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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Isaacson diz que Steve Jobs o procurou para fazer sua biografia: 'Pareceu-me arrogante. Ainda não havia iPhone ou iPad'

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Pedro Doria 
Walter Issacson autor da biografia de Steve Jobs, da Apple, lançada no Brasil pela Companhia das Letras / Foto: Montagem - divulgação

Pouco antes de morrer, Steve Jobs fez as pazes com Larry Page, fundador e presidente da Google. O rompimento havia ocorrido dois anos antes. Jobs considerava o Android uma cópia de seu iPhone, coisa que o deixara furioso. Mas, na última conversa, sua preocupação era outra. Queria dar conselhos. Dizer o que fazia de alguém um grande executivo chefe. "Vocês estão fazendo coisas demais ao mesmo tempo", ele disse. Uma empresa precisa de foco em poucos produtos para que sejam grandes. Às vezes, ele continuou, é preciso ser duro com as pessoas. E uma boa empresa deve eliminar quem é de segunda classe. "É a doutrina Zen", conta Walter Isaacson, autor da biografia do fundador da Apple, que sai nesta segunda-feira, lançada simultaneamente em todo o mundo. No Brasil, a edição de 624 páginas é da Companhia das Letras. O Zen, doutrina budista que lhe guiou por toda a vida, ditou o apuro estético por trás dos produtos da Apple, a rigidez de Jobs e seu apreço pela intuição sobre a razão. Isaacson concedeu esta entrevista ao GLOBO de sua casa, em Nova York, por telefone.

" Em uma de nossas últimas conversas, estávamos sentados em seu jardim na casa de Palo Alto, era um dia bonito de sol, e ele falou sobre Deus. Disse que às vezes acreditava, que às vezes não. Porque estava doente, ele queria muito crer. "


Que tipo de pessoa era Steve Jobs?
WALTER ISAACSON: Ele era intenso. E reagia de forma muito emocional ao mundo. Gente de tecnologia não costuma ser boa em compreender emoções. Mas ele entendia. Ele sempre parecia saber exatamente o que você estava pensando. Steve Jobs entendia emoções melhor do que qualquer um que conheci. Comigo, sempre foi muito cordial. Mas eu o vi perder a paciência mais de uma vez com outros. Ele conseguia ser muito duro, às vezes.



A religião era importante para ele, não?
ISAACSON: Quando tinha 13 anos, Steve se impressionou muito com uma fotografia forte de crianças com fome em Biafra, que serviu de capa à revista "Life". Ele tinha sido criado dentro da Igreja Luterana e perguntou a seu pastor sobre como Deus podia permitir aquilo. Ouviu que Deus sabia coisas que nós desconhecemos. Foi quando perdeu a paciência com religião tradicional. Já mais velho, na faculdade, começou um interesse pelo budismo, que o levaria a uma busca espiritual que duraria toda a vida. Em uma de nossas últimas conversas, estávamos sentados em seu jardim na casa de Palo Alto, era um dia bonito de sol, e ele falou sobre Deus. Disse que às vezes acreditava, que às vezes não. Porque estava doente, ele queria muito crer. Tinha esperanças de uma outra vida. Que aquilo tudo que você aprendeu seguiria de alguma forma. Porém, desconfiava que a vida era como um botão de ligar e desligar. Que, após desligado, não havia mais nada. Apagava. Aí sorriu para mim: é por isso que nos últimos aparelhos que desenvolveu, ele disse, não pôs botão de desligar.
" Steve considerava Bill Gates um grande engenheiro, considerava que Gates conhecia tecnologia muito melhor do que ele. Mas o via incapaz de ter um senso artístico ou emocional. "


O quanto de seu trabalho pode ser explicado pelo Zen budismo?
ISAACSON: O Zen estava no centro de seu processo criativo, de seu senso de design e elegância. Sua noção de que tudo devia ser simplificado até que a essência fosse descoberta vinha do Zen. Ele buscava tornar tudo mais intuitivo. Com o Zen, aprendeu também o valor da intuição. Após uma viagem espiritual pela Índia, ainda jovem, retornou convencido de que intuição era mais importante do que o intelecto. Ele buscava estar intuitivamente e emocionalmente conectado com o desejo das pessoas e não, por exemplo, obcecado por dados e pesquisas de mercado. Principalmente, Steve apreciava a apurada noção estética do Zen. Costumava dizer que, na vida, o que vale é o caminho que você segue. Quem é familiarizado com a doutrina sabe que este é um jeito Zen de ver o mundo.



