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terça-feira, 29 de março de 2022

Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos; veja vídeo

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Espiral climática mostra as anomalias mensais da temperatura global entre os anos 1880 e 2021.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 29 de março de 2022 às 13h45m

Post.- N.\ 10.268

Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos.Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos.

Uma animação divulgada pela Nasa esta semana revela em imagens as consequências da crise climática: o nosso planeta está ficando cada vez mais quente ao longo dos últimos séculos.

A espiral climática mostra as anomalias mensais da temperatura global entre os anos 1880 e 2021, numa visualização de linhas circulares ao redor de três círculos que indicam o aumento ou a diminuição de 1ºC. A visualização é baseada no índice GISS Surface Temperature Analysis (GISTEMP v4), que compila abrangente dados de temperatura da superfície global.

Carlos Ritll, ambientalista e especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation da Noruega explica que a espiral é uma forma de mostrar a variação mensal da temperatura da Terra em relação à média da temperatura antes da Revolução Industrial.

"É uma forma de representar o aquecimento global em relação aos níveis pré-industriais, a partir de quando a humanidade passa a queimar combustíveis fósseis em larga escala e a emitir gases de efeito estufa em larga escala", disse.

Ritll ressalta que as cores vão ficando mais fortes nas últimas décadas, período em que o aquecimento global se acelera, se aproxima e passa, nos últimos anos, de 1ºC (em relação a 1880).

A visualização é um projeto do Goddard Institute of Space Studies (GISS), laboratório da NASA, em parceria com o Instituto da Terra da Universidade de Columbia e a Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Nova York.

Frame da animação para o ano de 2021. As linhas avermelhadas indicam como a temperatura global aumentou ao longo do tempo. — Foto: NASA's Scientific Visualization Studio
Frame da animação para o ano de 2021. As linhas avermelhadas indicam como a temperatura global aumentou ao longo do tempo. — Foto: NASA's Scientific Visualization Studio

"À medida que a temperatura continua a subir, esperamos um aumento nos eventos climáticos extremos. Em geral, esperamos que as áreas úmidas fiquem mais úmidas e as áreas secas fiquem mais secas. Isso levará a um aumento de incêndios e furacões. O Ártico está aquecendo mais rápido que o resto do planeta, o que levará ao aumento do derretimento do gelo e a subsequente elevação do nível do mar", disse ao g1 Mark SubbaRao, líder do Estúdio de Visualização Científica da NASA, que criou a nova versão da visualização.

A animação foi originalmente projetada pelo cientista climático Ed Hawkins, do Centro Nacional de Ciências Atmosféricas da Universidade de Reading. Uma versão da espiral até foi divulgada na cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

"A ciência indica que o limite mais seguro para o aquecimento global, dentro daquilo que ainda é possível fazer para limitá-lo, é de 1.5ºC até o final deste século. Já passamos de 1ºC e as consequências são eventos climáticos extremos mais fortes e mais frequentes, como as chuvas em Petrópolis, que provocaram centenas de mortes, os furacões devastadores na América Central, ou secas dramáticas em países muito pobres do chifre da África, só para citar alguns exemplos", acrescenta Ritll.

O pesquisador acredita que a espiral ajuda a mostrar que o planeta está muito próximo de ultrapassar um limite que deveria ser atingido só daqui a quase 80 anos e que é preciso ter pressa para reverter esse quadro.

"Devemos agir com muito mais rapidez e responsabilidade, eliminando combustíveis fósseis, o desmatamento e produzindo alimentos de forma sustentável de alimentos para evitar consequências muito mais graves para nós mesmos", diz. 
Visualização em listras
Listras do aquecimento global para o mundo de 1850-2018 — Foto: Divulgação/Show Your Stripes
Listras do aquecimento global para o mundo de 1850-2018 — Foto: Divulgação/Show Your Stripes

O cientista climático Ed Hawkins também foi o responsável por traduzir em uma sequência de listras os dados sobre as temperaturas da Terra, modelo que ganhou uma popularidade imensa nos últimos anos, chegando a estampar calças, sandálias e até mesmo carros.

