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sábado, 21 de setembro de 2024

IgNobel 2024: brasileiro é um dos premiados por pesquisa sobre planta que 'copia' outras espécies

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Natural de Botucatu (SP), Felipe Yamashita levou prêmio de botânica após descobrir que a planta Boquila trifoliolata pode copiar as folhas de plantas ao seu redor, inclusive artificiais. Premiação celebra pesquisas que são curiosas e engraçadas.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 21 de setembro de 2024 às 17h45m

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Duas folhas da Boquila trifoliolata, a planta que imita a forma de outras espécies. Folha da direita está imitando uma folha de plástico. — Foto: Felipe Yamashita
Duas folhas da Boquila trifoliolata, a planta que imita a forma de outras espécies. Folha da direita está imitando uma folha de plástico. — Foto: Felipe Yamashita

Você já ouviu falar de uma planta "copiona"? Exatamente, uma espécie de planta que "olha" para o lado e muda o formato das suas folhas só para imitar a planta vizinha.

🌱 Isso parece papo de ficção científica, mas é algo que acontece com uma espécie conhecida há mais de 200 anos e usada por povos indígenas do sul da América do Sul, a Boquila trifoliolata.

A planta é endêmica do Chile e Argentina e é tão versátil que pode imitar as folhas de mais de uma dúzia de espécies, variando a forma, o tamanho e até a cor.

Esse fenômeno já era conhecido há algum tempo, mas um estudo com a participação do cientista brasileiro Felipe Yamashita revelou recentemente que a Boquila também pode imitar folhas de plantas sem nem mesmo estar em contato direto com elas.

🏆 O achado fez com que ele e seu colega Jacob White fossem premiados com o Ig Nobel 2024, uma honraria apresentada na última quinta-feira (12) que distribui 10 prêmios para os fatos mais inusitados e/ou irrelevantes da ciência mundial.

O objetivo da cerimônia é "celebrar o incomum, homenagear a imaginação e estimular o interesse das pessoas na ciência, na medicina e na tecnologia".

O nome do prêmio é um trocadilho em inglês com o Prêmio Nobel. "Ig Nobel" pode ser lido como "ignóbil", que significa algo que não é "nobre". Portanto, o apelido sugere uma premiação para pesquisas que, embora não sejam "nobres" ou tradicionais, são curiosas e engraçadas.

Percepção visual

Anteriormente, os botânicos acreditavam que essa imitação da Boquila dependia do contato físico com a planta hospedeira.

Em 2014, o professor Ernesto Gianoli, um ecologista do Chile, observou que essas espécies cresciam sobre outras como uma trepadeira e mudavam o formato da folha de acordo com a planta hospedeira.

"Um único indivíduo de Boquila, ao crescer sobre três espécies diferentes, alterava a forma de suas folhas conforme a planta hospedeira", conta Yamashita, doutor em Botânica pelo Instituto de Botânica Celular e Molecular da Universidade de Bonn, na Alemanha.

🔬 Giannulli, inclusive, publicou um artigo sobre isso e sugeriu duas hipóteses:

  1. a primeira era que as substâncias voláteis (compostos químicos que são liberados pelas plantas e podem se espalhar pelo ar) da planta hospedeira eram capturadas pela Boquila, fazendo com que ela mudasse de formato;
  2. a segunda era que micróbios da planta hospedeira eram transferidos para a Boquila, que então modificava seu material genético e, consequentemente, o formato de suas folhas.

Por causa disso, Yamashita e sua equipe decidiram realizar experimentos usando modelos de plástico.

🪴 A ideia aqui era isolar a Boquila da influência direta de compostos químicos e micróbios das plantas hospedeiras, para testar se a imitação das folhas ocorria mesmo na ausência desses fatores.

Com isso, eles observaram que, mesmo na ausência de contato direto, a espécie ainda adaptava a forma de suas folhas para corresponder ao modelo plástico.

👁️ Isso sugeriu que o processo de imitação poderia ser mais complexo do que se pensava, envolvendo uma forma de percepção visual ou outra forma de detecção não antes considerada.

"Conforme as plantas cresceram, elas começaram a imitar os modelos de plástico. Isso levou a nossa equipe a considerar uma nova hipótese: a planta pode ter algum tipo de 'visão' ou percepção do ambiente ao seu redor", destaca Yamashita.

No experimento, a equipe só tinha quatro plantas da Boquila para trabalhar. Por isso, não foi possível criar um grupo de controle adequado, que é quando um grupo de plantas é separado para comparar os resultados e verificar a eficácia da hipótese científica.

