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INTERNACIONAL -- ATENTADOS
Atentado inédito desde a queda do Talibã atinge festa religiosa da facção minoritária
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Segundo Mohammad Zahir, chefe do departamento de investigação criminal da capital afegã, 48 pessoas morreram na cidade e mais de cem ficaram feridas, incluindo mulheres e crianças.
- Ainda não está claro quem cometeu o ataque. Ninguém reivindicou a responsabilidade - afirmou Zahir, acrescentando que o número de mortos pode aumentar.
O ataque aconteceu durante a celebração do festival da Ashura, quando um homem-bomba se explodiu no meio de uma multidão, em frente ao santuário de Abul Fazl. Na cidade alemã de Bonn, onde se reúne pelo segundo dia com autoridades internacionais, o presidente afegão condenou o ataque a Cabul.
- É a primeira vez que em um dia religioso tão importante no Afeganistão o terrorismo dessa natureza horrível está tendo lugar - afirmou Karzai, em entrevista coletiva ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel.
A minoria xiita afegã, especialmente da etnia Hazara, foi duramente discriminada durante os anos de domínio do Talibã, mas não foram alvos de ataques durante a atual fase da insurgência. O principal clérigo xiita de Cabul, Mohammad Bakir Shaikzada, disse que não lembrava de um ataque semelhante em tamanha escala.
- Esse é um crime contra os muçulmanos durante o dia sagrado da Ashura. Nós muçulmanos nunca vamos esquecer desses ataques. São os inimigos dos muçulmanos que estão por trás deles - afirmou.
O último caso de violência entre xiitas e sunitas depois da invasão dos EUA, há dez anos, aconteceu no início de 2006, durante a Ashura, na cidade de Herat. Durante os confrontos, atribuídos a extremistas islâmicos, cinco pessoas foram mortas e mais de 50 ficaram feridas.
Atentado no Norte do país deixa mais quatro mortos
Pouco depois da explosão no coração de Cabul, que aconteceu ao meio-dia (horário local), xiitas também parecem ter sido o alvo de outro ataque no país. Um homem-bomba que passava de bicicleta se explodiu perto da principal mesquita na cidade de Mazar-i-Sharif, matando quatro pessoas e ferindo outras 17.
As ruas da cidade estavam lotadas de pessoas celebrando a Ashura, maior evento do calendário muçulmano xiita. O festival marca o martírio do neto do profeta Maomé, Hussein, na batalha de Kerbala no Iraque, no ano de 680. Houve um ataque também em Kandahar, contra uma procissão de xiitas, mas o atentado não deixou mortos.
O Afeganistão tem um histórico de tensão e violência entre sunitas e a maioria xiita, mas desde a queda do Talibã, o país viu cair o número de ataques em grande escala com motivação religiosa, ações que ainda perturbam o vizinho Paquistão.
A luta sectária entre a maioria sunita do Paquistão e a minoria xiita se intensificou desde que extremistas sunitas aprofundou os laços com a rede al-Qaeda e com rebeldes do Talibã paquistanês. O movimento aconteceu depois que o Paquistão se juntou à campanha liderada pelos EUA contra o terrorismo em resposta aos atentados do 11 de setembro de 2001.
Em Bonn, o presidente afegão afirmou nesta terça-feira que o Paquistão tem um importante papel a desempenhar no processo de paz no Afeganistão, incluindo negociações com o Talibã. Segundo Karzai, isso é o que seu governo está procurando.
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