Total de visualizações de página

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Desemprego sobe a 7%, mas é a menor taxa para o 1º trimestre desde 2012, diz IBGE

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


Ao todo, 7,7 milhões de pessoas estão sem emprego no país. Rendimento médio dos trabalhadores bateu recorde da série histórica: R$ 3.410 por mês.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Júlia Nunes, g1

Postado em 30 de Abril de 2.025 às 14h00m

#.* --  Post. - Nº.\  11.614  --  *.#

Desemprego fica em 7% no 1º trimestre

A taxa de desemprego no Brasil foi de 7% no primeiro trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Houve um aumento de 0,8 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior (6,2%), terminado em dezembro, mas uma queda de 0,9 p.p. em comparação ao mesmo período de 2024 (7,9%).

Apesar do aumento trimestral, esta foi a menor taxa de desemprego para um trimestre encerrado em março desde que o IBGE começou a calcular o índice, em 2012.

Ao todo, 7,7 milhões de pessoas estão sem emprego no país, o que representa um aumento de 13,1% (ou mais 891 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, mas um recuo de 10,5% (menos 909 mil pessoas) em comparação com 2024.

A população ocupada no Brasil foi de 102,5 milhões, uma queda de 1,3% (menos 1,3 milhão de pessoas) no trimestre e um aumento de 2,3% (mais 2,3 milhões de pessoas) no ano.

Com isso, 57,8% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil (14 anos ou mais) estão empregadas — é o que o IBGE chama de nível de ocupação.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, o aumento da taxa de desemprego no trimestre demonstra um comportamento sazonal, geralmente observado no início do ano.

As demissões são mais comuns no primeiro trimestre porque terminam os contratos de empregados temporários admitidos para atender à demanda do Natal. No entanto, a taxa de 7% ainda caracteriza um mercado de trabalho aquecido, destaca a especialista.

"Embora tenha havido retração da ocupação, ela não comprometeu o contingente de trabalhadores empregados com carteira assinada, por exemplo." 

Veja os destaques da pesquisa
  • Taxa de desocupação: 7%
  • População desocupada: 7,7 milhões de pessoas
  • População ocupada: 102,5 milhões
  • População fora da força de trabalho: 67 milhões
  • População desalentada: 3,2 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 39,4 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 13,4 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,9 milhões
  • Trabalhadores domésticos: 5,7 milhões
  • Trabalhadores informais: 38,9 milhões
  • Taxa de informalidade: 38%
Rendimento bate recorde

As pessoas ocupadas receberam cerca de R$ 3.410 por mês no trimestre encerrado em março, considerando todos os trabalhos que tinham na semana de referência da pesquisa. Esse valor é chamado de rendimento médio real habitual pelo IBGE.

Esse valor foi um novo recorde na série histórica, com crescimento de 1,2% no trimestre e 4% no ano.

A massa de rendimentos, que soma os valores recebidos por todos esses trabalhadores, foi estimada em R$ 345 bilhões, mantendo estabilidade no trimestre e crescendo 6,6% (mais R$ 21,2 bilhões) no ano.

Carteira assinada se mantém

O número de trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado cresceu 3% em relação ao ano passado e chegou a 53,1 milhões.

Entre os empregados com carteira assinada, o número absoluto de profissionais chegou a 39,4 milhões, mostrando estabilidade no trimestre, apesar do aumento do desemprego, e um crescimento de 3,9% (mais 1,5 milhão de pessoas) no ano.

Já os empregados sem carteira assinada somam 13,5 milhões. Houve uma queda de 5,3% (menos 751 mil pessoas) no trimestre, mas o número se manteve estável no ano.

A taxa de informalidade ficou em 38% da população ocupada (ou 38,9 milhões de trabalhadores). No trimestre anterior, o percentual era de 38,6% e, no mesmo período de 2024, de 38,9%.

No setor público, o número de empregados (12,5 milhões) recuou 2,3% (menos 289 mil pessoas) no trimestre e subiu 3,7% (mais 444 mil pessoas) no ano.

Os trabalhadores por conta própria somam 25,9 milhões, o que representa estabilidade no trimestre e um crescimento de 2% (ou mais 496 mil pessoas) no ano.

