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quarta-feira, 14 de junho de 2023

A impressionante foto que mudou a percepção mundial sobre a crise do plástico

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As fotos de filhotes de albatrozes mortos com plástico no estômago, tiradas por Chris Jordan em 2009, viralizaram e mudaram nossa reação à crise do plástico.
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TOPO
Por Anna Turns, BBC

Postado em 14 de junho de 2023 às 16h50m

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As fotos de filhotes de albatrozes mortos com plástico no estômago, tiradas por Chris Jordan em 2009, viralizaram e mudaram nossa reação à crise do plástico — Foto: CHRIS JORDAN
As fotos de filhotes de albatrozes mortos com plástico no estômago, tiradas por Chris Jordan em 2009, viralizaram e mudaram nossa reação à crise do plástico — Foto: CHRIS JORDAN

Quando o fotógrafo americano Chris Jordan pisou pela primeira vez no Atol de Midway – uma estreita faixa de terra no meio do Oceano Pacífico – em setembro de 2009, para documentar os "assustadores" níveis de lixo nos oceanos, ele não imaginava que a imagem marcante de um filhote de albatroz morto iria viralizar e mudar a reação do mundo à crise do plástico.

Depois de produzir algumas imagens de grandes pilhas de lixo, Jordan procurava uma forma diferente de destacar a escala do excesso de consumo do plástico.

Depois que soube de uma ilha a 2.100 km a noroeste de Honolulu, no Havaí, coberta por milhares de aves mortas, todas com seus estômagos cheios de produtos de plástico do dia a dia, como tampas de garrafas e escovas de dentes, ele diz que sentiu "imediatamente o impulso magnético de ir até lá".

Ele estava decidido a "encontrar uma forma de fotografar [essas aves] que comprovasse a profundidade daquela tragédia ambiental".

Jordan não foi o primeiro fotógrafo a capturar o impacto da crise do plástico sobre a população de albatrozes de Midway.

A primeira foto conhecida foi tirada por pesquisadores americanos em 1966 e publicada em 1969, segundo o biólogo Wayne Sentman, presidente do conselho da organização Friends of Midway Atoll ("Amigos do Atol de Midway").

A ingestão de plástico é provavelmente a causa dos "piores destinos" dos filhotes de albatroz.

Seus fragmentos podem perfurar a parede intestinal das aves ou causar desidratação. E os metais pesados e outras substâncias podem se dissolver em concentrações que podem ser mortais para as aves, segundo Sentman.

Jordan conhecia as fotos anteriores tiradas em Midway, mas tentou dar uma dimensão mais emocional às suas imagens. Ele compara a composição das fotografias das aves mortas com um "ritual fúnebre".

"Quando arrumamos objetos sagrados sobre um altar, fazemos de forma natural, com simetria e equilíbrio, e podemos passar muito tempo até que tudo se encaixe", explica Jordan.

Jordan não esperava que suas imagens viralizassem — Foto: GETTY IMAGES
Jordan não esperava que suas imagens viralizassem — Foto: GETTY IMAGES

Ele decidiu usar um difusor – um material branco estendido por uma moldura que dispersa a luz brilhante – para gerar uma iluminação mais suave "que ajuda a criar a sensação de uma fotografia um pouco mais profunda".

Quando Jordan voltou para Seattle, nos Estados Unidos, ele achou que havia encerrado seu projeto. "Eu me despedi da ilha e fui para casa, processei as imagens e as publiquei", ele conta.

Ele não esperava que suas imagens "viralizassem", muito antes da era das redes sociais. Suas fotos rapidamente começaram a aparecer em revistas e jornais de todo o mundo.

"Elas meio que apareceram em toda parte, todas de uma vez", relembra ele.

Dezenas de milhares de e-mails jorraram na sua caixa de entrada e ele precisou contratar um assistente em tempo integral, apenas para respondê-los.

