Total de visualizações de página

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Iceberg de 315 bilhões de toneladas se desprende da Antártida

=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =


O bloco tem uma área de 1.636 km² - um pouco maior que a cidade de São Paulo - e foi batizado de D28.
=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =
 Por BBC  

 Postado em 30 de setembro de 2019 às 19h45m  

Gipope-Marketing
Sistema de satélite Sentinel-1 da União Europeia capturou essas imagens para fazer a comparação antes e depois — Foto: Divulgação/CopernicusSistema de satélite Sentinel-1 da União Europeia capturou essas imagens para fazer a comparação antes e depois — Foto: Divulgação/Copernicus

A plataforma de gelo Amery, localizada na Antártida, acaba de produzir seu maior iceberg em mais de 50 anos.

O bloco tem uma área de 1.636 km² — um pouco maior que a cidade de São Paulo — e foi batizado de D28.

Assim que começa a se deslocar, um iceberg desse tamanho passa a ser monitorado e rastreado, pois no futuro pode se tornar um risco para o transporte marítimo. A Amery não produzia um iceberg tão grande desde a década de 1960.
Amery é a terceira maior plataforma de gelo da Antártida e um importante canal de escoamento para o leste do continente.

A plataforma é a extensão flutuante de várias geleiras que fluem na direção do mar. Perder icebergs para o oceano é a maneira como essas correntes de gelo mantêm o equilíbrio diante dos acúmulos de mais neve.

Mas os cientistas já previam esse acontecimento. O interessante é que boa parte da atenção sobre a área foi focada no leste do trecho que se separou.
'Dente mole' retratado no início dos anos 2000; D28 é vista se formando à esquerda — Foto: Divulgação/Nasa'Dente mole' retratado no início dos anos 2000; D28 é vista se formando à esquerda — Foto: Divulgação/Nasa

'Dente' vizinho
Este é um segmento da Amery que ficou carinhosamente conhecido como Dente Mole, devido à sua semelhança em imagens de satélite com a dentição de uma criança. Ambas as áreas de gelo tinham o mesmo sistema de fendas.

Mas, embora pendente, o Dente Mole ainda continua preso. O D28 é que foi "extraído".

"É um molar quando comparado a um dente de leite", disse à BBC a professora Helen Fricker, da Scripps Institution of Oceanography.

Fricker havia previsto em 2002 que o Dente Mole se descolaria em algum momento entre 2010 e 2015.

"Estou empolgada em ver esse evento após todos esses anos. Sabíamos que isso aconteceria eventualmente, mas, para ficarmos mais espertos, não aconteceu exatamente quando esperávamos", disse ela.

A pesquisadora do Scripps enfatizou que não havia ligação entre este evento e as mudanças climáticas.
Amery, 3ª maior plataforma de gelo da Antártida, não produzia um iceberg tão grande como esse desde a década de 1960 — Foto: Arquivo Pessoal/Richard ColemanAmery, 3ª maior plataforma de gelo da Antártida, não produzia um iceberg tão grande como esse desde a década de 1960 — Foto: Arquivo Pessoal/Richard Coleman

Dados de satélite capturados desde a década de 1990 mostraram que a Amery está em equilíbrio com o ambiente, apesar de sofrer forte derretimento da superfície durante o verão.

"Embora haja muito com o que se preocupar na Antártida, ainda não há motivo de alarde em relação a essa plataforma de gelo em particular", acrescentou a professora Fricker.

Entretanto, a Divisão Australiana da Antártida vai observar a Amery de perto para ver como ela reage. Os cientistas da divisão têm instrumentos na região.

É possível que a perda de um iceberg tão grande mude o equilíbrio na plataforma de gelo. Isso pode influenciar o comportamento das rachaduras e até a estabilidade do Dente Mole.

Calcula-se que o D28 tenha cerca de 210 metros de espessura e cerca de 315 bilhões de toneladas de gelo. 

O nome vem de um sistema de classificação administrado pelo Centro Nacional de Neve e Gelo dos Estados Unidos, que divide a Antártida em quadrantes.

O quadrante D cobre as longitudes de 90 graus Leste a zero grau, o Meridiano de Greenwich. O tamanho do D28 é ofuscado pelo poderoso iceberg A68, que rompeu com a plataforma de gelo Larsen C em 2017. Atualmente, ele cobre uma área três vezes maior.

As correntes e ventos costeiros levarão o D28 para o oeste. É provável que demore vários anos para que se desmanche e derreta completamente.