Grupo ‘fora da força de trabalho’

Seguindo o padrão internacional, o IBGE classifica como desocupadas as pessoas sem trabalho que estão procurando emprego. A soma desse grupo com o dos empregados totaliza a população dentro da força de trabalho no Brasil, que foi de 110,2 milhões no trimestre encerrado em março.

Assim, 67 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho, um aumento de 1,2% no trimestre, e estabilidade no ano. São pessoas de 14 anos ou mais desempregadas, mas que não estão em busca de emprego ou disponíveis para trabalhar.

Neste grupo estão, por exemplo, aposentados, adolescentes em idade escolar e donas de casa que não têm interesse ou condições de trabalhar fora, além dos desalentados.



Entenda como o desemprego é calculado no Brasil

A população desalentada no Brasil foi de 3,2 milhões, crescendo 6,6% no trimestre e recuando 10,2% no ano.

🔎 Os desalentados são pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego por acharem que não encontrariam, por falta de qualificação ou de oportunidades na região onde moram, por exemplo.

Neste contexto, a PNAD calcula que o Brasil tem 18,5 milhões de pessoas subutilizadas, ou seja, que têm potencial para trabalhar, mas não estão ocupadas ou não trabalham horas suficientes.

A taxa de subutilização foi de 15,9%, um aumento de 0,6 p.p. em relação ao trimestre anterior (15,2%), mas uma queda de 2 p.p. ante o mesmo período de 2024 (17,9 %).

Pessoas que recebem Bolsa Família ou outros programas de transferência de renda podem fazer parte de qualquer um dos grupos da pesquisa. Se tiverem um trabalho informal, por exemplo, serão contabilizadas como ocupadas.

Carteira de trabalho — Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Carteira de trabalho — Foto: Geraldo Bubniak/AEN

++-====-------------------------------------------------   ----------------------=======;;==========----------------------------------------------------------------------  -----------====-++----

Nível de gastos militares mundiais é o maior em 40 anos, diz relatório

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


Aumento foi de 9,4% em relação ao ano anterior, para US$ 2,718 trilhões, maior índice desde Guerra Fria
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Brad Lendonda CNN
30/04/2025 às 12:43 | Atualizado 30/04/2025 às 12:43
Postado em 30 de Abril de 2.025 às 13h00m

#.* --  Post. - Nº.\  11.613  --  *.#

Soldados das Forças Armadas da Alemanha participam de exercícios militares em Pabrade, na Lituânia29/05/2024 REUTERS/Ints Kalnins
Soldados das Forças Armadas da Alemanha participam de exercícios militares em Pabrade, na Lituânia29/05/2024 REUTERS/Ints Kalnins • REUTERS

 mundo está se armando no ritmo mais rápido desde o fim da Guerra Fria, segundo um novo relatório, enquanto grandes guerras se alastram na Ucrânia e na Faixa de Gaza e as tensões militares aumentam da Europa para a Ásia.

O aumento de 9,4% em relação ao ano anterior nos gastos militares globais, para US$ 2,718 trilhões em 2024, é o maior valor já registrado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), que alertou que não existe um fim à vista para a crescente corrida armamentista global.

Esse é o maior aumento desde 1988, ano anterior à queda do Muro de Berlim.

Muitos países também se comprometeram a aumentar os gastos militares, o que levará a novos aumentos globais nos próximos anos, afirma o relatório.

Os Estados Unidos continuam sendo, de longe, o país que mais gasta com o setor militar do mundo – quase um trilhão de dólares em 2024.

Itens importantes no orçamento dos EUA incluíam caças furtivos F-35 e seus sistemas de combate (US$ 61,1 bilhões), novos navios para a Marinha (US$ 48,1 bilhões), modernização do arsenal nuclear (US$ 37,7 bilhões) e defesa antimísseis (US$ 29,8 bilhões).

O orçamento americano incluiu US$ 48,4 bilhões em ajuda à Ucrânia, quase três quartos do orçamento de Defesa de Kiev, que é de US$ 64,8 bilhões.

Leia Mais

A China seguiu os EUA em gastos militares totais, com uma estimativa de US$ 314 bilhões, pouco menos de um terço do total americano, segundo o relatório.

O instituto não detalhou os gastos chineses, mas observou que o país revelou diversas capacidades aprimoradas em 2024, incluindo novas aeronaves de combate furtivas, veículos aéreos não tripulados (VANTs) e veículos subaquáticos não tripulados.