"Muitas pessoas escreveram com reações traumáticas", ele conta.

"As pessoas queriam ir para Midway e salvar os albatrozes, mas o plástico não vem daquela ilha. É um problema sistêmico."

Um relatório recente do WWF prevê que a produção de plástico deve mais do que dobrar até 2040. Com isso, até 2050, os resíduos plásticos no oceano deverão quadruplicar.

A engenheira ambiental Jenna Jambeck, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, é especialista mundial em poluição por plástico.

Ela calcula que, em 2010, 8 milhões de toneladas de plástico entraram no oceano a partir de fontes terrestres. O peso corresponde a cerca de 650 mil ônibus de dois andares.

Jordan decidiu então voltar para Midway. Ele chegou em julho de 2010 a uma "cacofonia" de milhões de albatrozes dançando, cantando e se cumprimentando.

Jordan ficou encantado. "Aquela quantidade de pássaros é incrível", relembra ele.

"Imediatamente, o outro lado da história começou a se apresentar e o tema passou a ser o nome da ilha – ficar a meio caminho ['midway', em inglês] entre o horror e a beleza. Entre o inferno de ver o nosso plástico aparecendo daquela forma tão terrível no estômago daqueles filhotes de pássaros e o paraíso da ilha tropical que está sendo carinhosamente vigiada e protegida como santuário marinho, coberto por milhões daqueles seres que não têm medo dos seres humanos", ele conta.

Ao todo, Jordan visitou Midway oito vezes.

Ele também passou quatro anos produzindo seu documentário, Albatross, lançado em 2018 – apenas um ano depois de outros dois lançamentos fundamentais que também destacaram os impactos da poluição sobre a vida marinha: a série da BBC Planeta Azul 2, de David Attenborough, e o premiado Oceanos de Plástico, da Netflix, produzido pela cineasta Jo Ruxton.

Fazer com que as pessoas se identifiquem

Jo Ruxton é a fundadora da organização Ocean Generation, que trabalha pela conservação dos mares. Ela incluiu no seu filme uma sequência sobre os plásticos que ameaçam os albatrozes de Midway.

"O que faz com que as fotos de Jordan repercutam entre as pessoas é que elas reconhecem coisas que certamente poderiam ter jogado fora", afirma ela.

"Você pode ver pequenos fragmentos de plástico em criaturas pequenas como mexilhões, ostras e até zooplâncton – mas, quando você vê coisas que realmente usamos, que passaram pelas nossas mãos, as pessoas se identificam."

Ruxton segura um grande pote de vidro com objetos de plástico coloridos de uso diário – um cartucho de impressora, uma bola de golfe, uma escova de dentes, quatro isqueiros descartáveis. Todos esses objetos vieram dos estômagos de albatrozes.

"Isso atinge os corações e mentes das pessoas nas minhas palestras", ela conta. "Entender o oceano deveria estar no nosso DNA."

Jordan sabe que a fotografia colaborou com o aumento da consciência sobre a poluição causada pelo plástico.

"Houve enorme ativismo sobre os oceanos que foi despertado em todo o mundo de uma vez", relembra ele.

"ONGs limpando praias e [defendendo] legislação sobre o plástico, educação nas escolas, ações judiciais sobre a toxicidade. Ver aquilo foi espetacular."

Em maio de 2023, cientistas do Museu de História Natural de Londres identificaram a plasticose, uma nova doença das aves marítimas causada pela ingestão de plástico.

Ela prejudica o trato digestivo das aves marítimas, causando feridas. Nos casos graves, a doença gera infecções e parasitas, restringindo a capacidade de digerir eficientemente os alimentos.

"Não há dúvida de que as coisas estão melhorando – havia muito pouca legislação antes", afirma Ruxton.

Surgiram proibições para tudo, desde as microesferas de plástico nos cremes dentais até hastes flexíveis de algodão e sacolas plásticas, em vários países pelo mundo.

