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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Inseto comedor de plástico é descoberto no Quênia

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Neste artigo, a cientista sênior do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos analisa como a larva-da-farinha poderia desempenhar um papel na redução natural de resíduos.
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TOPO
Por Fathiya Khamis

Postado em 14 de novembro de 2024 às 13h35m

#.* Post. - Nº.\  11.403 *.#

Larva-da-farinha queniana — Foto: Fathiya Khamis via The Conversation Brasil
Larva-da-farinha queniana — Foto: Fathiya Khamis via The Conversation Brasil

Uma nova descoberta emocionante na luta contra a poluição: larvas de tenébrios (também conhecidos como larvas-da-farinha) são capazes de consumir isopor. Elas se juntam a um pequeno grupo de insetos considerados capazes de decompor esse tipo de plástico poluente, e são a primeira espécie de inseto nativa da África comprovadamente capaz de fazer isso.

O poliestireno, comumente conhecido como isopor, é um material plástico muito utilizado em embalagens alimentícias, eletrônicas e industriais. É difícil de quebrar e, portanto, durável. Os métodos tradicionais de reciclagem – como o processamento químico e térmico – são caros, e podem criar poluentes. Esta foi uma das razões pelas quais queríamos explorar métodos biológicos de gestão desses resíduos.

Faço parte de uma equipe de cientistas do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetosque descobriuque as larvas-da-farinha achadas no Quênia podem mastigar poliestireno e hospedar bactérias em seus intestinos que ajudam a decompor o material.

O tenébrio é a forma larval do besouro escuro Alphitobius. O período larval dura entre 8 e 10 semanas. A larva-da-farinha é encontrada principalmente em galpões de criação de aves, que são quentes e podem oferecer um suprimento constante de alimentos – condições ideais para seu crescimento e reprodução.

'Células zumbi' estão por trás do envelhecimento e da vitalidade

Embora se acredite que as larvas-da-farinha tenham se originado na África, elas podem ser encontradas em muitos países ao redor do mundo. A espécie que identificamos em nosso estudo, entretanto, poderia ser uma subespécie do gênero Alphitobius. Estamos conduzindo investigações adicionais para confirmar essa possibilidade.

Nosso estudo também examinou as bactérias intestinais do inseto. Queríamos identificar as comunidades bacterianas que podem apoiar o processo de degradação do plástico.

Os níveis de poluição por plástico estão criticamente elevados em alguns países africanos. Embora os resíduos plásticos sejam uma questão ambiental importante a nível mundial, África enfrenta um desafio particular devido à elevada importação de produtos plásticos, à baixa reutilização e à falta de reciclagem destes produtos.

Ao estudar estes “comedores de plástico” naturais, esperamos criar novas ferramentas que ajudem a eliminar os resíduos de plástico de forma mais rápida e eficiente. Em vez de liberar um grande número destes insetos em locais de lixo (o que não é prático), podemos utilizar os micróbios e enzimas que eles produzem em fábricas, aterros sanitários e locais de limpeza. Isto significa que os resíduos plásticos podem ser tratados de uma forma que seja mais fácil de gerir em grande escala.

Principais descobertas

Realizamos um teste que durou mais de um mês. As larvas foram alimentadas apenas com poliestireno, apenas com farelo (um alimento rico em nutrientes) ou com uma combinação de poliestireno e farelo.

Descobrimos que as larvas-da-farinha alimentadas com dieta de farelo de poliestireno sobreviveram em taxas mais altas do que aquelas alimentadas apenas com poliestireno. Descobrimos também que consumiam poliestireno de forma mais eficiente do que aqueles que seguiam uma dieta apenas com poliestireno. Isto destaca os benefícios de garantir que os insetos ainda tenham uma dieta rica em nutrientes.

Embora a dieta apenas com poliestireno tenha apoiado a sobrevivência das larvas-da-farinha, elas não tinham nutrição suficiente para torná-las eficientes na decomposição do poliestireno. Esta descoberta reforçou a importância de uma dieta equilibrada para que os insetos consumam e degradem o plástico de forma otimizada. Os insetos podem estar comendo o poliestireno porque ele é composto principalmente de carbono e hidrogênio, o que pode fornecer energia.

As larvas-da-farinha na dieta com farelo de poliestireno foram capazes de quebrar aproximadamente 11,7% do poliestireno total durante o período dos testes.

Bactérias intestinais

A análise do intestino da larva-da-farinha revelou mudanças significativas na composição bacteriana dependendo da dieta. Compreender estas mudanças na composição bacteriana é crucial porque revela quais os micróbios que estão ativamente envolvidos na degradação do plástico. Isto nos ajudará a isolar as bactérias e enzimas específicas, que podem ser aproveitadas para os esforços de degradação do plástico.

Descobriu-se que os intestinos das larvas alimentadas com poliestireno contêm níveis mais elevados de Proteobacteria e Firmicutes, bactérias que podem se adaptar a vários ambientes e decompor uma ampla gama de substâncias complexas. Bactérias como Kluyvera, Lactococcus, Citrobacter e Klebsiella também foram particularmente abundantes, e são conhecidas por produzirem enzimas capazes de digerir plásticos sintéticos. As bactérias não serão prejudiciais ao inseto ou ao meio ambiente quando usadas em grande escala.

A abundância de bactérias indica que elas desempenham um papel crucial na decomposição do plástico. Isso pode significar que as larvas de farinha podem não ter a capacidade natural de comer plástico. Em vez disso, quando começam a comer plástico, as bactérias nos seus intestinos podem mudar para ajudar a decompô-lo. Assim, os micróbios no estômago das larvas-da-farinha podem se ajustar a dietas incomuns.

