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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Terras raras: saiba quais os quatro elementos essenciais encontrados na única cidade fora da Ásia a produzi-los em escala comercial

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Elementos são produzidos pela Serra Verde Pesquisa e Mineração, em Minaçu. Terras raras são fundamentais tanto para as tecnologias atuais quanto para as inovações do futuro em escala global.
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Por Yanca Cristina, g1 Goiás

Postado em 31 de Julho de 2.025 às 14h00m

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Terras raras: mineradora de Goiás conquista destaque mundial na mineração
Terras raras: mineradora de Goiás conquista destaque mundial na mineração

Disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses são os quatro elementos magnéticos essenciais de terras raras produzidos pela Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), em Minaçu, no norte de Goiás. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), esse feito torna a cidade a única fora da Ásia a produzi-los em escala comercial.

Espera-se que esses quatro ETRs sejam os mais procurados, pois são utilizados em conjunto para fabricar os ímãs permanentes necessários em motores elétricos, turbinas eólicas, aplicações aeroespaciais, para defesa, automotivas, eletrônicos e de energia, explicou a Agência Nacional de Mineração (ANM) ao g1.

Conforme dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, ficando atrás apenas da China. O país asiático é responsável por mais de 60% da produção global e quase 90% do refino desses elementos.

🔍 As terras raras são fundamentais tanto para as tecnologias atuais quanto para as inovações do futuro em escala global, e correspondem a um conjunto de 17 elementos químicos. Eles ganham status de raros devido à dificuldade de separar sua forma pura dos minerais onde se acumulam.

Segundo a ANM, os elementos são classificados da seguinte forma:

  • leves: lantânio, cério, praseodímio e neodímio;
  • médios: samário, európio e gadolínio;
  • pesados: térbio, disprósio, hólmio, térbio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio.
Mineradora Serra Verde explora quatro elementos de terras raras em Minaçu. — Foto: Arte/g1
Mineradora Serra Verde explora quatro elementos de terras raras em Minaçu. — Foto: Arte/g1

Entenda a importância das terras raras

De acordo com o professor e doutor em engenharia de materiais, André Carlos Silva, a importância dos superímãs de terras raras está relacionada à transmissão energética. Segundo ele, o ímã permanente não precisa gastar eletricidade para gerar energia, já que é composto por neodímio.

Esse ímã está nos fones de ouvido de alta capacidade que nós usamos hoje, nos HDs de computadores, nas turbinas eólicas e também dentro dos motores dos carros elétricos, completou.

Ao g1, o geólogo Silas Gonçalves frisou que a capacidade de cada um dos elementos ainda não é de conhecimento geral da população. A tendência, com o desenvolvimento de pesquisa, é que cresça cada vez mais [a compreensão] da capacidade que esses elementos têm para poder oferecer para o mercado, pontuou.

De acordo com André, um ponto importante para impulsionar essa realidade no Brasil diz respeito ao investimento e desenvolvimento de tecnologias próprias.

Serra Verde ganha destaque mundial

Mineração Serra Verde, em Minaçu — Foto: Divulgação/Serra Verde
Mineração Serra Verde, em Minaçu — Foto: Divulgação/Serra Verde

Em entrevista ao g1, Ricardo Grossi, presidente e diretor de operações da empresa, informou que a Serra Verde iniciou sua produção comercial em janeiro de 2024. Atualmente, a mineradora emprega cerca de 400 pessoas no município de 27 mil habitantes, sendo aproximadamente 72% da força de trabalho formada por moradores da região, de acordo com o Grossi.

As atividades da SVPM iniciaram em 2010, quando a empresa apresentou pedidos de exploração à ANM, que abrangeram 23 áreas entre os estados de Goiás e Tocantins, com o intuito de entender o potencial geológico da área.

Somente em 2017, a Serra Verde conquistou a licença prévia e, em 2018, iniciou a execução do projeto Pela Ema - cuja expectativa é que produza pelo menos 5 mil toneladas por ano de óxido de terras raras. Foram anos de estudo e trabalho até a empresa receber a licença ambiental de operação em 2023 e iniciar a produção comercial no ano seguinte.

A Serra Verde abriga um dos maiores depósitos de argila iônica fora da Ásia, com vantagens competitivas e ambientais devido à natureza do depósito, com impactos ambientais relativamente baixos e situado em uma área de mineração consolidada, próxima à infraestrutura de energia renovável, afirmou o presidente.

