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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Catástrofes geradas por mudanças climáticas custam cada vez mais caro, diz ONG

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No relatório foram contabilizados apenas os danos cobertos por seguros. A maior parte das perdas econômicas não estava assegurada, segundo a Christian Aid. 
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TOPO
Por RFI  
28/12/2020 11h31 Atualizado há 1 horas
Postado em 28 de dezembro de 2020 às 12h40m


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Casa em chamas na cidade de Vacaville, na Califórnia, em 19 de agosto de 2020 — Foto: Stephen Lam/Reuters
Casa em chamas na cidade de Vacaville, na Califórnia, em 19 de agosto de 2020 — Foto: Stephen Lam/Reuters

As 10 catástrofes naturais mais caras de 2020 geraram prejuízos de quase US$ 150 milhões (cerca de R$ 780 milhões). O valor, superior a 2019, reflete o aumento do impacto da crise climática, segundo a ONG britânica Christian Aid. Os desastres também deixaram 3.500 mortos e 13,5 milhões desabrigados, segundo o relatório anual da organização.

Dos incêndios monumentais na Austrália aos furacões em série no Caribe, o verdadeiro custo das catástrofes climáticas em 2020, reforçadas pelo aquecimento global, é na realidade muito mais elevado. No relatório foram contabilizados apenas os danos cobertos por seguros. A maior parte das perdas econômicas não estava assegurada, segundo a ONG.

Sem surpresa, os países pobres arcaram com o preço mais alto, com apenas 4% das despesas pagas pelas seguradoras, contra 60% nos países ricos. O relatório cita um estudo recente publicado na revista The Lancet.

Moradores removem destroços de suas casas destruídas pela passagem do furacão Iota em Puerto Cabezas, na Nicarágua, no dia 17 de outubro de 2020 — Foto: Oswaldo Rivas/Reuters
Moradores removem destroços de suas casas destruídas pela passagem do furacão Iota em Puerto Cabezas, na Nicarágua, no dia 17 de outubro de 2020 — Foto: Oswaldo Rivas/Reuters

Muitos países atingidos por catástrofes climáticas não têm grande responsabilidade pelo aquecimento global. Um exemplo é a Nicarágua, afetada pelo furacão Iota, o mais forte da temporada no Atlântico, e as Filipinas, atingida por Goni e Vamco.

Catástrofes desse tipo já ocorriam no planeta antes do aumento das mudanças climáticas provocadas pela humanidade, mas o aumento da temperatura em ao menos 1,1º C desde o começo da era industrial aumentou a frequência e os impactos.

Sejam inundações na Ásia, gafanhotos na África ou tempestades na Europa e na América, a mudança climática continua a destruir em 2020, disse Kat Kramer, responsável Clima da Christian Aid.

As cinco catástrofes mais caras de 2020 estavam ligadas principalmente a chuvas das intensas monções ocorridas na Ásia. As inundações de 2020 foram as piores da história de Bangladesh, e deixaram mais de um quarto do país sob as águas, diz Shahjahan Mondal, climatólogo da Universidade de Engenharia e Tecnologia de Bangladesh.

Tempestades e desastres

Desde 1971 não eram registrados cinco ciclones tropicais ativos ao mesmo tempo — Foto: CENTRO NACIONAL DE FURACÕES DOS EUA via BBC
Desde 1971 não eram registrados cinco ciclones tropicais ativos ao mesmo tempo — Foto: CENTRO NACIONAL DE FURACÕES DOS EUA via BBC

Um grande número destes desastres causaram danos de ao menos US$ 5 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões), como o ciclone Amphan no golfo de Bengala, em maio, os incêndios do oeste dos Estados Unidos durante o verão e o outono, ou os da Austrália, em janeiro.

Em 2020, o número de furacões no oceano Atlântico bateu um recorde, com 30 tempestades que provocaram pelo menos 400 mortes e US$ 41 milhões (cerca de R$ 200 milhões) em perdas nos Estados Unidos, na América Central e no Caribe, segundo o representante da ONG.

Entre as perdas mais importantes deste ano, a Christian Aid destaca também duas tempestades que varreram a Europa causando um total de prejuízos de US$ 5,9 bilhões: Ciara, no Reino Unido e na Irlanda em fevereiro, e Alex, na França e Itália em outubro.

O aumento das catástrofes climáticas corresponde a previsões científicas e aos progressos feitos nos últimos anos pela ciência conhecida como de atribuição, que permite avaliar quantas vezes é provável que um evento específico causado pelas mudanças climáticas aconteça.

O acordo de Paris sobre o clima prevê limitar o aquecimento a 2º C, se possível 1,5º C, em relação à era pré-industrial, mas os compromissos de redução de gases do efeito estufa dos Estados ainda são insuficientes para atingir estes objetivos.

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