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Claudia Calirman trabalhou durante dez anos na obra sobre o trabalho de Cildo Meireles, Artur Barrio e Antonio Manuel nos tempos da repressão
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RIO - Era 1989, e Claudia Calirman, então com 26 anos, decidia deixar o cargo de repórter da TV Manchete e ir para Nova York em busca de alguma especialização. Começou o mestrado em arte na New School for Social Research, emendou o doutorado em História da Arte na City University of New York e, em 2002, deu início ao projeto do livro que, em junho passado, teve lançamento no MoMA. Embora ainda sem tradução para o português, “Brazilian art under dictatorship: Antonio Manuel, Artur Barrio and Cildo Meireles” será lançado hoje, às 19h, na galeria Luciana Caravello, em Ipanema.
Claudia trabalhou dez anos na pesquisa do livro. Em pararelo, manteve o trabalho como freelancer no MoMA, onde comanda visitas guiadas e cursos livres — daí o convite do museu para que fizesse lá o lançamento oficial da publicação, editada pela Duke University. Claudia chegou ao MoMA em meio à sua pesquisa, em 2004, ano da renovação do museu que, então, convidou-a para fazer visitas guiadas em português. A falta de demanda de visitas no idioma logo a moveu para as visitas em inglês e os cursos que ministra a convite da instituição.
Entre os quatro trabalhos que tem em Nova York — além de colaborar com o MoMA, dá aulas de História da Arte e assina a curadoria da galeria na John Jay College of Criminal Justice e, enfim, é curadora-chefe da residência Location One, no Soho —, Claudia, hoje com 49 anos, manteve as viagens ao Brasil. Conta que, quando iniciou os estudos sobre a arte produzida entre 1968 e 1975, costumava ouvir de conhecidos: “Mas você vai mexer nisso? Que coisa chata!”
— Há uma resistência enorme ao assunto, um preconceito — afirma. — O meio artístico e o meio crítico resistem a esse tema, costumam dizer :“Vamos falar de arte, não de política!”. Eu me sentia como se estivesse remexendo em ossos.
De fato, sobre aquele período, são mais comuns os livros que investigam as obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark. Quando Claudia se decidiu pelo tema, telefonou para Ferreira Gullar, que lhe disse para procurar Frederico Morais. Com o crítico, chegou aos nomes de Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles. Livres da relação com o mercado naquela época, os três criaram o que Claudia define como “arte efêmera, anônima e de uma crítica impermanente”.
É assim que, em seu livro, ela narra a conhecida história da ação de Antonio Manuel no salão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, em 1970. Depois de inscrever seu corpo como obra e ser rejeitado, o artista circulou nu pela instituição. “Com a intenção de provocar, a ação de Manuel foi inesperada e irreverente, um ato de transgressão em resposta à rejeição do salão”, escreve Claudia. De Artur Barrio, ela destaca as trouxas com carne em estado de putrefação deixadas em Belo Horizonte, em 1970 — numa “obra violenta, sem a intenção de ser preservada, mas com a de ser deteriorada”, segundo Claudia. De Cildo Meireles, a autora lembra, entre outros, os projetos das “Inserções em circuitos ideológicos” (Cildo gravou mensagens subersivas em garrafas de Coca-Cola ou em cédulas de dinheiro, usando mecanismos do sistema contra o próprio sistema.)
— São artistas com projetos éticos, que usaram brechas e criaram aberturas para linguagens que ainda são vivas — diz a autora.
Claudia trabalhou dez anos na pesquisa do livro. Em pararelo, manteve o trabalho como freelancer no MoMA, onde comanda visitas guiadas e cursos livres — daí o convite do museu para que fizesse lá o lançamento oficial da publicação, editada pela Duke University. Claudia chegou ao MoMA em meio à sua pesquisa, em 2004, ano da renovação do museu que, então, convidou-a para fazer visitas guiadas em português. A falta de demanda de visitas no idioma logo a moveu para as visitas em inglês e os cursos que ministra a convite da instituição.
Entre os quatro trabalhos que tem em Nova York — além de colaborar com o MoMA, dá aulas de História da Arte e assina a curadoria da galeria na John Jay College of Criminal Justice e, enfim, é curadora-chefe da residência Location One, no Soho —, Claudia, hoje com 49 anos, manteve as viagens ao Brasil. Conta que, quando iniciou os estudos sobre a arte produzida entre 1968 e 1975, costumava ouvir de conhecidos: “Mas você vai mexer nisso? Que coisa chata!”
— Há uma resistência enorme ao assunto, um preconceito — afirma. — O meio artístico e o meio crítico resistem a esse tema, costumam dizer :“Vamos falar de arte, não de política!”. Eu me sentia como se estivesse remexendo em ossos.
De fato, sobre aquele período, são mais comuns os livros que investigam as obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark. Quando Claudia se decidiu pelo tema, telefonou para Ferreira Gullar, que lhe disse para procurar Frederico Morais. Com o crítico, chegou aos nomes de Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles. Livres da relação com o mercado naquela época, os três criaram o que Claudia define como “arte efêmera, anônima e de uma crítica impermanente”.
É assim que, em seu livro, ela narra a conhecida história da ação de Antonio Manuel no salão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, em 1970. Depois de inscrever seu corpo como obra e ser rejeitado, o artista circulou nu pela instituição. “Com a intenção de provocar, a ação de Manuel foi inesperada e irreverente, um ato de transgressão em resposta à rejeição do salão”, escreve Claudia. De Artur Barrio, ela destaca as trouxas com carne em estado de putrefação deixadas em Belo Horizonte, em 1970 — numa “obra violenta, sem a intenção de ser preservada, mas com a de ser deteriorada”, segundo Claudia. De Cildo Meireles, a autora lembra, entre outros, os projetos das “Inserções em circuitos ideológicos” (Cildo gravou mensagens subersivas em garrafas de Coca-Cola ou em cédulas de dinheiro, usando mecanismos do sistema contra o próprio sistema.)
— São artistas com projetos éticos, que usaram brechas e criaram aberturas para linguagens que ainda são vivas — diz a autora.
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