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Em Salvador e Manaus, campanha é dominada por candidatos com origem no Congresso
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Essa avalanche de parlamentares pleiteando vagas no Executivo municipal têm algumas explicações. Ao contrário do que ocorre nas eleições gerais, todos os parlamentares federais tem a garantia de que, caso sejam derrotados, voltarão aos cargos que exercem em Brasília. Ou seja, enquanto a maioria dos postulantes estará num jogo de tudo ou nada, os parlamentares não correm risco de ficar sem mandato. Nem precisam se licenciar do Parlamento para fazerem suas campanhas.
Se em São Paulo e no Rio de Janeiro os deputados federais que estão na disputa vêm figurando mal nas pesqisas, o mesmo não acontece em Salvador, terceira cidade mais populosa do país. Líder do DEM na Câmara, ACM Neto concorre com os colegas de Casa Nelson Pelegrino (PT) e Márcio Marinho (PRB).
Herdeiro de Antônio Carlos Magalhães e escudando-se em uma carreira meteórica na Câmara, Neto tenta ressucitar um novo carlismo no estado que há seis anos é controlado pelo PT. Apoiado pelo governador Jaques Wagner, o petista Pellegrino é o principal adversário de Neto e tem como trunfo o patrocínio de Lula, que tem índices estratosféricos de popularidade no estado.
O embate entre ambos, no entanto, deverá ficar focado na cidade, especialmente em função dos altos índices de rejeição do atual prefeito, João Henrique (PP).
— As diferenças são totais. Uma coisa é o papel do deputado líder da oposição, outra é o candidato a prefeito. Os temas debatidos em Brasília são nacionais, aqui eles são fundamentalmente municipais. O que está em debate é o presente e o futuro da cidade. Eu serei um prefeito dedicado às questões locais, porém com uma visão nacional. Quero que a prefeitura seja para mim um passo depois de quatro anos para pensar em projetos maiores — pondera ACM Neto.
A eleição à prefeitura de Manaus têm quatro parlamentares no páreo, e, de acordo com as pesquisas divulgadas até o momento, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) é quem tem maior chance de vencer. Ela é patrocinada pelo ex-governador e hoje líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), e conta com o apoio de oito partidos, entre eles PT e PMDB. Seu principal adversário hoje é o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), derrotado exatamente por ela na eleição do Senado em 2010.
Integrante da base aliada de Dilma Rousseff, Vanessa faz em Manaus o discurso oposto ao de Neto em Salvador. Apesar de destacar que o foco são as questões locais, a senadora aponta justamente a possibilidade de aliança com os governos federal e estadual como trunfo na disputa:
— Eu não era pré-candidata a prefeita, meu projeto era continuar no Senado. Entretanto, tivemos muitos problemas políticos e meu nome acabou apontado pelo governador e pelo senador Eduardo Braga como o que agregaria essas forças. As últimas administrações não tem conseguido resolver os problemas da cidade, muito pela falta do diálogo com as administrações estadual e federal. Por isso, digo sim que uma das razões da minha candidatura é ser alguém que tenha uma relação forte com o governador e com a presidenta Dilma. A administração municipal de Manaus sozinha não resolve nada — explicou a senadora.
O cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília, destaca que além da falta de riscos, dois outros motivos estão geralmente associados à opção de parlamentares pela disputa municipal.
— Há também uma questão de perfil, alguns parlamentares são mais adequados para o Executivo e outros para o Legislativo. Há várias figuras que são bons prefeitos ou governadores, mas quando vão para o parlamento somem. E há parlamentares que quando vão pro Executivo não se sentem confortáveis — destaca Barreto. — Um terceiro motivo é que no Executivo você tem uma atuação diferente, lida direto com eleitores, controla recursos, inaugura obras. O político acha que tem maior feedback eleitoral.
Nas duas maiores capitais do país, São Paulo e Rio, osdeputados que disputam a prefeitura até agora não vêm figurando bem nas pesquisas. Na pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) apareceu na terceira posição com 6% das intenções de voto e o também deputado Otávio Leite (PSDB) com 4%, contra 54% do prefeito Eduardo Paes (PMDB) e 10% do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Em São Paulo, a situação é semelhante. O federal Gabriel Chalita (PMDB) apareceu na pesquisa Datafolha na quinta colocação, com 6% das intenções de voto, seguido pelo colega de Câmara Paulinho da Força, que tem 5%. Ambos ainda estão distantes dos primeiros colocados, José Serra (PSDB), que tem 30%, e Celso Russomanno (PRB), que tem 26%.
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