Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Essa espécie vive em grandes cidades, suas carapaças suportam 900 vezes o peso total do inseto e são imunes à maioria dos inseticidas. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Deutsche Welle Postado em 26 de maio de 2024 às 17h40m #.*Post. - N.\ 11.212*.#
Barata-germânica, conhecida como baratinha, vive nas grandes cidades — Foto: Creative Commons
Presente onde os humanos estão, vetor de doenças e difícil de matar,
"Blattella germanica" é a espécie de barata mais comum. Apesar do nome,
sua origem era controversa.
Um novo estudo esclarece esse mistério de 250 anos. Que as baratas são
criaturas nojentas, é praticamente consenso universal. Menos
reconhecidos são seus "superpoderes": extremamente velozes, elas
conseguem se achatar totalmente para passar por uma brecha e, além das
garras usuais nos insetos, têm patas dotadas de órgãos adesivos que
permitem escalar até mesmo superfícies verticais mais lisas.
Acima de tudo, porém, apresentam resiliência extraordinária: suas
carapaças suportam 900 vezes o peso total do inseto, tornando quase
impossível esmagá-las. Para completar, são imunes à maioria dos
inseticidas.
Isso é um grande problema, pois baratas podem transmitir um grande
número de bactérias, vírus e fungos, desencadeando alergias, disenteria,
enterite, hepatite A, antraz, salmonelose, tuberculose, entre outras
doenças. Nos estábulos, são vetores da febre aftosa.
Fato também pouco conhecido é que a espécie mais bem-sucedida é a
barata-alemã (Blattella germanica), difundida – e detestada – em todos
os continentes. Medindo até dois centímetros de comprimento, o animal
noturno gosta de ambientes úmidos e habita todo tipo de edifícios, no
mundo inteiro. Na natureza, por outro lado, é raro encontrá-la: ela é
mesmo uma espécie de "melhor inimiga do homem".
Existe cheiro de barata? Veja o que dizem especialistas
A espécie foi descrita pela primeira vez pelo naturalista sueco Carl
von Linné, em 1776, portanto pouco depois da Guerra dos Sete Anos,
quando a metade da Europa Central estava em ruínas e reinava grande
miséria.
Apesar do nome barata-alemã (ou germânica, ou francesa, ou baratinha), a
origem da onipresente espécie não estava totalmente esclarecida. Agora
coube à equipe liderada por Qian Tang, da Universidade Nacional de
Cingapura, resolver esse mistério entomológico de quase 250 anos,
reconstruindo a trajetória do inseto marrom pelo tempo e o espaço. Para
tal, examinou-se o material genético de 281 baratas originárias de 17
países em cinco continentes.
A conclusão foi que a barata-alemã se desenvolveu cerca de 2.100 anos
atrás, a partir da barata-asiática (Blattella asahinai), a qual se
adaptara aos assentamentos humanos da Índia ou de Mianmar. Até hoje,
ambas as espécies se assemelham muito.
Nos séculos seguintes, a variante "germânica" se propagou em direção ao
ocidente a partir de duas rotas distintas: 1.200 anos atrás, aproveitou
a expansão econômica e militar do islã; e há cerca de 400 anos, seguiu
os rastros do colonialismo europeu, especialmente britânico e holandês.
Contudo, até o início do século 18, o habitat principal da
barata-germânica ainda se restringia à Ásia. Isso só mudou na segunda
metade, ou seja, na época em que von Linné descreveu o inseto.
Nas regiões mais quentes do Brasil, ela compete nas casas com a temida
barata-americana (Periplaneta americana): medindo até cinco centímetros,
essa espécie é dotada de asas, sendo também chamada barata-voadora. O
nome alternativo barata-de-esgoto acrescenta mais uma camada de asco à
reputação da espécie.
Flexibilidade genética a serviço da sobrevivência
A campanha triunfal da "Blattella germanica" se acelerou com o advento
do comércio mundial de longa distância, com suas vias de transporte cada
vez mais eficientes e, portanto, mais rápidas, registra a equipe de
Qian Tang na revista científica PNAS, da Academia Nacional de Ciências
dos EUA.
