Cultura
Mônica e Cebolinha, ou melhor, Cebola como ele agora é chamado, estão, finalmente, juntos, de mãos dadas e abraços apaixonados como manda o protocolo. Nas bancas de todo Brasil com uma edição batizada de "Quer namorar comigo?", esses dois personagens, memórias guardadas da infância de várias gerações de brasileiros, entram sem freio na adolescência de uma turminha que agora está mais para galera, do tipo que usa palavras como "piriguete", "ferveção" e "véi".
Eis então que se consolida agora, com beijos na boca e tudo mais - três beijos, somente nesta edição -, um novo produto de uma marca que, a despeito de qualquer crise editorial, só faz crescer. E ainda que soe estranho ou até mesmo errado (há um deslocamento sério dos personagens que, neste caso, foram concebidos e sempre recebidos como crianças), essa transposição do quarteto Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão para um universo completamente distinto em que as alusões românticas deixam de ser só um enfeite narrativo, vem ajudando a Mauricio de Sousa Produções a aumentar as vendas de sua linha de frente, ou seja, os gibis da Turminha, que agora vendem cerca de três milhões e meio de revistas por mês.
O roteiro desta edição em particular é escrito pelo próprio Mauricio, sua filha Marina Takeda e Sousa e a roteirista de mangá Petra Leão. Trata-se de uma história eficiente naquilo que se propõe. Joga uma dezena de referências comuns aos leitores da faixa pré-adolescente (Justin Bieber, a saga Crepúsculo, BBB), acrescenta o vocabulário de recreio e redes sociais, faz piadas de todas exclamações, e cria uma história de estrutura simples: desafios a serem vencidos, conquistas a serem celebradas.
Um pouco de Scott Pilgrim aqui (HQ ultra pop recentemente adaptada para o cinema) e um muito de shojo (mangás românticos para meninas) criam o meio de campo para discussões impensáveis entre os personagens que agora refletem sobre como ser maior, menor ou estar à altura do outro. E sim, tudo isso sem trocar um "R" sequer por "L".
As próximas edições prometem ainda repercutir e desdobrar o recente namoro, mas fica a sensação de que Mônica e Cebolinha tenham deixado de ser os últimos românticos do lirismo infantil para se transformarem nos novos heróis de uma adolescência que "dá o toco" quando necessário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário