Apesar de estarem no mesmo segmento, os modelos têm grandes diferenças e acabam ficando em níveis diferentes.
Por Guilherme Fontana, G1
07/08/2020 11h01 Atualizado há 1 horas
Postado em 07 de agosto de 2020 às 12h15m

Ford Territory e Jeep Compass — Foto: Celso Tavares/G1
 Com a saturação da oferta de SUVs compactos, o mercado brasileiro passa
 agora por uma nova onda: a dos médios. Depois de Volkswagen Tiguan e Jeep Compass, vários outros modelos chegaram ou foram renovados. Agora chegou a vez da Ford com o Territory. 
 Apresentado durante o Salão do Automóvel de São Paulo em 2018, o SUV 
foi confirmado para o Brasil há um ano. Nesta sexta-feira (7), a marca inicia a pré-venda para o modelo por aqui, que chega importado da China em duas versões: SEL, por R$ 165.900 e Titanium, por R$ 187.900. 
 O G1 andou na configuração mais cara do Ford, que já estreia sendo colocado à prova contra seu principal rival: o Compass Limited flex, que parte de R$ 159.390 e, com pacote de equipamentos semelhante ao novato, chega a R$ 174.390 (segundo os preços dos opcionais da linha 2020). 
Ford Territory tem porte e visual marcante — Foto: Celso Tavares/G1
Um spoiler: apesar de serem colocados no mesmo segmento, os SUVs são separados por muitas e grandes diferenças. 
*O
 Jeep das imagens é meramente ilustrativo. Na ocasião, a FCA só dispunha
 de uma unidade da versão Longitude para testes e fotos.
Territory sai na frente com motor turbo
Territory sai na frente com motor turbo
 O Compass segue desde seu lançamento equipado com motor 2.0 flex 
aspirado de até 166 cv de potência e 20,5 kgfm de torque com etanol, e 
câmbio automático de 6 marchas. Assim, ele vai de 0 a 100 km/h em 11,9 
segundos. Com gasolina são 159 cv e 20 kgfm. 
 Enquanto isso, o Territory chega com um novo 1.5 turbo
 a gasolina de 150 cv de potência e 22,9 kgfm, e um câmbio automático 
CVT que simula 8 marchas. Ele vai de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos. 
Motor turbo dá mais facilidade nas acelerações do Ford — Foto: Celso Tavares/G1Apesar do empate técnico nas acelerações, existem grandes diferenças na maneira como elas acontecem.
 Mesmo sendo mais leve (1.547 kg, contra 1.632 kg) e mais potente do que
 o Territory, o Compass faz parecer o contrário. Em retomadas e subidas,
 por exemplo, são constantes as reduções de marchas para tomar fôlego. 
Também é comum, nestas situações, que ele segure as marchas e faça o 
motor "gritar". Em resumo, o Jeep precisa se esforçar mais para se 
movimentar. 
 Por outro lado, o Territory acelera de maneira mais fácil e silenciosa.
 Além do turbo, o câmbio CVT ajuda na boa desenvoltura do modelo por não
 ter efeito elástico e funcionar de maneira progressiva, sem jogar o 
giro do motor lá no alto. A transmissão busca trabalhar sempre em giros 
baixos, em nome do silêncio e da economia de combustível. 
Maiores dimensões do Territory são aparentes — Foto: Celso Tavares/G1
 Porém, também não espere nenhum desempenho esportivo ou algo do tipo, 
afinal, ainda estamos falando de um SUV familiar sem pretensões para 
tal.
É chinês, mas um legítimo Ford
É chinês, mas um legítimo Ford
 Desenvolvido e produzido na China em conjunto com a JMC (Jiangling 
Motors Co.), o Territory passou por diversas alterações de engenharia 
para o mercado brasileiro, como dinâmica, ruídos, vibrações, calibração e
 durabilidade do motor e da transmissão, além de suspensão. 
 O resultado é o rodar típico dos Ford no Brasil, com uma suspensão de 
ajustes mais firmes, que ajuda na boa estabilidade em velocidades mais 
altas e em curvas fechadas, mas sem comprometer o conforto. Imperfeições
 no solo são superadas sem traumas para os ocupantes. 
Territory passa por imperfeições do asfalto sem problemas, apesar da suspensão mais firme — Foto: Celso Tavares/G1
 Em conjunto, a direção elétrica com ajuste direto dá ainda um maior refinamento na dirigibilidade do modelo. 
