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sábado, 11 de janeiro de 2014

Mauro Leos: "Terá de acontecer algo extremo para um rebaixamento do país"


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O vice-presidente da Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco, diz que o Brasil precisa acelerar o crescimento para arrecadar mais e cobrir os gastos. Porém, segundo ele, o país não deve perder o grau de investimento antes das eleições

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JOSÉ FUCS
10/01/2014 20h20
Postado em 11 de janeiro de 2014 às 09h45
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A MOODY'S E O GOVERNO O economista Mauro Leos. Conversas frequentes com Guido Mantega (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

À frente do departamento de América Latina da Moody’s, uma das maiores agências internacionais de classificação de risco, o economista Mauro Leos, nascido no México e radicado nos Estados Unidos, tem a missão de dar a nota que pode atrair ou afastar investidores de países da região. 

Nesta entrevista a ÉPOCA, Leos faz uma análise detalhada da economia brasileira e diz por que empresários e investidores estão com um pé atrás em relação ao Brasil. Ainda assim, segundo ele, só uma hecatombe fará o Brasil perder o grau de investimento ainda no atual governo. “Tudo é possível, mas terá de acontecer algo extremo para haver um rebaixamento do país”, afirma.

ÉPOCA – Por que a avaliação do Brasil pelas agências de rating mudou tanto desde que o país recebeu grau de investimento, em 2009?
Mauro Leos – Isso tem muito a ver com o baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos três anos. Desde 2011, a taxa de crescimento ficou em torno de 2% ao ano. Em 2014, se nossa previsão se confirmar, deverá ficar novamente na faixa de 2%. Serão quatro anos abaixo do que consideramos como o potencial de crescimento do Brasil, de 3% ao ano. Não é uma surpresa quando o crescimento fica abaixo do potencial por um ou dois anos, mas, quando isso ocorre por quatro anos seguidos, é um sinal de que algo não vai bem.



ÉPOCA – Fora o baixo crescimento, o que mais o preocupa na economia brasileira?
Leos – É o crescimento da dívida pública. No Brasil, a dívida bruta sempre foi relativamente alta, na faixa de 55% do PIB, em comparação com outros países com a mesma classificação de risco. Nos últimos 15 anos, a dívida pública ficou acima de 60% do PIB só duas vezes, em 2002 e em 2009, e sempre voltou a cair no ano seguinte. 


Agora, nossa estimativa é que, em 2013, ela tenha alcançado 60,4% do PIB. Para 2014, a projeção é que volte a crescer, para 61,9% do PIB. Será a primeira vez em que isso acontecerá dois anos seguidos. Então, nossa preocupação se deve principalmente à situação fiscal e ao baixo crescimento do país.

ÉPOCA – Em sua opinião, o que explica o baixo crescimento e o aumento da dívida pública?
Leos – Em relação ao crescimento, isso se deve a razões estruturais. Os investimentos são relativamente baixos. Na maioria dos países que cobrimos, a taxa de investimento está acima de 20% do PIB. No Brasil, tem ficado abaixo de 20%, junto com países como Guatemala e El Salvador. Outro problema é a produtividade. O crescimento da produtividade no Brasil tem sido baixo há anos. Mas isso não é novo. O que é novo é o sentimento negativo dos investidores e dos empresários. Eles estão muito preocupados e parecem pessimistas com as perspectivas da economia. Os indicadores de confiança têm caído de forma consistente. 


Isso significa que eles não estão dispostos a investir, a gastar. O país não cresce, porque eles não investem, e eles não investem porque a economia está fraca. Além disso, há uma percepção de que algumas das políticas do governo são intervencionistas. No programa de concessões, o governo teve de mudar várias vezes as regras que havia criado, porque os investidores acharam que elas não eram atraentes o suficiente.
 


"Terá de acontecer algo extremo para haver um rebaixamento do país"

ÉPOCA – Em relação à questão fiscal, o que levou a dívida pública brasileira a superar os 60% do PIB?
Leos – Em nossa visão, o governo no Brasil é muito grande e tem um espaço fiscal limitado para atuar. A arrecadação está muito acima da média da América Latina, em relação ao PIB. Em termos relativos, ela é comparável à arrecadação de países ricos. Por isso, é difícil o governo aumentar de forma significativa as receitas. 


Ao mesmo tempo, os gastos também são altos, na faixa de 40% do PIB. Em geral, vemos esses níveis de gastos apenas em países europeus. Também não há muita flexibilidade nos gastos. Muitos gastos são determinados pela Constituição. Não há muito como reduzi-los, a não ser que o governo faça uma grande reforma na Previdência Social, que tem um forte impacto nas contas públicas, mas não é fácil fazer isso. 

O governo também tem espaço limitado para atuar na dívida pública. O pagamento de juros da dívida representa 14% da receita do governo. Entre os países com a mesma avaliação do Brasil, essa relação é de 8% a 9% da arrecadação. Quando você tem espaço fiscal limitado e a economia não cresce rapidamente, como está acontecendo hoje, o governo tem problemas com as contas públicas.

