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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Cartas do século 17 são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história: 'Por que faço guerra com gente de nosso sangue', escreveu indígena

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Professor da USP Eduardo Navarro traduziu seis cartas trocadas entre potiguares que estavam em lados opostos na guerra travada entre portugueses e holandeses pelo domínio do Nordeste.
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Por Patrícia Figueiredo, g1 SP — São Paulo

Postado em 05 de novembro de 2021 às 14h00m


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Cartas do século 17 são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história — Foto: Arte/g1

O professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Navarro concluiu, pela primeira vez, a tradução de seis cartas em tupi trocadas entre indígenas no século 17 durante a invasão holandesa no Nordeste. É o primeiro documento da história escrito em tupi por e para indígenas traduzido para o português.

A tradução de Navarro deve ser publicada em breve pelo Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, no Pará.

As cartas revelam diálogos de homens que lutavam entre si durante uma guerra religiosa travada entre portugueses e holandeses, conhecida como Insurreição Pernambucana. De um lado, os indígenas protestantes, apoiadores dos holandeses que invadiram o nordeste brasileiro; do outro, indígenas que defendiam o governo português.

Por que faço guerra com gente de nosso sangue, se vocês são os verdadeiros habitantes desta terra? Será que falta compaixão para com nossa gente?, pergunta o líder indígena Felipe Camarão ao cacique Pedro Poti, em um dos textos.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 19 de agosto de 1645, traduzida pelo professor da USP, Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 19 de agosto de 1645, traduzida pelo professor da USP, Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Esta é a primeira vez que pesquisadores conseguem traduzir essas correspondências, que são estudadas desde o século 19.

Quase todos os documentos do período colonial foram escritos pelos "vencedores", no caso os colonizadores do Brasil, e, esses são os únicos textos conhecidos em tupi trocados pelos "vencidos", os indígenas, nesta época.

É a primeira vez que essa história é contada pela pena dos índios, e está ali o lado dos vencidos, afirma Navarro, autor da pesquisa.

O idioma tupi era só falado, e, os jesuítas criaram a representação escrita. Por isso, não são comuns os documentos escritos redigidos pelos próprios indígenas.

Segundo o professor Eduardo Navarro, a tradução dessas seis cartas só foi possível com a ajuda de um dicionário de tupi, também de sua autoria, publicado em 2013.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 4 de outubro de 1645 — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 4 de outubro de 1645 — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Essas cartas foram entregues na mão de Teodoro Sampaio, que foi um historiador e um engenheiro, o primeiro que se debruçou sobre esses textos. E ele confessou, em um artigo, que ele não conseguiu traduzir as cartas, que seguiram sendo um mistério para ele. Depois, o Aryon Rodrigues, linguista indígena da Unicamp muito conhecido, tentou também. Ele foi até a Holanda buscar essas cartas para traduzi-las, mas também não conseguiu, explica Navarro.

Navarro teve contato com os textos pela primeira vez nos anos 1990, graças à pesquisa de Aryon. Desde 2013, após a publicação do seu Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil, passou a se dedicar mais intensamente à tradução das cartas. Os documentos estão guardados na Biblioteca Real de Haia, na Holanda.

"Eu pedi uma cópia para a biblioteca e eles mandaram um grande acervo, com microfilmes, e eu tive que, dentro disso, encontrar as seis cartas, conta o professor.

No processo de tradução, uma das principais dificuldades foi decifrar a letra e a ortografia das cartas. Mas a importância de revelar a visão dos indígenas sobre a guerra entre Portugal e Holanda justificou o empenho na pesquisa.

Contexto histórico

Assinatura de Felipe Camarão em carta enviada a Antônio Paraupaba em 4 de outubro de 1645, durante a Insurreição Pernambucana — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Assinatura de Felipe Camarão em carta enviada a Antônio Paraupaba em 4 de outubro de 1645, durante a Insurreição Pernambucana — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

As correspondências recém-traduzidas, escritas no ano de 1645, envolvem alguns dos principais combatentes da Insurreição Pernambucana, como Felipe Camarão, chefe nativo dos índios potiguares e alinhado aos interesses de Portugal.

Durante a guerra, ele organizou diversas ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos holandeses no Nordeste brasileiro, segundo historiadores.

Nas cartas reveladas, Camarão pede a seus parentes Pedro Poti e Antônio Paraupaba, indígenas protestantes, que abandonassem os holandeses.

Ele diz ainda que, embora os holandeses tenham dado títulos aos indígenas que se juntaram a eles, essas honrarias não eram consideradas válidas pelos portugueses.

Não pensem que se poupa a vida dos potiguaras, da gente nossa, por esses terem sido feitos chefes. Não pensem que os holandeses livram vocês de nós. Somente a vida deles é poupada, diz Felipe Camarão, em carta escrita para o líder indígena Pedro Poti.

Retrato anônimo de Filipe Camarão, do século XVII, no Museu do Estado de Pernambuco — Foto: Museu do Estado de Pernambuco, Coleção Museus Brasileiros, edição Banco Safra, 2003
Retrato anônimo de Filipe Camarão, do século XVII, no Museu do Estado de Pernambuco — Foto: Museu do Estado de Pernambuco, Coleção Museus Brasileiros, edição Banco Safra, 2003

O pesquisador Eduardo Navarro explica que os holandeses tinham a política de fazer alianças com os índios por meio da concessão de liberdade e de cargos e títulos.