Em junho, 175 países deram continuidade às negociações com vistas à elaboração de um Tratado Global sobre o Plástico, com força de lei, até 2024.

Este novo acordo internacional irá definir uma abordagem muito mais abrangente e coordenada sobre a redução da poluição global pelo plástico, tomando medidas como a taxação do plástico novo e a proibição de todos os objetos de plástico descartáveis desnecessários.

Os países concordaram em criar uma primeira versão do tratado até novembro de 2023.

Mas, quando o assunto é encontrar soluções, Jordan ainda sente que algo está faltando. Ele acredita que o centro desta crise está na desconexão da sociedade entre as ações e seus impactos sobre o ambiente.

Para ele, enfrentar com sucesso a poluição causada pelo plástico passa por reconstruir uma forte relação com a natureza.

"Milhões estão despertando [mas] o mais estranho é que a grande maioria das pessoas que detêm o poder no nosso mundo, os presidentes e os chefes das empresas e grandes instituições, são os mais desconectados", afirma ele.

"Sempre que eu ficava com pássaros que estavam morrendo e em muitas das vezes em que estive com eles depois de mortos, as lágrimas simplesmente caíam", ele conta.

"O luto era incrivelmente intenso, até que, um dia, eu entendi – o motivo por que eu sentia tanto é porque eu os amo."

"Isso é o luto – uma experiência direta de amor por algo que estamos perdendo ou por algo que está sofrendo. Eu me liberei para sentir completamente. É uma passagem."

Jordan acredita que a conexão com a natureza e a consideração pura e simples pelo mundo à nossa volta, sem ficarmos à espera de que, um dia, as coisas melhorem, é o que realmente impulsiona as mudanças positivas.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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Como o fenômeno El Niño vai afetar a economia mundial

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Os cientistas anunciaram o início de efeitos potencialmente extremos do El Niño em junho de 2023. Que consequências isso pode ter em nossas vidas?
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Por Isabelle Gerretsen, BBC

Postado em 14 de junho de 2023 às 09h10m

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El Niño normalmente leva a chuvas e inundações em parte do litoral dos EUA — Foto: GETTY IMAGES
El Niño normalmente leva a chuvas e inundações em parte do litoral dos EUA — Foto: GETTY IMAGES

Uma enorme quantidade de água quente vem se movimentando lentamente através da zona tropical do Oceano Pacífico, em direção à América do Sul.

Este movimento de água e calor deu início a um fenômeno climático que irá trazer mudanças acentuadas dos padrões climáticos em todo o mundo nos próximos meses.

Os climatologistas recentemente anunciaram que o fenômeno climático El Niño já se formou e irá se fortalecer até o final do ano e durante os primeiros meses de 2024.

Eles alertam que existem grandes possibilidades de que o El Niño seja particularmente forte este ano. E, se as previsões se confirmarem, os impactos podem ser significativos.

Os cientistas já alertaram que, com o aumento das emissões de carbono e o forte El Niño deste ano, existe 66% de possibilidade de que o planeta ultrapasse o limite de aquecimento global de 1,5° C em pelo menos um ano, até 2027.

Mas o fenômeno pode também trazer padrões meteorológicos extremos e perigosos, como fortes chuvas e enchentes, em partes dos Estados Unidos e em outros países, no final deste ano e no início do ano que vem.

Prejuízos trilionários

El Niño e La Niña são fenômenos de ocorrência natural que alteram os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante o El Niño, as temperaturas da superfície do Oceano Pacífico são mais altas do que o normal. E La Niña é o seu oposto mais frio, em que as temperaturas do oceano estão abaixo do padrão.

"Nossa previsão é que o El Niño continue até o inverno [no hemisfério norte – verão no hemisfério sul] e a probabilidade de que ele se torne um forte evento ao atingir seu pico é bastante alta, de 56%. A possibilidade de um evento pelo menos moderado é de cerca de 84%", segundo Emily Becker, diretora do Instituto Cooperativo de Estudos Marinhos e Atmosféricos da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, no blog da Administração Nacional Atmosférica e Oceânica (NOAA, na sigla em inglês) americana.