ÉPOCA – Desde o governo Lula, os gastos correntes do governo não param de subir. A impressão é que o governo imaginou que a economia cresceria 5% ao ano para sempre e não se preocupou com as consequências do aumento de gastos se o crescimento diminuísse.
Leos – Esse é um ponto importante. Os gastos não financeiros em relação ao PIB têm crescido a cada ano, tanto no governo Lula quanto no governo Dilma. A diferença é que, com Lula, a economia crescia 5% ao ano, e o governo podia gastar mais. No governo Dilma, o crescimento caiu significativamente e a arrecadação não subiu como os gastos. No fundo, esse é o grande problema do Brasil hoje.


ÉPOCA – Qual o principal desafio do governo para superar o sentimento negativo dos investidores e dos empresários?
Leos – Para mudar esse sentimento, o governo deve entregar aquilo que promete e ser o mais claro e simples possível em relação a seus objetivos e a como pretende atingi-los. No Brasil, a gente teve de aprender a viver com o uso de expedientes pelo governo para fechar suas contas no final de cada ano, mas isso não costuma acontecer em outros países. Agora, este é o último ano desta administração e não se devem esperar grandes coisas neste ano. Se o governo fizer o feijão com arroz, já será uma grande contribuição para diminuir a pressão do mercado.


ÉPOCA – Na semana passada, a Moody’s divulgou um relatório com previsões pouco animadoras para a economia brasileira em 2014. Até que ponto isso poderá levar ao rebaixamento da classificação de risco do país ainda neste ano?
Leos – O cenário que prevemos para o Brasil em 2014 não deverá ser muito diferente de 2013. No ano passado, a economia cresceu em torno de 2% e, neste ano, como já disse, deverá ficar no mesmo patamar. O superavit primário (economia do governo para pagar os juros da dívida pública) ficou em cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB)


Neste ano, também deverá ficar mais ou menos por aí. No caso da dívida pública, que ultrapassou 60% do PIB em 2013, deverá acontecer algo parecido. Se esse cenário se confirmar, não precisaremos mudar a classificação de risco do Brasil no curto prazo. Acreditamos que ela é consistente com a nota do país hoje, de grau de investimento, com perspectiva estável.

ÉPOCA – Há algum risco de o Brasil perder o grau de investimento antes das eleições?
Leos – Tudo é possível, mas terá de acontecer algo extremo para haver um rebaixamento do país. A economia terá de ir muito mal. O crescimento e o superavit primário terão de ser bem menores, e o peso da dívida pública em relação ao PIB muito maior que nossas previsões. Se isso acontecer, teremos de sentar e discutir o que faremos. 


Agora, se for para fazer uma mudança, será primeiro de perspectiva, de estável para negativa, antes de o Brasil perder o grau de investimento. Se o cenário ficar dentro do previsto, essa avaliação deverá ficar para 2015. Para ser honesto, ainda é cedo para fazer projeções para 2015. O que quer que aconteça no ano que vem, dependerá do próximo governo.


ÉPOCA – Então, a presidente Dilma pode dormir tranquila, porque o rebaixamento não atrapalhará sua campanha à reeleição?
Leos – Vamos deixar uma coisa clara: cada país, cada governo sempre se preocupa com a classificação de risco. Sempre. Vamos imaginar que haja uma mudança na perspectiva do Brasil de “estável” para “negativa”. Não é a mesma coisa que perder o grau de investimento, mas hoje o mercado é sensível a qualquer notícia. Nas condições atuais, em que o sentimento dos investidores em relação ao governo já não é bom, qualquer notícia negativa pode fazer diferença.


ÉPOCA – Em 2013, para alcançar a meta de superavit fiscal de R$ 75 bilhões (1,5% do PIB), o governo adiou pagamentos e recorreu a receitas extraordinárias, como as do leilão do campo de Libra, do pré-sal. Como o senhor vê essa questão?
Leos – As receitas extraordinárias não são uma surpresa. O governo tem recorrido a diferentes expedientes para cumprir a meta de superavit primário. Isso já está refletido em nossa visão do Brasil. No caso dos “restos a pagar”, é diferente. É um aspecto que não foi tão discutido antes. Tivemos uma conversa recente sobre isso com o Ministério da Fazenda, para tentar entender o que houve. Em 2013, a rubrica “restos a pagar” teve um aumento de 24% em relação ao ano anterior. Em 2012, o aumento foi de cerca de 10%. Em 2011, 12%. Então, fica claro que algo aconteceu agora, mas ainda não chegamos a uma conclusão. Isso não mudará nossa classificação de risco, mas complica mais a situação.


ÉPOCA – Em setembro, quando a Moody’s rebaixou a perspectiva do Brasil de “positiva” para “estável”, a presidente Dilma teria pedido ao ministro Guido Mantega para “explicar melhor” às agências de rating a situação econômica do país. Isso aconteceu mesmo? Em que medida isso influenciou a visão da Moody’s sobre o Brasil?
Leos – Mantemos um contato regular com o governo. Visitamos o Brasil no mínimo duas vezes por ano. Também encontramos as autoridades nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de outras instituições externas. Antes dessa mudança, estivemos no Brasil e falamos com o ministro Mantega, para entender melhor suas visões, embora eu acredite que temos uma boa compreensão dos problemas econômicos do país.


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