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domingo, 16 de março de 2014

No Vale do Silício, um novo ciclo de prosperidade


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Região recebeu US$ 12 bi de empresas de venture capital em 2013

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Flávia Barbosa - Enviada especial
Publicado:Atualizado:
Postado em 16 de março de 2014 às 07h55m
Inovação. Com aparelho que permite reprodução dos movimentos das mãos, Leap Motion acumulou US$ 45 milhões Foto: Flávia barbosa
Inovação. Com aparelho que permite reprodução dos movimentos das mãos, Leap Motion acumulou US$ 45 milhões Flávia barbosa

MENLO PARK, MOUNTAIN VIEW, PALO ALTO, SAN JOSE e SÃO FRANCISCO. Epicentro da revolução tecnológica que abalou estruturas econômicas e transformou padrões de comportamento em todo o mundo, o Vale do Silício não é um gigante deitado em berço esplêndido. 

Após a bem-sucedida era das mídias sociais e dos serviços e aplicativos voltados ao consumidor, que produziu czares pontocom como Facebook e Google, o corredor de inovação da Califórnia entrou em nova corrida do ouro. 

Investidores e empresas estão em busca de nichos diferentes _ que vão da biotecnologia à moeda virtual bitcoin _, produtos físicos de alta tecnologia e ferramentas que permitam a conectividade da velha economia. Dinheiro não falta. 

A região fechou 2013 com US$ 12,125 bilhões em investimentos apenas das empresas de venture capital, o maior volume desde o estouro da bolha da internet. Tamanha pujança está ampliando também os limites geográficos do Vale do Silício, que adotou São Francisco como um dos seus principais pólos de desenvolvimento e negócios. A nova realidade do Vale é tema de série que O GLOBO inicia neste fim de semana.
A startup Leap Motion traduz o momento da indústria tecnólogica. Enquanto Jam Koum vendia a Mark Zuckerberg o aplicativo de mensagens Whatsapp por US$ 16 bilhões, na maior tacada do Facebook para manter seu domínio nas redes sociais, Michael Buckwald comemorava ao lado do sócio David Holz, ambos de 25 anos, os seis meses de lançamento do Leap Motion controller

O aparelhinho, pouco maior que um pendrive, tem um sensor embutido que permite uma inédita precisão na reprodução dos mais sutis movimentos dos dedos das mãos, em tempo real. Seu aproveitamento é amplo, de acordo com o aplicativo desenvolvido: vai dos games aos mapas virtuais, passando por robótica, sistemas de defesa e serviços médicos à distância.

Buckwald e Holz desembarcaram no Vale do Silício há três anos, vindos da Costa Leste. Em três mochilas, carregavam o protótipo do controle. Desafiando o senso comum, esnobaram Mountain View e Palo Alto e se estabeleceram em São Francisco. Vinte firmas de venture capital e seis meses depois, conseguiram o primeiro aporte de US$ 1,3 milhão. Hoje, têm um caixa de US$ 45 milhões e 120 empregados e competem com a Microsoft.

_ Há uma tendência muito positiva no Vale neste momento no investimento em startups, a inovação vai em direção a produtos reais e novas tecnologias e há mais setores e pontos da cadeia produtiva precisando de perturbação criativa, o que amplia o espaço de competição para pequenas empresas, que não seria possível dez anos atrás. 

Estamos tirando vantagem disso _ diz Buckwald.
Segundo Josh Constine, repórter e blogueiro do TechCrunch , site de notícias da indústria de tecnologia, três segmentos que estão engatinhando despontam como apostas em 2014. 

Existe uma sede particular pelo bitcoin _ a moeda criptografada cuja ambição é substituir os meios tradicionais de pagamento nas transações pela internet e ainda enfrenta desconfiança das autoridades do sistema financeiro. 

O outro é a impressão em 3D, que permite desde a criação rápida e barata de protótipos industriais até a customização de produtos pelo consumidor (por exemplo, capas de celulares). Por último, os drones, que ganharam visibilidade após Jeff Bezos, dono da Amazon, revelar um plano de longo prazo de entrega de encomendas com máquinas de voo não tripulados.

_ Essas são tecnologias muito novas e ninguém sabe o que acontecerá com elas. Mas o potencial de transformarem o jeito como vivemos e fazemos negócios é hoje um chamariz de investidores _ disse Constine.

As mídias sociais e a internet voltada ao consumidor ainda dominam os investimentos na criação e no desenvolvimento de novas empresas de tecnologia. No ano passado, por exemplo, três dos dois maiores desembolsos de venture capital nos EUA foram para a plataforma de compartilhamento de fotos Pinterest (US$ 425 milhões) e o serviço de contratação online de táxis e carros Uber (US$ 258 milhões) _ ambos sediados em São Francisco.

