa do Banco Central da Índia.

Juntos, eles montaram a infraestrutura por trás da plataforma, que se tornou o principal meio de pagamento no país, respondendo hoje por 83% das transações digitais.

O dado é de um relatório divulgado em janeiro pelo Banco Central, que ressalta que o UPI "impulsionou a Índia à vanguarda no fornecimento de soluções de pagamento digital como um 'bem público'", abordagem que teria "potencial para ser replicada em outros países".

Hoje cerca 500 milhões de indianos usam o serviço, conforme os números divulgados em julho pelo governo, e o sistema processa mais de 18 bilhões de transações por mês.

Consórcio indiano também lançou cartão de crédito e débito, chamado de RuPay — Foto: Reuters via BBC
Consórcio indiano também lançou cartão de crédito e débito, chamado de RuPay — Foto: Reuters via BBC

Pagamento offline e comando de voz

Também por ter sido lançado primeiro, o UPI apresentou uma série de soluções que, com o tempo, foram sendo incorporadas pelo PIX.

A modalidade que permite que pagamentos recorrentes sejam feitos de forma automática, por exemplo. Recém-lançada no Brasil como PIX automático, ela existe no UPI desde 2020, observa Sulivan Rocha, especialista em meios de pagamentos que já trabalhou como consultor na área.

E há ferramentas que ainda não apareceram aqui no Brasil, como a possibilidade de realizar pagamentos offline (muito útil na Índia, por exemplo, para usuários de zonas rurais afastadas, onde o serviço de internet pode ser ruim) e por comando de voz.

Expansão internacional

Outra frente em que o UPI avançou primeiro foi na expansão internacional. Hoje, a plataforma pode ser acessada em locais como Butão, Nepal, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Sri Lanka e França, resultado de acordos diretos da Índia com cada um desses países.

"Eles sempre foram muito vocais nisso, de que queriam criar um sistema internacional que fosse uma alternativa ao Swift", diz Rocha. O Swift é hoje uma das principais ferramentas usadas para a realização de transações financeiras internacionais, operado por uma cooperativa com cerca de 11.500 instituições financeiras.

A próxima fronteira de crescimento, segundo um relatório recente do Ministério das Finanças da Índia, seriam os países dos Brics, para os quais o primeiro-ministro Narendra Modi tem divulgado o UPI.

A plataforma foi, aliás, um dos assuntos discutidos entre ele e o presidente Lula em uma longa ligação na última quinta-feira (7/8), segundo comunicado do Planalto.

Outro produto que também tem se espalhado em outros países é o cartão de crédito desenvolvido pelo mesmo consórcio que lançou o UPI.

Batizado de RuPay ("ru" vem de "rúpia", a moeda indiana), ele concorre diretamente com bandeiras americanas como Visa e MasterCard e acabou de ser integrado com o UPI (uma solução semelhante ao PIX no crédito).

Rocha lembra que o Banco Central brasileiro já mencionou a possibilidade de internacionalização do PIX, mas que essa fronteira ainda não foi rompida de forma "oficial".

O sistema passou a funcionar em outros países recentemente — Argentina e Paraguai, por exemplo —, mas como uma solução desenvolvida pelo setor privado.

Fintechs brasileiras como a PagBrasil desenvolveram ferramentas que permitem a lojistas em alguns locais fora do Brasil processarem pagamentos de consumidores brasileiros por meio do PIX. A operação de câmbio é feita na hora (com o valor, por exemplo, em pesos argentinos convertidos para real) e já com a cobrança do IOF.

"Não é uma solução oficial, foi desenvolvida pelo mercado", ressalta Rocha.

Google Pay é um dos principais provedores usados com UPI — Foto: Getty Images via BBC
Google Pay é um dos principais provedores usados com UPI — Foto: Getty Images via BBC

'Efeito PIX' e inovação à brasileira

Em um artigo recente, a pesquisadora Polina Kempinsky listou o histórico e as características do PIX e do UPI e fez uma comparação dos dois sistemas.

No Brasil, a forma como o PIX foi estruturado (leia mais abaixo) beneficiou empresas nacionais, especialmente bancos digitais e fintechs. "Alavancando o modelo do PIX", elas desenvolveram inovação e cresceram, expandindo-se inclusive para outros mercados.

Isso acabou fazendo do país uma referência internacional. O sistema de pagamentos instantâneos que a Colômbia se prepara para lançar (Bre-B), por exemplo, é inspirado no PIX e foi desenvolvido em parceria com uma empresa brasileira, a Dock.

"O Brasil é bem conhecido hoje por seus 'neobancos' [bancos digitais] e pelo seu ecossistema doméstico de inovação financeira", diz ela à BBC News Brasil.

O Nobel Paul Krugman elogiou o PIX por ser quase instantâneo e por ter custos de transação baixos e sugeriu que o Brasil pode ter inventado o futuro do dinheiro com esse sistema.

"Outras nações podem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de um sistema de pagamento digital", escreveu Krugman.

O papel do Banco Central

Apesar de PIX e UPI terem sido criados a partir de iniciativas do governo, o desenho e a execução dos projetos foram bem diferentes.

No Brasil, o modelo foi desenvolvido completamente dentro da estrutura do Banco Central. A autoridade monetária chegou a colher contribuições de bancos e fintechs em consultas públicas e por meio do "fórum PIX", mas manteve maior controle sobre o processo e implementação da plataforma.

