Entrevista com Israel Klabin
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O Globo
Por que "uma biografia da crise ambiental"?
ISRAEL KLABIN: Essa crise tem passado e futuro. O livro levanta esse processo. Desde a aquisição de consciência para a questão climática, nos anos 50; passando pelo momento em que se tornou oficial, em 1972, com a primeira reunião da ONU, Estocolmo; passando também pela Rio-92, que foi a mais importante reunião até hoje, com chefes de estado, quando a questão foi conformada em termos programáticos; até 2012, quando chegamos à consciência de que temos uma urgência de tempo. O livro conta também a história da evolução das matrizes econômica e energética; e das questões social e ambiental que resultaram na atual crise ambiental. E há ainda uma análise do que devemos fazer para evitar catástrofes reais no futuro.
A questão climática hoje está diante de um impasse? Conhecemos os problemas, sabemos quais são as formas de solucioná-los, mas nada é feito.
KLABIN: Existe uma consciência coletiva da necessidade urgente de soluções, mas elas dependem fundamentalmente das outras crises, do fato de não haver uma moeda calcada em um valor de referência não renovável (como o ouro, até 1972), pelo fato de as moedas não internalizarem nos produtos que consumimos hoje o custo do carbono, por não termos definição sobre os mecanismos de mercado para substituir o Protocolo de Kyoto ou dar continuidade a ele. A reunião de Copenhague fracassou na formulação desse mecanismo sobretudo porque os dois maiores emissores do planeta, EUA e China, que juntos respondem por quase 60% das emissões, não aderiram. Então, é um impasse triplo.
A Rio+20, em 2012, tende ao fracasso?
KLABIN: A Rio+20 será um importante fórum de discussão entre os formuladores de políticas públicas e a sociedade civil. Em 1992, a sociedade civil ficou no Aterro do Flamengo, enquanto a reunião política foi realizada no Riocentro. Desta vez, há uma fusão de propostas. Os governos terão de ouví-los. Mas a reunião não estabelecerá políticas públicas; mas sim hipóteses, projetos a serem levados adiante.
O capitalismo hoje tem como arcar com os custos de combater o aquecimento global?
KLABIN: Não gosto de usar o termo capitalismo, que considero uma coisa do passado. Hoje, em geral, temos um modelo liberal eficaz, que substituiu todos os outros, caminhando para a social-democracia. Em alguns países, esse modelo é muito bem regulado; em outros, não. Não temos a conversibilidade total da moeda, as políticas propostas são de governo, todas de curto prazo. Precisamos de políticas de Estado, de longo prazo.
Sim, mas o senhor acha que o modelo liberal pode arcar com os custos do combate ao aquecimento global?
KLABIN: Poder, pode, mas a decisão envolve uma pressão dramática e constante. Há alguns fatores. A eficiência energética poderia ser uma boa parte da solução do problema, mas não é contemplada. O anacronismo do sistema de transportes é outro fator. E ainda, a falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento, sobretudo na buscas de alternativas à queima de combustíveis fósseis.
O senhor acha que existe na sociedade em geral a consciência real do problema? Da urgência de sua solução?
KLABIN: Acho que existe uma consciência fortemente arraigada, sobretudo na geração mais nova. Mas ela é difusa, talvez não seja expressa programaticamente. Os hábitos de consumo são muito arraigados. Muitos deles anacrônicos, como a questão do transporte individual. Em 20 anos, teremos 75% da população do planeta vivendo nas grandes cidades. Essas cidades não poderão absorver o traslado da população rural, haverá uma demanda no sistema de serviços, de transportes, de tudo o que compõe o sistema urbano. Será preciso modificar conceitos.
O senhor acha que o Brasil vai cumprir suas metas de redução das emissões de gases-estufa?
KLABIN: Não vejo por que não cumprir. Não precisamos mudar nossa matriz econômica ou nosso processo produtivo para tanto. Basta regulamentar o desmatamento e otimizar a produção agrícola. Mas temos hoje um desmatamento predatório e um código florestal desastroso.
O senhor acredita que gestos individuais possam fazer diferença?
KLABIN: Sim, sou favorável a abraçar árvores, cuidar de passarinhos. Acho que são opções públicas pelas teses das quais falamos. Além disso, a consciência ambiental do consumidor é capaz de coibir o produtor, de mantê-lo no caminho certo. O consumidor é parte ativa do processo.
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