      Post.N.\9.002  
                      <.-.-.-  Atendimento Personalizado com recepção Vip!  -.-.-.>
Gipope® - Gariba's ™ // Bar & Lanches. Logística & Solutions with Intelligence for 2.019

 Celular.-:) 075 - 99913 - 4248 -.- 98299 - 8117 -.- 98215 - 9520
.__-__________________________ ______________ __ _________________________ ___________________-_

Cientistas descobrem planeta gigante ‘que não deveria existir’

=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =


O planeta, semelhante a Júpiter, é extraordinariamente grande em comparação com sua estrela-mãe, desafiando as teorias da astrofísica existentes.
=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =

 Por Paul Rincon, BBC  

 Postado em 30 de setembro de 2019 às 14h15m  
Gipope-Marketing
Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais. — Foto: University of Bern
Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais. — Foto: University of Bern
Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais.

O planeta, semelhante a Júpiter, é extraordinariamente grande em comparação com sua estrela-mãe, contradizendo um conceito amplamente aceito sobre a forma como os planetas se formam.

A estrela, que fica a 284 trilhões de quilômetros de distância, é uma anã vermelha do tipo M – o mais comum em nossa galáxia.
Uma equipe internacional de astrônomos relatou suas descobertas na revista Science.
"É emocionante, porque há muito tempo nos perguntamos se planetas gigantes como Júpiter e Saturno podem se formar em torno de estrelas tão pequenas", diz Peter Wheatley, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, que não participou do estudo mais recente.
"Acho que a impressão geral foi de que esses planetas simplesmente não existiam, mas não podíamos ter certeza porque as estrelas pequenas são muito fracas, o que as torna difíceis de estudar, mesmo sendo muito mais comuns que estrelas como o Sol", disse Wheatley à BBC News.

Pesquisadores usaram telescópios na Espanha e nos Estados Unidos para rastrear as acelerações gravitacionais da estrela que podem ser estimuladas por planetas em órbita.
A anã vermelha tem uma massa maior que seu planeta em órbita – chamado GJ 3512b. Mas a diferença entre seus tamanhos é muito menor do que entre o Sol e Júpiter.
A estrela distante tem uma massa que é, no máximo, 270 vezes maior que o planeta. Para comparação, o Sol é cerca de 1.050 vezes mais massivo que Júpiter.
A estrela foi descoberta usando o observatório Calar Alto, na Espanha — Foto: Calar Alto Observatory
A estrela foi descoberta usando o observatório Calar Alto, na Espanha — Foto: Calar Alto Observatory

Os astrônomos usam simulações de computador para testar suas teorias de como os planetas se formam a partir das nuvens, ou "discos", de gás e poeira orbitando estrelas jovens. Essas simulações preveem que muitos planetas pequenos devem se reunir em torno de pequenas estrelas-anãs do tipo M.

"Em torno dessas estrelas só deve haver planetas do tamanho da Terra ou super-Terras um pouco mais massivas", disse um dos coautores do estudo, Christoph Mordasini, professor da Universidade de Berna, na Suíça.

Um exemplo da vida real de um sistema planetário que está de acordo com a teoria é o de uma estrela conhecida como Trappist-1.
Esta estrela, situada a 369 trilhões de quilômetros (39 anos-luz) do Sol, abriga um sistema de sete planetas, todos com massas aproximadamente iguais à da Terra, ou ligeiramente menores.

"A GJ 3512b, no entanto, é um planeta gigante com uma massa cerca da metade do tamanho de Júpiter e, portanto, pelo menos uma ordem de magnitude mais massiva que os planetas previstos pelos modelos teóricos para essa estrela tão pequena", disse o professor Mordasini.

A descoberta desafia a ideia amplamente difundida de formação de planetas, conhecida como acreção.

Geralmente pensamos em planetas gigantes que começam a vida como um núcleo de gelo, orbitando um disco de gás ao redor da estrela jovem e depois crescendo rapidamente, atraindo gás para si", disse Wheatley.

"Mas os autores argumentam que os discos ao redor de pequenas estrelas não fornecem material suficiente para que isso aconteça. Em vez disso, consideram mais provável que o planeta tenha se formado repentinamente quando parte do disco entrou em colapso devido a sua própria gravidade".

Os autores do artigo da Science propõem que esse colapso pode ocorrer quando o disco de gás e poeira tem mais de um décimo da massa da estrela-mãe. Sob essas condições, o efeito gravitacional da estrela se torna insuficiente para manter o disco estável.