A visualização trás listras azuis que representam anos mais frios e vermelhas, os mais quentes. Cada listra representa a temperatura média de uma região durante um ano.

Em entrevista ao g1 em 2019, o pesquisador disse que a simplicidade do modelo é uma grande vantagem, pois essa é "uma boa forma de começar uma conversa" sobre as mudanças climáticas que acabam ficando perdidas em tabelas e gráficos complexos dos meteorologistas.

"Cientistas geralmente conversam com gráficos complicados. Esta foi a forma que encontrei de poder me comunicar com mais gente: usamos as cores para representar as mudanças, com o azul, para anos mais frios e vermelho para mais quente, assim não há dificuldade para entender", disse o especialista.

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Paleotocas: o que são as estruturas pré-históricas que atingem tamanho inédito no Brasil

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Pesquisadores buscam por novos registros dessas escavações no país. Entre 2008 e 2018, pesquisadores da UFRGS produziram mais de 80 trabalhos científicos sobre o tema.
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TOPO
Por BBC

Postado em 29 de março de 2022 às 10h35m

Post.- N.\ 10.267

Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto cadastraram mais de mil paleotocas no Brasil — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto cadastraram mais de mil paleotocas no Brasil — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Estruturas cavadas por animais pré-históricos são raras no Hemisfério Norte. Quando atingem alguns centímetros de espessura e poucos metros de extensão, costumam ser definidas pelos paleontólogos por meio de adjetivos como "mega", "gigante" ou "colossal". Em Novo Hamburgo, município gaúcho da região do Vale do Rio dos Sinos, porém, um desses abrigos apresenta 1,20 metro de altura, 1,8 metro de largura e 18 metros de extensão.

A estrutura fica no interior do parque aquático Ecoparque da Lomba, no bairro de Lomba Grande. O proprietário, Siegfried Fischborn, que mantém o estabelecimento há 21 anos, ficou intrigado ao ler uma reportagem no jornal NH, de Novo Hamburgo, sobre uma paleotoca identificada no município vizinho de Taquara, há cerca de dois anos.

A descoberta parecia-se com o vão existente em uma rocha do parque, infiltrado por água potável. "No final do texto, havia um telefone de pesquisadores para que se informasse sobre a existência de possíveis paleotocas", relembra Fischborn à BBC News Brasil.

Dias depois, uma equipe do Projeto Paleotocas, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi ao local e confirmou que se tratava de um túnel escavado por animal pré-histórico.

Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto já cadastraram mais de mil estruturas desse tipo em todo o Brasil e produziram mais de 80 trabalhos científicos sobre o tema.

Coordenador do projeto, o professor do Instituto de Geociências Heinrich Theodor Frank explica que paleotocas são pouco comuns na Europa e na América do Norte em razão da história geológica daquelas regiões.

"São áreas atingidas por quatro glaciações em 600 mil anos, que funcionaram como niveladores de terreno. Vestígios deixados pela fauna extinta foram consumidos pela ação de agentes naturais, quando não pela atividade humana", analisa.

Para designá-los, surgiu em português o termo "paleotocas", tradução livre do inglês paleoburrows. Segundo Frank, algumas línguas, como o alemão, não dispõem sequer de palavras para definir essas escavações.

Somente no Rio Grande do Sul, foram cadastradas paleotocas em mais de 20 municípios, incluindo Porto Alegre. A capital parece deter a primazia na correta identificação de uma dessas estruturas como obra de animais pré-históricos.

Em 1980, a descoberta de túneis nas imediações da Faculdade de Agronomia da UFRGS, na zona leste da cidade, teve repercussão na imprensa local. Ouvidos na época, moradores atribuíram a escavação a índios, jesuítas, rebeldes farroupilhas do século 19 e até a extraterrestres.

Datação exata das paleotocas, é considerada impossível — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Datação exata das paleotocas, é considerada impossível — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Operários que trabalhavam numa obra viária nas imediações relataram ter caminhado por cerca de 30 metros no vão da estrutura e que, ao final, a altura chegava a dois metros e o corredor dividia-se em três túneis, segundo o jornal Folha da Manhã.