Mas tais títulos, como o de capitão, por exemplo, não eram reconhecidos pelos portugueses nem conferiam garantia de que suas vidas seriam poupadas em caso de captura, como se fazia com os oficiais holandeses, que não eram mortos, mas viravam prisioneiros, explica Navarro.

Em 1649, Poti foi capturado pelos portugueses e viveu uma série de torturas na prisão. Ele morreu alguns anos depois de sua prisão, a bordo de um navio no qual era conduzido para ser julgado em Portugal.

Respostas às cartas

As respostas de Pedro Poti às cartas de Felipe Camarão não foram preservadas. Mas, por meio de um resumo feito por um pastor holandês, os historiadores verificaram que Poti discordou dos argumentos de Camarão.

Segundo o resumo, Poti teria respondido que não havia motivos para continuar apoiando os portugueses, que escravizaram e praticaram violência contra os indígenas da região.

Outro indígena que recebeu cartas de Camarão no mesmo ano de 1645 foi Antônio Paraupaba, que lutava ao lado dos holandeses. Em 1625, ele foi, com outros índios potiguaras, para os Países Baixos, onde aprendeu o idioma. De volta ao Brasil, passou a atuar como intérprete entre os holandeses e os indígenas e, entre 1645 e 1649, assumiu o cargo de Capitão e Regedor do Rio Grande do Norte.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Antônio Paraupaba, de 4 de outubro de 1645, traduzida pelo professor da USP Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Antônio Paraupaba, de 4 de outubro de 1645, traduzida pelo professor da USP Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Na carta escrita para Paraupaba, Camarão diz que é seu "verdadeiro pai" e que por isso não quer sua morte.

"Envio-lhe estas minhas palavras, estando como seu verdadeiro pai, na verdade. Será que isto é contra a sua vontade? Por quê? Estando eu como seu verdadeiro pai, não quero sua morte sem sentido, como se você fosse aquele animal que não conhece a Deus", diz Camarão, na carta.

As correspondências revelam ainda os nomes de outros combatentes indígenas e detalhes sobre algumas batalhas, além de lamentos sobre a perda de tradições dos potiguares.

Em uma das cartas escritas por Camarão para Poti, o líder dos combatentes portugueses critica a dominação dos holandeses na Caatinga e atribui a eles o desaparecimentos de alguns de seus ritos.

"Nossas antigas terras, nossos velhos ritos, nossos parentes paraibanos, os de Cupaguaó, os de Uruburema, os de Jareroí, os de Guiratiamim, todos os antigos filhos dos habitantes da Caatinga, tudo e todos estão sob as leis dos insensatos holandeses, assim como seu corpo e sua alma também estão", afirma Camarão.

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Na Alemanha há recorde de casos de Covid-19 pelo segundo dia consecutivo; ministro de Saúde fala em voltar a lockdown

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Pelo menos duas regiões do país podem entrar em lockdown se a tendência de alta não for revertida. Dirigentes de Saúde do país afirmaram que haverá uma dose de reforço para todos.
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Por g1

Postado em 05 de novembro de 2021 às 12h25m


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Covid-19 na Europa: países com baixa vacinação sofrem explosão de casos
Covid-19 na Europa: países com baixa vacinação sofrem explosão de casos

A Alemanha teve o segundo recorde seguido de número de novos casos diários de Covid-19 nesta sexta-feira (5): foram pouco mais de 37 mil casos nas últimas 24 horas.

O recorde anterior, o de quinta-feira, era de pouco menos de 34 mil notificações.

Segundo a agência de notícias Associated Press, houve um represamento de notificações no começo da semana por causa de um feriado que caiu na segunda-feira.

O país chegou a 96.346 mortes por Covid-19.

O centro Robert Koch, o responsável pelas respostas às doenças infecciosas no país, as pessoas não vacinadas correm um alto risco de infecção.

O ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou que o país poderá ter que impor um novo lockdown.

Dois líderes de estados, Saxônia e Turíngia, afirmaram que deverão impor lockdowns se medidas nacionais não forem tomadas para reverter a atual tendência de alta de infecções.

O líder da Turíngia disse que vão faltar leitos de UTI em dias.

Jens Spahn durante entrevista coletiva no dia 3 de novembro de 2021 — Foto: Markus Schreiber / AFP
Jens Spahn durante entrevista coletiva no dia 3 de novembro de 2021 — Foto: Markus Schreiber / AFP

Ministro de Saúde

Spahn, o ministro de Saúde, conversou com os secretários de Saúde do país, e eles concordaram que todos devem ter acesso a uma dose de vacina de reforço seis meses depois da segunda dose.

Isso deve se tornar a norma, e não a exceção, ele afirmou nesta sexta-feira.

Ele pediu para que as pessoas se vacinem e observem as normas de distanciamento social. Quem acha que é jovem e não é vulnerável deveria conversar com os trabalhadores de unidades de tratamento intensivo, ele disse.

O governo da Alemanha está transferindo pacientes de regiões onde os hospitais estão sobrecarregados para áreas onde há menos infecções.

Vacinação na Alemanha

Na Alemanha, 69,4% da população recebeu ao menos uma dose, de acordo com o monitoramento do jornal Financial Times.

No Brasil, 72,74% da população recebeu ao menos uma dose de vacina.

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