A matéria do disco é puxada para dentro para formar um aglomerado gravitacional, que se desenvolve ao longo do tempo em um planeta. A ideia prevê que esse colapso ocorra mais longe da estrela, enquanto os planetas podem se formar por acúmulo de núcleo muito mais próximo.

Wheatley foi coautor de um estudo em 2017 que descreveu um gigante de gás chamado NGTS-1b, encontrado em telescópios liderados pelo Reino Unido no Chile. O NGTS-1b também é muito grande comparado ao tamanho de sua estrela-mãe - outra anã vermelha do tipo M, que fica a 600 anos-luz (cinco quatrilhões de quilômetros) de distância da Terra.

"A estrela-mãe é pequena, mas não tão pequena quanto este novo exemplo (GJ 3512). Pode ser que a NGTS-1 represente a menor estrela que pode formar planetas próximos por meio de acreção por núcleo, e que estrelas menores apenas formam planetas gigantes mais distantes pelo modelo de colapso gravitacional", disse Wheatley.

"Esses tipos de previsões são inestimáveis ​​para direcionar futuras pesquisas, permitindo testar esses modelos".

De fato, os autores do estudo na Science sugerem que o GJ 3512b deve ter migrado por uma longa distância para sua posição atual abaixo de 1 unidade astronômica (150 milhões de quilômetros).

Com sua órbita oval de 204 dias em torno da estrela, a GJ 3512b passa a maior parte do tempo mais perto da anã vermelha do que a distância de Mercúrio ao Sol. A órbita excêntrica do gigante gasoso aponta para a presença de outros planetas gigantes que orbitam mais longe, o que poderia ter distorcido sua órbita.

Um dos coautores do estudo, Hubert Klahr, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, afirmou: "Até agora, os únicos planetas cuja formação era compatível com as instabilidades do disco eram um punhado de planetas jovens, quentes e muito massivos, longe de suas estrelas-mães.

"Com o GJ 3512b, agora temos um candidato extraordinário para um planeta que poderia ter surgido da instabilidade de um disco em torno de uma estrela com muito pouca massa. Essa descoberta nos leva a revisar nossos modelos", diz Klahr.
Nasa registra destruição de estrela por buraco negro
Nasa registra destruição de estrela por buraco negro

      Post.N.\9.001  
                      <.-.-.-  Atendimento Personalizado com recepção Vip!  -.-.-.>
Gipope® - Gariba's ™ // Bar & Lanches. Logística & Solutions with Intelligence for 2.019

 Celular.-:) 075 - 99913 - 4248 -.- 98299 - 8117 -.- 98215 - 9520
.__-__________________________ ______________ __ _________________________ ___________________-_

domingo, 29 de setembro de 2019

Como a poluição em Manaus tem afetado chuvas e fotossíntese na Amazônia

=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =


Poluição emitida na capital do Amazonas altera a atmosfera da floresta e prejudica a formação de nuvens e a incidência de luz do sol na mata, aponta projeto de cientistas brasileiros, alemães e americanos.
=.=.=.= =---____---------   ---------____------------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------------______---------   -----------____---.=.=.=.= =

 Por BBC  

 Postado em 29 de setembro de 2019 às 17h00m  

Gipope-Marketing
The Amazon Tall Tower (ATTO), torre de mediação atmosférica em Manaus utilizada pelos cientistas do projeto GoAmazon — Foto: Jorge SaturnoThe Amazon Tall Tower (ATTO), torre de mediação atmosférica em Manaus utilizada pelos cientistas do projeto GoAmazon — Foto: Jorge Saturno

A poluição emitida no ar diariamente em Manaus tem alterado a composição química da atmosfera da floresta amazônica, modificando a formação de nuvens, a ocorrência de chuva, a incidência de luz solar na mata e o processo de fotossíntese da vegetação, atividades essenciais ao ecossistema da Amazônia.

A descoberta é de um grupo de pesquisadores brasileiros, alemães e americanos do GoAmazon 2014/2015, um projeto científico internacional que estuda como as mudanças promovidas pelo homem no meio urbano afetam a atmosfera limpa da região amazônica.

"Buscamos entender a transição que ocorreu entre as condições primitivas nos tempos pré-industriais para as condições atuais, impactadas pelas emissões urbanas", conta o professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), integrante do GoAmazon.

