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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Paul Krugman faz nova crítica às tarifas de Trump contra o Brasil: 'descaradamente ilegal'

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Economista e ganhador do Prêmio Nobel de Economia afirma que as tarifas impostas contra produtos brasileiros 'não tem nada a ver com economia', e ressalta que Trump está tentando interferir na política de outro país.
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Por Redação g1 — São Paulo

Postado em 11 de Julho de 2.025 às 14h15m

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Paul Krugman critica Trump por tarifa de 50% aplicada ao Brasil
Paul Krugman critica Trump por tarifa de 50% aplicada ao Brasil

Em artigo publicado nesta sexta-feira (11), o ganhador do Prêmio Nobel de Economia classificou a taxação como "descaradamente ilegal" e afirmou que a decisão do republicano "não tem nada a ver com economia", sendo, na verdade, uma "tentativa de interferir na política de outro país".

"Escrevi outro dia sobre a tarifa de Trump para o Brasil, que é, como eu disse, maligna e megalomaníaca. Mas esqueci de destacar que ela é descaradamente ilegal", diz o economista.

"Talvez — provavelmente — a Suprema Corte esteja tão corrompida neste ponto que irá ratificar qualquer coisa que Trump fizer. Mas não podemos ao menos colocá-los contra a parede? Não podemos forçar Scott Bessent a explicar por que apoia um abuso tão grotesco do poder presidencial?", continua.

Krugman explica que a legislação dos EUA realmente concede ao Poder Executivo ampla "margem" para impor tarifas sem necessidade de aprovação legislativa adicional. "Isso existe por um motivo: tarifas temporárias foram concebidas como uma válvula de escape política que tornaria sustentáveis as tarifas baixas resultantes de acordos internacionais."

"Isso funcionou bem enquanto tivemos presidentes responsáveis; tem sido um desastre sob Trump", afirma.

Ainda de acordo com Krugman, as tarifas só podem ser aplicadas com base em justificativas específicas.

Veja abaixo:

  • Seção 201- disrupção de mercado: a seção determina que se houver um aumento repentino nas importações que coloque alguma indústria dos EUA em risco, o governo pode impor tarifas temporárias para dar tempo à indústria de se readaptar;
  • Seção 232 - segurança nacional: a lei determina que tarifas podem ser usadas para sustentar indústrias que possam ser necessárias durante confrontos internacionais;
  • Seção 301 - práticas desleais: nesse caso, a seção determina que tarifas podem ser usadas para compensar, por exemplo, subsídios à exportação de países estrangeiros;
  • Direitos antidumping: determina que tarifas possam ser impostas quando empresas estrangeiras venderem abaixo do custo;
  • Emergência Econômica Internacional: determina que o presidente dos EUA tem amplos poderes para definir tarifas durante uma crise econômica.
Paul Krugman em encontro com Biden na Casa Branca, em agosto de 2023 — Foto: Adam Schultz/Official White House Photo
Paul Krugman em encontro com Biden na Casa Branca, em agosto de 2023 — Foto: Adam Schultz/Official White House Photo

Segundo Krugman, Trump "abusou enormemente" dessas justificativas — especialmente da última, já que os EUA não enfrentam nenhuma emergência econômica e, conforme o próprio Trump declarou, a economia do país vai muito bem.

"Mas a tarifa contra o Brasil é outra coisa: não tem nada a ver com economia, é uma tentativa de interferir na política de outro país. Quem diz isso? O próprio Trump", diz o economista, destacando o início da carta enviada pelo republicano ao presidente brasileiro.

Na carta enviada ao Brasil, Trump inicia o texto destacando o quanto conhece e respeita Jair Bolsonaro (PL), afirmando que a maneira como o país está tratando o ex-presidente representa uma "vergonha internacional".

Para Krugman, a carta representa "basicamente uma confissão" de que as tarifas impostas por Trump não têm base econômica. "E isso não é permitido legalmente", afirmou o economista.

"Recado para a grande mídia: Não, Trump não está 'testando os limites de sua autoridade' ou qualquer outro eufemismo. Ele está violando a lei. Ponto final. E isso deveria ser noticiado dessa forma.", conclui.
Defensor de Bolsonaro

Nesta sexta-feira (11), o presidente norte-americano afirmou que pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as novas taxas "em algum momento, mas não agora", destacando que ele está "tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta".

Essa não foi a primeira vez que Trump saiu em defesa de Bolsonaro — nos últimos dias, o presidente norte-americano publicou diversas mensagens em suas redes sociais sobre o assunto.

Nas postagens, Trump declarou que o ex-presidente deveria ser deixado em paz e sugeriu que ele está sendo perseguido. O republicano chegou a utilizar a expressão caça às bruxas para se referir ao julgamento de Bolsonaro, que réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Lula respondeu afirmando que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é de competência exclusiva da Justiça brasileira, e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém, disse Lula, em manifestação oficial após a publicação da carta de Trump nas redes sociais.

Em entrevista ao Jornal Nacional desta quinta-feira (10), Lula também disse o Brasil quer negociar, mas cobrou respeito às decisões brasileiras e admitiu responder com tarifas iguais se não houver acordo.

É importante a gente deixar claro para opinião pública que não é uma taxação ao Brasil. Ele vem taxando todos os países do mundo desde que tomou posse. É um direito dele, mas é um direito dos países reagir, disse Lula.

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