Lá pelo fim do século 19 e início do 20, ela havia conquistado o resto
do mundo: apesar de sensível ao frio, as casas com calefação e
tubulações lhe garantiam condições de vida ideais.
"A ascensão da civilização humana desencadeou a evolução e disseminação
de espécies adaptadas aos ambientes urbanos", confirma o estudo de
Cingapura. A única coisa que os animais de sangue frio não suportam é
secura: nas residências modernas, sem cantos úmidos, elas logo morrem de
sede.
Um outro fator, contudo, garantiu o extraordinário sucesso da
barata-alemã em povoar o mundo: em comparação com outras, ela apresenta
resistência fora do comum a inseticidas. As substâncias químicas pouco
efeito têm contra elas, pois as mais resistentes já transmitem a
imunidade à geração seguinte, em seus genes.
Como cada fêmea consegue produzir até 400 ovos em seus três meses de
vida média, esse processo é extremamente veloz: no prazo de poucos
meses, umas poucas baratas-alemãs sobreviventes são capazes de
reconstituir populações respeitáveis.
Para Kongjian Yu, a resposta está em parar de 'lutar contra a água' e investir em soluções duradouras e baseadas na natureza. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Julia Braun 26/05/2024 04h01 Atualizado há 02 horas Postado em 226 de maio de 2024 às 06h00m #.*Post. - N.\ 11.211*.#
O Parque Sanya Mangrove em Hainan, na China, foi um dos projetados pela equipe de Kongjian Yu. — Foto: Turenscape
Eventos atmosféricos extremos com períodos prolongados de fortes chuvas e inundações, como as ocorridas no Rio Grande do Sul nas últimas semanas, se tornarão cada vez mais comuns e intensos, segundo os cientistas.
Mas o que as cidades podem fazer para evitar ou mitigar esse tipo de tragédia?
Para o criador do conceito de cidades-esponja, o arquiteto chinês Kongjian Yu, a resposta está em parar de "lutar contra a água" e investir em soluções duradouras e baseadas na natureza.
"Temos uma escolha a fazer: investir em grandes barragens e diques que
estão fadados a fracassar ou apostar em algo que é duradouro,
sustentável e ainda bonito e produtivo", questionou o decano da
faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Universidade de Pequim em
entrevista à BBC News Brasil.
Para Yu, as soluções tradicionaisbaseadas em barragens de cimento e tubulações impermeáveis já se mostraramincapazes de acompanhar os efeitos das mudanças climáticas, já que as chuvas são cada vez mais intensas e o nível da água de rios e mares não para de subir.
Como alternativa, o arquiteto propõe adotar uma infraestrutura verde,
baseada em um balanço hídrico artificial que seja o mais parecido
possível com o natural e dê espaço e tempo para que a água seja
absorvida pelo solo.
Em outras palavras, criar espaços e infraestruturas capazes de absorver, reter e liberar a chuva de forma que ela retorne ao ciclo natural da água sem causar estragos.
O conceito já foi aplicado pela equipe de Yu em diversas cidades na
China e também na Tailândia, Indonésia e Rússia — e por outros
arquitetos em todo o mundo.
Segundo o chinês, ele pode ser reproduzido em qualquer lugar, inclusive no Brasil.
"Funciona em qualquer lugar. As cidades-esponja são uma solução para climas extremos, onde quer que eles estejam", diz.
"E o Brasil pode se dar muito bem com elas, porque tem muitas áreas naturais, o que dá mais espaço para a água escoar."
De acordo com o arquiteto, além de impedir inundações, o modelo também
pode ser útil durante os períodos de seca, já que a água armazenada pode
ser utilizada para irrigação e para manter as árvores e plantas da
cidade em boas condições.
🌧️Além das fortes chuvas, períodos mais prolongados de seca também são efeitos das mudanças climáticas.
Antes de sofrerem com as inundações, muitos produtores gaúchos já
haviam sido castigados pela falta de água no ano safra de 2021/22.
Mas para que o conceito das cidades-esponja funcione, ele deve se basear em três grandes estratégias, segundo Kongjian Yu.
Kongjian Yu já ganhou diversos prêmios internacionais por seus projetos. — Foto: Turenscape
Contenção da água
O primeiro princípio adotado nos projetos do chinês é reter a água assim que ela toca o solo. Segundo Yu, isso pode ser alcançado por meio de grandes áreas permeáveis e porosas, não pavimentadas.