Em março, 36 cientistas do GoAmazon, entre eles oito brasileiros, publicaram artigo na revista Nature Communications explicando por que, apesar de ser uma das poucas regiões continentais que ainda conservam uma atmosfera limpa semelhante a situações pré-industriais, o ar da Amazônia tem apresentado elevados níveis de aerossóis secundários (SOA), gases atmosféricos altamente poluentes e tóxicos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

"Ao observar o entorno de Manaus, cidade cercada por 1.500 quilômetros de floresta pristina (virgem), constatamos que os ventos conseguem carregar e espalhar a poluição urbana metropolitana sobre centenas de quilômetros da Amazônia", explica Barbosa, que é um dos autores do artigo.

Uma vez em contato com o ar extremamente limpo da Amazônia, as partículas dos poluentes urbanos reagem com compostos orgânicos voláteis produzidos naturalmente pela floresta, formando altos níveis de aerossóis secundários.

"As emissões urbanas são compostas de poluentes gasosos e material particulado. Por meio de uma complexa química atmosférica, essas emissões influenciam a formação natural de aerossóis secundários na floresta, aumentando a quantidade de material particulado naquela atmosfera limpa", explica Barbosa.

Em outras palavras, ao sofrer interferência das emissões urbanas, a própria floresta, que já produzia naturalmente níveis baixos de aerossóis, passou a produzir altos níveis do aerossol secundário, modificando a composição química natural da sua atmosfera.

O aerossol secundário – formado por partículas que podem ser sólidas, líquidas ou gasosas – age para desequilibrar a formação de chuvas na região da mata. "Essas partículas têm impacto na convecção (quando um fluído, como a água ou o ar, é aquecido e seu tamanho é expandido), formação e desenvolvimento de nuvens", afirma Barbosa. Ele explica que, quanto maior a taxa desses aerossóis no ar, mais partículas ultrafinas vão compor as nuvens, o que dificulta a condensação do vapor d'água. Como resultado, demorará mais tempo para as chuvas se formarem.

Além dessa interferência, as partículas também participam do "balanço radiativo (troca de calor entre o planeta e a atmosfera) e da transmissão de radiação solar da atmosfera para as folhas", afirma Barbosa. Por isso, quanto mais partículas do aerossol secundário houver na atmosfera, mais difícil será para a luz do sol alcançar as camadas mais baixas da floresta. Tal fator diminui a quantidade de energia disponível para as folhas mais baixas, já que as plantas dependem da absorção da radiação solar para a fotossíntese.

O próximo passo do estudo do GoAmazon, programado para ocorrer em 2020, será entender em detalhes os efeitos desses aerossóis tóxicos para as florestas tropicais. Com isso, o grupo pretende aprofundar o entendimento da comunidade científica sobre o papel das florestas tropicais nas mudanças climáticas globais.

"Nosso estudo se aplica a outras regiões de florestas tropicais no mundo, existentes na África e Sudoeste da Ásia. Ou seja, os mesmos processos devem estar acontecendo em todas as florestas tropicais que sofrem influência de poluição produzida pela atividade humana", pontua Barbosa, se referindo a outras gigantes tropicais, Floresta do Congo, na África Central, e Floresta da Indonésia, na Ásia.

Laboratório a céu aberto
Fundada em 1669 no coração da floresta amazônica – em outubro a cidade fará 350 anos – Manaus passou por um intenso processo de urbanização e industrialização na década de 1960, com a criação da Zona Franca de Manaus, uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário.
Protesto em defesa da Amazônia em Manaus, em agosto deste ano — Foto: Alberto César AraújoProtesto em defesa da Amazônia em Manaus, em agosto deste ano — Foto: Alberto César Araújo

"Com a criação da Zona Franca, a população de Manaus passou a aumentar 40% a cada 10 anos desde a década de 1960. Hoje, a capital reúne mais de 2 milhões de habitantes e cerca de 710 mil veículos, um aumento da frota de 250% na última década", aponta Barbosa, citando dados do IBGE de 2019.

Atualmente, a zona franca manauara é um dos maiores polos industriais do Brasil, reunindo aproximadamente 600 indústrias, cercadas por importantes rios para a floresta, como o Rio Negro e o Rio Solimões, e por vegetação amazônica.

Apesar de parecerem números pequenos em relação a metrópoles como São Paulo, que tem 12 milhões de habitantes e uma frota de 7 milhões de veículos, Barbosa afirma que os efeitos da poluição urbana em Manaus podem ser mais perigosos ao meio ambiente, já que a cidade é uma das poucas, senão a única capital no mundo a estar isolada por uma densa floresta tropical em todas as suas direções.