Em janeiro de 2023, a Energy and Minerals Group e a Vision Blue Resources investiram US$ 150 milhões na Serra Verde, e, em outubro de 2024, foi anunciado um novo aporte de US$ 150 milhões da Denham Capital, da Energy and Minerals Group e da Vision Blue Resources.

Grossi frisou que esses investimentos viabilizaram o início das operações da Serra Verde na primeira fase. A empresa está avaliando a fase dois do projeto, que tem potencial para dobrar a produção até 2030, sem comprometer a vida útil da mina, estimada em 25 anos, ressaltou.

Ao g1, o prefeito de Minaçu, Carlos Leréia (PSDB), ressaltou que o investimento da Serra Verde trouxe benefícios para a cidade, que no passado teve a sua economia focada na exploração do amianto. Após o banimento do mineral no Brasil, as terras raras emergiram com uma nova possibilidade econômica.

Ele pontuou que a empresa ainda produz pouco, mas as expectativas para os próximos anos são otimistas.No auge da produção, que se espera que ocorrerá entre 2027 e 2028, a cidade vai ter muitos recursos, tanto o município, o estado, quanto o país, disse.

Minaçu tem depósito de terras raras em argila iônica — Foto: Arte/g1
Minaçu tem depósito de terras raras em argila iônica — Foto: Arte/g1

Goiás como referência na produção de terras raras

📈 De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em maio deste ano, Goiás exportou 60 toneladas de terras raras, com valor de US$ 965 mil. Já em fevereiro, foram 419 toneladas, com valor de US$ 5,7 milhões.

O estado está em destaque no mapa mundial da mineração. Além da Serra Verde, outra referência no estado corresponde à multinacional peruana Aclara Resources, com um investimento de R$ 2,8 bilhões no município de Nova Roma.

A unidade, com capacidade para processar 250 toneladas de argilas iônicas, tem como objetivo produzir um concentrado de Terras Raras com mais de 95% de pureza, informou a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviço (SIC) ao g1.

Segundo o órgão, em Iporá outro investimento milionário também chama atenção. A Appia Rare Earths & Uranium Corp, investiu R$ 550 milhões no município, sendo R$ 50 milhões para a conclusão dos estudos, iniciados em 2018. O projeto almeja gerar mais de 200 empregos.

Recentemente, o Japão confirmou o interesse em investir nos minerais goianos. Durante uma reunião com o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki, em Tóquio, a SIC recebeu a confirmação do envio de uma missão técnica japonesa a Goiás em agosto para avaliar áreas com potencial de exploração de terras raras.

Mineração Serra Verde é considerada a única operação fora da Ásia a produzir em escala comercial quatro elementos magnéticos essenciais — Foto: Divulgação/Serra Verde
Mineração Serra Verde é considerada a única operação fora da Ásia a produzir em escala comercial quatro elementos magnéticos essenciais — Foto: Divulgação/Serra Verde

📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.

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Austrália descobre inseto inusitado que entra para a lista do maior do país; VÍDEO

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Com 40 cm e o peso de uma bola de golfe, esse inseto-pau foi descoberto em uma floresta remota da Austrália. Pesquisadores acreditam que o tamanho incomum seja uma adaptação ao frio da região.
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Por Redação g1

Postado em 31 de Julho de 2.025 às 10h35m

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Pesquisadores descobrem inseto-pau gigante na Austrália
Pesquisadores descobrem inseto-pau gigante na Austrália

Uma nova espécie de inseto-pau, que se camufla entre galhos de árvores, foi descoberta na Austrália. O animal mede cerca de 40 centímetros e pesa 44 gramas. (Veja a imagem acima)

Segundo pesquisadores, trata-se do inseto mais pesado já registrado no país, que é conhecido por sua fauna inusitada.

Inseto pode ser o maior já registrado na Austrália — Foto: Universidade James Cook
Inseto pode ser o maior já registrado na Austrália — Foto: Universidade James Cook

A espécie foi encontrada por cientistas da Universidade James Cook nas copas das árvores da região montanhosa dos Trópicos Úmidos, no extremo norte de Queensland, uma área remota no nordeste da Austrália.

É provável que essa região isolada tenha mantido a espécie desconhecida por tanto tempo, explicou Angus Emmott, da Universidade James Cook, que participou da identificação da nova espécie, batizada de Acrophylla alta.