 Outro ponto alto do Territory é o isolamento acústico. De acordo com a 
Ford, o nível de ruído interno do modelo atinge os 71,8 decibéis a 120 
km/h, contra 73,1 do Compass.
Na prática, o que mais se ouve de dentro 
do carro são os pneus, um pouco ruidosos, mas que não chegam a 
incomodar.
 O Compass também tem um ótimo e robusto conjunto de suspensão e 
direção, além de uma posição mais alta de dirigir. A suspensão oferece 
conforto aos ocupantes, mas o ajuste mais macio e permissivo acaba 
deixando a carroceria rolar em curvas. 
Ford Territory e Jeep Compass — Foto: Celso Tavares/G1 
A direção tem respostas mais lentas em relação ao Ford, e os ruídos dos
 esforços nas acelerações, ditos acima, invadem a cabine.
Em resumo, o Compass foca em robustez, enquanto o Territory mira em dirigibilidade e refinamento.
Compass é um médio apertado
 O espaço interno é mais uma das vantagens do Territory. O SUV leva 3 
pessoas no banco traseiro sem aperto, com sobra de espaço para joelhos, 
ombros e cabeça, isso considerando também o conforto de quem vai na 
frente. Ele só perde no porta-malas, de 348 litros, contra 410 do Jeep. 
Três pessoas viajam com conforto no banco traseiro do Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Três pessoas viajam com conforto no banco traseiro do Territory — Foto: Celso Tavares/G1
 No Compass, até é possível levar 3 pessoas no banco de trás, mas elas 
não irão tão confortáveis, especialmente lado a lado, esbarrando pernas e
 ombros uns nos outros. Até quem vai nos bancos da frente pode se sentir
 mais apertado, já que a cabine é mais estreita em um todo. 
No Compass, o espaço para joelhos é bom, mas o modelo é mais estreito — Foto: Divulgação/Jeep
 Na prática, a grande diferença entre os modelos está no formato das 
colunas laterais. Enquanto o Ford aposta em formas mais quadradas, que 
privilegiam o espaço, o Jeep tem as colunas arqueadas para dentro, 
prejudicando a largura do interior. 
Veja abaixo as dimensões dos modelos: 
Compare as medidas dos modelos — Foto: Divulgação/Arte: G1
Equipamentos podem ser próximos
 O Territory é oferecido sempre em versões fechadas, sem pacotes opcionais. No caso da Titanium avaliada, por R$ 187.900,
 há quadro de instrumentos digital com 3 modos diferentes de 
mostradores, rodas aro 18, câmera 360°, banco do motorista com ajustes 
elétricos e carregador de celular sem fio. 
 Câmera 360° do Territory ajuda em manobras, mas imagens ficam 
distorcidas ao se aproximar de outro veículo — Foto: André Paixão/G1 
 A lista segue com sistema de alerta de colisão e frenagem automática de
 emergência, monitoramento de pontos cegos, alerta de mudança de faixa, 
piloto automático adaptativo, estacionamento semiautônomo, bancos 
dianteiros aquecidos e refrigerados, faróis automáticos e sensores de 
chuva. 
 Em comum com a versão mais barata, SEL,
 há faróis full LED, monitoramento de pressão dos pneus, teto solar 
panorâmico elétrico, central com Android Auto e Apple Carplay (este 
último sem fio) e tela de 10,1 polegadas, chave presencial, 6 airbags, 
assistente de partida em rampas, freio de estacionamento eletrônico, 
controles de estabilidade e tração, e ar-condicionado digital de apenas 
uma zona. 
 Central multimídia do Territory tem tela com divisão de funções — Foto: André Paixão/G1 
 No caso do Compass, de série por R$ 159.390,
 são 7 airbags, faróis automáticos de xenon, chave presencial com 
partida remota, rodas de 19 polegadas, sensor de chuva, start-stop, 
piloto automático, banco do motorista com ajustes elétricos, câmera de 
ré, freio de estacionamento eletrônico e monitoramento de pressão dos 
pneus. 
 A lista segue com estacionamento semiautônomo, central com Apple 
Carplay, Android Auto e tela de 8,4 polegadas, monitoramento de pontos 
cegos, assistente de partida em rampas e controles de estabilidade e 
tração. 
Na prática, o Compass oferece a mais em relação ao Territory airbag de joelho, ar de duas zonas, rodas maiores e partida remota pela chave, além de ter faróis mais eficientes.