"Manaus um laboratório a céu aberto", define o professor do IF-USP, afirmando que por menor que seja o aumento da emissão de poluentes na capital do Amazonas, o aumento de aerossóis secundários na floresta será sempre devastador.

"Quando afetada pela poluição urbana, a formação de aerossóis secundários dentro da Amazônia é muito maior do que o que foi observado na maioria dos locais em outras partes do mundo", exemplifica Barbosa, afirmando que a pluma urbana emitida em Manaus aumentou a taxa de produção de aerossóis secundários na floresta em até 400%.

Para se ter noção de como o ar em porções amazônicas que não sofrem interferência de poluentes urbanos é limpo, o meteorologista Glauber Cirino, professor do Programa de Pós-Graduação em Riscos e Desastres Naturais na Amazônia, da Universidade Federal do Pará, afirma que, durante o período chuvoso, a atmosfera na região é semelhante àquelas encontradas sobre oceanos remotos.

"As concentrações de partículas na Bacia Amazônica medidas durante a estação chuvosa estão entre as mais baixas encontradas em qualquer continente no mundo. Nessa época, o ar sobre a maior parte da região amazônica é limpo como o ar sobre o oceano aberto", compara Cirino.

Piora na estiagem
Em julho, as queimadas no estado do Amazonas atingiram níveis preocupantes: dos 1.699 focos de incêndios registrados no primeiro semestre do ano, 80% deles ocorreram em julho, segundo dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas.

No dia 2 de agosto, o governo estadual do Amazonas decretou estado de emergência na região metropolitana de Manaus por 180 dias em função das queimadas.

Naquele mesmo mês, os avós do estudante universitário manauara Ivan Santana, de 19 anos, se mudaram da capital por causa de problemas respiratórios agravados pelo ar poluído da região.

"Em 2018, meus avós vieram de Porto Velho (Rondônia) para Manaus por causa do trabalho e para ficar próximos da família", lembra Santana. "Logo que minha avó, que tem asma, chegou na cidade, começou a reclamar que o ar de Manaus era muito pesado".

O estudante conta que a doença respiratória da avó estava controlada antes da mudança. Porém, depois de algumas semanas morando em Manaus, as crises asmáticas voltaram a ocorrer. Em junho, quando começaram as queimadas na região, a avó passou a ter até duas crises por dia.

"Minha avó ligava em casa e dizia que se não se mudasse de Manaus, ela sentia que poderia morrer sem ar", lembra Santana.
Os aviões alemães G1 e G5 usados pelos cientistas do GoAmazon para estudar a atmosfera amazônica — Foto: Beat SchmidtOs aviões alemães G1 e G5 usados pelos cientistas do GoAmazon para estudar a atmosfera amazônica — Foto: Beat Schmidt

Nesse mesmo período, uma nuvem de fumaça vinda das queimadas começou a pairar sobre a cidade. "Essa fumaça aparece todo ano nesse período, mas até minha avó começar a sofrer com o problema, eu nunca tinha me atentado para o fato de como o ar da cidade é perigoso", afirma o estudante.

Em julho, no ápice das ocorrências de focos de incêndio no entorno de Manaus, os avós voltaram a morar em Porto Velho.

"A mudança aconteceu num momento insuportável de queimadas na região, mas minha avó reclamava do ar pesado na cidade muito antes do período de estiagem começar. Ou seja, temos um ar muito poluído o ano todo, e que fica insuportável nos meses das queimadas por causa da fumaça", comenta Santana.

Erickson Oliveira dos Santos, doutor em química ambiental pela Universidade Federal do Amazonas, explica que Manaus, por estar localizada em uma região de clima equatorial, não tem as quatro estações do ano, apresentando apenas duas situações climáticas: um período chuvoso, que vai de novembro a maio, e outro seco, entre julho e setembro. Em ambos, as temperaturas costumam ser elevadas. Tal característica piora a qualidade do ar na região.

"Sabemos que nos meses de estiagem, correspondente ao inverno, a poluição atmosférica da cidade piora consideravelmente por causa das queimadas na região, mas ainda não podemos mensurar a qualidade do ar de modo detalhado por falta de dados, uma vez que seria necessário fazer uma medição diária e durante todo o ano em Manaus", defende Santos, afirmando que, com um monitoramento diário do ar, o governo poderia emitir alertas à população e se preparar com antecedência para combater os problemas ocorridos durante a estiagem.