Inseto-pau descoberto na Austrália — Foto: Universidade James Cook
Inseto-pau descoberto na Austrália — Foto: Universidade James Cook

De acordo com ele, o tamanho do animal pode ser uma resposta evolutiva ao ambiente frio e úmido em que vive.

A massa corporal deles provavelmente os ajuda a sobreviver em condições mais frias, e é por isso que se desenvolveram nesse grande inseto ao longo de milhões de anos, diz Emmott.

Dois exemplares da nova espécie foram adicionados à coleção do Museu de Queensland para apoiar pesquisas futuras.

Pesquisadores transformam cigarras em 'caixa de música'
Pesquisadores transformam cigarras em 'caixa de música' 

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Desemprego cai a 5,8% no 2º trimestre, a menor taxa da série histórica do IBGE

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A desocupação ainda atinge 6,3 milhões de pessoas. Número de ocupados chega ao recorde de 102,3 milhões. Carteira assinada, rendimento médio e massa salarial também atingem máximas.
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Por Raphael Martins, g1 — São Paulo

Postado em 31 de Julho de 2.025 às 10h00m

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A taxa de desemprego no Brasil foi de 5,8% no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa do trimestre encerrado em junho representa a menor taxa da série histórica iniciada em 2012. A partir deste mês, os dados do IBGE passaram a ser recalculados com base no Censo Demográfico de 2022. (saiba mais abaixo)

Em comparação com o trimestre anterior, encerrado em março, houve queda de 1,2 ponto percentual (p.p.) na taxa de desocupação, que era de 7%. No mesmo período de 2024, a taxa era de 6,9%.

Ao todo, 6,3 milhões de pessoas estão sem emprego no país, o que representa uma queda de 17,4% (ou mais 1,3 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e um recuo de 15,4% (menos 1,1 milhão de pessoas) em comparação com 2024.

No trimestre encerrado em junho, a população ocupada foi estimada em 102,3 milhões de pessoas — novo recorde da série histórica iniciada em 2012. O número representa alta de 1,8% no trimestre (1,8 milhão de pessoas) e de 2,4% no ano (2,4 milhões a mais).

Com isso, 58,8% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil (14 anos ou mais) estão empregadas — é o que o IBGE chama de nível de ocupação. O aumento foi de 0,69 p.p. contra o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a alta é de 1 p.p.

Veja os destaques da pesquisa

  • Taxa de desocupação: 5,8%
  • População desocupada: 6,3 milhões de pessoas
  • População ocupada: 102,3 milhões
  • População fora da força de trabalho: 65,5 milhões
  • População desalentada: 2,8 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 39 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 13,5 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,8 milhões
  • Trabalhadores informais: 38,7 milhões
  • Taxa de informalidade: 37,8%

Carteira assinada batem novo recorde

O número de trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado cresceu 3% em relação ao ano anterior, alcançando 52,6 milhões. Houve alta nos dois comparativos: 1,3% no trimestre e 2,7% no ano.

Entre os empregados com carteira assinada, o total chegou a 39 milhões, o maior patamar da série histórica.

Contra o trimestre anterior, houve alta de 0,9%, com acréscimo de 357 mil trabalhadores. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,7%, o que representa 1,4 milhão de pessoas a mais.

Já os empregados sem carteira somam 13,5 milhões. No trimestre, houve alta de 2,6%, com acréscimo de 338 mil pessoas. Em relação a 2024, o número se manteve estável.

A taxa de informalidade ficou em 37,8% da população ocupada, o equivalente a 38,7 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, o índice era de 38%, e no mesmo período de 2024, de 38,6%.

No setor público, o número de empregados chegou a 12,8 milhões — novo recorde da série. Houve alta de 5% no trimestre (mais 610 mil pessoas) e de 3,4% no ano (mais 423 mil).

Os trabalhadores por conta própria totalizam 25,8 milhões, com crescimento de 1,7% no trimestre (mais 426 mil pessoas) e de 3,1% no ano (mais 767 mil).

Fora da força de trabalho

Seguindo o padrão internacional, o IBGE considera como desocupadas as pessoas sem trabalho que estão em busca de emprego. A soma desse grupo com o dos ocupados compõe a força de trabalho no Brasil.

A população dentro da força de trabalho cresceu 0,5%, totalizando 108,6 milhões de pessoas.