Estas descobertas apoiam a nossa hipótese de que o intestino de certos insetos pode permitir a degradação do plástico. Isto provavelmente ocorre porque as bactérias no intestino podem produzir enzimas que decompõem os polímeros plásticos.

Isto levanta a possibilidade de isolar estas bactérias, e as enzimas produzidas, para criar soluções microbianas que irão tratar os resíduos plásticos em maior escala.

O que vem a seguir

Certas espécies de insetos, como a larva-da-farinha amarela (Tenebrio molitor) e os super-vermes (Zophobas morio), já demonstraram capacidade de consumir plásticos. Eles são capazes de decompor materiais como o poliestireno com a ajuda de bactérias no intestino.

A nossa investigação é única porque se concentra em espécies de insetos nativas de África, que não foram extensivamente estudadas no contexto da degradação do plástico.

Este enfoque regional é importante porque os insetos e as condições ambientais em África podem diferir daqueles de outras partes do mundo, oferecendo potencialmente novas perspectivas e soluções práticas para a poluição plástica em ambientes africanos.

A capacidade da larva-da-farinha queniana de consumir poliestireno sugere que esta poderia desempenhar um papel na redução natural de resíduos, especialmente para tipos de plástico que são resistentes aos métodos convencionais de reciclagem.

Estudos futuros poderiam se concentrar no isolamento e identificação de cepas bacterianas específicas envolvidas na degradação do poliestireno e no exame de suas enzimas.

Esperamos descobrir se as enzimas podem ser produzidas em escala para a reciclagem de resíduos.

Além disso, podemos explorar outros tipos de plásticos para testar a versatilidade deste inseto para aplicações mais amplas de gestão de resíduos.

Aumentar a utilização de larvas-da-farinha menores para a degradação do plástico também exigiria estratégias para garantir a saúde dos insetos durante o consumo prolongado de plástico, bem como avaliar a segurança da biomassa de insetos resultante para a alimentação animal.

Fathiya Khamis é cientista sênior do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos

** Este texto foi publicado originalmente no site do The Conversation Brasil.

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Censo: Brasil perdeu 4 milhões de pessoas na zona rural e ganhou 16 milhões nas áreas urbanas em 12 anos

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Segundo o IBGE, migração e mudanças na taxa de fecundidade em cada uma dessas áreas ajudam a explicar o movimento. Centro-Oeste registra o maior crescimento urbano.
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Por Judite Cypreste, g1

Postado em 14 de novembro de 2024 às 11h00m

#.* Post. - Nº.\  11.402 *.#

O Brasil perdeu 4,3 milhões de moradores na zona rural e ganhou 16,6 milhões nas áreas urbanas nos últimos 12 anos, mostram dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (14).

Segundo os dados, dos 203 milhões de brasileiros:

  • 117,5 milhões moram em áreas urbanas, o que representa 87,4% da população (eram 84,6% em 2010).
  • 25,5 milhões vivem nas áreas rurais, o que corresponde a 14,3% da população (eram 15,6%).

O ritmo de redução da população nas áreas rurais, que havia diminuído entre 2000 e 2010, acelerou de 2010 para 2022: a queda foi de 1,28%, ante 0,65% no intervalo anterior.

Além disso, todas as regiões registraram queda na população rural.

Segundo especialistas do IBGE, fatores como a migração, mudanças nas taxas de fecundidade (número de filhos por mulher) e o aperfeiçoamento do sistema de coleta de dados do Censo podem explicar essa mudança.

Centro-Oeste tem maior crescimento nas áreas urbanas

O crescimento da população nas áreas urbanas foi maior no Centro-Oeste, com aumento de 19%, que também passou a perder moradores na área rural — queda de 10,5%. O intervalo anterior havia registrado aumento de 2%.

O Centro-Oeste foi a região que registrou o maior aumento populacional do Brasil nos últimos 12 anos, avançando 1,23%, enquanto a população do país cresceu 0,52% no mesmo período.

Entre os estados, Pará, Maranhão, Sergipe e Alagoas foram os que tiveram os maiores crescimentos da população urbana. Apenas duas unidades da federação tiveram queda: Amapá e Distrito Federal.

São Paulo e Manaus são as cidades que mais ganharam população urbana

Entre os municípios, São Paulo foi o que apresentou o maior crescimento urbano — a cidade ganhou 282 mil moradores nas áreas urbanas em 12 anos, e perdeu 83 mil nas rurais.

Manaus vem a seguir: teve aumento de 250 mil na população urbana em 12 anos. A capital do Amazonas, que saltou de 1,8 para 2 milhões de habitantes nesse período, é, junto com Belém, uma das duas únicas cidades a ter mais da metade da população vivendo em favelas.

Munícipios com maior crescimento da população urbana

Ranking Município População Urbana (2010) População Urbana (2022) Variação Absoluta da População Urbana População Rural (2010) População Rural (2022) Variação Absoluta da População Rural
São Paulo 11.152.344 11.434.786 282.442 101.159 17.213 -83.946
Manaus 1.792.881 2.043.677 250.796 9.133 20.012 10.879
São José de Ribamar 37.709 240.840 203.131 125.336 3.739 -121.597
Goiânia 1.297.076 1.435.186 138.110 4.925 2.180 -2.745
Sorocaba 580.655 718.444 137.789 5.970 5.238 -732
Petrolina 219.215 349.477 130.262 74.747 37.314 -37.433
Florianópolis 412.646 511.536 98.890 8.594 9.717 1.123
Boa Vista 277.799 402.169 124.370 6.514 11.317 4.803
Parauapebas 138.690 258.225 119.535 15.218 9.611 -5.607
10º Uberlândia 587.266 703.198 115.932 16.747 10.026 -6.721


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