Com base nessas informações, os pesquisadores da UFRGS estimam que a abertura tinha altura de 80 centímetros e largura de 1,5 metro.

Ao estudar as paleotocas, os pesquisadores da UFRGS identificaram três padrões básicos de tamanho. A maioria apresenta cerca de 1,3 metro de diâmetro. As mais imponentes podem chegar a 2 metros de altura e 4 metros de largura. Há, porém, um perfil intermediário, de 80 centímetros de espessura.

Somados, os túneis no interior dessas estruturas chegam a mais de 40 metros de comprimento, mas os especialistas estimam que a amplitude original provavelmente chegava a 100 metros.

"É comum que essas estruturas sejam identificadas quando há obras viárias que exigem escavações ou cortes no terreno, especialmente fora dos grandes centros. Para quem tem o olho treinado, é possível descobri-las mesmo quando se passa por acaso, de carro, pelo local", diz Frank.

Foi o que aconteceu em 2018, em uma das últimas saídas de campo da equipe (com a pandemia do novo coronavírus, a adoção do home office pela universidade e a falta de financiamento, essas expedições tiveram de ser interrompidas).

Em Farroupilha, na serra gaúcha, os pesquisadores visualizaram várias paleotocas a mais de 4 metros de altura num paredão escavado para a construção de um prédio. Em razão da localização, não foi possível, porém, explorar o interior do abrigo.

A Paleontologia classifica essas e outras ocorrências como icnofósseis, ou seja, marcas e vestígios deixados por animais e vegetais de outras épocas geológicas em sedimentos e rochas.

Assim como animais hoje existentes, como tatus, corujas e outros, escavam tocas para se proteger de predadores e abrigar filhotes, exemplares da chamada megafauna do Pleistoceno, entre 2,5 milhões de anos e 11 mil anos, recorriam ao mesmo artifício.

Outros exemplos de icnofósseis incluem pegadas, marcas de garras, fezes fossilizadas (coprólitos) e assim por diante. As paleotocas seriam, assim, os maiores iconofósseis existentes.

"Nosso conhecimento sobre os animais que produziram essas estruturas avançou pouco. Acreditamos que tenham sido feitos por tatus gigantes, que chegavam a 250 quilos de peso", estima Frank.

Mesmo esses animais, no entanto, não teriam condições de cavar paleotocas com largura entre 2 e 4 metros. Nesses casos, afirma o pesquisador, o mais provável é que tenham sido feitos por preguiças gigantes que habitavam a América do Sul. Em muitos abrigos, há marcas padronizadas nas paredes, produzidas por garras de animais.

Pesquisadores buscam por estruturas pré-históricas no país — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Pesquisadores buscam por estruturas pré-históricas no país — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Geólogos, petrólogos (estudiosos de rochas), paleontólogos e arqueólogos disponham de inúmeros recursos para determinar idade de fósseis, rochas e restos humanos.

A datação exata das paleotocas, porém, é considerada impossível, uma vez que o terreno no qual foram escavadas é composto de rochas muito mais antiga do que esses abrigos.

Admite-se, porém, que por estarem situadas perto da superfície, tenham aparecido há menos de 500 mil anos.

Na propriedade de 21 hectares do agricultor Gilberto Ari Flach, no município de Harmonia, a 74 km de Porto Alegre, o que era considerado há várias gerações como uma gruta foi identificado na década passada como uma paleotoca.

"A toca já era conhecida no tempo do meu avô", afirma Flach à BBC News Brasil. Situada numa área de difícil acesso, num matagal, a estrutura está tomada por água potável e não corre risco de desaparecer.

"Ninguém vai até lá, está no meio do mato", explica o agricultor, que mantém dois aviários na propriedade.

A quem encontrar estruturas assemelhadas a paleotocas, Frank sugere duas medidas: fotografar o local e informar o Projeto Paleotocas pelo e-mail paleotocas@gmail.com.

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