Com isso, 65,5 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho — número estável tanto no trimestre quanto no ano. São pessoas com 14 anos ou mais que não estão empregadas nem procuram trabalho ou não estão disponíveis para trabalhar.

Esse grupo inclui, por exemplo, aposentados, adolescentes em idade escolar, donas de casa sem interesse ou condições de trabalhar, além dos desalentados.

A população desalentada caiu para 2,8 milhões, com recuo de 13,7% no trimestre e de 14% em relação ao mesmo período de 2024.

🔎 Os desalentados são pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego por acreditarem que não encontrariam vaga, seja por falta de qualificação, idade ou ausência de oportunidades na região onde vivem.

A taxa de subutilização, que faz a relação entre desocupados, quem poderia trabalhar mais e quem não quer trabalhar com toda a força de trabalho, segue em tendência de baixa.

O número de pessoas subutilizadas é de 16,5 milhões, o que corresponde a uma taxa de 14,4% — a menor da série histórica. O índice caiu 1,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e 2 pontos na comparação anual.

Rendimento registra alta

O rendimento real habitual atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$ 3.477. A alta foi de 1,1% no trimestre e de 3,3% na comparação anual.

A massa de rendimento real habitual também bateu recorde, estimada em R$ 351,2 bilhões. O valor representa alta de 2,9% em relação ao trimestre anterior e de 5,9% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

Entenda como o desemprego é calculado no Brasil
Entenda como o desemprego é calculado no Brasil

Reponderação de dados com base no Censo

O IBGE atualizou os resultados da PNAD Contínua a partir dos dados demográficos do Censo 2022. Veja a nota do instituto abaixo.

A partir hoje, 31 de julho de 2025, as estimativas dos trimestres móveis da PNAD Contínua foram atualizadas e reponderadas, para refletir as novas estimativas populacionais do IBGE, baseadas no Censo 2022.

As populações utilizadas no cálculo dos fatores de expansão da PNAD Contínua foram atualizadas, mantendo-se a metodologia anteriormente adotada para as datas de referência da pesquisa. Mais detalhes sobre essa reponderação estão na nota técnica, aqui.

Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) — Foto: Divulgação/Agência Brasil
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) — Foto: Divulgação/Agência Brasil

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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Cidades' de servidores, água do subsolo e energia de milhões de casas: como serão os primeiros data centers de IA no Brasil

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Mercado de data centers para inteligência artificial cresceu com o surgimento de aplicativos como o ChatGPT. Mas eles usam equipamentos poderosos que exigem mais energia e refrigeração.

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Por Victor Hugo Silva, g1
30/07/2025 02h00 
Postado em 30 de Julho de 2.025 às 07h35m

#.* --  Post. - Nº.\  11.745  --  *.#

Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas
Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas

Espaços que mais parecem cidades, uso de água subterrânea e consumo de energia equivalente a milhões de casas estão nos planos dos primeiros data centers do Brasil com foco em inteligência artificial (IA).

Ao menos quatro projetos desse tipo já foram anunciados. Eles devem ser construídos no Rio de Janeiro (RJ), em Eldorado do Sul (RS), em Maringá (PR) e em Uberlândia (MG) — veja detalhes no mapa abaixo.

O g1 entrevistou executivos das três empresas que estão à frente desses projetos. Eles não reveleram quem usará a capacidade dos data centers, mas as big techs são vistas como clientes em potencial.

Outro espaço do tipo será construído em Caucaia (CE) e poderá ser utilizado pela dona do TikTok, segundo fontes da agência Reuters. Não há confirmação de que ele será usado para inteligência artificial.

Um cliente de data center é como o inquilino de uma casa que precisa ocupar o espaço com os seus "móveis" – neste caso, equipamentos de informática como servidores de armazenamento e chips de processamento.

O mercado de data centers de IA cresceu nos últimos anos porque esses espaços abrigam supercomputadores usados para treinar modelos de linguagem de aplicativos como o ChatGPT.

❓ Um data center ("centro de dados", em inglêsé um local que armazena e processa informações. Ele pode ser dividido em dois tipos: nuvem (cloud), para operar serviços na internet, e IA, para treinar modelos de linguagem complexos.

💡 O Brasil tem 188 data centers – todos de nuvem – e ocupa o 12º lugar no mundo, segundo dados do site Data Center Map. Os Estados Unidos lideram com 3.905.