Da mesma forma que uma esponja com muitos orifícios, a cidade deve
conter a chuva com lagos artificiais e áreas de açude alimentados
naturalmente ou por canos que ajudam a escoar a água de rios e represas.
Telhados e fachadas verdes, assim como valas com áreas verdes com
camadas de solo permeáveis por baixo também são usadas para esse
propósito.
Kongjian Yu explica que, em áreas cultiváveis, reservar 20% do terreno para operar como um sistema de açude
é suficiente para impedir que o restante do lote seja inundado. Essa
área pode ainda ser adaptada para colheitas resistentes à umidade e para
posteriormente abastecer o restante das plantações em épocas de seca.
Apesar de ser algo recente, a base teórica na qual as cidades-esponja
resgata as antigas tradições chinesas da agricultura e da gestão da
água.
"Temos
que aprender com a aquacultura como fazer essa terra fértil, quais
culturas podem sobreviver e usar essas áreas para isso", diz. "O arroz é
um exemplo de uma plantação que pode funcionar."
Redução da velocidade
Em seguida, o arquiteto aconselha pensar no manejo da água coletada. Isto é, desacelerar o fluxo d'água.
Em vez de tentar canalizar a água rapidamente para longe em linhas
retas, rios tortuosos com vegetação ou várzeas reduzem a velocidade da
água.
Eles oferecem mais um benefício, que é a criação de áreas verdes,
parques e habitats para animais, purificando a água escoada na
superfície com plantas que removem toxinas poluentes e nutrientes.
Yu conta que se interessou pelo tema da urbanização e da contenção das
águas após vivenciar uma experiência com inundações durante a infância.
Na época com apenas 10 anos, o chinês vivia em uma fazenda na Província
de Zhejiang, perto de Hangzhou. Durante um período de fortes chuvas, o
córrego da região inundou os campos de arroz da comunidade agrícola e Yu
foi pego pelas águas, carregado pela enchente.
Mas as plantas, troncos e salgueiros ao longo do córrego reduziram a
velocidade do fluxo do rio, permitindo que ele se agarrasse à vegetação e
saísse das águas.
"Se o rio fosse como muitos são hoje, nivelados com paredes de concreto, certamente eu teria me afogado", contou Yu à BBC.
As técnicas usadas pelo arquiteto em seus projetos atuam da mesma forma
que a vegetação no córrego na fazenda de Yu, desacelerando a água.
O rio Wujiang em Zhejiang, a Província natal de Yu, foi recentemente remodelado. — Foto: Turenscape
Escoamento e absorção
A terceira estratégia é adaptar as cidades para que elas tenham áreas alagáveis, para onde a água possa escorrer sem causar destruição.
"Em
vez de construir barragens e ir acumulando a água em áreas de cimento,
precisamos nos adaptar à água, deixa a cidade lidar com a água de forma
saudável", diz Yu.
A principal forma de fazer isso é criar grandes estruturas naturais
alagáveis para que a água possa ser contida por um tempo e, depois,
absorvida pelo lençol freático.
Yu defende que essas áreas alagáveis permaneçam desocupadas, evitando-se construções nas áreas baixas.
Nos casos de infiltração, podem ser feitas caixas infiltrantes, que facilitam a entrada da água no solo.
Algumas cidades usam "jardins de chuva" que armazenam o excesso de
chuva em tanques subterrâneos e túneis. A água só é descartada nos rios
depois que os níveis diminuem.
Plantas que absorvem água também podem ser usadas para dar conta do alto volume de chuvas.
"A
natureza se adapta. O conceito de cidade-esponja é baseado no princípio
de que a natureza regula a água", diz o arquiteto. "Não é apenas a
natureza em si. Sistemas feitos pelo homem devem ser certamente usados,
mas a natureza deve ser dominante."
Yu afirma ainda que, para conter as grandes inundações previstas para
os próximos anos, é preciso expandir essa estratégia por várias regiões e
criar um "planeta-esponja" onde a força das águas possa ser dissipada e
desacelerada aos poucos.
