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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Seca extrema: rio Paraguai atinge menor nível desde 1900 em Ladário, MS

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Índice de -67 cm abaixo da régua de medição é o pior em 124 anos e supera nível registrado na semana passada, quando rio atingiu -62 cm.
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Por Loraine França, Rauã Araújo, g1 MS e TV Morena

Postado em 15 de outubro de 2024 às 19h30m

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Rio Paraguai registrou nesta terça-feira (15) o menor nível em 124 anos — Foto: Reprodução/TV Morena
Rio Paraguai registrou nesta terça-feira (15) o menor nível em 124 anos — Foto: Reprodução/TV Morena

O rio Paraguai, principal bacia do Pantanal, atingiu 67 cm negativos em Ladário (MS) nesta terça-feira (15), segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB). É o pior índice desde que a medição começou, em 1900.

A bacia do Rio Paraguai possui 18 réguas de medição distribuídas ao longo de 2.695 Km de extensão. Além de Ladário, outras oito réguas estão na classificação de seca extrema do SGB e apresentam níveis históricos. Veja abaixo os níveis registrados nesta terça-feira (15) pelo SGB:

  • Porto Murtinho: -60cm
  • Cáceres: -40cm
  • Barra dos Bugres: -36cm
  • Porto Esperança: -146cm
  • Porto Conceição: -164cm
  • Pousada Taiamã: -192cm
  • Forte Coimbra: -194cm
  • Bela Vista do Norte: -227cm

Segundo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o nível médio do rio Paraguai para esta época do ano é de 1,8 metro. Os índices registrados em outubro deste ano são os piores da história e revelam que o Pantanal vive a estiagem mais severa desde 1964.

Rio Paraguai atinge o menor nível da história em Ladário-MS

O Rio Paraguai passa também pela Bolívia, Paraguai e deságua na Argentina. É o principal rio do Pantanal, e tem registrado níveis baixíssimos desde o início de 2024 - em julho registrou o menor nível em quase 60 anos, cenário que se repete em outubro.

O rio abrange 48% do estado de Mato Grosso e 52% de Mato Grosso do Sul, atravessando os biomas Cerrado, Pantanal e também o Chaco, considerado bioma paraguaio semelhante ao Pantanal. Além disso, é considerado o oitavo maior rio da América do Sul.

Na Bolívia, o cenário de seca extrema também se repete e a Capitania de Puerto Mayor informou ao g1 MS que o nível no país vizinho, na fronteira com o Brasil, está em -50 cm. Os níveis registrados são históricos e há prejuízos para o comércio exterior, relata o órgão boliviano.

Chuvas abaixo do esperado

Pesquisadores do SGB vêm alertando desde fevereiro para a possibilidade de mínimas históricas no Rio Paraguai em decorrência do baixo volume de chuvas.

Essa seca vem sendo observada em razão das chuvas abaixo do normal durante toda estação chuvosa, desde outubro de 2023. Por isso, temos alertado sobre esse processo que se desenhava na bacia, explica o pesquisador Marcus Suassuna, do SGB.

Entre outubro de 2023 e setembro de 2024, a estimativa de chuva do SGB era de 1097mm, mas o total estimado foi de 702 mm, representando déficit de 395 mm. O órgão reforça que a recuperação dos níveis da Bacia do Rio Paraguai será lenta e a estimativa é de que o nível fique abaixo de zero até a segunda quinzena de novembro.

Com os baixos níveis, autoridades locais vêm recomendando aos navegantes cuidado redobrado durante o deslocamento. É muito importante que os navegantes tenham bastante cuidado durante a condução da embarcação porque eles podem se deparar com bancos de areia, baixas profundidades e canais estreitos, ressalta o Capitão-tenente da Marinha, Eduardo Pontual Dubeux.

Incêndios

Além da seca, o bioma enfrenta o problema dos incêndios florestais que só este ano já devastaram 12,7% de área do bioma (tanto em MS quanto em MT), segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). A temporada do fogo este ano começou mais cedo e de forma mais severa em razão das mudanças climáticas.

Nesta segunda-feira (14), incêndio de grandes proporções atingiu uma das regiões mais isoladas e preservadas do Pantanal, a Barra do São Lourenço, que fica na divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O PrevFogo, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mobilizou uma equipe de 28 brigadistas para combater o fogo na região. As chamas continuam pela região nesta terça-feira (15).

Grande incêndio atInge área de difícil acesso no Pantanal

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