As empresas que constroem esses prédios precisam garantir que eles tenha energia e refrigeração. Por conta da alta demanda dos data centers de IA, esses dois pontos são considerados críticos para o meio ambiente.

Isso porque os equipamentos poderosos que são usados nesses centros esquentam muito e exigem um sistema de refrigeração adequado, que pode ser abastecido com água.

E, ainda que a alta demanda de energia em data centers de IA seja conhecida, pesquisadores alertam que faltam informações públicas para entender o real impacto desses projetos para o meio ambiente.

Projetos de data centers no Brasil — Foto: Kayan Albertin e Dhara Pereira/g1
Projetos de data centers no Brasil — Foto: Kayan Albertin e Dhara Pereira/g1

A Elea Data Centers quer ter quatro data centers de IA no complexo Rio AI City, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Um deles já está em funcionamento, mas, por enquanto, não é usado para aplicações de inteligência artificial, e sim para nuvem.

A empresa diz operar outros nove data centers de nuvem no Brasil. E afirma que, nos próximos anos, o Rio AI City chegará a 1.500 megawatts de potência, que poderá ser ampliada para 3.200 megawatts no futuro.

Elea Data Centers prevê quatro data centers, além de prédios para centros de pesquisa, startups e outros, em complexo em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/Elea Data Centers; Dhara Pereira/g1
Elea Data Centers prevê quatro data centers, além de prédios para centros de pesquisa, startups e outros, em complexo em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/Elea Data Centers; Dhara Pereira/g1

No Rio Grande do Sul, o Scala AI City terá "bairros" de servidores em Eldorado do Sul, município com apenas 40 mil habitantes. O projeto da Scala Data Centers, que diz já operar 13 data centers de nuvem, chegará a 1.800 megawatts de potência até 2033 e pode alcançar 5.000 megawatts no futuro.

⚡ A potência, medida em watts, serve para indicar a capacidade do espaço. E o consumo real de energia é medido em watts-hora. Para medir o consumo máximo em um dia, é preciso multiplicar a potência por 24 horas.

Se o Rio AI City usar a potência de 1.500 megawatts por um dia, seu consumo será equivalente ao uso diário de 6 milhões de casas. Já o Scala AI City, com potência de 1.800 megawatts, usará em um dia a mesma energia de 7,2 milhões de residências.

Em comparação, um data center de nuvem convencional com potência de 20 megawatts pode ter, no limite, consumo diário igual ao de "apenas" 80 mil casas.

O cálculo foi feito ao comparar o consumo diário máximo dos data centers com o consumo médio de residências no Brasil, que era de cerca de 6 quilowatts-hora por dia em março de 2025, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Projeto do Scala AI City, 'cidade' de servidores que será construída em Eldorado do Sul (RS) — Foto: Divulgação/Scala Data Centers
Projeto do Scala AI City, 'cidade' de servidores que será construída em Eldorado do Sul (RS) — Foto: Divulgação/Scala Data Centers

Na prática, o uso de energia será um pouco menor e dependerá de quantos equipamentos, de fato, serão usados, explica Eduardo Fagundes, engenheiro e professor especializado em tecnologia e inteligência artificial.

"Não se consome toda essa energia. Cada servidor consome um pouco menos do limite dependendo do que você colocar para rodar", explica Fagundes.

E, para diminuir gastos com energia, empresas redirecionam o processamento várias vezes ao dia aos seus servidores em outras partes do mundo, diz o engenheiro.

"Imagine um data center que use energia solar. Se não tem sol, ele não opera. Então, tem que buscar energia em outro lugar. Se houver data centers em diferentes lugares, eles acompanham o sol. É por isso que empresas estão colocando seus servidores em diferentes lugares do mundo".

Aval dos governos

Os projetos brasileiros têm recebido apoio de governos. A prefeitura de Eldorado do Sul e o governo do Rio Grande do Sul sancionaram em dezembro uma lei que cria um polo tecnológico de data centers na cidade. A medida serve como um incentivo tributário para o desenvolvimento desse tipo de atividade na região.

Há ainda planos em Maringá (PR) e em Uberlândia (MG) anunciados pela RT-One. A empresa, que não tem outros data centers, diz que as obras começarão após estudos de impacto e que eles terão potência de 400 megawatts cada um.

