Foto: Rodrigo Arangua/AFP Manuel Zelaya acena ao chegar a Honduras, onde era esperado por milhares de pessoas
Da AFP
{}++{} O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya retornou neste sábado a Honduras, onde era esperado por milhares de pessoas, quase dois anos depois de ter sido derrubado por um golpe de Estado, comprovaram jornalistas da AFP.
Zelaya chegou de Manágua a Tegucigalpa depois de 16 meses de exílio na República Dominicana, 23 meses depois de ter sido deposto em um golpe que colocou em xeque a integração centro-americana e causou a marginalização de Honduras da OEA (Organização de Estados Americanos).
O ex-presidente chegou em um avião venezuelano CRJ 700, que aterrissou às 14h22 locais (17h22 de Brasília) em Tegucigalpa, onde milhares de seguidores madrugaram para lhe dar as boas-vindas, em uma das maiores concentrações populares vistas na história do país, segundo jornalistas hondurenhos.
Zelaya cumprimentou neste sábado dezenas de milhares de seguidores que lhe deram as boas-vindas em seu retorno ao país, e disse ter voltado cheio de "otimismo".
"Graças a vocês por eu voltar à terra onde nasci, graças à sua luta, graças a seu esforço, companheiros", disse no primeiro contato com seus seguidores, pouco depois de descer do avião venezuelano.
"Viemos cheios de otimismo e de esperança buscar uma saída para a crise. Em um momento tínhamos quase tudo perdido, mas nunca fomos derrotados", completou Zelaya, que falou em uma praça lotada próximo ao aeroporto de Tegucigalpa.
Zelaya, que usava seu tradicional chapéu branco, fez um "tributo aos que caíram nessa luta e nessa batalha (...), aos que derramaram sangue nesta praça", e mencionou o nome de três pessoas, entre elas Isis Obed Murillo, 18 anos, morto na praça (agora batizada com seu nome), uma semana depois do golpe de 28 de junho de 2009.
"Não derramaram seu sangue em vão porque estamos em pé de luta", disse Zelaya, que agradeceu os diferentes grupos que fazem parte da FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), criado depois do golpe, e que aglutina seus seguidores.
Anteriormente, à emissora de TV venezuelana Telesur, Zelaya havia dito que o retorno a seu país significava "uma mensagem de esperança e otimismo para as democracias da América Latina".
Zelaya, 58 anos, chegou junto a sua mulher e outros familiares, carregando um grande capital político, com o qual pretende recuperar o poder, em um país pobre que se prepara para retornar à OEA na próxima quarta-feira, passo-chave para que possa receber novamente empréstimos e ajuda externa.
Dezenas de milhares de seguidores de toda Honduras reuniram-se desde a madrugada para dar as boas-vindas a "Mel" na praça Isis Obed Murillo.
O presidente direitista hondurenho Porfírio Lobo, com quem Zelaya assinou um acordo de reconciliação na Colômbia no domingo passado, o receberá ainda neste sábado na Casa de Governo, junto ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e à chanceler colombiana, María Ângela Holguín.
"A maioria do povo quer um processo pacífico (em Honduras), todos querem fazer as coisas com tranquilidade", declarou Insulza à AFP.
Colômbia e Venezuela são garantidores do acordo firmado por Lobo e Zelaya.
A Frente Nacional de Resistência Popular, que aglutina zelayistas, organizou a recepção popular para esse liberal que deu um giro à esquerda depois de chegar ao poder em 2006 e que foi derrubado em um golpe executado pelo Exército com o aval do Congresso e da Corte Suprema.
As autoridades não deram estimativas da participação no evento de boas-vindas, onde dezenas de pessoas desmaiaram por causa do calor, e diversas crianças perderam-se de seus pais, observaram jornalistas da AFP.
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