Ainda na visão do chinês, além de parques adaptados e áreas cultiváveis
capazes de absorver mais água, lagoas e pântanos podem coexistir com
rodovias e arranha-céus.
Projeto em Zhejiang é parte da implementação da ideia de 'cidade-esponja'. — Foto: Turenscape
Experiências
Em 2015, o presidente chinês, Xi Jinping, inaugurou oficialmente o
"Programa Cidade-Esponja", que incentivava as cidades a adotar uma
infraestrutura verde para conter a água, ao invés das estratégias cinza
comuns (feitas com cimento, concreto, aço e asfalto).
Yu é consultor da iniciativa e ajudou a construir centenas de "parques-esponja" na China.
Um deles é o Houtan Park, em Xangai. A faixa verde de quase 2
quilômetros de extensão ao longo do rio Huangpu foi projetada em uma
antiga área industrial.
Terraços plantados com bambu, ervas e gramíneas nativas são cortados
por passarelas de madeira instaladas entre lagoas e pântanos.
As zonas úmidas filtram a água, retardam o fluxo do rio e criam um ambiente propício para aves aquáticas e peixes.
Mas o conceito de cidade-esponja não é exclusivo da China. Um dos
projetos supervisionados por Yu fora do país foi nomeado Parque
Florestal Benjakitti.
Em Bangkok, na Tailândia, o parque possui um labirinto de lagos,
árvores e pequenas ilhas. Inaugurado em 2022, ocupa mais de 400 mil
metros quadrados e foi construído no lugar de uma antiga fábrica de
tabaco.
Em todo o mundo, cada vez mais lugares estão enfrentando dificuldades
com o aumento das chuvas, um fenômeno que os cientistas relacionam às
mudanças climáticas.
À medida que as temperaturas se elevam com o aquecimento global, cada vez mais umidade evapora na atmosfera, causando chuvas mais fortes.
E os cientistas afirmam que essa situação só irá piorar. No futuro, as chuvas serão mais intensas que o normal.
Com tempestades cada vez mais fortes, especialistas questionam se as cidades-esponja serão capazes de conter inundações.
Pesquisadores do tema analisaram os resultados das cidades que
receberam os projetos incentivados pelo governo chinês desde 2015.
Muitas das iniciativas-piloto tiveram um efeito positivo, com projetos
de baixo impacto, como telhados verdes e jardins de chuva, desacelerando
o escoamento.
Uma das cidades que demonstraram mais entusiasmo em relação ao projeto,
Zhengzhou, na província de Henan, recebeu 60 bilhões de yuans (cerca de
R$ 42 bilhões).
Ainda assim, após a cidade ser atingida por uma das chuvas mais fortes
da sua história em 2021, as ruas ficaram inundadas e mais de 70 pessoas
morreram.
Mas Yu insiste que a sabedoria da China antiga não pode estar errada e
essas falhas são causadas pela execução inadequada ou fragmentada da sua
ideia pelas autoridades locais.
A enchente em Zhengzhou, segundo ele, foi um exemplo clássico. A cidade
pavimentou seus lagos, de forma que não houve retenção de água
suficiente quando a chuva começou.
O rio principal havia sido canalizado com drenagens de concreto,
fazendo com que a água fluísse com a velocidade "de uma descarga de vaso
sanitário", segundo o arquiteto. Além disso, construções importantes
como hospitais foram construídas sobre terras baixas.
Yu afirma ainda que as soluções podem ser combinadas: manter as
estruturas de contenção que já existem e implementar os elementos das
cidades-esponja ao mesmo tempo.
O chinês, porém, não vê vantagem em continuar construindo novas barragens que em alguns anos se tornarão obsoletas.
"Se
[as cidades] já vão investir dinheiro, que seja em um projeto baseado
na natureza", diz. "Meus projetos demoram em torno de 1 a 3 anos e podem
ajudar as cidades a lidar com a água por muito tempo."
Yu diz ainda que os próprios moradores podem usar seus jardins,
terraços e telhados como “esponjas” para ajudar a absorver a água das
chuvas.
"Não estou dizendo que vamos solucionar o problema completamente dessa forma, mas vamos certamente mitigar as consequências."
Cidades-esponja: conheça conceito que usa ciência para prevenir tragédias como a do RS