A prefeitura de Maringá iniciou em janeiro um processo junto ao governo federal para criar na cidade uma área de livre comércio com o exterior, numa tentativa de atrair data centers, que dependem de equipamentos importados. O pedido depende de aprovação do governo federal.

Em Uberlândia, o anúncio foi comemorado pelo prefeito Paulo Sérgio (PP), que classificou a criação do data centers como "uma oportunidade ímparpara promover inovação, desenvolvimento, qualificação de mão de obra e atração de investimentos.

No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) assinou no início de julho um memorando de intenções com instituições públicas e privadas para a criação do Rio AI City e disse que busca consolidar a cidade "como uma espécie de capital da inteligência artificial brasileira".

O governo federal, por sua vez, admite a possibilidade de destinar para os data centers parte da água de reservatórios de hidrelétricas.

"O país tem o potencial de aproveitar seus recursos naturais de maneira inovadora. Um exemplo é a possibilidade de utilizar a abundância de água em reservatórios de hidrelétricas para o resfriamento eficiente de infraestruturas de IA", afirma o governo no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial.

Ainda segundo o governo, o plano "visa a aproveitar a vantagem competitiva do Brasil em sua matriz energética predominantemente limpa para impulsionar o desenvolvimento sustentável da infraestrutura pública de IA no país".

Projeto do data center da RT-One em Maringá — Foto: Divulgação/RT-One
Projeto do data center da RT-One em Maringá — Foto: Divulgação/RT-One

Enquanto servidores de nuvem podem ser refrigerados apenas com ar, os data centers de inteligência artificial dependem do chamado "liquid cooling(resfriamento líquido), método que pode utilizar água ou óleo para diminuir a temperatura ao circular pelos equipamentos.

"Os chips [para IAficam tão quentes que precisam ser refrigerados internamente. Eles têm um circuito fechado que não consome nada de água", explica o presidente da Elea, Alessandro Lombardi.

"É como se houvesse um circuito fechado. O líquido esquenta à medida em que gera temperaturas mais baixas [nos servidores] e volta para os equipamentos que fazem seu resfriamento", afirma o diretor de operações da Scala, Cleber Braz.

A Elea e a Scala dizem que seus projetos terão um sistema de refrigeração que usa óleo e não precisa ser abastecido constantemente com esse líquido.

Data center da Meta em Indiana, nos Estados Unidos — Foto: Divulgação/Meta
Data center da Meta em Indiana, nos Estados Unidos — Foto: Divulgação/Meta

A RT-One diz que usará refrigeração por água e que o recurso poderia ser retirado do Aquífero Guarani, uma reserva subterrânea que abrange principalmente a região Sul do Brasil. O projeto de Maringá teria fácil acesso a água com baixas temperaturas, afirma o presidente da RT-One, Fernando Palamone.

"Tudo o que é preciso é bombear aquela água, passá-la em um trocador de calor – sem contaminação nenhuma, porque o trocador de calor é isolado –, refrigerar os sistemas e descê-la de novo para o aquífero".


Planos das big techs
Sede da TikTok nos Estados Unidos — Foto: Mike Blake/REUTERS



















 Sede da TikTok nos Estados Unidos — Foto: Mike Blake/REUTERS

O futuro data center em Caucaia será usado pela ByteDance, dona do TikTok, segundo fontes da Reuters.

O data center será construído pela empresa Casa dos Ventos, que disse ter recebido autorização do Ministério de Minas e Energia para uma potência de 300 megawatts na primeira fase do projeto e 576 megawatts, no futuro. No limite, o consumo seria equivalente a 2,3 milhões de casas.

Segundo a Casa dos Ventos, o data center vai usar refrigeração em circuito fechado, o que diminui o consumo de água. A empresa diz ainda que o espaço terá investimento acima de R$ 50 bilhões e vai começar a operar em 2027.

g1 perguntou se o espaço será usado pela ByteDance, mas o TikTok e a Casa dos Ventos não responderam.

Meta, dona do WhatsApp, do Instagram e do Facebook, já anunciou que planeja criar vários data centers de larga escala. Um deles é o Hyperion, que será construído nos EUA e terá capacidade de 5.000 megawatts, anunciou em julho o presidente da empresa, Mark Zuckerberg.

Google e a Amazon Web Services (AWS) têm data centers de nuvem no estado de São Paulo e, apesar de serem capazes de rodar algumas aplicações de inteligência artificial, eles não são focados nesse tipo de operação.