Para contornar isso, Yamashita conta que usou folhas como controle. Em vez de ter plantas inteiras para comparar, utilizaram folhas e as compararam com as folhas da Boquila em contato com os modelos de plástico.

O cientista brasileiro Felipe Yamashita, premiado com o IgNobel por causa da sua pesquisa sobre uma espécie de planta conhecida há mais de 200 anos e usada por povos indígenas do sul da América do Sul. — Foto: Felipe Yamashita
O cientista brasileiro Felipe Yamashita, premiado com o IgNobel por causa da sua pesquisa sobre uma espécie de planta conhecida há mais de 200 anos e usada por povos indígenas do sul da América do Sul. — Foto: Felipe Yamashita

'Visão de planta'

Essa ideia de percepção visual não é algo novo. No começo do século XX, Gottlieb Haberlandt, um botânico austríaco, e Francis Darwin, filho do botânico britânico Charles Darwin, já falavam na hipótese de "visão de planta" ou "ocelo", uma espécie de olho primitivo nesses seres-vivos.

Mas depois dessas propostas, o conceito caiu em desuso até que voltou a ganhar atenção recentemente.

Alguns estudos mostraram inclusive que cianobactérias como a Synechocystis usam suas células como lentes para focar a luz, o que sugere que mecanismos semelhantes poderiam existir em plantas mais avançadas.

🌿 Além disso, plantas como a Arabidopsis, uma pequena planta herbácea, nativa da Europa, Ásia e África, produzem proteínas associadas a estruturas básicas de visão, presentes em plastoglóbulos, corpúsculos que também estão envolvidos na coloração das folhas.

A receita faz sentido porque as células da camada externa das folhas das plantas funcionam como lentes, direcionando a luz para um ponto específico dentro da folha.

Nesse ponto, podem estar presentes elementos que ajudam a planta a crescer para um lado. E o experimento de Yamashita mostrou que o padrão das veias das folhas está ligado à distribuição de auxinas, hormônios que regulam o seu crescimento.

A ideia é que a Boquila usa essas células e elementos para 'ver' o ambiente ao seu redor. Ela pode concentrar as auxinas em um lado da folha, fazendo-a crescer para aquele lado conforme reage aos estímulos externos. Assim, a folha assume uma forma específica.
— Felipe Yamashita, doutor em Botânica pelo Instituto de Botânica Celular e Molecular da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Esse mecanismo não é igual à visão dos animais, que possuem olhos complexos. Nas plantas, é um ajuste das células em resposta ao ambiente externo.

Por isso, realizar novos experimentos é essencial para confirmar a hipótese de que a planta pode "ver" e adaptar suas folhas conforme o ambiente.

Yamashita, conta, porém, que a propagação das plantas e a repetição dos experimentos são tarefas desafiadoras, exigindo tempo e recursos para garantir resultados consistentes que possam validar completamente a teoria.

📅 Fora isso, ele e sua equipe tiveram dificuldades para obter mais plantas entre 2020 e 2022, mas, com a ajuda de Simon, um jardineiro do Jardim Botânico da Universidade de Buenos Aires, conseguiram mais de 120 unidades até o final de 2022.

Outra questão é que a planta não cresce no inverno, então os pesquisadores tem um período limitado, de março a julho, para conduzir os testes e obter folhas jovens para análise.

Por esses motivos, novos experimentos com a espécie só puderam ser realizados este ano e no ano passado, e os resultados ainda não foram publicados.

A nova pesquisa, contudo, é importante porque os experimentos anteriores foram realizados com folhas de plástico em formato tridimensional, mas agora ele está utilizando um formato 2D para evitar críticas sobre o contato mecânico com as folhas feitas com o material.

Boquila trifoliolata imita folhas de planta hospedeira, inclusive aquelas feitas de plástico. — Foto: Felipe Yamashita
Boquila trifoliolata imita folhas de planta hospedeira, inclusive aquelas feitas de plástico. — Foto: Felipe Yamashita

Já sobre a experiência de receber o prêmio, ele conta que soube primeiro da láurea quando foi contatado pela professora Maria Mercedes, da USP, membro do comitê do Ig Nobel. Na época, ele diz que não estava muito familiarizado com a cerimônia, então fez uma pesquisa e consultou seu orientador para entender melhor a importância e o impacto do reconhecimento.