E os efeitos podem também reverberar por algum tempo no futuro. Um estudo recente de pesquisadores do Dartmouth College em Hanover, no Estado americano de New Hampshire, estima que o El Niño que se inicia em 2023 pode custar até US$ 3,4 trilhões (cerca de R$ 16,6 trilhões) para a economia global nos próximos cinco anos.

Pesquisadores também afirmam que, após dois eventos poderosos recentes do El Niño, em 1982-83 e 1997-98, o PIB dos Estados Unidos foi 3% menor do que o esperado meia década depois. Se um evento com magnitude similar acontecesse agora, o custo calculado para a economia americana seria de US$ 699 bilhões (cerca de R$ 3,4 trilhões).

É preciso observar que países tropicais costeiros, como a Indonésia e o Peru, sofreram queda de 10% do PIB após os mesmos fenômenos, segundo os pesquisadores. Eles projetam que as perdas econômicas globais neste século somarão US$ 84 trilhões (cerca de R$ 410 trilhões), com as mudanças climáticas aumentando a frequência e a potência do El Niño.

"O El Niño não é apenas um choque do qual a economia se recupera imediatamente", afirma Justin Mankin, professor de geografia do Dartmouth College e um dos autores do estudo.

"O nosso estudo demonstra que a produtividade econômica após o El Niño é reduzida por muito mais tempo do que simplesmente o ano após o fenômeno."

"Quando falamos em El Niño aqui nos Estados Unidos, significa que o tipo de impactos que iremos ver, como enchentes e deslizamentos, normalmente não tem cobertura de seguro na maioria das empresas e residências", segundo Mankin. Na Califórnia, por exemplo, 98% dos proprietários de casas não têm seguro contra enchentes.

Outros impactos econômicos nos Estados Unidos podem incluir danos à infraestrutura causados por enchentes – que causariam interrupções das cadeias de abastecimento – e queda das colheitas, causada por enchentes ou seca, diz Mankin.

Desastres e doenças

As pessoas nos Estados Unidos devem se preparar para um inverno especialmente desastroso este ano, se houver a chegada do El Niño?

Não necessariamente. O El Niño pode causar períodos de fenômenos climáticos extremos na América do Norte, mas nem sempre é o que acontece.

Durante o El Niño, os ventos que, normalmente, empurram a água mais quente do Oceano Pacífico para o extremo oeste se enfraquecem.

Isso permite que a água aquecida retorne para o leste e se espalhe por uma área maior do oceano.

Este fenômeno aumenta a concentração de umidade no ar acima do oceano mais quente, o que altera a circulação de ar na atmosfera em todo o mundo.

Nestas condições, o Canadá e o norte dos Estados Unidos tipicamente têm clima mais quente e seco do que o normal, enquanto os Estados do sul e o litoral do Golfo do México tendem a ter condições mais úmidas, segundo David DeWitt, diretor do Centro de Previsões Climáticas do NOAA.

Os deslizamentos têm efeitos profundos na produtividade em países afetados pelo El Niño — Foto: GETTY IMAGES
Os deslizamentos têm efeitos profundos na produtividade em países afetados pelo El Niño — Foto: GETTY IMAGES

"O El Niño tende a aumentar a probabilidade de precipitação acima do normal em um terço dos Estados Unidos, ao sul, segundo ele.

O fenômeno também costuma reduzir o número de furacões no Oceano Atlântico, mas pode gerar mais furacões no Pacífico, na costa oeste dos Estados Unidos. Todos esses efeitos dependem, em grande parte, da potência do El Niño responsável pelas mudanças.