A China também continuou a expandir rapidamente o arsenal nuclear em 2024, destacou.

Juntos, EUA e China foram responsáveis ​​por quase metade dos gastos militares mundiais em 2024, de acordo com o relatório.

Mas os países envolvidos em conflitos regionais ou com tensões regionais crescentes apresentaram os maiores aumentos nos gastos em relação ao ano anterior.

Israel, que lançou uma invasão ao território palestino de Gaza em 2023, apresentou um aumento de 65% nos gastos militares em 2024.

Enquanto isso, a Rússia, que invadiu a Ucrânia em 2022, apresentou um aumento estimado de pelo menos 38%, mas o SIPRI observou que esse número provavelmente era maior, já que Moscou reforça os cofres militares com recursos de fontes regionais e outras.

O conflito de mais de três anos na Ucrânia fez com que os países da Otan, a aliança militar ocidental, aumentassem significativamente os orçamentos.

Tudo isso acontece enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona a Europa e a aliança a serem mais responsáveis​​pela defesa, alegando que elas vêm se aproveitando dos Estados Unidos.

Gastos militares na Europa

A Alemanha, que possui quarto maior orçamento de defesa do mundo, aumentou os gastos em 28%.

Romênia (43%), Holanda (35%), Suécia (34%), República Tcheca (32%), Polônia (31%), Dinamarca (20%), Noruega (17%), Finlândia (16%), Turquia (12%) e Grécia (11%) foram os outros integrantes da Otan entre os 40 maiores gastadores com o setor de defesa do mundo que apresentaram aumentos de dois dígitos em 2024.

O rápido aumento nos gastos entre os integrantes europeus da Otan foi impulsionado principalmente pela ameaça russa e pelas preocupações com o possível desligamento dos EUA da aliança, comentou Jade Guiberteau Ricard, pesquisadora do Programa de Despesas Militares e Produção de Armas do SIPRI.

Mas analistas afirmam que pode ser necessário mais do que dinheiro para que os aliados dos EUA na Europa se tornem militarmente autossuficientes.

Vale ressaltar que o aumento dos gastos por si só não se traduzirá necessariamente em uma capacidade militar significativamente maior ou em independência dos EUA. Essas são tarefas muito mais complexas, avaliou o pesquisador do SIRPI Guiberteau Ricard em um comunicado à imprensa.

Na região Indo-Pacífico, o instituto afirmou que o aumento de 7% da China em 2024 marcou o 30º aumento consecutivo, em relação ao ano anterior, nos gastos do Exército de Libertação Popular, a maior sequência ininterrupta registrada no banco de dados do instituto, segundo o relatório.

Gastos militares na Ásia

O fortalecimento militar da China também influenciou as políticas militares de seus vizinhos, levando muitos deles a aumentar os gastos, destacou o documento.

O orçamento militar do Japão aumentou 21% em 2024 – o maior para o país desde 1952. Isso elevou os gastos militares para 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior parcela da economia japonesa dedicada ao setor militar desde 1958.

As Filipinas, envolvidas em disputas territoriais no Mar da China Meridional com a China, aumentaram seus gastos com defesa em 19%.

E embora os gastos na Coreia do Sul tenham aumentado apenas1,4% em 2024, Seul tem a maior carga militar do Leste Asiático, representando 2,6% do PIB, afirmou o instituto.

Taiwan aumentou o orçamento de defesa em apenas 1,8% no ano passado, mas os gastos militares de Taipé aumentaram 48% desde 2015, segundo o documento. A ilha possui cerca de 23 milhões de habitantes, e o Partido Comunista Chinês reivindica como sua. A China prometeu tomá-la à força se necessário.

A Índia, por sua vez, teve o quinto maior orçamento de defesa do mundo (US$ 86,1 bilhões) em 2024.

O aumento em Nova Déli em relação a 2023 foi de apenas 1,6%, mas os gastos com defesa do país aumentaram 42% na última década, indicando uma tendência preocupante, disseram os pesquisadores.

Os principais países que investem em recursos militares na região Ásia-Pacífico estão investindo cada vez mais em capacidades militares avançadas, afirmou Nan Tian, ​​diretora do Programa de Despesas Militares e Produção de Armas do SIPRI.