"Percebi que os organizadores do prêmio escolhem palavras específicas dos artigos para criar um tom engraçado, como em um estudo sobre um peixe morto discutindo hidrodinâmica. Embora o prêmio possa parecer humorístico, há uma ciência interessante por trás dos estudos. O objetivo é fazer rir e, ao mesmo tempo, refletir sobre o conhecimento científico envolvido", diz.

Agora, Yamashita explica que, após defender seu doutorado em agosto, está tentando encontrar oportunidades de pós-doutorado, tanto no Brasil quanto na Europa, para continuar suas pesquisas sobre a Boquila, a planta "copiona".

O ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2007, Eric Maskin, joga um avião de papel durante a 34ª cerimônia anual dos Prêmios IgNobel, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, Massachusetts, EUA, em 12 de setembro de 2024. — Foto: REUTERS/Brian Snyder
O ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2007, Eric Maskin, joga um avião de papel durante a 34ª cerimônia anual dos Prêmios IgNobel, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, Massachusetts, EUA, em 12 de setembro de 2024. — Foto: REUTERS/Brian Snyder

Veja por categoria os vencedores da 34ª edição:

A cerimônia do Ig Nobel foi realizada no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, Massachusetts (EUA), e também contou com a entrega de mais nove prêmios. Veja todos abaixo:

  • Paz: O prêmio foi para o psicólogo B.F. Skinner, que investigou se pombos vivos poderiam ser usados dentro de mísseis para guiar os projéteis aos alvos. Embora o experimento tenha sido bem-sucedido em mostrar um pombo treinado, o projeto foi abandonado.
  • Botânica: Jacob White e Felipe Yamashita foram premiados por descobrir que a planta Boquila trifoliolata pode copiar as folhas de plantas artificiais ao seu redor. Isso sugere que as plantas podem ter algum tipo de percepção visual.
  • Medicina: Um grupo de pesquisadores da Suíça, Alemanha e Bélgica ganhou o prêmio por mostrar que medicamentos falsificados com efeitos colaterais dolorosos podem ser mais eficazes em pacientes do que os que não causam dor.
  • Física: James Liao, da Universidade da Flórida, recebeu o prêmio por sua pesquisa sobre trutas mortas.
  • Probabilidade: Uma equipe de 50 pesquisadores, majoritariamente dos Países Baixos, comprovou a hipótese de Persi Diaconis de que moedas lançadas têm uma leve tendência a cair com o mesmo lado para cima, após 350.757 lançamentos.
  • Química: Uma equipe de Amsterdã foi premiada por usar cromatografia para separar vermes "bêbados" de "sóbrios". O estudo foi parte de uma pesquisa sobre ciência dos polímeros.
  • Biologia: Fordyce Ely e William Petersen foram reconhecidos por seu experimento de 1940, que demonstrou que vacas produzem menos leite quando um gato está em suas costas e sacos de papel estouram perto delas.
  • Anatomia: Roman Khonsari descobriu que há mais cabelos no couro cabeludo que espiralam no sentido anti-horário no hemisfério sul.
  • Fisiologia: Takanori Takebe recebeu o prêmio por sua pesquisa com mamíferos que podem respirar através dos intestinos usando o ânus.
  • Demografia: Saul Newman mostrou que registros de pessoas muito idosas vêm de lugares com vida curta e problemas como falta de certidões e fraudes. Isso desafia a validade dos recordes de idade extrema.
Destaques das edições anteriores

Veja abaixo os estudos premiados em anos anteriores do IgNobel:
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150 mil mísseis e foguetes: conheça o arsenal do Hezbollah

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O principal apoiador e fornecedor de armas do grupo extremista libanês é o Irã, e muitas de suas armas são modelos iranianos, russos ou chineses.
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Por g1

Postado em 21 de setembro de 2024 às 07h35m

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Lançador de mísseis em vídeo do Hezbollah — Foto: Hezbollah/Telegram

Israel lançou nesta sexta-feira (20) o seu maior bombardeio ao Líbano desde o início da guerra contra o Hamas, em outubro de 2023. Ao mesmo tempo , o grupo extremista Hezbollah, aliado do Hamas, anunciou ter lançado foguetes contra Israel, no norte do país.

Mas qual o potencial de destruição do arsenal do Hezbollah? Segundo a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), o grupo é um dos não estatais mais fortemente armados do mundo e possui mais de 150 mil mísseis e foguetes.

Os extremistas libaneses afirmam que têm foguetes que podem atingir todas as áreas de Israel e, em 2021, seu líder, Sayyed Hassan Nasrallah, afirmava contar com 100 mil combatentes. Os Estados Unidos, no entanto, estimam que, em 2022, eles teriam até 45 mil combatentes - cerca de 20 mil deles em tempo integral.