Uma evidência nesse sentido foi a obrigatoriedade de adesão a todas as instituições financeiras com mais de 500 mil contas transacionais, algo que não aconteceu no caso do UPI na Índia, onde a participação foi voluntária.

Essa diferença talvez explique por que o modelo brasileiro foi o que teve adoção mais rápida no mundo, chegando a quase 74% da população no terceiro ano de existência. Em 2024, ressalta Kempinsky, o UPI tinha atingido 350 milhões de usuários, o que era relevante em números absolutos, mas correspondia a 25% da população indiana.

"Na Índia foi muito mais uma parceria público-privada supervisionada pelo Banco Central da Índia com a Associação de Bancos da Índia", pontua Rocha.

Nesse modelo, o BC da Índia atua principalmente como regulador, deixando o papel de operador para o setor privado.

Apesar de ter o Brasil como um de seus maiores mercados, o WhatsApp não conseguiu alavancar adesão à sua solução de pagamentos entre usuários no país — Foto: Getty Images via BBC
Apesar de ter o Brasil como um de seus maiores mercados, o WhatsApp não conseguiu alavancar adesão à sua solução de pagamentos entre usuários no país — Foto: Getty Images via BBC

Big techs: ganhadoras com UPI e perdedoras com PIX

Essa característica acabou favorecendo grandes empresas americanas, que hoje são protagonistas na última etapa da cadeia do UPI, a do consumidor final.

Enquanto o PIX funciona dentro do aplicativo de cada instituição financeira ou empresa de pagamentos, o UPI é processado por terceiros.

"Os bancos são os provedores de conta, porém não é no aplicativo do banco que você entra para fazer a transação. Você usa uma carteira digital", explica Rocha.

E duas empresas americanas, Google e Walmart, respondem por mais de 80% das transações com o UPI, com Google Pay e PhonePe.

Essa característica marca outra grande diferença entre os dois modelos. Em seu artigo, apresentado durante o mestrado em políticas públicas na Universidade de Harvard, Kempinsky coloca as big techs como grandes "perdedoras" do PIX.

Ela menciona o caso do WhatsApp, que chegou a lançar a função de transferências e pagamentos no Brasil em 2020, mas teve de suspendê-la por ordem do Banco Central, que argumentou necessidade de analisar potenciais riscos à concorrência no setor de pagamentos. O PIX foi lançado cerca de seis meses depois.

"Essa abordagem faz parte de uma política geral para fortalecer o ecossistema doméstico em detrimento da participação de multinacionais", ela ressalta no texto.

No caso da Índia, o papel cada vez maior de multinacionais tem gerado preocupação em relação a temas como privacidade de dados e concentração de mercado, a ponto de o governo considerar impor um limite de 30% de participação para os provedores de aplicativos.

Pix é um dos sistemas com adoção mais rápida no mundo — Foto: Getty Images via BBC
Pix é um dos sistemas com adoção mais rápida no mundo — Foto: Getty Images via BBC

PIX na mira de Trump

O governo americano anunciou em meados de julho uma investigação comercial contra o Brasil.

No documento divulgado pelo USTR, o órgão faz uma menção indireta ao PIX como um dos motivos. Segundo o relatório, um sistema "desenvolvido pelo governo" poderia estar prejudicando empresas americanas que atuam no setor de pagamentos.

"O Brasil também parece envolver-se em uma série de práticas desleais em relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a promover seu serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo", diz um trecho do documento que não elenca a quais práticas supostamente ilegais ele se refere.

Na avaliação de Thiago Aragão, diretor de estratégia da consultoria Arko Advice, grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos provavelmente observam com interesse os desdobramentos da investigação comercial que o governo americano abriu contra o Brasil, não só em relação ao PIX.

"O Brasil é um mercado altamente estratégico para essas empresas", ele destaca, emendando que ele é um dos países do mundo que mais usa WhatsApp, que mais acessa o Google e consome Netflix.

"E isso cria um receio num mundo que ainda está buscando formas de regular as big techs", completa.

No caso do PIX, Aragão chama atenção para empresas como o WhatsApp, que pertence à Meta, dona também do Facebook.

O Brasil é um dos três principais mercados para a plataforma, e no entanto o segmento de pagamentos está, de certa forma, fechado para ela — já que os brasileiros dificilmente trocariam o PIX pelo sistema de pagamentos do aplicativo, que foi liberado em 2023.

"Eu acredito que a questão do WhatsApp tem mais a ver do que os cartões de crédito", opina Aragão, referindo-se às discussões que aconteceram após o anúncio da abertura da investigação comercial pelo USTR apontando Visa e Mastercard como grandes adversárias do PIX.

Em seu artigo, Kempinsky pondera que os dados sobre transações com cartão de crédito mostram um quadro mais complexo sobre o impacto dos sistemas de pagamento instantâneo.

A inclusão financeira promovida pelo PIX e pelo UPI permitiram que os bancos ganhassem novos clientes e tivessem, com isso, um novo público para oferecer cartões.

Depois do lançamento do PIX, a taxa de crescimento anual composta (medida usada no setor, identificada pela sigla CAGR) quase triplicou, atingindo 31,7% entre 2020 e 2022. Segundo ela, movimento semelhante aconteceu na Índia com o UPI.

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