DA REUTERS, EM BERLIM 
## = ## Enquanto muitos líderes mundiais aplaudiam a operação norte-americana que  resultou na morte de Osama bin Laden, alguns europeus questionaram os Estados  Unidos por assumir o papel de polícia, juiz e executor. 
"Foi claramente uma violação do direito internacional", disse o ex-chanceler  (primeiro-ministro) alemão-ocidental Helmut Schmidt a uma TV alemã. "A operação  poderia também ter consequências incalculáveis no mundo árabe à luz de todas as  turbulências." 
Ehrhart Koerting, ministro do Interior da cidade-Estado de Berlim, disse:  "Como advogado, eu preferia ver (Bin Laden) sendo levado a julgamento no  Tribunal Penal Internacional." 
O jurista holandês Gert-Jan Knoops, especializado em direito internacional,  declarou que o líder da Al Qaeda deveria ter sido preso e extraditado para os  Estados Unidos. Ele traçou um paralelo com a situação do ex-presidente iugoslavo  Slobodan Milosevic, que foi levado a julgamento no tribunal de crimes de guerra  de Haia após ser preso em 2001. 
"Os norte-americanos se dizem em guerra contra o terrorismo, e que podem  eliminar seus adversários no campo de batalha", disse Knoops. "Mas, em um  sentido estritamente formal, este argumento não se sustenta." 
Reed Brody, consultor da entidade Human Rights Watch, de Nova York, disse que  é cedo para dizer se a operação dos EUA foi legal, porque poucos detalhes foram  divulgados. 
"Gostaríamos de saber quais foram as ordens, quais foram as regras de  abordagem. Queremos saber exatamente o que aconteceu (...) e em que os EUA  alegam que Bin Laden estava realmente envolvido", afirmou. 
"Será que o mundo é um lugar melhor por Bin Laden não estar aí? Pode-se  obviamente responder a essa pergunta. Mas será que isso significa que você tem o  direito de violar os protocolos de direitos humanos ou o direito internacional  para fazer isso? Aí, não." 
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, pediu aos EUA que  forneçam à ONU detalhes completos sobre a morte de Bin Laden. "As Nações Unidas  têm consistentemente enfatizado que todos os atos de contraterrorismo precisam  respeitar o direito internacional", afirmou ela. 
DESCONFORTO 
Em Bruxelas, a comissária (ministra) europeia de Assuntos Domésticos, Cecilia  Malmstrom, escreveu em um blog que "seria preferível ver Osama bin Laden diante  de um tribunal". 
Na Itália, o ex-premiê Massimo d'Alema, da oposição de centro-esquerda,  declarou: "Não se celebra a morte de um homem. Talvez se Bin Laden tivesse sido  capturado e levado a julgamento, teria sido uma vitória mais significativa."  
Vários editoriais na imprensa ecoaram essa opinião. "Nós, europeus,  preferíamos que Bin Laden fosse capturado e julgado, porque execuções são  contrárias à nossa cultura. Mas a América --onde a pena de morte está em vigor--  precisava atingir o homem que a atingiu tão duramente", disse o jornal  esquerdista italiano "La Repubblica". 
O mesmo desconforto foi manifestado pelo ministro alemão de Relações  Exteriores, Guido Westerwelle, que evitou usar a palavra "assassinato" ao  declarar que estava feliz por Bin Laden ter "sido contido". 
O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, afirmou que as ações tomadas  foram "legais, legítimas e apropriadas sob todos os aspectos", e vários juristas  norte-americanos partilharam dessa posição. 
Para Kenneeth Anderson, especialista em segurança nacional e direito do  conservador Instituto Hoover, os EUA estão resguardados pelo fato de terem se  declarado em conflito armado contra a Al Qaeda. "É legal para os Estados Unidos  irem atrás de Bin Laden, nem que seja por ele ter lançado um ataque contra os  EUA", disse Anderson, referindo-se aos atentados de 11 de setembro de 2001,  cometidos pela Al Qaeda. 
E, embora o Paquistão possa se queixar à ONU sobre uma ação realizada em seu  território, é improvável que isso aconteça, segundo juristas norte-americanos.
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