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Sylvio Borges e Priscila de Ávila plantam 90 espécies de 62 países.Plantação em chácara começou com simpatia para espantar mau-olhado.
“Sangue de dragão”, “picada de escorpião” e “inferno de Dante” são os nomes dados a alguns dos molhos preparados pelo casal a partir de suas pimentas. Entre as espécies cultivadas está a indiana Bhut Jolokia, eleita pelo Guinness em 2007 como a mais ardida do mundo.
A pimenta indiana Bhut Jolokia, eleita pelo Guiness em 2007 como a mais ardida do mundo, cultivada emn chácara no DF (Foto: Káthia Mello / G1)
O grau de ardência da Bhut Jolokia equivale a 40 vezes o da pimenta malagueta. A espécie indiana também é conhecida por ser utilizada na produção do spray de pimenta, usada pelas polícias de vários países.
A produção do casal é vendida para restaurantes de Brasília e de outras cidades. “A nossa especialidade são as mais fortes”, diz Borges.
As sementes, cultivadas em uma chácara no Núcleo Rural Lago Oeste, em Sobradinho, são importadas. As das espécies mais nobres, como as indianas, custam até 6 euros a unidade, o equivalente a cerca de R$ 15.
"Compro as sementes pela internet, em um site espanhol. O local é credenciado pela Organização Mundial de Saúde. As sementes passam por testes físicos e biológicos antes de serem comercializadas”, explica Borges.
Mau-olhado
Foi por acaso que Borges e Priscila entraram no mundo das pimentas. Priscila disse que plantou na chácara onde vivem um pé de pimenta como simpatia, para afastar mau-olhado.
“Deu uma praga e o Sylvio começou a pesquisar na internet a solução. Durante as pesquisas ele encontrou um grupo que planta pimentas de outros países”, conta. E foi durante os estudos que ele descobriu a Naga Morich, outra espécie indiana, parente próxima da Bhut Jolokia.
O casal recebeu um kit com várias espécies para experimentar e, após fazer contas, percebeu que a produção de pimentas era um negócio viável.
O cuidado com a plantação é pensado em todos os detalhes. O casal iniciou uma criação de cabras para produzir o adubo orgânico usado no cultivo. “As pimentas são plantadas com adubo de nossas cabras leiteiras. Tenho 30 animais. É tudo 100% orgânico”, diz Borges.
Além de fornecer seus produtos para restaurantes, o casal participa de eventos e feiras na capital.
O G1 esteve numa dessas feiras, em um shopping de Brasília, e constatou que os molhos com as pimentas mais ardidas do mundo são capazes de provocar lágrimas nos apreciadores.
Foi o que aconteceu com o diretor do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco, Tadeu Pontes. Apaixonado por pimentas, ele se interessou pelos produtos produzidos por Borges e Priscila e experimentou vários produtos.
"Algumas são fortes demais e outras mais saborosas. Essa 'sangue de dragão' é muito boa e muito forte. A pimenta nordestina não é tão forte. Essa me fez chorar", disse, enxugando os olhos.
Na visita à chacara de Borges e Priscila, o G1 conheceu alguns segredos dos produtores. Eles têm guardadas e identificadas em uma caixa as sementes que serão plantadas, as que serão testadas e as de que eles mais gostam. Como são feitos os molhos, Borges não revela. "Tem mistura que eu faço que nem a Priscila conhece", revela.
A pimenta preferida dele não é indiana. "Para mim, a caribenha 7 Pod é infernal. É a única pimenta que eu respeito mesmo. Essa dói", conta. Quando recebe amigos, ele prepara molhos de um vidro onde estão concentradas as seis pimentas mais fortes do mundo. "São as top de linha. É da diretoria. Tem que ser doido para provar o que tenho nesse vidro. Só uso em ocasiões especiais", diz Borges.
Sylvio Borges em sua plantação e exemplos de pimentas produzidas por ele e a mulher (no alto, a partir da esquerda) com adubo orgânico de cabras criadas pelo casal; abaixo, à esquerda, acervo de sementes compradas pela internet de produtor espanhol (Fotos: Káthia Mello / G1)
As mais ardidas Entre 1994 e 2000, a pimenta Habanero Red Savina, do México, constava no Guinness como a mais “quente” do mundo, com 577 mil unidades de ardência na escala Scoville. Em 2007, os especialistas consideraram a Naga Morich como a mais ardida, superando a mexicana.
Essa espécie, que também entrou no livro dos recordes, é uma prima da Bhut Jolokia, que a sucedeu naquele ano. Há ainda uma espécie de pimenta conhecida como "scorpion", originária de Trinidad e Tobago.
Do tamanho aproximado de uma bola de golfe, uma variedade da scorpion plantada na Austrália, a Butch T, foi classificada pelo Guinness como a pimenta mais ardida do mundo em 2011, com 1,463 milhão de unidades de ardência.
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