Com diversas disputas não resolvidas e tensões crescentes, esses investimentos correm o risco de lançar a região em uma perigosa espiral de corrida armamentista, ressaltou.

Também na Ásia, Mianmar, que enfrenta conflitos internos desde o golpe militar em 2021, aumentou os gastos em 66% em 2024.

Com 6,8% do seu PIB, Mianmar continua sendo o país com a maior carga militar na região Ásia-Pacífico, segundo o relatório.

Gastos nas Américas e África

Os gastos militares na África aumentaram 3% no geral em 2024.

A Argélia é o país que mais gasta no continente, ocupando a 20ª posição no ranking mundial.

Nas Américas, o México apresentou um aumento de 39% nos gastos militares em 2024, refletindo a resposta cada vez mais militarizada do governo ao crime organizado, afirma o relatório.

Tópicos

++-====-------------------------------------------------   ----------------------=======;;==========----------------------------------------------------------------------  -----------====-++----

Árvore de 5,4 mil anos está ameaçada por projeto de estrada; conheça o 'Gran Abuelo', testemunha da crise do clima

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


A "Gran Abuelo", uma árvore de 5,4 mil anos encontrada no sul do Chile, ajuda pesquisadores a compreenderem as mudanças climáticas. Mas um projeto de rodovia agora ameaça sua existência e o ecossistema ao seu redor.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
TOPO
Por Deutsche Welle

Postado em 30 de Abril de 2.025 às 06h06m

#.* --  Post. - Nº.\  11.612  --  *.#

Árvore Gran Abuelo Chile — Foto: AFP via Getty Images
Árvore Gran Abuelo Chile — Foto: AFP via Getty Images

Impérios surgiram e caíram, línguas nasceram e foram esquecidas, mas a "Gran Abuelo", ou "bisavô", em português, uma árvore chilena de 5,4 mil anos, resistiu ao tempo. Após milênios, porém, ela e outras árvores de sua espécie agora estão ameaçadas por um projeto que prevê a construção de uma rodovia que cortaria a floresta onde vivem.

Jonathan Barichivich, um cientista ambiental chileno que trabalha na França, cresceu na floresta de clima úmido e temperado que hoje é protegida pelo Parque Nacional Alerce Costero, no sul do Chile. Foi lá

que seu avô, Aníbal, descobriu a árvore Gran Abuelo em 1972 enquanto trabalhava como guarda florestal.

Ele conta que aquele momento mudou o curso da história da árvore e de sua família.

"Dei meus primeiros passos nesta floresta com meu avô. Ele me ensinou os nomes das plantas antes mesmo que eu soubesse ler", lembra Barichivich. "As memórias da minha infância são o combustível da minha paixão científica."

Agora, Barichivich e sua mãe, junto com uma equipe de pesquisadores, trabalham para desvendar os segredos armazenados na Gran Abuelo e em outras árvores da região. O objetivo da pesquisa é expandir o conhecimento científico sobre mudanças climáticas e encontrar novas pistas de como combatê-las.

Barichivich mede pequenos pulsos na árvore, que mostram como a água se move e revelam a saúde da planta. Pesquisador critica projeto de rodovia — Foto: Miguel Soffia
Barichivich mede pequenos pulsos na árvore, que mostram como a água se move e revelam a saúde da planta. Pesquisador critica projeto de rodovia — Foto: Miguel Soffia

Não apenas antiga, mas guardiã dos padrões climáticos

As árvores de alerce desta floresta, uma espécie de conífera também conhecida como cipreste da Patagônia, ou Fitzroya cupressoides, não apenas vivem mais tempo do que a maioria das plantas. Elas também são uma das espécies mais sensíveis às mudanças climáticas no mundo.

Para determinar a idade de uma árvore, cientistas usam uma ferramenta chamada trado para extrair uma amostra do tronco e contar o número de anéis formados ao longo do tempo. Cada anel corresponde a um ano de vida.

No caso da Gran Abuelo, porém, o diâmetro do tronco é muito extenso e a árvore já perdeu parte de seu núcleo, que se deteriorou ao longo do tempo. Com isso, diferente de outras árvores milenares conhecidas, o exemplar chileno precisou contar com um modelo estatístico para projetar o número total de anéis que teria e estimar sua idade.