Hezbollah faz ameaças a Israel em vídeo e exibe lançadores de mísseis em túneis

No dia 16 de agosto, o Hezbollah divulgou imagens que mostram grandes lançadores de mísseis em imensos túneis subterrâneos, e fez ameaças a Israel, exaltando seu poder bélico:

"A resistência do Líbano hoje possui armas, equipamentos, capacidade, membros, estrutura, habilidade, expertise e experiência, e também fé, determinação, coragem e força como nunca antes. As coordenadas de nossos alvos estão em nossas mãos e os mísseis estão posicionados, prontos e focados neles, em total sigilo".

O principal apoiador e fornecedor de armas do grupo extremista libanês é o Irã, e muitas de suas armas são modelos iranianos, russos ou chineses. Saiba mais sobre o arsenal:

Foguetes e mísseis de ataque terrestre

Mulheres do Hezbollah com foguetes Katyusha em 2007 — Foto: Mohammed Zaatari - 22.jul.2007/AP
Mulheres do Hezbollah com foguetes Katyusha em 2007 — Foto: Mohammed Zaatari - 22.jul.2007/AP

Foguetes não guiados Katyushas, desenvolvidos inicialmente na antiga União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial e que podem atingir alvos até 30 km, constituíam a maior parte do arsenal de mísseis do Hezbollah na última guerra com Israel, em 2006.

Porém, segundo o líder do grupo, desde então, eles expandiram seus sistemas de precisão e, agora, têm a capacidade de equipar foguetes com sistemas de orientação dentro do Líbano.

O Hezbollah tem modelos iranianos, como os foguetes Raad (Trovão em árabe), Fajr (Amanhecer) e Zilzal (Terremoto), que têm uma carga útil mais potente e maior alcance que os Katyushas.

Os foguetes Falaq 2, de fabricação iraniana, usados ​​pela primeira vez em junho, podem transportar uma ogiva maior do que o Falaq 1 usado anteriormente.


Imagens mostram foguetes Katyusha lançados em agosto pelo Hezbollah.

Mísseis antitanque

Usados intensamente na guerra contra Israel em 2006, os mísseis antitanque guiados estão sendo usados novamente pelo Hezbollah agora, incluindo o Kornet, de fabricação russa, e o míssil guiado de fabricação iraniana conhecido como "al-Mas", de acordo com um relatório da emissora árabe pró-Irã Al-Mayadeen.

O al-Mas pode atingir alvos além da linha de visão seguindo uma trajetória arqueada, permitindo um ataque de cima, de acordo com relatório do Centro de Pesquisa e Educação Alma de Israel.

O míssil faz parte de uma família de armas fabricadas pelo Irã por meio de engenharia reversa, com base na família de mísseis israelenses Spike.

O Hezbollah derrubou drones israelenses Hermes 450 e Hermes 900, várias vezes, durante este conflito com Israel usando mísseis antiaéreos. Foi a primeira vez que o grupo utilizou esse poder.

Pela primeira vez também, o Hezbollah disse que atirou contra aviões de guerra israelenses, forçando-os a deixar o espaço aéreo libanês, sem dizer que tipo de arma usou. Nenhuma aeronave, no entanto, foi atingida.


Hezbollah lança drones e Israel reage com ataques na fronteira com o Líbano

Drones

Desde outubro do ano passado, o Hezbollah organizou vários ataques com drones explosivos unidirecionais e disse que está usando os equipamentos também para lançar bombas e retornar ao Líbano.

Em alguns ataques , drones foram enviados para distrair as defesas aéreas israelenses, enquanto outros foram lançados contra alvos.

O arsenal do Hezbollah inclui os modelos Ayoub e Mersad, montados localmente, que analistas dizem ser baratos e relativamente fáceis de produzir.

Mísseis antinavio

Foram usados pelo Hezbollah pela primeira vez em 2006, quando o grupo atingiu um navio de guerra israelense a 16 km da costa, matando quatro militares israelenses e danificando a embarcação.

Desde a guerra de 2006, o Hezbollah adquiriu o míssil antinavio Yakhont, de fabricação russa , com alcance de 300 km, dizem fontes familiarizadas com seu arsenal.

