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INTERNACIONAL -- JAPÃO
Césio radioativo pode se espalhar por até 500 km ao redor da usina, indicam pesquisadores
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O Globo
Diversos alimentos cultivados na região de Fukushima já haviam sido identificados com níveis de radioatividade acima do permitido para o consumo, mas as produções de arroz - ingrediente tradicional da culinária japonesa - haviam escapado. A amostra contaminada foi retirada de uma fazenda a 60 quilômetros da instalação nuclear.
O governo já está considerando a possibilidade de banir a distribuição de arroz da área onde a contaminação foi identificada, informa a BBC. Segundo autoridades, a produção não chegou a ser vendida. A comercialização de produtos como carne, cogumelos, verdura e chá já havia sido banida desde o início da crise.
Governo de Tóquio mede radiação em alimentos na capital
O novo caso mostra a dificuldade de rastrear a radiação, espalhada pela chuva e o vento. Governos locais em áreas rurais montaram centros de teste para evitar a distribuição de produtos contaminados. A própria população começou a medir radiação por conta própria, usando aparelhos simples. Na semana passada, o governo de Tóquio também passou a testar alimentos comprados na capital, para tentar conter a preocupação popular.
Mas a radiação parece ter se espalhado para mais longe do que se sabia até agora. A equipe internacional responsável pelo estudo que indica possível contaminação a mais de 500 quilômetros da usina de Fukushima simulou a difusão de partículas contaminantes. Os investigadores combinaram as tendências atmosféricas com níveis da radioatividade nacional medidas durante um mês a partir de 20 de março, oito dias após a explosão de hidrogênio registrada na central.
A conclusão, como mostra na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, é de que o material radioativo pode ter se acumulado no solo devido à chuva, mas num nível não suficientemente alto para que seja necessário limpar o solo. A densidade de radiação por quilo alcançou 250 bequeréis no leste de Hokkaido, e 25 nas montanhas do oeste do Japão. O césio 137 tem um período de semidesintegração de 30 anos, e por isso afeta o meio ambiente durante décadas.
Contaminação dificultará agricultura nas províncias vizinhas
Os pesquisadores asseguram, no entanto, que os níveis de radiação estimados restringirão seriamente a produção de alimentos no leste da província de Fukushima — já que há uma concentração de césio 137 de 2.500 bequeréis por quilo — e dificultarão a agricultura nas províncias vizinhas, embora os níveis detectados se encontrem dentro dos limites legais.
"A província de Fukushima, em seu conjunto, está altamente contaminada", assinala o estudo, segundo a agência France Presse. No solo em que se cultiva arroz, o limite permitido no Japão de concentração da soma de césio 134 e de césio 137 (que são produzidos sempre juntos) é de 5 mil bequeréis por quilo. "O leste de Fukushima excedeu esse limite e algumas províncias vizinhas, como Miyagi, Tochigi e Ibaraki, estão parcialmente perto do limite." As concentrações reais poderiam ser superiores, segundo alguns cientistas.
O Japão está em alerta desde o desastre nuclear, já que Fukushima 1 não deixou de emitir radioatividade desde então.
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