Por isso, há debate na comunidade científica sobre qual árvore seria a mais antiga – se a conífera chilena ou um pinheiro encontrado nas Montanhas Brancas da Califórnia, nos EUA, cujo núcleo intacto permitiu contabilizar sua idade exata, de quase 4,9 mil anos.

No entanto, a idade avançada de árvores como a Gran Abuelo permite uma reconstrução não apenas de sua idade, mas também de padrões climáticos que remontam a milhares de anos. Dados deste tipo não são facilmente coletados em outras espécies da região.

Rocio Urrutia usa um trado de incremento para extrair um núcleo do tronco da árvore. Alerces permitem estudo sobre mudanças climáticas — Foto: Serdar Vardar/DW
Rocio Urrutia usa um trado de incremento para extrair um núcleo do tronco da árvore. Alerces permitem estudo sobre mudanças climáticas — Foto: Serdar Vardar/DW

"Elas são como enciclopédias", disse Rocio Urrutia, uma cientista chilena que estuda essas árvores há décadas. Sua pesquisa com a Fitzroya ajudou a reconstruir registros de temperatura da terra de até 5.680 anos atrás.

O estudo das árvores desta espécie também permite aos cientistas medirem quanto de carbono a floresta absorve e emite. Quanto mais a árvore cresce, maior será o espaço entre cada anel. E mais crescimento significa mais captura de carbono.

Essas análises são essenciais para entender como as florestas respondem ao aquecimento global. E, mais importante, permitem criar projeções sobre se as florestas serão capazes de continuar a desacelerar o aquecimento do planeta em um futuro mais quente.

Uma nova estrada ameaça a floresta

No entanto, essas árvores centenárias estão sob ameaça. O governo chileno propõe avançar com um projeto discutido desde 2008 para reabrir uma antiga estrada madeireira que corta o Parque Nacional Alerce Costero.

Autoridades regionais querem apresentar um novo estudo de impacto ambiental para destravar o megaprojeto. Segundo o governo, a rodovia conectaria cidades e impulsionaria o turismo na região. No entanto, críticos veem a justificativa como uma cortina de fumaça.

De acordo com o Movimento pela Defesa do Alerce Costero, a estrada tem o objetivo de "extrair o lítio na Argentina, levá-lo ao Chile por via terrestre e exportá-lo pelo Oceano Pacífico", conforme indicou a plataforma chilena dedicada a causas do povo Mapuche Ad Kimvn ao lançar uma campanha contra a construção da estrada.

"Esse projeto significaria a morte imediata de 850 Lahual (Alerces) de diferentes idades e a deterioração do habitat de outros 4308", afirmou o Movimento.

Barichivich também refuta o argumento de que a rodovia seria usada para conectar municípios. Para ele, a estrada seria usada para abrir acesso ao transporte de madeira.

Segundo o pesquisador, a nova estrada ligaria diretamente ao porto de Corral, usado por um dos maiores exportadores de celulose da América Latina. As árvores de alerce presentes na região são altamente valiosas devido à sua madeira durável, de alta qualidade e de crescimento reto.

Pesquisadores como Rocio Urrutia também alertam que a estrada aumentaria o risco de incêndios florestais.

Na região, mais de 90% das queimadas começam perto de estradas. Esse é um fenômeno global. Na Amazônia, por exemplo, quase 75% dos incêndios começam a menos de cinco quilômetros de uma estrada, e nos Estados Unidos, 96% começam a menos de 800 metros.

"O alerce é uma espécie ameaçada de extinção", disse Urrutia. "Cada árvore individual conta. Um grande incêndio poderia eliminar as últimas populações."

Resistindo para salvar árvores e ecossistemas

Os cientistas recorreram à revista Science, uma das principais publicações acadêmicas do mundo, para alertar sobre o perigo.

Suas descobertas — respaldadas por anos de dados — foram condensadas em um único relatório, publicado como uma carta.

Mas, "não foi apenas uma carta," disse Urrutia. "Foram anos de pesquisa, trabalho de campo e envolvimento com a comunidade."

Isso ressoou na comunidade científica global, levando pesquisadores do mundo todo a se manifestarem. Combinado à pressão dos moradores locais, foi suficiente para fazer o governo recuar temporariamente do projeto.