A AWS diz que não separa a finalidade de seus data centers entre nuvem e IA, mas admite que o avanço da inteligência artificial fez empresas se preocuparem mais com a eficiência do consumo de energia. E diz que a refrigeração varia de acordo com a localidade.

"A gente também faz uso de sistemas de refrigeração a líquido, não necessariamente água. É uma refrigeração líquida em circuitos fechados para evitar o consumo excessivo desse recurso", explica a líder de Gestão de Soluções para Clientes da AWS no Brasil, Fernanda Spinardi.

"Existem regiões onde a gente aproveita a própria questão climática local para diminuir bastante a necessidade da refrigeração. Cada data center vai ter a sua particularidade simulada antes de ser construído".

Microsoft tem data centers de nuvem no Rio de Janeiro e em São Paulo e diz que eles comportam infraestrutura de IA. A empresa também anunciou em 2024 um investimento de R$ 14,7 bilhões em infraestrutura de nuvem e IA no país ao longo de três anos.

O que dizem especialistas

Para avaliar o impacto para o meio ambiente, é preciso saber se os líquidos usados para resfriar os equipamentos passam por um circuito aberto ou fechado.

Se o circuito é fechado, há menos consumo de água, mas é necessário mais energia para manter o líquido gelado. Se o circuito é aberto, o uso de energia é menor, mas o gasto de água aumenta para abastecer o sistema constantemente.

"A parte do treinamento definitivamente consome mais água, porque modelos mais novos consomem mais recursos, mais energia para treinar", explica Shaolei Ren, professor de Engenharia Elétrica e de Computação na Universidade da Califórnia, em Riverside.

Ele é um dos autores de um estudo que apontou que treinar o modelo GPT-3, usado pelo ChatGPT, em servidores da Microsoft pode evaporar 700 mil litros de água. E que, do lado dos usuários, fazer até 50 perguntas para o ChatGPT pode consumir meio litro de água.

"O treinamento usa muita água, mas é apenas uma vez. Cada inferência [ou pergunta para o ChatGPT] consome uma pequena quantidade de água, mas, se somar todas as inferências, o número é enorme", afirma.

"Precisamos entender o impacto e avaliar: estamos obtendo benefícios suficientes para compensar os impactos negativos do ponto de vista da sociedade? Queremos garantir que o benefício que isso traz supere o lado negativo", diz o pesquisador.

Mas faltam informações para saber como data centers de IA vão impactar o meio ambiente no Brasil, diz Elaine Santos, pesquisadora do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), em Portugal.

"Não há dados públicos. Para sabermos, de fato, quanto gasta e que impacto isso vai ter, temos que ler todos os relatórios, cruzar informações, fazer cálculos. É uma pesquisa muito aprofundada para cada data center", afirma.

"Tem que analisar a região onde o data center está, se há uma escassez hídrica, que tipo de região é, como a energia é usada, se existe pobreza energética. Basicamente, fica impossível para qualquer pesquisador ou interessado no tema".

Para a pesquisadora, "a política pública não está dando conta de dar uma resposta" para o avanço rápido dos data centers. "Outros países estão tentando controlar, restringir. E o Brasil não tem uma estratégia, está pensando agora em uma política", afirma.

O governo federal planeja anunciar em breve a Nova Política de Data Centers e afirma que o objetivo é atrair investimentos e desenvolver a cadeia produtiva do setor no país.

O Ministério do Meio Ambiente diz que, assim como empreendimentos de outros setores, data centers estão sujeitos à exigência de licenciamento ambiental, que "deverá avaliar os possíveis impactos de cada projeto" e propor medidas para reduzir efeitos negativos para o meio ambiente e a sociedade.

O órgão afirma ainda que data centers precisam de autorização para usar água. O processo "envolve o cálculo de disponibilidade hídrica para cada projeto, garantindo que não seja outorgado [autorizado] volume maior do que as capacidades de cada curso hídrico".

O Ministério de Minas e Energia afirma que, entre 2020 e o início de julho de 2025, aprovou 21 dos 57 pedidos para conexão de data centers à rede básica do Sistema interligado Nacional (SIN), voltada para grandes consumidores de energia. Os projetos de Eldorado do Sul e de Caucaia estão entre os pedidos aprovados.

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