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'Caçadores de vírus' rastreiam ameaças para evitar nova pandemia

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Coalizão – que já sequenciou aproximadamente 13.000 amostras desde que iniciou suas operações, em 2021 - reúne médicos e cientistas de universidades e instituições de saúde em todo o mundo.
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TOPO
Por Sara Hussein

Postado em 21 de setembro de 2024 às 06h15m

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'Caçadores de vírus' rastreiam ameaças para evitar nova pandemia — Foto: Adobe Stock
'Caçadores de vírus' rastreiam ameaças para evitar nova pandemia — Foto: Adobe Stock

Uma rede global de médicos e laboratórios trabalha para detectar o surgimento de novas ameaças virais, muitas delas motivadas pela mudança climática, em uma tentativa de evitar a próxima pandemia global.

Esta coalizão de "caçadores de vírus", como se autodenominam, já descobriu uma doença rara transmitida por carrapatos na Tailândia e um surto infeccioso na Colômbia transmitido por mosquitos.

"A relação de questões com as quais temos que nos preocupar, como vimos com a Covid-19, não é estática", afirma Gavin Cloherty, especialista em doenças infecciosas que lidera a Coalizão de Defesa contra Pandemias de Abbott.

"Temos que estar muito atentos aos 'bandidos' que já conhecemos e que estão evoluindo (...) Mas também se há novos", diz à AFP.

A coalizão reúne médicos e cientistas de universidades e instituições de saúde em todo o mundo, financiada pela gigante de dispositivos médicos e sanitários Abbott. Ao descobrir novas ameaças, a coalizão concede uma vantagem à empresa na concepção dos testes de diagnóstico, que foram fundamentais na resposta à pandemia de Covid-19.

O seu envolvimento proporciona à coalizão amplos recursos e a capacidade de detectar e sequenciar, mas também de responder aos novos vírus.

"Quando encontramos algo, somos capazes de desenvolver rapidamente testes de diagnóstico a nível industrial", diz Cloherty. "A ideia é conter um surto para podermos prevenir uma pandemia", acrescenta.

A coalizão sequenciou aproximadamente 13.000 amostras desde que iniciou suas operações, em 2021.

Na Colômbia, descobriu um surto de Oropouche, um vírus transmitido por mosquitos que mal havia sido observado anteriormente. O trabalho filogenético para traçar a árvore genealógica da cepa revelou que ela veio do Peru ou do Equador e não do Brasil, outro foco da doença.

"Você pode ver de onde vêm as coisas. É importante do ponto de vista da saúde pública", explica Cloherty.

Cientistas chineses identificam vírus em porcos com 'potencial' para causar nova pandemia

Relação com a mudança climática

Mais recentemente, a coalizão trabalhou com médicos na Tailândia para descobrir que um vírus transmitido por carrapatos estava por trás de um misterioso conjunto de casos de pacientes doentes.

"Naquele momento, não sabíamos qual vírus causava esta síndrome", explica Pakpoom Phoompoung, professor associado de doenças infecciosas no Hospital Siriraj, em Bangcoc.

A análise e o sequenciamento das amostras colhidas desde 2014 concluíram que muitas eram positivas para febre severa com vírus da síndrome trombocitopênica (SFTSV).

"Menos de dez pacientes foram (anteriormente) diagnosticados com SFTSV na Tailândia (...) Não temos um teste de diagnóstico PCR, não temos sorologia para o diagnóstico desta infecção viral", diz Pakpoom à AFP.

Diagnosticá-la "é difícil, trabalhoso e também caro".

Mas, ao mesmo tempo, a necessidade de controlar estas ameaças aumenta porque a mudança climática amplia globalmente o espectro de doenças infecciosas.

O vínculo entre a mudança climática e as doenças infecciosas foi bem estabelecido pela ciência e é multifacetado.

Um clima mais quente permite que transmissores como os mosquitos vivam em novos ambientes, o aumento das chuvas intensas cria mais locais de reprodução e os eventos climáticos extremos deixam mais pessoas ao ar livre, onde são mais vulneráveis.

O impacto humano no planeta incentiva a propagação e evolução de doenças infecciosas de outras formas: a perda de biodiversidade força os vírus a evoluir em novos hospedeiros e empurra os animais para mais perto de áreas povoadas.

Os vestígios da mudança climática estão por todo lado, desde surtos de dengue na América Latina e Caribe até a propagação do vírus do Nilo Ocidental nos Estados Unidos.

Embora a coalizão tenha aproveitado os trabalhos prévios à última pandemia, a propagação global da Covid-19 foi um poderoso lembrete dos riscos destas doenças.

Mas Cloherty teme que a população já tenha se esquecido destas lições.

"Temos que estar vigilantes", alerta. "Algo que está acontecendo agora em Bangcoc pode acontecer amanhã em Boston".

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