Para Barichivich, também foi algo profundamente pessoal.

"Minha mãe caminha por essa floresta toda semana há anos, coletando dados. O trabalho dela se tornará o conjunto de dados contínuo mais longo desse tipo no Hemisfério Sul, fornecendo informações valiosas para cientistas de todo o mundo. Está tendo um impacto que nunca poderíamos ter imaginado."









A busca pela árvore mais alta já visitada na Amazônia

++-====-------------------------------------------------   ----------------------=======;;==========----------------------------------------------------------------------  -----------====-++----

terça-feira, 29 de abril de 2025

Por que o Brasil tem fome se é um grande produtor de alimentos?

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


Piora do poder de compra dos mais pobres é visto como principal desafio, mas parte dos especialistas avalia que Brasil está muito focado em produzir para exportar.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Paula Salati, g1

Postado em 29 de Abril de 2.025 às 08h00m

#.* --  Post. - Nº.\  11.611  --  *.#




Brasil é um grande produtor de alimentos, mas convive com a insegurança alimentar

O Brasil é um grande produtor de alimentos, bate recordes anuais na colheita de grãos e é o maior exportador mundial de diversos produtos, como soja, café, carnes, açúcar. Ainda assim, tem gente que acorda sem ter certeza se vai comer.

Os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO-ONU) mostram que 8,4 milhões de brasileiros passaram fome no triênio 2021-2023, o que representa 3,9% da população nacional.

É exatamente esse indicador que, desde 2021, mantém o Brasil no Mapa da Fome da ONU, de onde país já tinha conseguido sair em 2014, pela primeira vez.

Apesar disso, houve uma melhora em relação ao triênio 2020-2022, quando a fome atingia 4,2% dos brasileiros.

Mas por que o país convive ainda com essa contradição? Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que:

  • no Brasil, não falta alimentos, mas há muita gente sem dinheiro para comprar comida suficiente – o desemprego caiu, mas os preços dos alimentos têm subido bem acima dos salários;
  • alguns afirmam que a produção agropecuária tem se voltado mais à exportação do que ao abastecimento interno, e que isso precisa ser reequilibrado para garantir segurança alimentar no futuro;
  • outros discordam e afirmam que o modelo de produção do país tem dado conta tanto do mercado interno como do externo, e que aumentar a produção não vai tirar pessoas da fome;
  • as mudanças climáticas são, hoje, o principal risco para o desabastecimento.
  • o Brasil ainda tem locais com pouca ou nenhuma oferta de alimentos saudáveis, chamados de desertos alimentares.

E mostrou como o plantio de hortaliças na região tem tirado pessoas da insegurança alimentar, quando não há acesso regular à alimentos de qualidade para uma vida saudável.

'A prateleira está cheia, o carrinho está vazio'
Background image
Foto: Arte/g1

Graziano, que foi diretor-geral da FAO-ONU entre 2012 e 2019, coordenou o programa Fome Zero, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).

Há um grupo de políticas macroeconômicas que são as grandes responsáveis por erradicar a fome quando ela tem a proporção que tem no Brasil: ela é massiva, não é localizada e nem específica".

"Quem não ganha o salário mínimo, passa fome. Então, o que resolve é gerar emprego e melhorar a renda das pessoas, diz Graziano.

Ele lembra que esse foi o caminho traçado pelo Brasil para sair do Mapa da Fome em 2014. Exemplo disso foram as políticas de valorização do salário mínimo, a criação do Bolsa Família, além de incentivos à agricultura familiar.

Graziano relaciona a volta da fome e do aumento da insegurança alimentar nos últimos anos justamente com a piora dos indicadores de emprego e renda, a partir da crise de 2014/2016.

Essa piora se estendeu até a pandemia.

Ele menciona também o esvaziamento de políticas voltadas para a segurança alimentar durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Alguns deles são a merenda escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), no qual o governo federal, os estados e municípios compram produtos de agricultores familiares para doar a escolas, hospitais e a pessoas em vulnerabilidade social.

Background image
Foto: Arte/g1

Esse cenário levou 33 milhões de brasileiros à insegurança alimentar grave em 2022, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

Salários não acompanham inflação

Sílvia Helena de Miranda, pesquisadora do Cepea-USP, afirma que o desemprego começou a cair a partir do segundo trimestre de 2021.