Jeep Compass tem ar-condicionado de duas zonas, estacionamento autônomo e alerta de ponto cego — Foto: Divulgação
 Porém, fica devendo painel digital, teto solar, tela maior na central 
multimídia, carregador de celular sem fio, além de sistemas como piloto 
automático adaptativo, frenagem de emergência, alerta de mudança de 
faixa e câmera de 360°. 
 Alguns desses itens são opcionais no Jeep: o teto solar panorâmico, por R$ 8 mil,
 e um pacote com aviso de mudança de faixa, porta-malas eletrônico, som 
Beats, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo e
 faróis altos automáticos, por R$ 7 mil.
Territory dá show em acabamento
 É na aparência que o Territory pode lembrar a alguns de sua origem 
chinesa. Feito a partir do Jiangling Yusheng S330 o modelo herda a 
traseira "inspirada" no Range Rover Evoque, com linhas horizontais, 
lanternas afiladas e vidro estreito. A lateral também tem linhas vindas 
do SUV britânico. 
Traseira do Ford lembra o Range Rover Evoque, herança do irmão chinês S330 — Foto: Celso Tavares/G1
 A dianteira é o ângulo de maior personalidade no Ford, com capô alto e 
faróis ligados à grade, que tem acabamento preto brilhante. A luz diurna
 em LED fica no para-choque, acima dos faróis de neblina. 
 Por outro lado, o Compass tem desenho mais original e que caiu no gosto
 do consumidor brasileiro, e garantiu meses como o SUV mais vendido do 
país, mas que já perdeu o ar de novidade e começa a cansar. O modelo é o
 mesmo desde que foi lançado, em 2016. 
Compass tem personalidade, mas desenho é o mesmo há 4 anos — Foto: Guilherme Fontana/G1
 Por dentro, o Territory reforça que deveria estar um degrau acima do 
rival. O painel mistura materiais emborrachados, couro com costuras 
aparentes e um plástico que imita madeira, além de apliques em preto 
brilhante e aço escovado. 
A iluminação ambiente de LED no painel e nas portas tem 7 opções de cores, mas fica automaticamente vermelha assim que uma porta é aberta, como forma de alerta.
 A versão Titanium é sempre oferecida com revestimento interno na cor 
bege, que dá maior refinamento e amplitude visual. Os bancos são 
bonitos, confortáveis e têm partes perfuradas para 
aquecimento/refrigeração. 
Interior do Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
 Três pontos podem melhorar: a alavanca do câmbio tem desenho antiquado,
 acabamento simplório e funcionamento grosseiro; os direcionadores das 
saídas de ar parecem frágeis no manuseio; e o ajuste de altura dos 
faróis fica muito escondido, à direita, abaixo do volante (note a luz 
azul na foto acima) - foi visto a noite, por um passageiro do banco 
traseiro, já que fica fora do campo de visão do motorista. 
 O Compass também utiliza materiais emborrachados no painel, com 
acabamento cuidadoso e boa montagem, mas tem visual mais sóbrio e 
simples. Os bancos são confortáveis e bonitos. Na linha 2021, a versão 
Limited ganhou a opção de revestimento em couro marrom, além da cinza já
 disponível. 
Interior do Jeep Compass — Foto: Divulgação/Jeep
Conclusão: níveis diferentes
 Este é um comparativo estranho e injusto para ambas as partes, mas 
precisou ser feito, afinal, a Ford apresentou o Compass como o principal
 concorrente do Territory. Porém, algumas considerações precisam ser 
feitas. 
 Superior ao Compass em acabamento, equipamentos, mecânica e espaço, o 
Territory é, sem dúvidas, o melhor entre os dois, e por isso cobra mais 
caro. Vale considerar, porém, que o Ford está em um nível acima. Os dois
 são SUVs médios, mas em níveis diferentes. 
 Sendo assim, se você está de olho em um Compass, mas tem dinheiro 
sobrando para completar e chegar ao Territory, vá sem medo. Se não há 
reservas, fique com o Jeep, também um excelente produto, cheio de 
qualidades e que justifica seus valores mais "baixos".
Veja mais fotos do novo Ford Territory
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ford Territory — Foto: Celso Tavares/G1
Ajuste de altura dos faróis do Ford Territory fica "escondido" — Foto: Celso Tavares/G1
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