Mas como, então, ele se sentia no Vale do Silício? É uma terra de engenheiros racionais e obcecados com dados.
ISAACSON: É. Ele achava que gente de tecnologia tende a ser desconectada do lado humano, mesmo. Era o caso de como via Bill Gates. Steve o considerava um grande engenheiro, considerava que Gates conhecia tecnologia muito melhor do que ele próprio. Mas o via incapaz de ter um senso artístico ou emocional. Na década de 1980, eles chegaram a ter uma briga feia. Steve considerava que a Microsoft havia roubado as ideias do Macintosh para desenvolver o Windows.



Em seu livro, você conta que ele teve uma briga similar com os fundadores da Google.
ISAACSON: Sim. Ele chegou a se sentir da mesma forma. Achava que a Google havia roubado o conceito do iPhone quando desenvolveu o Android. Steve ficou furioso. Mas, no fim da vida, ele fez as pazes com Larry Page, um dos dois fundadores. Os dois moravam a apenas duas quadras de distância, e Steve o convidou para uma última conversa. Queria dar alguns conselhos sobre o que considerava ser o papel de um bom executivo chefe.



E o que disse?
ISAACSON: Steve disse que eles precisam encontrar um foco na Google. Que a Google está fazendo coisas diferentes demais e que, para desenvolver grandes produtos, eles deveriam se concentrar naquilo que sabem fazer melhor. Ele também disse que, às vezes, é preciso ser duro com as pessoas. Que é preciso se livrar de gente de segunda categoria na organização. É a doutrina Zen.



Ele reclamava constantemente de que copiavam os produtos da Apple. Mas o computador Macintosh nasceu de uma ideia da Xerox.. Na opinião dele, qual era a diferença?

ISAACSON: Tenho um capítulo inteiro no livro sobre como foi aquela visita dos engenheiros da Apple ao PARC, laboratório da Xerox. Ele via duas diferenças. A primeira é que houve um acordo. A Apple pagou para conhecer as tecnologias que a Xerox estava explorando. E a Xerox nunca fez dinheiro com aquelas inovações. A segunda diferença é que ele melhorou muito o que viu. A equipe da Xerox inventou a interface gráfica de ícones e janelas. Mas o pessoal da Apple criou muito em cima do conceito. Nos computadores da Xerox, você não podia arrastar os ícones. Não podia clicar duas vezes em algo para abrir. Não havia barra de menu. Steve e os engenheiros da Apple transformaram o que viram na Xerox em algo mágico. É por isso que, quando a Xerox lançou seu computador, ninguém o comprou. Quando a Apple lançou o Macintosh, criou o padrão de como computadores viriam a ser.



Jobs era difícil de agradar. Que tipo de pessoa ele admirava? ISAACSON: Artistas. Bob Dylan. Os Beatles. Picasso. Ele se via como um artista.



Ninguém no Vale do Silício?
ISAACSON: Bill Hewlett e David Packard, por terem feito da HP, que fundaram, uma grande empresa em seu tempo. Mais do que respeitar gente responsável por produtos ou empreendedores que criam várias empresas, o que é típico no Vale, Steve respeitava aqueles que criavam uma empresa capaz de crescer e durar.



Inicialmente, você resistiu a escrever esta biografia.
ISAACSON: Recebi uma ligação dele no verão de 2004 me perguntando se eu não gostaria de escrever sua história. Eu havia acabado de publicar uma biografia de um dos fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin, e estava terminando outra, de Albert Einstein. Ele achava que era o próximo na fila. Me pareceu arrogante. Jobs estava no meio de uma carreira com muitos altos e baixos. Ainda não havia iPhone ou iPad. De vez em quando nos encontrávamos e ele voltava ao assunto. Até que um dia, em 2009, sua mulher Laurene ligou. "Se você quer escrever este livro, é bom começar logo", disse. Foi quando percebi que o câncer era sério e que eu tinha a oportunidade de compreender uma das grandes mentes inovadoras de nosso tempo, desde que tivesse pressa.



Era um gênio?
ISAACSON: Ao conectar arte e tecnologia, trouxe uma contribuição fundamental. Teríamos aparelhos mais feios e desconjuntados não fora ele. Não era mais inteligente do que outros no Vale. Mas tinha essa intuição que outros não têm. Isso fazia dele um gênio.
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