Mas o problema é que os aumentos salariais não acompanharam a disparada da inflação ao longo dos anos.

Background image
Foto: Arte/g1

Entre 2014 e 2024, os salários tiveram um aumento real (já com desconto da inflação) de 5%, enquanto a inflação para a baixa renda subiu 85,8%, e os preços dos alimentos dispararam 116,7%

Os dados de preços citados por Miranda são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE.

Logo, para a população de menor renda, as condições econômicas de acesso aos alimentos pioraram, diz Sílvia.

Ela lembra que as famílias mais pobres gastam uma proporção muito maior da renda com alimentos do que as famílias de classe mais elevada.

Comida e commodities

Apesar de a renda ser um pilar fundamental, parte dos especialistas aponta que é preciso repensar o modelo produtivo do Brasil levando em conta a segurança alimentar das próximas gerações.

É o que afirma Elisabetta Recine, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), um órgão consultivo do governo federal.

Quando se fala se fala em supersafra de grãos no Brasil, se fala, basicamente, de soja e milho, que são voltados para exportação", diz Recine.

"Não é supersafra de feijão, que a gente come, que é voltado para o mercado interno, afirma.

Hoje, 88% dos grãos que o Brasil colhe por ano correspondem a soja e milho, mostram dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os dois grãos são commodities, ou seja, matérias-primas negociadas em dólar em bolsas de valores internacionais e exportadas como ração para bovinos, suínos e frangos.

Miranda, do Cepea, observa que a soja e o milho não se limitam ao mercado externo, e que também são necessários para a produção de ovos, leite, óleos, carne de frango e de suínos, que integram a cesta básica do consumidor de baixa e média renda no Brasil.

Background image
Foto: Arte/g1

Expansão da soja, queda de arroz e feijão

Em 19 anos, a área plantada de soja cresceu 108%, e a de milho, 63%. Na contramão, o plantio de arroz diminuiu 43%, e o de feijão, 32%, diz a Conab.

Alguns dos motivos que impulsionaram essas mudanças foram o aumento dos custos de produção e a menor rentabilidade para os produtores de arroz e feijão, em comparação com os de soja e milho.

Apesar disso, o consumo de arroz e feijão diminuiu, e a eficiência dessas colheitas aumentou, ou seja, o produtor passou a colher mais por área do que há 19 anos. Com isso, a produção atual tem conseguido dar conta da demanda.

Mas Recine defende um reequilíbrio dessa cadeia de produção, com investimentos públicos no plantio de arroz e feijão, que podem ser feitos via formação de estoques, crédito público e assistência técnica para pequenos produtores.

Background image
Foto: Arte/g1

Quanto mais basearmos a nossa produção em produtos destinados ao mercado externo, mais risco corremos, pois as regras do mercado e do comércio internacional não estão em nossas mãos"

"A variação cambial (dólar) oscila por questões geopolíticas. A produção de commodities se organiza conforme a demanda e preços internacionais, destaca presidente do Consea.

Para ela, aumentar a oferta de alimentos básicos pode ainda contribuir para uma redução de preços dos alimentos.

Capacidade de abastecimento

Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reforça que a insegurança alimentar no Brasil não tem a ver com problemas de abastecimento, e que aumentar a oferta de comida não vai tirar pessoas da fome.

"Para melhorar a nutrição do brasileiro, é preciso melhorar a renda dele", destaca.

"Não só a comida ficou mais cara, como também o transporte, o custo de vida em geral. Hoje, temos muito mais pessoas entrando nos programas sociais do que saindo. E isso é um problema. Não só deste governo, mas de longa data", diz Lucchi.

"Nós passamos por pandemia, por greve de caminhoneiros, sem desabastecer nenhuma região. Claro que tivemos incremento de preço. Frete ficou mais caro. Insumo chegou mais caro. Mas não faltou alimento no Brasil", reforça.

Para o diretor da CNA, é errado também afirmar que o Brasil tem uma cultura mais voltada para a exportação.

Background image
Foto: Arte/g1

Já a maior parte da produção das carnes bovinas, de frango e o milho, fica mais no mercado interno, apesar de também serem fortes na exportação.