É o que o fundador da plataforma de comentários online Disqus, Daniel Ha, de 27 anos, chama de “ideal Facebook”: investidores institucionais como os fundos de pensão, que canalizam recursos por intermédio das firmas de venture capital, estão atrás de fenômenos como a empresa de Zuckerberg, que abriu capital e viu as ações decolarem. 

Nunca foi tão fácil levantar dinheiro no Vale, diz Ha:
_ E, como desdobramento da própria evolução tecnológica, está mais barato financiar um empreendimento. Nós começamos a Disqus com US$ 15 mil. Hoje, temos levantados US$ 20 milhões.

O outro lado da moeda é o reconhecimento de que o retorno de quem chega agora no nicho da internet ao consumidor tende a ser menor do que o de quem apostou dez ou cinco anos atrás. Isso motiva o investimento em novas áreas e tecnologias, em busca de uma nova galinha dos ovos de ouro.

_ O tempo do Vale é o futuro. Questionar e achar novos padrões é o que fazemos. Ao longo do tempo, o superfinaciamento de uma área em detrimento de outras se autocorrige. Porque para cada um Instagram que tem uma explosão de retorno, são 15 startups similiraes que não acontecem _ explica Andreas Stavropoulos, um dos sócios da Draper Fisher Jurvetson (DFJ), uma das maiores firmas de venture capital do Vale do Silício.

Com US$ 6 bilhões investidos em 20 anos, a DFJ tem olhado particularmente para novas tecnologias. Está peneirando oportunidades em energia limpa e no setor aeroespacial. 

E dedica atenção especial ao Bluetooth (transmissão sem fio de dados a curta distância) de baixo consumo de energia, com baterias de longa duração, cuja aplicação abraça indústrias tão diversas quanto as de saúde, segurança, entretenimento, publicidade, geologia e varejo.

É a tal da conectividade, que anima os investimentos dos setores tradicionais da economia e responde por boa parte do novo boom. Gestada no coração acadêmico do Vale do Silício, a universidade de Stanford, a Cisco é um dos titãs da era da internet, há 29 anos fabricando roteadores e equipamentos que compõem a engrenagem da web. Agora, a empresa está dedicada a soluções para os clientes tirarem o melhor proveito da rede mundial de computadores. 

Por exemplo, instalando sensores em vagas nas ruas e desenvolvendo aplicativos que permitam aos motoristas encontrá-las, reduzindo um dos nós que respondem por 30% do trânsito nas cidades.

_ Apenas 1% dos aparelhos e máquinas eletrônicas do mundo estão conectados à internet. Mesmo em fábricas, não passa de 4%. Conectar os 99% restantes é o novo caminho, a super-era industrial da internet _ afirma o vice-presidente da divisão Internet of Things da Cisco, Guido Jouret. _ Se pensarmos em tudo que se pode gerenciar a partir da internet, a economia com energia e o lucro potencial das indústrias internacionalmente é de US$ 1,95 trilhão.

A velha economia, no entanto, não espera sentada a oferta de soluções. Por intermédio de fundos próprios de venture capital e a abertura de incubadoras de empresas, desembarcaram fortemente no Vale nos últimos dois anos em busca de uma nova geração de tecnologias que modernizem e turbinem os negócios. 

Montadoras como a Ford estão entre as líderes do processo, em busca de novos materiais, eficiência energética e, sobretudo, tecnologias móveis (som, vídeo, transmissão de dados), sensoriais (anticolisão, por exemplo) e de autodireção para carros. 

Só a GM Ventures tem US$ 200 milhões para os passos iniciais de empreendedores. Se o caminho se mostra promissor, a GM se oferece como primeiro cliente, ajudando no aperfeiçoamento da tecnologia ou produto.

A indústria farmacêutica é outra com presença crescente no Vale, que já é um dos três maiores clusters de desenvolvimento de biomedicina do mundo. 

A Johnson and Johnson, baluarte da Costa Leste com sede em New Jersey, atravessou os EUA para criar em junho um Centro de Inovação em Menlo Park, cujo objetivo é dar acesso a startups aos seus recursos e conhecimento, e abrir uma incubadora de firmas de biotecnologia em São Francisco.

_ Setores tradicionais têm seu roteiro já estabelecido e isso pode atrapalhar a capacidade de inovação. Mas eles não podem ser pegos de surpresa ou verem a concorrência pôr a mão primeiro numa tecnologia revolucionária.

A ordem, então, tem sido: se você não pode controlar as descobertas, financie-as e compartilhe os achados _ diz Stefanios Zenios, diretor do Centro de Estudos de Empreendedorismo da Escola de Negócios da Universidade de Stanford.

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