Assim como a cidade e a população, o meteorologista Cirino explica que o ecossistema da Amazônia também sofre com as queimadas na região metropolitana da capital, uma vez que as nuvens de fumaça carregadas pelos ventos alteram o ciclo hídrico da floresta.
Centro histórico de Manaus, capital construída no coração da Floresta Amazônica — Foto: SemcomCentro histórico de Manaus, capital construída no coração da Floresta Amazônica — Foto: Semcom

"Devido as neblinas de fumaça emitidas durante as queimadas na região, um número muito maior de gotículas pequenas demais para precipitar na forma de chuva foram encontradas na atmosfera da Amazônia. Tal fato aumenta o tempo de vida da nuvem e diminui a precipitação na floresta", descreve Cirino.

Já no período chuvoso, o meteorologista explica que as partículas geradas pelas queimadas florestais são removidas da atmosfera de forma relativamente rápida, "fazendo com que os focos de fogo deste período sejam praticamente irrelevantes para a atmosfera amazônica".

Energia 'suja'
Para os pesquisadores, não é correta a ideia de que o ar de Manaus é poluído somente na época da estiagem, em decorrência dos incêndios e queimadas florestais.

"Assim como em qualquer metrópole, a queima de combustíveis fósseis em Manaus é a principal fonte de poluição atmosférica", afirma Santos.

"Além das queimadas florestais durante a estiagem, a queima de combustíveis fósseis em Manaus está presente o ano todo nas emissões veicular, industrial e nas usinas termelétricas, distribuídas por todo o estado do Amazonas", completa o químico ambiental.

Segundo Barbosa, a produção de eletricidade por meio da queima de combustíveis fósseis é uma das maiores fontes de poluição atmosférica em Manaus.
Manaus fica às margens dos rios Negro e Solimões. A atmosfera na Bacia Amazônica, diferentemente da de Manaus, é uma das mais limpas do mundo — Foto: SemcomManaus fica às margens dos rios Negro e Solimões. A atmosfera na Bacia Amazônica, diferentemente da de Manaus, é uma das mais limpas do mundo — Foto: Semcom

"Cerca de 86% da eletricidade de Manaus é produzida em usinas termelétricas, que queimam óleo combustível, gás natural e óleo diesel para produzir energia", explica Barbosa.

Pesquisas do GoAmazon confirmaram que os principais gases emitidos em Manaus e que são responsáveis pelo aumento da produção de aerossóis secundários na Amazônia são justamente os óxidos de nitrogênio, gases poluentes emitidos pela combustão dos combustíveis fósseis.

"O impacto da produção de energia no estado do Amazonas não é pior porque, em 2009, começou a operar o gasoduto que liga Urucu a Manaus, em que o combustível principal deixou de ser o diesel para ser o gás natural", afirma o professor do IF-USP.

Soluções
Uma das soluções para amenizar os danos da poluição urbana de Manaus na floresta amazônica, segundo os pesquisadores, é investir em tecnologias limpas de transporte urbano e de produção de energia renováveis.
Infografia publicada na revista Nature Communications mostra os impactos das emissões em Manaus na atmosfera amazônica — Foto: SemcomInfografia publicada na revista Nature Communications mostra os impactos das emissões em Manaus na atmosfera amazônica — Foto: Semcom

De acordo com a tese de doutorado de 2018 desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), intitulada "Efeitos da mudança de combustíveis das usinas termelétricas de Manaus na qualidade do ar", cerca de 65% da produção de energia em Manaus se dá a partir do gás natural.

Antes da chegada do gás natural, o estudo mostrou que as termelétricas da região metropolitana manauara emitiam 16 toneladas de monóxido de carbono e 129 toneladas de óxidos de nitrogênio por dia. Com 65% da produção de energia a partir do gás natural, as emissões caíram para 12 toneladas de monóxido de carbono e 52 toneladas de óxidos de nitrogênico.

Se 100% da energia gerada em Manaus fosse substituída por gás natural, segundo os resultados do estudo, as emissões de óxidos de nitrogênio e gás carbônico diminuiriam em 89% e 55%, respectivamente. A mudança total para gás natural na matriz energética também reduziria as concentrações máximas de ozônio em mais de 70% nos dias mais poluídos, quando as concentrações desse gás são maiores.

      Post.N.\9.000  
                      <.-.-.-  Atendimento Personalizado com recepção Vip!  -.-.-.>
Gipope® - Gariba's ™ // Bar & Lanches. Logística & Solutions with Intelligence for 2.019

 Celular.-:) 075 - 99913 - 4248 -.- 98299 - 8117 -.- 98215 - 9520
.__-__________________________ ______________ __ _________________________ ___________________-_