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sexta-feira, 1 de março de 2013

Baixo crescimento e real mais fraco fazem Brasil perder posto de sexta maior economia do planeta


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  • Embora tenha crescido apenas 0,2% em 2012, moeda estável permitiu ao Reino Unido retomar posição que havia perdido um ano antes

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SÃO PAULO – Além de colocar o país no fim da fila entre as principais economias emergentes, o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 fez o Brasil perder para o Reino Unido o posto de sexta maior economia do mundo. Mesmo tendo crescido apenas 0,2%, diante de uma expansão de 0,9% do Brasil, a economia britânica recuperou a posição que havia perdido um ano antes, devolvendo aos brasileiros o sétimo lugar na lista.

De acordo com levantamento do banco WestLb, o conjunto de riquezas geradas no Reino Unido em 2012 alcançou a cifra de US$ 2,44 trilhões, contra US$ 2,25 trilhões do PIB brasileiro. No fim de 2011, o Brasil ostentava um PIB de US$ 2,47 trilhões, pouco mais que os US$ 2,43 trilhões dos britânicos.
Por trás desse encolhimento em termos absolutos do PIB brasileiro, explica Luciano Rostagno, estrategista-chefe do WestLb, está também o comportamento do câmbio: ao longo do ano passado, enquanto a libra se manteve praticamente estável, o real experimentou uma desvalorização média de 17,3%.

— O Brasil já tinha ascendido à sexta posição ajudado pelo real muito valorizado em 2011, e o mesmo câmbio agora depreciado faz o país cair para sétimo — diz Rostagno.

Quando se olha para as taxas de expansão das economias em 2012, o Brasil aparece na 22ª posição em uma lista de 34 países compilada pela Austin Rating. E na lanterna entre os Brics, que reúnem os maiores emergentes: China (que cresceu 7,8%), Rússia (3,4%), Índia (5%) e África do Sul (2,5%). Apesar da pequena contribuição brasileira, a taxa média de crescimento dos Brics foi de 4,3% no ano passado, de acordo com a Austin.

Taxa menor que a de países em crise
Para o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, as incertezas regulatórias e o ambiente de baixa competitividade vêm desestimulando os investimentos no Brasil, o que coloca o país em desvantagem também em relação aos vizinhos latino-americanos. O México, que rivaliza com o Brasil pela preferência dos investidores na região, cresceu três vezes mais que o o país no ano passado, 3,9%.

— Países como México, Peru e Colômbia, por seu lado, estão ganhando competitividade e convivem com menos incertezas — observa.
Padovani cita ainda um outro processo em curso na economia brasileira como fator desfavorável em relação aos seus pares emergentes:

— Estamos vivendo um ciclo de ajuste no mercado de crédito local, uma correção dos exageros de 2010, que se reflete no consumo das famílias. Até 2010, o consumo doméstico crescia a taxas de 7% ou mais, e agora caiu a menos 3%, na média. Uma senhora desaceleração.

A taxa do PIB brasileiro foi menor até que a de países avançados, que sofreram mais com a crise, como os Estados Unidos (que cresceu 2,2% em 2012), e o Japão (1,9%), uma economia madura que tradicionalmente cresce pouco. A média de crescimento mundial, de 3,2% no ano passado, também foi muito maior do que o avanço da atividade econômica no Brasil.

— A perda de posição no ranking pelo Brasil também é fruto de uma política econômica equivocada, que insistiu no crescimento pelo aumento do consumo, o que gerou um descompasso entre oferta e demanda doméstica, com reflexos negativos sobre a inflação — diz Padovani.
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