O sul dos Estados Unidos é a região mais propensa a sofrer impactos severos, incluindo fortes chuvas e possíveis inundações repentinas, segundo DeWitt.

Estes fenômenos se seguiriam aos vários anos de seca ocorridos após três anos consecutivos de La Niña.

"O que frequentemente acontece [durante o El Niño] é que, quando a chuva vem, ela vem com muita rapidez", explica DeWitt.

"Isso pode causar deslizamentos de terra na Califórnia e em outros lugares onde tenham ocorrido incêndios florestais, o que pode causar grande devastação."

Os deslizamentos ocorrem porque a terra queimada retém menos quantidade de água, que pode escoar perigosamente.

Os fortes eventos causados pelo El Niño em 1997-98 e 2015-16, por exemplo, incluíram enchentes e deslizamentos na Califórnia. E a estação de 1997-98 também foi associada a outros eventos extremos incomuns em outras partes dos Estados Unidos, como fortes tempestades de gelo na Nova Inglaterra (nordeste do país) e tornados mortais na Flórida.

Mas as mudanças dos padrões climáticos causadas pelo El Niño também trazem outros problemas. Doenças infecciosas, por exemplo, podem ter maior incidência em áreas onde as condições favorecem a proliferação de insetos e outras pragas transmissoras.

Um estudo sobre o fenômeno El Niño ocorrido em 2015-16 concluiu que os surtos de doenças foram 2,5% a 28% mais intensos.

Na Califórnia, houve aumentos dos casos de infecção pelo vírus do Nilo Ocidental, transmitido por mosquitos.

Já Novo México, Arizona, Colorado, Utah e o Texas observaram aumento dos surtos de síndrome pulmonar por hantavírus, que é principalmente transmitido por roedores.

Houve até aumento do número de casos de peste em seres humanos – embora ainda sejam poucos – no oeste e sudoeste dos Estados Unidos.

'Cada 0,1° C importa'

Durante o El Niño, muito calor e umidade são transportados dos trópicos em direção aos polos.

"Quando você aumenta a umidade em latitudes maiores, ela captura mais radiação infravermelha térmica, o que gera aquecimento", explica DeWitt. "É isso o que chamamos de efeito estufa."

Mesmo que seja temporária, a violação do limite de 1,5° C prevista pela Organização Meteorológica Mundial devido ao aumento das emissões e ao El Niño deste ano pode gerar amplo sofrimento humano em todo o mundo.

Um estudo recente da Universidade de Exeter, no Reino Unido, concluiu que a limitação por longo prazo do aquecimento global a 1,5° C poderá salvar bilhões de pessoas da exposição a níveis perigosos de calor (temperatura média de 29° C ou mais).

As políticas atuais foram projetadas para causar o aquecimento global de 2,7° C no final do século. Os autores do estudo advertem que este índice pode deixar dois bilhões de pessoas expostas a níveis perigosos de calor em todo o mundo.

Limitar o aquecimento a 1,5° C faria com que cinco vezes menos pessoas vivessem em ambientes com níveis perigosos de calor.

A limitação também ajudaria a evitar a migração climática e consequências prejudiciais à saúde, incluindo perda de gravidez e prejuízos às funções cerebrais, segundo Tim Lenton, diretor do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter e um dos autores do estudo.

Existem preocupações de que, se as emissões de carbono continuarem a aumentar, ocorrências futuras do El Niño podem elevar as temperaturas globais acima do limite de 1,5° C com frequência cada vez maior.

"Cada 0,1° C realmente importa", afirma Lenton. "Cada 0,1° C de aquecimento que pudermos evitar, segundo nossos cálculos, evita que 140 milhões de pessoas sejam expostas a calor em níveis sem precedentes e aos danos que podem sobrevir."

"Com isso, evitamos o perigo para centenas de milhões de pessoas e este deveria ser um imenso incentivo para trabalharmos mais intensamente para reduzir as emissões a zero", conclui Lenton.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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