Background image
Foto: Arte/g1

Lucchi comenta ainda que um dos riscos atuais para crises de desabastecimento são as mudanças climáticas, e que, ao longo dos anos, o Brasil tem desenvolvido sementes resistentes a secas e animais adaptados a temperaturas extremas.

Mas Miranda, do Cepea-USP, acrescenta que o país vai precisar desenvolver novas pesquisas para lidar com esse cenário.

"Os eventos climáticos extremos – que estão se tornando mais frequentes – acabam fazendo com que os modelos de previsão existentes sejam insuficientes para garantir a manutenção dos níveis de produção que já alcançamos", afirma.

"Logo, um conjunto novo de políticas de pesquisa e inovação, agrícolas, industriais, sanitárias, macroeconômicas serão necessárias para evitar ou mitigar o risco de desabastecimento", acrescenta.

'Desertos alimentares'

Apesar de o Brasil ser um grande produtor agrícola, a presidente do Consea observa que, em algumas regiões do país, há locais com pouca ou nenhuma oferta de alimentos frescos, como verduras, frutas, legumes.

São os chamados "desertos alimentares".

São regiões em que as pessoas precisam percorrer longas distâncias para ter acesso à alimentação diversificada, saudável, afirma Recine.

Entre 2023 e 2024, em torno de 25 milhões de brasileiros residiam nesses locais. Desses, 6,7 milhões têm baixa renda ou estão em situação de pobreza, aponta dados do Ministério do Desenvolvimento Social.

O g1 conheceu uma dessas regiões, em Betânia do Piauí, que sempre conviveu com a falta de alimentos frescos. Veja no vídeo abaixo como agricultores estão mudando essa situação.

Prato do Futuro: Quintais mudam vidas no sertão

Para Recine, é importante que o governo invista na agricultura familiar nessas regiões, já que esses tipos de produtores são responsáveis por 62% da produção de hortaliças no Brasil.

Se há alimentos que falta produzir são frutas, verduras e legumes. Não falta produzir arroz e feijão", diz Graziano, do Instituto Fome Zero.

Ele comenta que o consumo de hortaliças e frutas no Brasil não passa de um terço do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 400 gramas por pessoa por dia.

E que a falta de acesso a uma alimentação saudável é um dos principais problemas da insegurança alimentar hoje entre os mais pobres.

Isso porque o consumo de ultraprocessados tem sido relacionado ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, obesidade.

Brasil vai sair do Mapa da Fome?

O governo federal tem a meta de sair do Mapa da Fome da ONU em 2026.

Os últimos dados do IBGE mostram que já houve uma redução considerável da insegurança alimentar grave no Brasil, de 33 milhões em 2022, para 8 milhões em 2023.


Background imageFoto: Arte/g1

O representante da FAO-Brasil, Jorge Meza, comenta que isso foi resultado de uma série de políticas, com destaque para o relançamento do Bolsa Família, em 2023, que passou a conceder benefícios adicionais por criança nas famílias, por exemplo.

Atualmente, esse programa alcança 55 milhões de pessoas, diz.

Ele cita ainda a merenda a escolar, que atende 40 milhões de alunos, e o aumento dos recursos do PAA.

As 8 milhões de pessoas que ainda restam estão em extrema vulnerabilidade social. São pessoas que não foram captadas pela assistência social, não tiveram acesso ao Bolsa Família, pertencem a famílias com crianças fora da escola ou estão em situações de trabalho precário e informal, explica Recine.

Recine aponta que, para tirar essas pessoas da fome, demandará mais articulação do governo para incluí-las nas políticas públicas.

Para isso, uma das metas do governo federal é ampliar o número de pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Isso porque é preciso estar cadastrado nesse sistema para acessar programas assistenciais.

O problema é que nem todos conhecem esse caminho. E é por isso que o governo precisa fazer uma busca ativa, ou seja, ir atrás dessas pessoas.

Até 2027, o governo federal tem a meta de incluir 80% dos habitantes em risco de insegurança nesse cadastro. É o que prevê o 3º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, aprovado em março.

Nele, o governo estipula inúmeras estratégias para reduzir a fome, incluindo o aumento de agricultores beneficiados pelo PAA de 85 mil, em 2025, para 95 mil em 2027.

Background imageFoto: Bárbara Miranda | Arte g1
++-====-------------------------------------------------   ----------------------=======;;==========----------------------------------------------------------------------  -----------====-++----